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Ter uma meta na vida evita o declínio físico

O maior senso de propósito também está associado à redução dos riscos de incapacidade, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e distúrbios de sono, entre outros problemas de saúde.

14 de Fevereiro de 2019


Entre os inúmeros estudos sobre a influência do propósito de vida sobre a saúde física e mental, chama a atenção o publicado no fim de 2017 na revista médica JAMA Psychiatry . Nele, pesquisadores de Harvard tentam responder à seguinte pergunta: “Um propósito mais alto na vida está associado a menor probabilidade de declínio da função física?” Para isso, primeiramente, usaram por base uma pesquisa nacional americana, o Estudo de Saúde e Aposentadoria, com pessoas acima de 50 anos. Coletaram informações em dois momentos, em 2006 e 2010. Metade dos entrevistados passou por avaliações físicas e psicológicas. O teste físico mediu a força de preensão e a velocidade de caminhada de cada pessoa. Para medir o senso de propósito, os entrevistados receberam um questionário baseado nas “Escalas de Bem-Estar Psicológico”, da psicóloga Carol Ryff. Os pesquisadores de Harvard notaram que o senso de propósito pode evoluir ou crescer. A partir disso, a saúde mental e a função física podem ter melhoras significativas. Principal autor do estudo, Eric Kim descobriu que o maior senso de propósito também está associado à redução dos riscos de incapacidade, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e distúrbios de sono, entre outros problemas de saúde. “Levar uma vida com propósito não só é bom e significativo, existencialmente falando”, escreveu Ryff em um comentário sobre o estudo, “também pode contribuir para melhorar a saúde da crescente população idosa.” Leia o artigo original aqui .

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Desmistificando conceitos: o que é o câncer de próstata?

Novembro chegou e, com ele, a campanha do novembro azul. Fique de olho nos seus exames e entenda mais sobre o câncer de próstata, muito comum em homens.

1 de Novembro de 2022


Em outubro, mudamos todo nosso site para a cor rosa e te explicamos o que é o câncer de mama, tema da campanha de conscientização do Outubro Rosa. Agora, o mês de novembro chegou, e com ele, a campanha do novembro azul. Seu objetivo é trazer conscientização também, mas dessa vez, o câncer de próstata é o foco. 

Esse é um dos males que mais afetam os homens, dentre outros presentes na saúde masculina. No Brasil, estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens, segundo o INCA

“A estimativa é que 17% dos homens têm ou terão essa doença, 1 em cada 6 homens mais ou menos, diz Fernando Korkes, médico urologista do Hospital Israelita Albert Einstein e chefe do grupo de uru-oncologia da faculdade de medicina do ABC. Mas afinal, do que se trata esse câncer? Quais são suas especificidades? Entenda melhor ao longo deste artigo.

O bê à bá 

Antes de entender o de próstata, vamos retomar conceitos ainda mais primordiais. O câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos à distância.

“A próstata é uma glândula que tem um papel importante na fertilidade do homem. O câncer ali representa o surgimento de células anormais nessa glândula, que podem levar a disseminação local ou em outros órgãos”, diz Fernando. Além do fato de ser localizado ali, há outras características que são específicas desse tipo de tumor, como o fato de ser uma doença que surge quase que exclusivamente com o passar da idade. “É raríssimo ver um homem muito jovem com alguma doença na próstata, elas começam a surgir a partir dos 40 anos e fica mais frequente a partir dos 60”, diz.

Sintomas e riscos

O câncer de próstata no início não apresenta nenhum sintoma, portanto, é preciso estar com os exames de rotina em dia. “O maior alerta é uma alteração no exame digital da próstata ou no exame de PSA (que é o exame de sangue que dosa essa proteína)”, diz. “Quando já tem sintomas como alterações urinárias ou dificuldade para urinar, estamos falando de uma doença que está aí já faz algum tempo”.

Além desses alertas, é importante levar em consideração o histórico familiar: pessoas que têm muitos antecedentes de câncer, não só o de próstata, correm mais risco, sobretudo familiares de primeiro grau. Para quem tem adenocarcinomas (um tipo de câncer que afeta as glândulas e o tecido epitelial dos órgãos excretores, como mama, intestino, pâncreas), o risco também é aumentado. 

Por fim, pessoas com pele negra também apresentam mais risco. “Isso é um dado epidemiológico, os tumores tendem a ser maiores e mais agressivos, com mais chances de sair da próstata, por condição genética. É uma constatação epidemiológica, não existe uma explicação”, revela o urologista.

Exames

Há uma polêmica em torno do exame de toque, já que a maior parte dos homens não gostam de realizá-lo. Porém, Korkes assegura: ele faz parte da rotina direta. “No exame do PSA, conseguimos detectar ⅔ do resultado. Já no exame de toque, mais ¼. Então é melhor que eles sejam feitos sempre em conjunto”. 

A frequência do exame vai variar de acordo com a idade e chances de risco. As diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia mantém a recomendação de que homens a partir de 50 anos e mesmo sem apresentar sintomas devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada.

Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação, segundo informações do Portal da Urologia

“De qualquer maneira, acho que faz sentido a partir dos 40 anos fazer uma avaliação de qual é o risco, se tem histórico familiar e fazer o exame de sangue de PSA basal. Indivíduos que têm alguma alteração passam a ter que fazer o exame anualmente. Para quem não tem nenhum risco, a partir dos 45 anos ou 50. Em linhas gerais, a partir dos 40 vale uma avaliação inicial”, comenta o especialista.

Tratamento 

A partir do momento em que o tumor foi detectado, começa então o tratamento. Ele vai depender, é claro, do seu tamanho e intensidade. Nessa etapa, o médico irá levar em consideração também a idade do paciente versus a sua expectativa de vida. Se for um tumor pequeno e de crescimento lento em um paciente com 85 anos, por exemplo, a intervenção pode ser até mais prejudicial do que a chamada vigilância ativa, que são exames periódicos para acompanhar o crescimento desse tumor.

"Isso é uma coisa que tem sido cada vez mais feita na última década. É importante ressaltar que isso é um tipo de tratamento, não é um abandono ou negligência, e só acontece quando a gente entende que os riscos de uma intervenção são maiores do que o próprio câncer”, pontua Fernando.

Há ainda outros tipos de cenário. No caso de o tumor estar localizado só na próstata, mas com risco de causar problemas para aquele paciente. Para isso, existem dois tipos de tratamentos com intenção curativa. O primeiro é a prostatectomia, que consiste em remover a próstata e pode ser feita tanto por meio de uma cirurgia convencional, com corte e cicatrizações.

Essa cirurgia ainda pode ser feita por laparoscopia e com auxílio robótico, que é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva, na qual pequenas incisões são feitas na região abdominal para introdução do laparoscópio, equipamento com uma micro câmera integrada que permite a visualização direta da cavidade peritoneal, e dos outros instrumentos cirúrgicos, como pinças, tesouras e grampeadores, visando a manipulação do órgão/tecido alvo.

O segundo tratamento possível nessa situação é a radioterapia, que geralmente vem combinada com uso da hormonioterapia. “O uso da hormonioterapia otimiza a radioterapia, aumenta em mais ou menos 10% a eficácia. Trata-se de um medicamento que o paciente recebe para diminuir ou praticamente zerar o nível de testosterona no sangue, a fim de dar uma murchada na próstata”, explica.

Há ainda um terceiro caso, o mais grave, que é quando esse câncer já apresenta metástase, ou seja, migrou para outros órgãos. Nesse tipo de tumor, as metástases mais comuns são nos gânglios, ossos e pulmão. “Se for esse o caso, há algumas dezenas de opções de tratamento, a cada ano surgem novas opções e medicamentos, além de combinações de 2, 3 medicamentos. Pode ser hormonoterapias, imunoterapia, quimioterapia, radioisótopos e eventualmente pode entrar na radioterapia também”, revela.

Riscos

Os riscos da doença em si são semelhantes a todo tipo de câncer, ou seja, progredir localmente ou à distância (a metástase). Se a progressão for local, pode causar obstrução do canal e os problemas provenientes disso, como dores e insuficiência renal. 

Se ele for para os ossos, pode causar dor e problemas na coluna, e no caso do pulmão, insuficiência cardíaca. Há ainda os pequenos riscos envolvidos no tratamento. “No caso da hormonioterapia, os sintomas são risco cardiovasculares, sobretudo se já havia problemas pré-existentes, e sintomas parecidos com os da menopausa, como fogacho, alteração na disposição e no sono”, diz Korkes.

Em toda radioterapia e cirurgia, sempre há previsão de alguns riscos também. Fernando explica que no caso desses tratamentos, os médicos têm um objetivo chamado de trifecta, E o que é isso, afinal? É, em primeiro lugar curar esse câncer, em segundo lugar minimizar os riscos que esses tratamentos trazem e que mais prejudicam a qualidade de vida, sobretudo preservando a continência urinária. Por fim, preservar também a potência sexual.

A próstata, como sabemos, está associada à fertilidade, mas ela está muito perto de outras estruturas, como o esfíncter urinário que tem a função de controlar a urina. Portanto, esses tratamentos podem interferir no controle da urina. Outra estrutura que está perto são nervos que provocam a ereção, que também pode ser afetada.

A radiação da radioterapia pode queimar não só o tumor, como outros órgãos como a bexiga, o reto e o intestino, a pele, e podem vir alguns sintomas disso. Mas o urologista garante: hoje os tratamentos têm ficado cada vez melhores, então esses riscos têm diminuído bastante. 

“Essas campanhas durante o mês de novembro são extremamente importantes, porque como essa é uma doença curável na maior parte dos casos, Infelizmente, os homens têm pouco o hábito de procurarem exames de rotina e é extremamente importante pegar essa doença no começo. A campanha também conscientiza quem está ao lado deles, um parceiro ou parceira. Existe um dado de que um homem casado vive mais do que um solteiro, e uma das explicações é que tem alguém do lado dele pra levar ele no médico”, conclui Fernando. 

Se você leu esse artigo até o final, é hora de se cuidar - ou lembrar alguém de se cuidar também. Faça seus exames de rotina anualmente e esteja atento aos sinais: o seu corpo fala. 

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