Parada obrigatória

#PlenaeApresenta: João Carlos Martins

Como a tecnologia fez com que o aclamado pianista vivenciasse, pela primeira vez em anos, a movimentação plena dos seus dedos

28 de Janeiro de 2020


Pela primeira vez em 21 anos, o pianista João Carlos Martins, 79 anos, voltou a tocar piano com a mão direita. Uma luva biônica presenteada pelo designer industrial Ubiratã Bizarro Costa devolveu a Martins o movimento dos dedos (menos o médio da mão direita), informa a Folha de S.Paulo . “Eu não sei te explicar, mas essa engrenagem fez com que, ao dedilhar o piano, meus dedos fossem e voltassem à posição normal. Antes, minhas mãos ficavam sempre fechadas”, disse o pianista ao jornal. “É um recomeço. Na primeira vez em que consegui tocar com todas as teclas, fiquei com lágrimas nos olhos."

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#PlenaeApresenta Morena Leite e a comida como ponte para outros mundos

O terceiro episódio da décima sétima temporada é sobre alimentação para além de um cardápio e tudo que sua existência pode representar.

21 de Outubro de 2024



A comida vai muito além de algo feito para garantir a nossa sobrevivência - apesar de ser, de fato, fundamental. Nossa espécie, aliás, é a única que faz o preparo de seus alimentos, pensa a respeito do que vai comer e se reúne ao redor de uma mesa para degustar essa refeição. É um marco cultural importante para nós que comemos e, para quem prepara, é um trabalho ainda mais conectado com outras profundezas. 

A chef Morena Leite é prova disso. Representado o pilar Espírito, em seu episódio viajamos por toda a infância que antecedeu o sucesso que ela hoje usufrui à frente do Capim Santo, conceituado restaurante em São Paulo capital. A verdade é que a cozinha sempre esteve presente em sua história, mas de um jeito não tão óbvio.

“A comida tem um papel importante na minha família. Desde que meu pai teve um câncer, aos 27 anos, a minha mãe se aprofundou nos estudos sobre alimentação, e aí eles começaram a seguir uma dieta macrobiótica e antroposófica”, conta. Seus pais, como ela conta, são do interior de São Paulo, mas se mudaram para Trancoso, na Bahia, quando Morena nasceu, no começo dos anos 80. 

“Eles faziam parte de um grupo de jovens chamados biribandos. Eram pessoas de diferentes cantos do Brasil e do mundo que optaram por morar numa aldeia de pescadores. Essa mistura fez de Trancoso um vilarejo único. A ideia era criar uma comunidade numa roça, com todo mundo morando junto, inspirado no modelo de um kibutz de Israel”, diz. 

Mas essa proposta não foi pra frente. Era preciso uma disciplina que, naquele momento, seus pais ainda não possuíam por serem muito jovens e não quiseram seguir as regras impostas. Mas ali não era o fim do caminho: foi ao sair dessa aldeia que eles compraram um terreno e começaram a plantar de tudo que consumiam: taioba, milho, coco, abóbora, biribiri, jaca, cacau, entre outras. Ali nascia o que viria a ser o Capim Santo, ainda muito pequeno perto do que é hoje. 

“A minha mãe foi tomando gosto por fazer granola e pão integral, e aos poucos o hobby dela virou uma profissão. Ela começou a servir comida em casa, com os legumes cultivados no quintal, os peixes entregues pelos pescadores e os grãos integrais da dieta macrobiótica, que vinham de São Paulo. Todo dia minha mãe fazia um prato, e recebia umas 10 ou 12 pessoas para comer. Em 1985, meus pais acabaram abrindo um pequeno restaurante, o Capim Santo”, relembra.

Nessa época, o estabelecimento também servia de hospedagem, uma espécie de pousada. Isso colocava Morena diretamente em contato com pessoas de todos os lugares do mundo, acendendo uma chama interna de querer se conectar com o máximo de culturas possíveis. 

E já aos 15 anos, ela embarcou para a Inglaterra e conseguiu exatamente o que queria: dividiu o quarto com uma cambojana budista, uma russa judia e uma turca muçulmana. “Através da maneira que elas comiam eu podia entender um pouquinho mais sobre a cultura de cada uma. Então, eu percebi que o meu interesse por povos, países e religiões passava pela gastronomia”, conta.

A partir daí, o seu futuro parecia mais claro. Ela voltou para o Brasil com o entendimento de que a cozinha era o seu lugar e que estar nesse ambiente era um antídoto inclusive para sua distração constante, problema que marcou toda a sua infância. É o mindfulness que o ato de cozinhar exige e ajuda tantas pessoas. 

“Acho que pra muitas pessoas a comida é só um meio de sobrevivência e de satisfação do paladar, mas pra mim é muito mais do que isso. O alimento tem uma relação com a cura. Além de ter aprendido com minha mãe o prazer de cozinhar e alimentar todo mundo. Eu me encontrei na gastronomia também por ser uma atividade mão na massa, literalmente”, pontua.

A espiritualidade da gastronomia veio naturalmente depois. Morena se conectou com a comida dos orixás, ensinada pelo umbandismo, e entendeu que está tudo conectado de certa forma. A natureza, ter sido criada tão perto do mar e cercada pelo verde, a comida já tão presente no dia a dia com a sua família, tudo isso está interligado de forma mágica e poética e conduziu os seus caminhos para onde ela está hoje. 

E para conhecer mais desses caminhos, ouça o episódio completo disponível aqui no site ou no seu Spotify. Vale a pena conhecer cada curva dessa estrada traçada por Morena Leite. Aperte o play e inspire-se!

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