Coloque em prática
O que é preciso ser feito para que o corpo e a mente de um atleta estejam prontos para levá-lo ao pódio
15 de Novembro de 2024
No último episódio da décima sétima temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história de Caio Bonfim, o medalhista olímpico em marcha olímpica que ganhou os holofotes em Paris, mas que trabalha há anos em uma preparação árdua que poucos veem e que precede todo pódio. É isso mesmo: antes de colher os louros e dar entrevistas com a medalha no peito, há um preparo físico e mental intenso que leva anos para ser construído.
Esse preparo envolve uma série de desafios interligados, exigindo não apenas uma preparação técnica e atlética de alto nível, mas também um equilíbrio psicológico e emocional para enfrentar as demandas extremas da competição de elite. Te contamos por aqui, aliás, sobre o trabalho de um psicólogo esportista e como o trabalho é feito dentro dos times. E ainda te falamos sobre o que os atletas olímpicos podem te ensinar sobre vida e longevidade.
Hoje, vamos entender ainda mais sobre esses passos que são dados antes da linha de chegada - seja a modalidade que for! É importante aprendermos para valorizarmos ainda mais os nossos esportistas que brilham com a amarelinha no peito mesmo sem as condições que mereciam para seus treinamentos. Leia a seguir!
É fato que, para ser um bom atleta, você precisa de condicionamento físico. Para cada modalidade, haverá uma exigência diferente: umas precisam de flexibilidade, outras de força, outras de rapidez… Mas, para todas, é preciso ter boa resistência física, e isso vai desde um sistema imunológico sólido, que não contraia qualquer gripe que se aproxime, por exemplo, até um aparelho cardiorespiratório que consiga comparecer ao que lhe é exigido.
O primeiro passo de um treinamento com foco em alto rendimento é manter o volume, intensidade e constância no treino. A carga é extremamente alta e precisa ser planejada para otimizar o desempenho em uma variedade de disciplinas, com uma combinação de força, resistência, flexibilidade e agilidade, entre outros fatores. É indispensável a presença de um educador físico nesse momento, é praticamente impossível atingir qualquer nível de excelência sem esse profissional.
Além dele, é preciso de uma equipe multidisciplinar que o acompanhe, porque não basta treinar, por exemplo, é preciso focar também na recuperação, uma parte crucial para evitar lesões e melhorar o desempenho. Isso envolve descanso adequado, fisioterapia, massagens, alongamentos e outras técnicas para reduzir o risco de sobrecarga física e uma atenção especial na nutrição. Tudo isso, novamente, envolve a participação de diferentes especialidades, mas é preciso que elas trabalhem em conjunto.
Sobre a alimentação adequada, é fundamental sustentar a alta demanda energética que um esporte olímpico exige, portanto, há uma tendência aos macronutrientes como carboidratos e proteínas, mas cada atleta terá uma dieta personalizada com base nas suas necessidades específicas. A suplementação também pode entrar na jogada e ser utilizada de forma controlada para ajudar na recuperação muscular, resistência e desempenho.
Algumas ferramentas modernas podem auxiliar muito nesse momento. A análise tática das competições, onde cada detalhe importa, é uma parte fundamental do sucesso. Para isso, o trabalho com treinadores especializados que fazem análise de desempenho (como filmagens e dados técnicos), dispositivos de monitoramento de dados, novas metodologias de treinamento e a constante evolução das habilidades são essenciais para se manter competitivo.
Em esportes coletivos, o trabalho em equipe e a comunicação eficiente também desempenham um papel crucial. Além disso, as condições ambientais (como clima ou tipos de superfícies de jogo) podem variar entre competições, exigindo adaptação rápida e eficácia estratégica.
Segundo Maurício de Camargo Garcia, fisioterapeuta, mestre profissional pela UNIFESP e sócio fundador da SONAFE (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva) e do CETE (Centro de Traumatologia do Esporte da UNIFESP), essa conquista é uma construção de vários fatores, como ele nos contou neste artigo sobre a diferença entre corpos sedentários e atletas.
“Na construção de um atleta de alta performance, o aspecto físico é tão importante e presente quanto o aspecto mental, cerebral, emocional. Você consegue identificar se a pessoa tem uma condição muscular mais favorável ou mais característica de praticar uma atividade física. Mas somente um atleta de verdade sabe lidar, por exemplo, com a questão da dor, que faz parte dessa carreira”, explica o doutor.
“Se ele se acostumou com ela e se recupera rápido de uma lesão, é aí que vai morar a grande diferença entre um atleta e um sedentário, ou até de um atleta de alta performance para um esportista recreacional. Até porque, para um atleta, estar parado por muito tempo pode implicar em perda de contratos e patrocínio. Sua recuperação é mais rápida porque ele depende disso, é o mental agindo sobre o físico”, diz.
Há sim uma carga muito alta de estresse e a pressão por resultados, tanto de patrocinadores quanto do público e dos próprios atletas. E isso pode ser esmagador se o indivíduo não estiver suficientemente preparado. A expectativa de alcançar o pódio nas Olimpíadas, por exemplo, como era o caso de Caio, pode gerar níveis elevados de estresse psicológico. A ansiedade de competir no maior evento esportivo do planeta é um dos maiores desafios mentais, pois envolve um risco grande de decepções e falhas.
Chegar muito perto e perder também pode ser derradeiro e gerar um estresse pós-traumático que pode afetar o atleta por anos, em suas próximas tentativas. E acredite: até mesmo a tão sonhada vitória pode trazer transtornos emocionais para o vencedor, que pode se cobrar ainda mais para se manter para sempre no lugar mais alto do pódium. É o caso de Simone Biles, a estrela da ginástica olímpica que falou abertamente desse assunto em seu documentário, sugerido por nós no Plenae Indica.
Mas para todos que buscam obter ou manter a excelência, é preciso manter antes de mais nada uma disciplina rígida. Isso inclui a rotina de treinos e alimentação que mencionamos anteriormente, mesmo que a vida pessoal ou social seja sacrificada. Essa capacidade de focar por longos períodos em metas específicas é essencial e é o que vai destacar os melhores.
Algumas técnicas de concentração e foco, como a visualização (onde o atleta imagina-se superando desafios) ou meditação, são usadas para melhorar a performance e reduzir distrações durante a competição. Novamente, é preciso de especialistas multidisciplinares nessa preparação, e aqui o psicólogo esportivo se faz essencial para o trabalho da superação de frustrações, pois a capacidade de se reerguer e aprender com esses momentos é crucial.
Abraçar ainda o fato de que a carreira de um esportista é feita de altos e baixos e, mais ainda, que é curta e tem prazo de validade, será importante na construção dessa resiliência mental que exige todos os dias desse sujeito que está, a todo tempo, tendo sua vida marcada por uma rotina extremamente exigente, o que frequentemente implica em distanciamento da família, amigos e até mesmo de relacionamentos pessoais.
O apoio psicológico de qualidade, inclusive, irá incentivar esse atleta a buscar por um equilíbrio entre vida pessoal e carreira, pois a Síndrome de Burnout que já contamos por aqui está aí para eles também, não só para quem trabalha em escritório. Para eles, ainda há a camada da pressão pública, com uma enorme exposição nas mídias sociais e tradicionais, e é preciso se preparar para isso também. Uma rede de apoio sólida nesse momento pode salvar vidas.
Por fim, a preparação para as Olimpíadas envolve não apenas treino físico, mas também uma gestão eficaz de tempo, planejamento estratégico e definição de metas. A programação de ciclos de treinamento (períodos de pico de desempenho, períodos de descanso e adaptação) deve ser feita com precisão.
O período após a competição olímpica pode ser igualmente desafiador. A "ressaca pós-Olimpíada" é um fenômeno psicológico que pode causar uma perda de propósito ou identidade após o fim de uma competição tão significativa, e muitos enfrentam uma espécie de vazio emocional.
E se estamos falando do final da vida útil desse atleta, a transição para outra ocupação pode ser difícil. O planejamento de carreira pós-olímpica, com formação acadêmica, especializações ou outra área do esporte (como coaching ou comentarista), é um aspecto importante para garantir a continuidade do desenvolvimento profissional após o fim da carreira esportiva e não deixar de lado o cuidado com a subjetividade daquele indivíduo que, antes de ser atleta, é um ser humano.
Coloque em prática
Veja o que passou por aqui em 2022 no pilar Relações e como aplicar essas dicas em 2023!
5 de Janeiro de 2023
Somos parte de um todo. Sozinho, somos apenas um grão de areia, mas juntos, somos uma praia inteira. Dessas que não dá vontade de ir embora, vale dizer! Em tempos onde nossas conexões podem estar um pouco atribuladas, o objetivo do Plenae ao longo do último ciclo foi unir, cada vez mais, o que possa ter se desunido. Então confira a seguir alguns caminhos possíveis para aprimorar ainda mais suas relações nesse próximo ano!
Metas
1- Abrace o diferente! Afinal, ser diferente é n o r m a l, ok? Então vamos abraçar as culturas indígenas, que há séculos nos ensinam tanto, e também os transgêneros, que se aceitaram como eles são - e nosso dever é aceitá-los também! Isso vale também para seu estado civil: são várias as formas de amar e contamos sobre algumas delas por aqui!
2- Ouça o outro. Só assim você se ouvirá também. Saiba ler suas emoções e saiba também como tornar a sua comunicação mais efetiva. Nesse tópico, vale entrar também as diferenças geracionais, como por exemplo, entender o que mudou da criação de nossos avós para cá. Não há um melhor do que o outro, apenas propostas diferentes.
3- De olho nos jovens. Afinal, se o mapa do nascimento nos explica que nossas primeiras sensações ditam as nossas futuras sensações, há de se entender que o que esperamos para o futuro está nas mãos dos jovens! Estamos falando de saúde mental o suficiente com eles? E sobre honestidade, estamos encarando esse tema tão desafiador com as nossas crianças?
4- Busque conhecimento. Entender conceitos e desmistificá-los é parte importante dessa trajetória. O que é o parto humanizado? Qual a diferença entre simpatia e empatia? O que é a depressão pós-parto? E o ciúme, como entendê-lo e como curá-lo? Essas foram algumas questões que buscamos responder por aqui!
5- Inspire-se! Seja com a ajuda dos filmes ou até com exemplos de outras famílias, como é o caso da família Gil. Vai torcer por um time? Torça junto e observe os benefícios! O importante é fortalecer suas relações, seja qual fonte de inspiração ou situação seja a sua.
E aí, já se sentiu mais fortalecido para ir atrás de melhores relações - ou de melhorar as que você já possui? São nossos laços que nos tornam humanos. Acredite na importância e na potência deles!
Conteúdos
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