Coloque em prática
Assim como o escritor Daniel Munduruku, participante da décima sexta temporada do Podcast Plenae, há muitos indígenas contando histórias e enriquecendo ainda mais a nossa cultura
23 de Agosto de 2024
Na décima sexta temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conhecemos um pouco mais sobre a vida de Daniel Munduruku, escritor e pensador contemporâneo naquilo que realmente podemos chamar de influenciador, já que suas ideias atravessam gerações e contribuem para enriquecer o pensamento coletivo.
Com dezenas de livros publicados, plataforma que o ajudou a difundir esses pensamentos, Daniel é pioneiro no que hoje se constitui como um movimento importantíssimo da cultura brasileira: a literatura indígena. Hoje, vamos conhecer outros livros escritos por pessoas que, assim como Daniel, também são dos chamados “povos originários”, e que trazem um ponto de vista urgente para a sociedade contemporânea e metropolitana. Leia mais a seguir!
É impossível mencionar a literatura indígena sem falar de Ailton Krenak, um dos maiores líderes do movimento indígena no Brasil. Ele também possui algumas obras publicadas desde que ganhou notoriedade em 1987, quando discursou na Assembleia Constituinte contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, todo pintado de preto.
Nesse livro específico, ele critica sobretudo a ideia que o homem branco tem de ser um indivíduo separado da natureza, sendo que somos na verdade parte dela. Para ele, se tivéssemos essa consciência de unidade, os rumos da sociedade seriam diferentes, bem como o nosso modo de viver atual.
Escrito pelo Cacique Juvenal Payayá, esse livro é a prova de que os indígenas escrevem de forma politizada não só sobre as angústias de suas aldeias, mas da sociedade como um todo. Nessa ficção com altas doses de realidade, a premissa é falar de uma geração de jovens cujo fator comum é serem filhos de militares com mães fora do casamento, algumas delas prisioneiras do regime militar.
A partir de suas próprias vivências, que transbordam para seu olhar e seus escritos, Juvenal toca na ferida aberta desse país, que é a ditadura militar, sem deixar de lado a crueldade cometida com os povos indígenas, mas também com os camponeses e outros ativistas silenciosos.
Escrito a quatro mãos, esse livro é fruto das palavras e vivências de Davi Kopenawa, o xamã-narrador, contadas ao Bruce Albert, o etnólogo-escritor que ouviu e organizou seus pensamentos por mais de 40 anos. Publicada originalmente em francês, a história traz meditações do xamã porta-voz dos Yanomamis, sobre as violências vividas por seu povo nas mãos dos homens brancos desde 1960.
A obra é dividida em três partes, sendo a primeira inteira dedicada ao “saber cosmológico adquirido graças ao uso de potentes alucinógenos”, como define esse artigo. Depois, há um relato detalhado do avanço dos brancos pela floresta e seu “cortejo de epidemias, violência e destruição”, até acabar no terceiro ato, que trata sobretudo da denúncia incessante dos povos indígenas frente a essa destruição.
O primeiro cordel escrito por uma mulher indígena no Brasil é de Auritha Tabajara. Vale dizer, para quem não conhece, que o cordel é um gênero literário muito comum no norte e nordeste brasileiro, e consiste em trazer histórias frequentemente escritas em versos, na forma rimada, originadas de relatos orais e depois impresso em folhetos.
Em “Coração na aldeia”, Tabajara reflete sobre o que é ser uma mulher indígena, como foi adentrar as grandes cidades nessa condição de mulher indígena e, ainda, sobre como se entendeu enquanto mulher, indígena e membro da comunidade LGBTQIA +. É uma junção de temas sensíveis e muito importantes, escritos de forma simples e de alcance popular.
E se o assunto é reunir muita coisa boa em um lugar só, esse livro escrito por Idjahure Kadiwéu e Sérgio Cohn é indispensável e inclusive recomendado pelo Museu das Culturas Indígenas, o MIC. Segundo o órgão, a obra traz “pensadores contemporâneos, relatos de jovens dos povos Guarani e Kaingang e hábitos, crenças e tradições Pataxós são documentados nas obras disponíveis no Museu das Culturas Indígenas”.
Ao decorrer das páginas, você encontrará depoimentos importantes de Ailton Krenak, Álvaro Tukano, Biraci Yawanawá, Eliane Potiguara, Jaider Esbell e Sônia Guajajara em relação à educação, cultura, política, direitos humanos e ecologia. Nomes que ecoam através de gerações, como Daniel Munduruku, e que elevam o tom sobre temas que nunca deveríamos ter deixado de escutar.
Além de livros, a cultura indígena é vasta e vem ganhando cada vez mais os holofotes que merece. E não estamos falando apenas dos seus belos artesanatos, esses já consolidados no imaginário popular. Mas eles estão ganhando mais espaço na música, como te contamos aqui neste artigo, e como também contou a revista Piauí. O movimento é tão forte que já ganhou nome: A MIC – Música Indígena Contemporânea – reúne as sonoridades tradicionais indígenas a gêneros do momento, como o rap e o funk.
Nas redes sociais, eles também usam o grande alcance para falarem sobre o seu dia a dia, suas lutas, costumes e algumas curiosidades. Isso os ajuda, principalmente, a trazer para o debate público as sucessivas tentativas de diferentes governos de tirarem seus espaços e patrimônios. Até mesmo o DJ Alok, brasileiro conhecido mundialmente e com quase 30 milhões de seguidores no Instagram, já se envolveu com a causa e lançou um álbum em parceria com mais de 60 indígenas.
É natural e muito positivo que eles ganhem esse espaço. Só nos resta aplaudir e esperar por mais novidades!
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Na segunda edição do Plenae Drops – Especial Longevidade, conheça um pouco sobre a experiência longeva do maestro João Carlos Martins
26 de Outubro de 2020
O convidado do Plenae Drops - Especial Longevidade, João Carlos Martins, traz em poucos minutos, diferentes reflexões - mas todas com o mesmo nível de profundidade.
Ele é o personagem do episódio “Como transformar adversidades em uma longevidade com qualidade" . Inovação, para o maestro, é palavra chave para uma vida sem repetições, e sem ela, estaríamos fadados ao mal envelhecimento.
“Eu sempre tentei fazer de uma adversidade, uma plataforma para atingir um voo maior” conta ele que, após perder os movimentos das mãos, largou o piano mas nunca a ópera - e tornou-se então um dos maestros mais respeitados do segmento.
Hoje, aos 80 anos, ele tem a responsabilidade social como uma meta em sua vida. E você, como encara suas próprias adversidades?
Assista o vídeo a seguir:
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