Fundo no assunto A revolução da longevidadeNunca se falou tanto em longevidade como nos últimos anos. Desde os famosos do Vale do Silício e sua busca pela imortalidade (literalmente) às celebridades que advogam por uma nova velhice e até mesmo a Organização Mundial da Saúde, que declarou ser esta a década do envelhecimento saudável (2020-2030).
Estamos pesquisando, experimentando, discutindo e nos preparando para uma mudança significativa nos paradigmas em torno da terceira idade. De fato, estamos presenciando um rápido crescimento populacional de pessoas acima dos 60 anos no mundo, com uma previsão de que até 2050 teremos mais idosos do que crianças abaixo dos 15 anos, representando uma média de 2 bilhões de pessoas.
Segundo o documento “Envelhecimento Ativo”, lançado pela OMS em 2015, esse envelhecimento acelerado do mundo, resultado da redução da mortalidade em todos os países, trouxe consigo a possibilidade de anos extras de vida saudável e ativa para a população. São 30 anos a mais comparados a nossos avós, o que tem sido considerado uma verdadeira revolução da longevidade. Porém, apesar da necessidade de ressignificar essa fase da vida em uma sociedade cada dia mais velha, não tem sido fácil transformar os estigmas em torno do processo de somar anos de vida. A mesma OMS, que por um lado declara que os idosos contemporâneos têm uma qualidade de vida muito superior a seus ancestrais não tão longínquos, também classificou a velhice como “doença” a ser incluída em seu Catálogo Internacional de Doenças (CID) em 2022. Esse movimento, aliás, tem gerado fortes reações nos setores ligados ao envelhecimento por reforçar os estereótipos negativos associados às pessoas idosas e sua manifestação mais cruel: o etarismo.
Desde tempos imemoriais, somos obcecados pela juventude. Existem registros hindus datados de 700 a.c falando sobre um “poço da juventude” e, na Idade Média, muitas expedições foram financiadas pela realeza na busca por tal tesouro. De lá pra cá, pouco mudou: seguimos achando belo, saudável e produtivo o que é jovem e, por consequência, buscamos incessantemente encontrar a fórmula capaz de reverter a lei universal da entropia.
Hoje, as pesquisas e experiências pessoais mais ousadas neste sentido são conhecidas como biohacking, algo que une tecnologia e biologia na busca por otimizar o funcionamento do corpo e reverter processos de envelhecimento. Seja com um coquetel de suplementos, ou com dietas rigorosas, transfusão de sangue de pessoas mais jovens e até uso de sensores para monitorar absolutamente tudo, o biohacking tem atraído milhares de pessoas que, muitas vezes, se fazem de cobaias para experimentos que ainda não possuem resultados robustos se funcionam ou não.
É verdade que a maioria de nós tem, em maior ou menor grau, medo de envelhecer. Mas, o que as pesquisas têm mostrado é que uma boa parte destes temores afligem mais as pessoas jovens que as de maior idade, que podem afirmar, com conhecimento de causa, se tais medos se concretizaram ao chegar lá.
A campanha “Envelhecer Sem Vergonha” realizou um estudo em parceria com a Pfizer Brasil, elencando os 7 maiores medos relacionados à velhice Seu resultado mostrou que a maioria deles são relativos e podem ser sanados se nos prepararmos adequadamente. Entre os mais citados estão:
Apesar de muitas doenças crônicas se manifestarem na idade avançada, o desenvolvimento delas começa bem antes. Por isso, é importante começar a se cuidar desde já. Neste artigo, falamos quantos anos um estilo de vida saudável adiciona na longevidade.
O cérebro pode ser comparado a um músculo que precisa ser exercitado sempre. Manter a mente ativa e estimular o cérebro através do aprendizado contínuo é essencial para avançar na vida com lucidez, como nos relatou a longeva Neire Claro nesta conversa.
A visão de que o envelhecimento traz consigo a solidão é uma percepção completamente relativa. O fortalecimento de vínculos afetivos e dos círculos de amizade devem ser cultivados durante toda a vida e serão de suma importância para a longevidade, como falamos por aqui.
Apesar de estar entre os maiores medos relacionados à terceira idade, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2019, este é um dos itens mais negligenciados pelos brasileiros na hora de se preparar para a velhice, como falamos nesta matéria. Fazer uma poupança e saber controlar o dinheiro é muito importante para suprir eventuais gastos extras inerentes à idade avançada. Outras dicas você encontra no Plenae Entrevista feito com o economista Fábio Gallo.
Mirian Goldenberg, antropóloga, escritora e pesquisadora há mais de 20 anos sobre envelhecimento e felicidade, diz que a velhice pode, na realidade, ser uma das fases mais felizes da vida. |
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