O que você vai encontrar por aqui: 
  • De onde vem a inspiração 
  • O que acontece no cérebro quando estamos inspirados    
  • Pessoas inspiradoras 
  • Dicas de como cultivar a inspiração
Certamente você já se sentiu inspirado em algum momento da vida e sabe o quanto essa experiência é extremamente positiva. Quando entramos nesse estado, ficamos cheios de esperança, entusiasmo, otimismo e motivação. A inspiração é o combustível da criatividade e abre caminhos para o encontro de novas ideias, traz consciência das possibilidades e um senso de propósito renovado.  

Ela pode ser desencadeada por uma infinidade de fatores, como a admiração por alguém, uma paisagem deslumbrante, um livro cativante, uma obra de arte ou mesmo uma conversa reveladora. Certos temas nos inspiram porque ressoam profundamente com nossos valores, experiências e aspirações, despertando uma sensação de conexão e relevância que pode nos motivar a agir.  
Apesar de acontecer de forma espontânea e aparentemente ilógica, a ciência tem buscado entender como esse sentimento atua no cérebro e quais os caminhos para despertá-lo em nós de maneira intencional. Pesquisadores conseguiram mapear as redes neurais associadas a esse momento e indicam algumas estratégias para facilitar a ocorrência desses momentos de epifania.

Acreditamos que vale a pena mergulhar no tema da inspiração e como ela atua no cérebro. Sem dúvida, esta é uma força poderosa capaz de trazer muitos benefícios para o bem-estar e a satisfação geral com a vida. Assim, esperamos com este Tema da Vez, te ajudar a criar um terreno fértil para que a inspiração se manifeste com mais frequência no seu dia a dia, tornando-se uma poderosa bússola em direção ao seu propósito. 
Fundo no assunto
De onde vem a inspiração? 
 
Inspiração é uma daquelas palavras que a maioria de nós sabe o que é, já vivenciou em algum momento, mas dificilmente consegue defini-la. Comumente utilizada em diversos contextos, seja na arte, na literatura, na ciência ou até mesmo na vida cotidiana, o conceito de inspiração tem uma longa história que atravessa várias culturas e tradições.  

A palavra origina-se do latim "inspiratio", que significa soprar dentro ou infundir. Tradicionalmente, ela está vinculada à ideia de uma força externa que traz criatividade e ideias para os indivíduos. Essa noção tem raízes na filosofia ocidental, onde pensadores como Platão e Aristóteles discutiam a inspiração como um dom divino concedido a poetas e artistas para a criação de suas obras. Para os gregos, esta força era chamada de daimon e Sócrates mencionava frequentemente seu daimon pessoal, uma voz interior que lhe inspirava de longe palavras de sabedoria.  


Os romanos também creditavam os momentos de inspiração a uma entidade espiritual, que no caso chamavam de gênio. Considerado um guardião pessoal que cada pessoa possuía, acreditava-se que ele participava do processo criativo e moldava seu resultado. Assim, quando um artista produzia algo espetacular, parte desse sucesso era atribuído ao seu gênio pessoal. 

Foi na era renascentista que a palavra "gênio" passou a ser usada para descrever algo ou alguém com um talento ou qualidade extraordinária. As pessoas deixaram de ter um gênio para ser um gênio, o que para a escritora Elizabeth Gilbert, autora do sucesso “Comer, rezar e amar”, pode ter sido um erro.  

Nesse Ted Talk “genial”, a autora ressalta a enorme pressão sentida por pessoas envolvidas em atividades criativas em produzirem trabalhos sempre brilhantes, que superem seus próprios sucessos. Para ela, nenhuma outra carreira produz tantas preocupações em relação a saúde mental como essas e basta ver o número de mortes precoces de mentes criativas magníficas para entender o tamanho do problema. 
Assim, se na era moderna a compreensão da inspiração e criatividade mudou, sendo agora vista como uma experiência psicológica, a autora ressalta a importância de criar uma espécie de “proteção mental” que possa distanciar a pessoa de grandes sucessos e fracassos inerentes aos processos criativos. Nesse sentido, retomar uma relação mais espiritual com a inspiração e, consequentemente, com a criatividade, pode ser um caminho mais saudável em sua opinião, dando espaço para outras explicações sobre os caprichos nada racionais desse estado mental. 

E ela não está só nessa perspectiva, muitos artistas relatam seus momentos de inspiração a partir desse mesmo prisma. Um dos livros mais famosos de Julia Cameron, “O caminho do artista”, teve sua primeira edição publicada com o subtítulo: “A spiritual path to higher creativity” (um caminho espiritual para uma criatividade elevada, em tradução livre).  

Em entrevista para o jornalista Lauro Henrique Jr. no livro “Palavras de poder. Vol 3”, ela afirma que, na verdade, não há uma distinção entre criatividade e espiritualidade, e uma alimenta e potencializa a outra. Assim, Julia Cameron coloca que “mesmo que, muitas vezes, pensemos na criatividade apenas como um exercício intelectual, a realidade é que a criatividade é um exercício do espírito, é algo totalmente ligado à nossa alma e ao nosso coração”.  

A escritora Rosa Montero, em seu livro “O perigo de estar lúcida”, fala sobre algo parecido: a incidência de transtornos emocionais que acometem pessoas envolvidas com a arte – sobretudo com a escrita – e que, muito provavelmente, é proveniente dessa pressão altíssima sobre si mesmo e sobre os mergulhos internos que é preciso encarar a cada processo criativo. Para ela, há ainda um fator que precede tudo isso: pessoas criativas tendem a demonstrar mais traços de transtornos mentais e emocionais desde a infância, e essas afirmações que ela traz ao longo do livro são ancoradas em pesquisas.  


Ainda que mentes criativas e inspiradas encontrem na espiritualidade ou nas emoções as explicações para seus feitos, a ciência tem buscado entender o que ocorre no cérebro quando experimentamos esse estado. O que descobriram é que a inspiração surge quando voltamos ao modo padrão do cérebro. Essa rede neural é ativada quando não estamos focados em uma tarefa específica e nossa mente tem liberdade de vaguear por pensamentos aleatórios, criar imagens mentais e conectar ideias aparentemente desconexas. O famoso “sonhar acordado”.   



Um outro estudo, publicado na National Library of Medicine, conseguiu observar o que ocorre exatamente antes de um momento de epifania no cérebro, por meio de imagens fMRI (ressonância magnética funcional). Apelidado de “piscada cerebral”, pesquisadores observaram que um grande fluxo de ondas alfa desliga o córtex visual para silenciar possíveis distrações, permitindo que a rede de modo padrão se desenvolva e estabeleça conexões díspares até que o momento do “Aha!” ganhe vida.  

Como adultos em um mundo orientado para a alta produtividade, muitas vezes negligenciamos a importância de “não fazer nada”. No entanto, cientistas estão agora descobrindo que a rede de modo padrão (RMP) é a raiz da criatividade, da criação de significado e da inspiração. Quando nosso cérebro têm um momento para respirar e divagar, ele emite endorfinas que nos ajudam a relaxar, a ter espaço para nos interiorizarmos e, finalmente, a sair da visão de túnel mental. Ainda, essa rede desempenha um papel fundamental na consolidação da memória e na visão do futuro.  

Assim, relaxar é crucial para potencializar momentos de inspiração. Criadores, inventores e artistas têm priorizado as pausas mentais há séculos. Albert Einstein era conhecido por fazer longas pausas para vagar pela mente quando trabalhava na solução de problemas difíceis, o que ele chamava de “experimentos mentais”. Ele literalmente criou a teoria da relatividade enquanto se imaginava cavalgando um raio de sol até a borda do universo durante uma aula, como conta a história.  


A inspiração e a criatividade andam de mãos dadas, formando uma parceria dinâmica. A primeira é muitas vezes a faísca inicial que acende o fogo da segunda, no caso. Quando somos inspirados, sentimos uma forte motivação interna, uma vontade de criar algo novo ou melhorar o que já existe.  

A criatividade, por outro lado, é o processo de transformar essa inspiração em algo tangível. É a habilidade de pegar essa faísca inicial e desenvolver ideias inovadoras, projetos artísticos, soluções para problemas ou qualquer outra forma de expressão. Sem a inspiração, a criatividade pode se sentir sem direção. Sem a criatividade, a inspiração pode não se realizar em seu potencial máximo. 

Em resumo, a inspiração fornece o "porquê" enquanto a criatividade fornece o "como". E nesse “como” outras duas redes cerebrais entram em ação no despertar de ideias criativas: a rede de controle executivo (responsável por controlar pensamentos, analisar, planejar, tomar decisões e ponderar) e a rede de saliência (regula a percepção das emoções e sentimentos, dos estímulos ambientais como luz, som, tamanho e nosso sistema de recompensa), além da rede de modo padrão que já comentamos anteriormente.  



Em geral essas redes não funcionam simultaneamente. Porém, ao que tudo indica, "as pessoas criativas têm uma habilidade maior em coativar redes neurais que costumam trabalhar separadamente", explicou Roger Beaty, especialista em neurociência cognitiva pela Universidade Harvard.  

E para cada indivíduo, a criatividade terá como gatilho os estímulos gerados pela combinação ou predominância de uma dessas redes. Para certas pessoas, o surgimento de novas ideias está mais ligado à rede executiva, como ler um livro. Já para outras, isso se associa mais à rede de saliência, onde predominam as experiências sensoriais. Para ambas, contemplar a natureza pode ser uma boa fonte de inspiração. 
O que dizem por aí
Inspirar e ser inspirado

      
    

 
Sentir-se inspirado é uma experiência profundamente humana. Ela pode ser chamada de muitos nomes - iluminação, revelação, epifania -, mas o sentimento é basicamente o mesmo. Uma vitalidade, clareza mental e consciência inconfundíveis dominam o corpo. Ela ocorrerá de forma totalmente pessoal e única para cada pessoa, a depender de suas crenças e valores.  

Muitas pessoas criativas são famosas por suas maneiras estranhas de encontrar inspiração. O poeta Friedrich Schiller mantinha maçãs podres na gaveta de sua escrivaninha e as cheirava quando precisava de ideias. A escritora Dame Edith Sitwell gostava de se deitar dentro de um caixão aberto antes de começar a trabalhar. Essas excentricidades, para dizer o mínimo, são mais comuns do que se imagina na busca das famosas “musas”.  

Mas, ainda que não sejamos artistas caçando um lampejo de inspiração, alguns temas nos tocam de maneira especial e nos fazem experimentar essa deliciosa sensação. Entre os motivos associados a esse processo estão: relevância pessoal (quando um tema está diretamente relacionado à nossa vida ou interesses); ao despertar de fortes emoções (como amor, coragem ou justiça); a beleza estética (seja na natureza, na arte ou na música); a curiosidade; e a conexão espiritual. Assim, buscar ativamente se expor a esses temas e descobrir quais deles funcionam como gatilhos de inspiração para você pode ser uma ótima estratégia para encontrá-la em sua vida. 


Muitas pessoas ao longo da história são consideradas extremamente inspiradoras por suas conquistas, atitudes e impactos positivos. Entre as mais famosas estão: Nelson Mandela, que lutou arduamente contra o apartheid na África do Sul; Malala Yousafzai, ativista paquistanesa pela educação das meninas; Mahatma Gandhi, famoso por sua filosofia de resistência não-violenta; Stephen Hawking, por suas valiosas contribuições para a compreensão do universo, apesar das limitações físicas impostas pela esclerose lateral amiotrófica (ELA); Madre Teresa, por sua dedicação intensa aos cuidados dos pobres e doentes na Calcutá; Frida Kahlo, por suas obras profundamente pessoais; entre outros que deixaram um impacto duradouro e continuam a inspirar gerações.  



Muitas dessas biografias narram histórias de superação e impacto social, o que também é altamente inspirador pois mostram como é possível triunfar sobre adversidades e fazer a diferença no mundo. E foi com esse propósito que surgiu o podcast Histórias para Refletir no Plenae, já em sua 17º temporada, que busca trazer histórias fascinantes nos mais variados contextos. Acreditamos que ouvir a trajetória do outro nos leva a olhar para nossa própria caminhada, pois conhecer suas escolhas diante de encruzilhadas difíceis pode nos inspirar e motivar a superar nossos próprios obstáculos.  

Aqui no Plenae, inclusive, nascemos sob o signo da inspiração. Abilio Diniz, cofundador do nosso portal ao lado de sua esposa Geyze, foi uma dessas pessoas capazes de inspirar a todos que o conheciam, seja por sua trajetória de vida ímpar, repleta de momentos de superação de si e conquistas, seja por seu desejo contínuo de aprender e compartilhar ensinamentos que poderiam contribuir positivamente na vida das pessoas.  

Nessa edição especial do Tema da Vez, é possível conhecer muitos de seus feitos. Para uma experiência ainda mais profunda, é possível visitar o Espaço Horizontes, um espaço dedicado a inspirar seus visitantes através de sua biografia e dos pilares que sustentam a busca de uma vida repleta de bem-estar e felicidade.  
Ampliando nosso repertório 

     

A vida é um convite constante para sermos criativos, curiosos e apaixonados. A inspiração é como um raio de sol que atravessa as nuvens mais escuras, iluminando nossos pensamentos e sentimentos com uma nova perspectiva. É ela que nos move a criar, a inovar e a buscar significados mais profundos na vida cotidiana. Ela é aquele suspiro profundo ao contemplar a grandiosidade do universo ou ao reconhecer a beleza nas pequenas coisas e está presente na perseverança de quem nunca desiste, na ternura de um gesto de amor e na magia de um novo começo. 

É possível cultivar um terreno fértil para que a inspiração se manifeste com mais frequência em nossas vidas e deixamos aqui uma lista de dicas simples, mas que podem dar espaço para que isso aconteça:  

Quer saber mais? Separamos alguns conteúdos que podem te ajudar
a fazer um mergulho ainda mais profundo, não deixe de conferir!

Podcast: Histórias para Refletir – Podcast Plenae



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