Para Inspirar

Os quatro segredos da vida longa

Estudos falam sobre longevidade

24 de Abril de 2018


Quer saber o segredo da longevidade? Pesquisas apontam que a saúde mental tem, pelo menos, o mesmo peso que a física. Isso explicaria algumas contradições como pessoas com hábitos alimentares saudáveis parecerem mais velhas do que são.

Também seria a chave do segredo de um amante do fast-food ultrapassar a casa dos 90 anos. Segundo a ciência, isso tem a ver com resiliência, grau de escolaridade, otimismo e boas amizades. Veja os quatro estudos sobre o assunto:

1. Visão positiva da velhice pesa mais que dieta

Um estudo da Universidade de Yale, em 2002, seguiu 650 pessoas e descobriu que voluntários otimistas com a velhice viveram 7,5 anos a mais, em média, quando comparados com outros que tinham visão negativa sobre o passar dos anos. Problemas de saúde preexistentes, fatores de estilo de vida, status socioeconômico, ou gênero, não influenciaram o resultado.

2. Amigos aumentam a expectativa de vida

O Estudo Longitudinal Australiano do Envelhecimento investigou o quanto as relações afetivas interferem na longevidade. Para isso, os pesquisadores acompanharam 1.500 pessoas de 70 anos e acima dessa faixa etária. Perceberam que os indivíduos com grande círculo de amizade vivem 22% mais anos do que quem tem poucos amigos. O convívio com a família não aumentou a longevidade.

3. Escolaridade prolonga a vida

Um estudo realizado, em 1999, pela Universidade de Columbia sobre longevidade aponta que educação continuada é mais importante do que bons cuidados médicos. Outra pesquisa descobriu que cada ano adicional de escolaridade para homens nos Estados Unidos está associado a uma redução de 8% na mortalidade.

4. Resiliência é fundamental

Fator de destaque na extensão da vida ­– a frente de dieta e exercício – é a capacidade de encontrar significado depois da perda de entes queridos. Quanto mais envelhecemos, maior a importância dessa habilidade emocional, porque inevitavelmente, nossos amigos e familiares começarão a morrer.

Leia o artigo completo aqui.

Fonte: Hiyaguha Cohen
Síntese: Equipe Plenae

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Rubinho Barrichello em "Aprendizado: passado, presente e futuro"

Representando o pilar Mente no podcast Plenae, Rubinho Barrichello conta como trabalhar o autoconhecimento se provou fundamental em sua vida

19 de Julho de 2020


Leia a transcrição completa do episódio abaixo:

[trilha sonora]


Introdução: Bem-vindo ao Podcast Plenae, um lugar onde você encontra histórias reais para refletir. Ouça e reconecte-se. 

No episódio de hoje, o piloto Rubinho Barrichello conta como conseguiu superar o conflito entre duas paixões: o automobilismo e a família. Ele precisou de muito autoconhecimento para desenvolver o controle mental, tão necessário na vida de um piloto e de todos nós. Por isso, o pilar que ele representa é Mente.

No final do relato você ouvirá reflexões do monge Satyanatha, nosso convidado especial dessa temporada, para ajudar você a se conectar com o seu momento presente. Aproveite este momento, observe seus sentidos e abra-se para uma nova visão sobre o mundo e sobre você mesmo.

[trilha sonora] 

Rubinho Barrichello: Eu sempre fui muito ligado à família. Quando eu era criança, em São Paulo, a minha felicidade era esperar chegar o fim de semana para estar junto com o meu pai. Não importava qual fosse o programa, eu só queria estar ao lado dele, mesmo que fosse no balcão da loja de material de construção que ele tinha, em Interlagos - sim, em Interlagos, ao lado do autódromo...

Aos 16 anos, eu viajei pra Itália pra eu me preparar pra minha primeira competição de automobilismo na Europa e também para aprender o italiano. Isso foi em 89, numa época em que não existia celular. Então eu não tinha para quem pedir um conselho e precisava decidir tudo por mim mesmo. A viagem, que era pra ser a realização de um sonho, começou a ser sofrida demais, porque a falta que eu sentia da família era maior que a vontade de guiar o carro. 

A válvula de escape que eu encontrei foi a escrita. Eu adoro escrever e me correspondia com os meus pais por cartas. Olhando pra trás, vejo que foi uma forma de terapia, porque colocar os pensamentos no papel me acalmava. A minha mãe, dona Idely, até hoje guarda as cartas que eu mandava pra ela.  Essa angústia ficou menor um mês depois, quando eu realmente guiei o carro pela primeira vez. Eu senti que aquele era o amor da minha vida. Eu entendi que por esse amor eu teria que ser mais forte, pra não deixar a dor da distância me afetar na hora que eu entrasse no carro. Só que aos 16 anos não é fácil ter esse autocontrole. Então, eu comecei a me exercitar muito mais para ocupar minha mente e a meditar para acalmar o meu coração.  [trilha sonora]

O processo de desenvolver controle emocional não acontece do dia pra noite. Aos 19 anos, quando eu cheguei na Fórmula 1, eu tive que aperfeiçoar o método pra me valorizar ainda mais internamente. Porque eu ainda gostava mais da minha família do que de mim.
E esse é um sentimento que um atleta de ponta não pode ter. Essa foi uma época de começar a olhar pra dentro, respirar nas dificuldades, apreciar o que estava acontecendo e, principalmente, agradecer pelo que eu tinha. A partir daí, as coisas fluíram de maneira muito melhor na minha mente. 
Com esse circuito de pensamento, eu aprendi a gostar da chuva nas provas, por

exemplo. Eu olho na cara das pessoas e vejo o cara falar assim: “putz, choveu, que droga!” Só que esse pensamento negativo traz ansiedade e medo. É claro que na primeira vez foi difícil pra mim também. Mas quando eu mudei o mindset e comecei a encarar a chuva como um acontecimento natural, eu cresci como piloto. E por isso que eu corro bem quando tem água na pista.  [trilha sonora]

O maior teste de todos aconteceu quando o Ayrton morreu, dia 1º de maio de 1994, em Ímola, na Itália. Foi a época mais difícil da minha vida.  [trilha sonora]

A minha memória daquele período é nebulosa. Eu me lembro bem até o começo de sexta-feira, no treino classificatório, dois dias antes do Ayrton morrer. Eu cheguei no GP de San Marino como vice-líder do campeonato, depois de um quarto lugar em Interlagos e um terceiro em Aida, no Japão. Eu só tinha 21 anos e nenhuma pressão sobre os meus ombros, porque o Ayrton tava sempre no pódio. O menino Rubens ainda estava começando a surgir.  O meu carro, da Jordan, não era competitivo pra pista de Ímola, mas de repente ele começou a se comportar bem. Eu tinha feito o oitavo tempo pela manhã. E me empenhei pra fazer uma volta melhor e me classificar entre os seis primeiros.  [trilha sonora]

A minha última lembrança é de tentar fazer uma curva muito acima da velocidade que o carro podia aguentar e me chocar contra as barreiras. Foi o acidente mais grave da minha carreira. Posso dizer que cometi um ato de irresponsabilidade, só que piloto tem que ser irresponsável mesmo. 

Foi uma pancada na cabeça de 90Gs, que são 90 vezes os meus 72 kilos. Eu engoli a língua e os médicos disseram que eu entrei em coma por 6 minutos. Eu não lembro do meu carro de lado na pista. Eu não lembro de ter sido socorrido de helicóptero. Eu não lembro do hospital, nem da visita do Senna no ambulatório.

No sábado, eu tive alta e voltei pra minha casa, na Inglaterra. Assisti a corrida de lá, com amigos. Tenho memórias esparsas do acidente do Ayrton, daquela hora em que ele mexe a cabeça. Mas provavelmente é uma memória construída a partir de imagens, porque eu já revi a cena da batida dele umas 700 vezes. 

A mesma coisa no enterro. Eu só lembro de ter carregado o caixão porque eu vi fotos. Acho que aquele período de amnésia me ajudou a superar o trauma do meu acidente e da morte do Ayrton. Afinal, eu também tinha perdido o meu ídolo. 

[trilha sonora]

Minha memória se restabeleceu duas semanas depois, quando voltei a guiar na corrida de Mônaco. Confesso que eu tive medo de ter medo. De não sentir o mesmo gosto. Mas na hora eu entrei no carro, combinei comigo mesmo que eu ia sair que nem um louco. Aí eu virei o meu melhor tempo da pista. 
Eu tinha quebrado o nariz. Então, dentro do capacete eu ficava com aquele barulhinho de nariz entupido. Tava ruim de respirar, mas eu tava guiando forte que nem um condenado. Naquele momento, a mensagem que eu queria passar pros brasileiros era que eles poderiam ficar calmos, porque eu era um menino, tava aprendendo, mas iria lutar pro Brasil voltar a ter felicidade. 

Quando você é atleta o processo de construir autoconfiança e amor próprio tem que ser contínuo. Eu fiz isso ao longo da minha carreira e continuo fazendo. 

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Fui crucificado quando eu cedi a vitória pro Michael na corrida da Áustria, em 2002. Só que a equipe não me deu escolha. Eu lutei com todas as minhas forças pra aquilo não acontecer. Eu saí do carro e vomitei de raiva. Eu pedi pra Deus: “Por favor, me ensina a agradecer esse momento. Me ensina a tentar ver o lado positivo, porque eu não tô vendo nada. As pessoas não sabem nada da história e tão falando que eu fui um covarde porque eu deixei passar”. 

[trilha sonora] 

Eu só comecei a voltar a gostar de mim quando eu entendi que aquela ultrapassagem foi uma das melhores coisas que aconteceu pra Fórmula 1. Ela escancarou pra todo mundo algo de muito errado que já acontecia há algum tempo no esporte e fez com que a regra mudasse. O rádio agora estava aberto pra que todos ouvissem, então eu causei um bem pro esporte. 

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Eu não quero saber sobre o futuro, mas eu olho pro passado buscando ser melhor no presente. E a numerologia me ajuda a entender quem eu sou. Eu descobri que meu nome, Rubens Gonçalves Barrichello, é numerologicamente perfeito e que eu sou número 2 de vida. Eu corro com o número 11 desde criança, porque meu pai escolheu pra mim. Veja: 11 é 1 + 1, que são 2. 


Por natureza, eu não tenho a necessidade de ser melhor que o outro. Mas é claro que no esporte eu preciso ser egoísta para vencer. Fora do carro eu encontro a minha calmaria, aí quando eu entro na pista posso lutar em paz pelo meu objetivo: ser o número 1.

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Satyanatha: Chegamos ao fim da história do Rubinho. Desde muito jovem ele entendeu que o maior adversário a ser vencido era ele próprio. Aos 16 anos, metade da mente do Rubinho queria ficar com a família no Brasil, mas a outra metade queria correr na Europa. E quando o pensamento se divide, perde potência de processamento. A mente é como um computador com dois grandes programas abertos ao mesmo tempo. A pluralidade dos ímpetos internos cria um esgarçamento do tecido mental. Quem vai para todos os lados, não vai pra nenhum. Como Rubinho, todos nós temos várias paixões, às vezes conflitantes. A solução, é dizer a si próprio: a prioridade é esta. A mente pode relutar um pouco, mas obedece quando a decisão é sincera. O Rubinho aprendeu a se controlar a partir do autoconhecimento e da auto aceitação. Com a cabeça equilibrada, ele dá o máximo de si e tem resultados excelentes. 

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Finalização: Nossas histórias não acabam por aqui. Acompanhe semanalmente novos episódios e confira o conteúdo em plenae.com e no perfil @portalplenae no Instagram.

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