Fundo no assunto Afinal, dinheiro compra ou não felicidade? A resposta mais adequada a esta pergunta é: depende. A relação entre dinheiro e felicidade é um tema que vem sendo estudado há décadas, exatamente por ser complexo. Isso se dá tanto porque nossa percepção de bem-estar é algo extremamente subjetivo, como explicamos nesta matéria, assim como o próprio conceito sobre riqueza varia de pessoa para pessoa, alvo também de nossos estudos.
Mas, a ciência tem dado passos interessantes neste caminho e nos mostra até que ponto o dinheiro pode sim trazer muita felicidade, assim como nos alerta para as armadilhas mentais que nos fazem acreditar que nunca temos o bastante e nos leva a um círculo vicioso em busca de mais.
Angus Deaton, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2015, publicou um dos estudos mais famosos sobre o tema, em parceria com Daniel Kahneman. Nele, o pesquisador comprovou que, após uma determinada quantia (75 mil dólares ao ano em 2010), o dinheiro passava a ter um impacto cada vez menor no nível de felicidade de uma pessoa. Nem precisamos dizer que sua falta, certamente, traz muita angústia e sofrimento. Dan Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard e autor do livro “Tropeçar na felicidade”, também afirmou que “uma vez satisfeitas as necessidades humanas básicas, muito mais dinheiro não trás muito mais felicidade” (tradução livre) e mostra dois padrões no comportamento humano que poderiam explicar o por quê:A maioria das pessoas acreditam que precisam somente de um pouco mais de dinheiro para que grande parte de seus problemas acabem. Segundo Laurie Santos, cientista cognitiva e professora de psicologia da Universidade de Yale, um estudo mencionado em seu podcast The Happiness Lab, perguntou às pessoas quanto dinheiro precisavam para serem felizes e qual seria o “número mágico” que, se alcançassem, não precisariam de mais.
As pessoas que ganhavam 30 mil dólares por ano disseram que precisavam de 50 mil para serem felizes. Já as que ganhavam 100 mil dólares ao ano, disseram que precisavam de 250 mil. Assim, a primeira questão que a ciência da felicidade vai pautar é o fato de que nunca estamos satisfeitos. Nossa mente é uma máquina adaptativa e tem a tendência de retornar a um nível estável de felicidade após um evento importante, seja ele positivo ou negativo. Assim, à medida que uma pessoa ganha mais dinheiro, suas expectativas e desejos aumentam em consonância, não havendo um ganho permanente em sua felicidade e satisfação.
Ainda, nossa mente é muito ruim em prever como nos sentiremos diante desses eventos e, frequentemente, nós superestimamos quão felizes ficaremos ao adquirir algo que desejamos, como Gilbert explica neste Ted Talks: |
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