Para Inspirar
Como a ciência encara a máxima de que o nosso pensamento tem o poder de atrair o que queremos que se concretize
2 de Setembro de 2022
No terceiro episódio da nona temporada do Podcast Plenae, ouvimos o relato emocionante da cantora e atriz Mariana Rios, representando o pilar Espírito. Nele, ela contou como uma tragédia precoce em sua vida moldou seus pensamentos para sempre, tornando-se uma espécie de personalidade à prova de tempo feio, como ela própria gosta de falar.
Mas mais do que otimista, Mariana fala sobre um termo bastante conhecido, mas pouco explorado profundamente: a Lei da Atração. Para ela, muito do que ela conseguiu em sua vida deve-se ao fato de, primeiramente, ela ter acreditado que conseguiria. Esse “pensar com força e alegria” que ela pratica foi a mola propulsora para que ela atingisse objetivos que antes pareciam inatingíveis.
O assunto já foi tema central de um best-seller chamado “O Segredo”, de Rhonda Byrne, que não só vendeu milhares de exemplares como também foi adaptado para um filme posteriormente. Mas afinal, o que pensa a ciência, a religião e as correntes filosóficas sobre o tema? Como é possível ser mais positiva e pensar com mais força em seus sonhos? Há um manual? É isso que iremos explorar a seguir!
A ciência
Não há quem não saiba do ceticismo da ciência diante dos mais variados temas. Mas a boa notícia é que nada é uma unanimidade, até porque, por trás de todo estudo, há um ser humano conduzindo-o, e é impossível dissociar suas crenças pessoais de forma completa.
Para a física, de modo bem resumido, energia é a capacidade de um corpo executar um trabalho ou realizar um movimento. O magnetismo, capacidade de alguns materiais se atraírem ou se repelirem, também é outro termo bastante encabeçado por fiéis da lei da atração. O mais curioso é que, para a física, é preciso que os pólos sejam opostos para se atraírem, enquanto para a crença popular, se pensar positivo, você irá atrair positivo.
Mas a ciência, apesar de se manter desconfiada diante do tema, acredita em partes que podem se relacionar. Por exemplo, o fato de que os acontecimentos da natureza são tão interligados que o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode causar um tornado no Japão se for observado em cadeia.
Isso, de certa forma, conversa com a crença de que o seu posicionamento diante dos acontecimentos de sua vida vão refletir em seus desdobramentos. Acordar mal humorado vai ditar o resto do seu dia, muito provavelmente. É o efeito dominó, mas aplicado em circunstâncias menores e individuais.
Segundo Adilson José da Silva, professor do Instituto de Física da USP, para a revista Superinteressante, a Lei da Atração, que diz que os pensamentos criam campos energéticos à nossa volta, nunca foi comprovada por nenhuma pesquisa. Para o físico Ernesto Kemp, professor do Instituto de Física da Unicamp, isso tudo está mais relacionado aos estudos da psicologia humana do que à física.
“É verdade que, no cérebro humano, ocorrem estímulos elétricos o tempo todo. Mas os pulsos elétricos liberados durante as sinapses são tão fracos que a probabilidade de o campo eletromagnético que você está gerando com suas sinapses interagir com o de outras pessoas é nula”, diz.
Mas, falando em sinapses, é fato que um pensamento positivo irá desencadear a liberação de hormônios importantes para a sensação de bem-estar. Projetar-se em uma situação agradável ou de conquista tem sim um efeito imediato para acalmar ou alegrar o indivíduo, por exemplo. A simples contração de músculos que um sorriso causa já é mensagem positiva para seu cérebro.
Um estudo feito na Universidade de Harvard descobriu que pensar positivamente pode fazer bem para os pulmões. Os pesquisadores avaliaram o estado de saúde de 670 homens na faixa dos 60 anos de idade e também aplicaram testes de personalidade para identificar quem eram os otimistas e os pessimistas. As respostas vieram 8 anos depois, constando que os bem-humorados tinham um sistema imunológico mais forte e mais resistente a doenças pulmonares.
Outro estudo, feito pelo Instituto Delfland de Saúde Mental, na Holanda, monitorou homens com idade entre 64 e 84 anos durante 15 anos e concluiu que a incidência de infartos e derrames foi menor entre aqueles que tinham uma atitude positiva. Os otimistas apresentaram ainda 55% menos risco de ter doenças cardíacas.
“No estresse crônico predomina a ativação do córtex das glândulas supra-renais com produção de cortisona, que é um hormônio imunossupressor, ou seja, que diminui a ação do sistema imunológico”, explicou à Super o médico Régis Cavini Ferreira, especialista em psiconeuroendocrinologia, uma área que estuda a relação entre cérebro, hormônios e comportamento.
Física quântica
A princípio, a física quântica pode parecer um bicho de sete cabeças. Seus estudos buscam entender o movimento dos átomos e partículas subatômicas, mas, diferente da física clássica, a quântica assume a imprevisibilidade do comportamento das partículas microscópicas, abrindo margem para múltiplas possibilidades.
Sendo assim, de certa forma podemos influenciar sim em nossa própria realidade e a que nos cerca. Do mesmo jeito que somos capazes de modificar o destino de uma molécula ou elétron, moldando nossa mente para o que queremos, ajustando o “mindset”, termo bastante popular atualmente, também conseguiremos modificar o nosso próprio destino.
Essa proatividade, ou seja, agir de maneira ativa em sua vida, é resultado de um pensamento fortalecido. Você não irá atrás de um objetivo se não realmente acreditar que ele é possível de ser realizado. E é a força dessa crença que pode mudar o seu futuro - ou ao menos, tornar o trajeto mais palatável.
Além disso, como dissemos anteriormente, a ciência acredita que tudo está conectado, basta ver a extensa cadeia de comunicação dos fungos - tudo praticamente invisível a olho nu, mas operando em perfeita harmonia. Se tudo está conectado, então seu pensamento é capaz de modificar a sua realidade.
Para a física quântica, é possível mexer em um átomo na cidade de São Paulo e ele influenciar um outro átomo na cidade de Buenos Aires, em outro país, como se o espaço e o tempo não existissem da forma como conhecemos. Esse fenômeno é conhecido como “entrelaçamento de partículas”, ou “ação fantasmagórica a distância”, batizada por Einstein. Ela deu respaldo à crença na sincronicidade, ou seja, de que não há coincidências e que tudo no Universo está ligado.
É preciso ter em mente ainda que mente e corpo não são fatores separados, e sim, interligados. É simples: se você está de cama por conta de uma doença, automaticamente estará com o seu humor também prejudicado. E vice-versa, certo? Se você estiver mais para baixo, principalmente por um tempo estendido, isso afetará certamente o seu corpo.
Religião
Se a Lei da Atração envolve acreditar, em primeiro lugar, é claro que a religião não poderia ficar de fora, já que fé é a base que constitui os diferentes dogmas. Como dissemos no início desse artigo, o Budismo - que não se caracteriza como religião, e sim, como filosofia de vida - é uma das correntes que mais prega a existência de um campo energético e de como o seu posicionamento perante a vida faz a diferença.
Mas o Budismo não é o único. Há ainda nomes como Cientologia, uma religião que tem Tom Cruise e Elizabeth Moss dentre os adeptos, e que trata justamente dos poderes da mente, quase uma ficção científica. A Cultura Racional, difundida aqui no Brasil pelo cantor Tim Maia em seu disco “Energia Racional”, também prega o poder de colher frutos a partir do que você emana. Te contamos mais sobre religiões diversas aqui neste artigo.
Há muitas outras ainda a serem citadas que, a depender da interpretação, abrem margem para que a Lei da Atração seja colocada em prática, sem contar as correntes filosóficas através dos séculos. E você, acredita que seu pensamento pode modificar a realidade ao seu redor? Lembre-se do que ensinamos quando falamos em estoicismo: é o seu posicionamento diante dos acontecimentos que vai definir seus desdobramentos.
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