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Hoje é o dia do amigo! E o distanciamento social nos fez ver na prática o que estudos já concluíram há tempos: é preciso ter amigos, mas na medida certa
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Dia 20 de julho comemora-se o Dia do Amigo. Amizade é um tema amplamente explorado pela cultura pop. Prova disso é o sucesso de séries como Friends, que celebrou recentemente um episódio extra , 17 anos após o seu fim. Os estúdios Pixar de animação também decidiram trazer o tema à tona com o mais novo longa-metragem, Luca , onde a união entre dois meninos é o tema central do enredo.
Há ainda clássicos como Gilmore Girls , que trata da amizade especial entre uma mãe e uma filha, ou a sitcom premiada The Office , que traz à luz as amizades no ambiente de trabalho e, por fim, há ainda o Método Kominsky , que retrata a amizade na terceira idade. Em livros, o tema também não para por aí. A tetralogia Amiga Genial, da italiana Elena Ferrante, foi uma febre tão grande que se tornou também série .
Os exemplos, é claro, são infinitos. O fato é que o tema do companheirismo, esse elo tão potente que nos une, foi investigado e reinvestigado e filmado e escrito - de tão potente que é para nossas vidas.
Lembra do estudo mais antigo da história, iniciado em 1937 pela Universidade de Harvard e ainda em curso? Já falamos dele por aqui, mas o que não dissemos é que, para estudar saúde humana - seu tema central - é preciso necessariamente falar de amigos e sua influência em nossas vidas.
Voluntários de diferentes idades e perfis precisam responder ao mesmo questionamento: o que faz uma pessoa ser saudável? Alimentação, rotina e até riqueza são respostas que esperamos, mas o que mais se ouve são “amigos”. Para os avaliados, ter uma vida social e boas aptidões sociais é um dos principais indicadores de bem-estar na vida de um ser humano.
Não por coincidência, é um dos fatores apontados como responsáveis por uma vida longa, nas chamadas blue zones - que também já falamos neste artigo e neste também. Por lá, além de fatores como cidades mais ativas e maior acesso a saúde, há também comunidades muito fortalecidas entre si, que operam prosperando na vida desses moradores.
Ainda segundo pesquisadores da Universidade Duke, pessoas com menos de 4 amigos oferecem o dobro de propensão a terem doenças cardíacas, já que a ocitocina - hormônio ligado ao bem-estar e muito estimulado em interações sociais - age diminuindo a adrenalina e, por sua vez, o estresse e todos os males que com ele vem. Esse processo fisiológico fica ainda mais intenso quando trata-se de um novo amigo, mas sabemos que fazer novas amizades vai se tornando mais difícil com o passar da vida e suas novas responsabilidades.
Investigamos por aqui o que esperar dos relacionamentos pós-pandemia . Sabemos que, com o distanciamento social, a solitude e o silêncio se intensificaram, e isso, é claro, reflete em nossa capacidade e disposição para nos relacionar. A notícia boa é que, aos que ficaram ainda unidos, o elo nunca esteve tão fortalecido.
A notícia ruim é que, evidentemente, podemos ter perdido algumas conexões nessa trajetória. “O coronavírus nos forçou a desenhar o mapa de nossas conexões. Neste novo atlas, a noção de amizade resplandece como uma pedra antiga. Sabemos que é muito importante e também sabemos que é um mistério”, poetiza a jornalista Mar Padilla em artigo para o El País.
Um estudo da Universidade de Oxford cravou há quase 20 anos: é impossível administrarmos muitas amizades. Guiada pelo zoólogo, antropólogo e psicólogo, Robin Dunbar, a pesquisa concluiu que há “uma correlação direta entre o número de neurônios neocorticais e o número de relações sociais que podemos administrar”.
E ele vai além: em uma nova e mais recente atualização, ele crava que os humanos só conseguem administrar verdadeiramente 5 amizades próximas. Isso porque criar e manter esse elo dá muito trabalho, tanto no tempo despendido — 40% do nosso tempo social é dedicado somente a eles— como na atuação dos nossos mecanismos cognitivos.
Sendo assim, o vírus de fato elucidou algumas velhas questões, mas não mudou tanto no panorama geral. “Algumas amizades individuais podem desaparecer e novas podem ser criadas, não tanto por causa das bolhas e distâncias sociais, mas por não podermos ver alguém com a frequência que costumávamos ver. As amizades permanecem estáveis enquanto vemos a pessoa com a frequência necessária”, diz ele ao El País.
Se é impossível ser feliz sozinho, segundo Tom Jobim, é igualmente impossível investir em muitas conexões simultaneamente, sobretudo em tempos onde estamos com a energia mais calculada. Afinal, qualidade e não quantidade de amigos é o que verdadeiramente exerce efeito em nosso bem-estar, como contamos aqui .
Esteja atento às conexões de qualidade, e aprenda como manejá-las e não as perdê-las de vista. Mais vale um bom amigo do que dez outros colegas. Você está atento?
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