Entrevista com
Psicólogo
10 de Julho de 2019
Em mais de 40 anos de prática clínica, o psicólogo americano Keith Witt calcula já ter realizado pelo menos 55 mil sessões de terapia. Especialista em atendimentos para casais, Witt é um defensor da monogamia. "Relacionamentos casuais não levam a lugar nenhum", afirma. A seguir, ele diz como cultivar um casamento longevo, saudável e feliz.
O desejo sexual tende a diminuir ou desaparecer em uma relação amorosa de longo prazo. O que fazer diante disso? A relação amorosa é um pilar importante da nossa vida. Os humanos se relacionam por estágios. Um estágio é a atração. Outro é a paixão romântica, um estado fisiológico no qual as pessoas ficam intoxicadas, até mesmo viciadas no ser adorado. Por fatores hormonais, os apaixonados querem transar muito, se conhecer, contar quem são, passar tempo juntos. Eles ficam famintos por contato e toque. Esse estado pode durar de seis meses a dois anos. Conforme a intimidade aumenta, os indivíduos se conectam como a suas famílias de origem. A paixão estimula a libido, mas a intimidade não. Nessa fase da ligação íntima, é preciso ter mais consciência para manter a relação amorosa. Ela é especialmente desafiadora, porque homens e mulheres têm motivações sexuais diferentes.
O que significa, na prática, ter consciência no relacionamento? Fazer sexo premeditado é um jeito. Outro é entender o tempo de cada um e o tempo dos dois. Também é importante compreender o poder da imaginação e da erotização, e aproveitar esse poder para criar uma carga erótica na relação. Temos de entender quem somos eroticamente e fazer o que nos dá prazer, em vez de encarar algo que não nos faz bem.
Então, se a pessoa está sem libido, ela precisa fazer um esforço voluntário para o desejo voltar? Sim. Se você não tem vontade de fazer sexo, é um desastre imaginar que um dia você vai acordar com desejo. Eu atendi casais que não faziam sexo havia anos. Nossa tendência é esquecer que o sexo existe, se não o fazemos. Quando você só transa uma vez por mês ou a cada dois meses, o sexo pode se tornar um evento estressante. Uma relação amorosa envolve compreensão, dedicação, imaginação. O masculino e o feminino não são simétricos. Os desejos das pessoas por quantidade e qualidade de sexo não são simétricos. A comunicação é fundamental para as pessoas se entenderem. O relacionamento amoroso é desafiador. Mas, quando funciona, é maravilhoso!
O senhor defende a monogamia. Por quê? Nós somos programados para nos ligarmos a outras pessoas, quando temos oportunidade. Se um casal monogâmico cuidar do seu relacionamento, a sua intimidade se torna mais profunda e bonita. Minha mulher e eu não tínhamos uma relação de exclusividade nos primeiros sete anos do nosso relacionamento. Aí decidimos sermos monogâmicos, e nunca traímos um ao outro. No nosso universo, traição não existe. Eu cuido disso, e ela também. Nossa sexualidade está protegida por esse vínculo.
O que o senhor acha do sexo casual? Eu acho útil que as pessoas experimentem diferentes relacionamentos em algum momento vida. Ao mesmo tempo, acho muito difícil para os humanos fazerem sexo sem nenhum componente de relacionamento envolvido. Nessa cultura do sexo casual, em que as pessoas transam com um parceiro em uma noite, e outro na noite seguinte, o nível de objetificação é tamanho que os relacionamentos não vão a lugar nenhum. Acredito que a maioria das pessoas que fazem sexo casual espera que algo mais profundo e interessante aconteça ali. Isso deve ser mais verdadeiro para as mulheres, porque elas têm mais circuitos (cerebrais) de relacionamento do que os homens. Já os homens, por causa da testosterona, são mais visuais, e por isso tendem um pouco mais para a objetificação.
Então, a maioria das pessoas naturalmente vai preferir a monogamia? Conforme as pessoas amadurecem, elas perceberem que contato e intimidade requerem confiança, transparência e integridade. Minha mulher e eu estamos no estágio de ligação íntima, depois de 46 anos juntos. Nós temos a capacidade de nos envolvermos com outras pessoas e vivermos aventuras. Sim, a libido diminui com o tempo, mas a habilidade de se apaixonar, não. Mas isso prejudicaria o nosso relacionamento. Eu ficaria insanamente ciumento e sofreria horrores. Ela teria que tolerar o meu sofrimento para viver aquela experiência. Então, ela escolhe não viver essa aventura para proteger algo que é precioso, poderoso, mas frágil. Quando as pessoas crescem, inconscientemente caminham no sentido da monogamia alegre.
Apresentamos a influenciadora Fernanda Fabris, representante do pilar Relações na décima segunda temporada do Podcast Plenae
4 de Julho de 2023
“Todos os dias eu vejo famílias que entram com processo adotivo com a intenção de fazer uma caridade. O problema é que, com essa mentalidade, esses adultos vão esperar um senso de gratidão em troca. E a criança ou o adolescente não tem nem maturidade cerebral para ser grato. É um erro pensar que as crianças precisam ser salvas. Elas só precisam ter pais e mães. Elas precisam de amor”.
É com essa potente fala que Fernanda Fabris finaliza a sua linda narrativa sobre maternidade e devoção. No último episódio da décima segunda temporada do Podcast Plenae, mergulhamos nas Relações, mais especificamente na família de Fernanda.
A vontade de adotar sempre habitou seu íntimo, mas por muitos anos ficou adormecida em prol de uma gravidez que não acontecia. Foi em uma primeira pesquisa, ainda em territórios digitais, que ela se deparou com a foto daqueles que seriam seus filhos.
A primeira dificuldade foi convencer os outros de que não era loucura adotar 4 crianças de uma vez só e que não era loucura já considerá-los seus filhos ainda nos primeiros contatos. A segunda dificuldade, é claro, foi perceber que a conexão criada no campo das ideias mudava de figurino quando se tornou a rotina do dia a dia real.
Fernanda nos emociona ao falar, sem rodeios, as dificuldades por trás da maternidade adotiva e quais foram seus caminhos para de fato superá-las. Ao não maquiar uma situação tão delicada e específica, ela ajuda outras mães que podem estar passando por isso e não se sentem acolhidas, mas sim, culpadas.
Para ela, “quem tem que fazer dar certo é o pai e a mãe, não o filho”. E essa é a virada de chave necessária para entender que aquela criança está em formação e ainda não possui os mecanismos internos necessários para compreender as novas dinâmicas. Além disso, existe ali um passado prévio que deve ser respeitado e levado em consideração.
Prepara-se para se emocionar com essa jornada no último episódio da décima segunda temporada do Podcast Plenae. Aperte o play e inspire-se!
Conteúdos
Vale o mergulho Crônicas Plenae Começe Hoje Plenae Indica Entrevistas Parcerias Drops Aprova EventosGrau Plenae
Para empresas