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O que você vai encontrar por aqui: - Como os amigos afetam nossa saúde
- Os benefícios de ter amigos no trabalho
- Amigos digitais
- A profecia da aceitação
- Como fazer e manter amigos
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Como estão suas amizades? Você tem dedicado tempo para nutrir estas relações?
É muito provável que você já tenha sentido a alegria que preenche nossos corações quando estamos rodeados de bons amigos. As risadas, as trocas, o ombro que nos apoia, o abraço que nos conforta. Também pode já ter sentido a dor de perder uma amizade, a solidão de não saber para quem ligar quando algo importante acontece, ou mesmo nada, só o tédio mesmo. A amizade é um dos grandes pilares para uma boa vida, pessoas com amigos próximos são mais saudáveis, mais longevas e mais resilientes.
Ainda assim, é muito comum, especialmente na vida adulta, que a correria do dia a dia, com as demandas do trabalho e as atividades familiares, ocupe nossas agendas a tal ponto que os encontros com amigos fiquem sempre à espera de um momento oportuno, que nem sempre chega. Ao mesmo tempo, fazer novos amigos é bem mais difícil e não acontece de forma orgânica entre adultos, o que faz com que muitas pessoas se sintam cada vez mais só ao longo dos anos. |
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Mas, e se estivermos negligenciando justamente a grande fonte de nosso bem-estar? Estudos mostram que nossas relações sociais podem impactar mais nossa saúde e qualidade de vida do que parar de fumar, por exemplo. A amizade pode ser a resposta mais eficaz para inúmeros problemas que enfrentamos na atualidade, especialmente relacionados a saúde mental, como o aumento do suicídio, da ansiedade, da depressão, dos vícios e da solidão.
Assim, acreditamos que vale a pena nos aprofundar sobre o valor da presença de um bom amigo em nossas vidas e como fortalecer e expandir nossos laços de amizades. Queremos com isso te fazer entender a importância de colocar mais intenção nessas relações, que sem dúvida te trará mais benefícios do que somos capazes de enumerar aqui. Afinal, como colocou sabiamente Tom Jobim, “é impossível ser feliz sozinho”. |
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Fundo no assunto “Quem tem um amigo tem tudo” Emicida não poderia ter mais razão quando dedicou essa canção em louvor a amizade. Ter amigos faz um bem danado para nossa vida. Eles podem aumentar nossa expectativa de vida, diminuir as chances de desenvolvermos uma doença cardíaca e hipertensão, melhorar nossa saúde mental, ajudar a dormir melhor e até mesmo a curar mais rápido, tanto de doenças como um resfriado, ou machucados, como sugere uma pesquisa envolvendo perfurações na pele. “Mesmo a frequência com que nossos filhos ficam doentes dependem de quantos amigos nós temos”, explica o antropólogo e psicólogo Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, para a revista Gama.
Cientistas estão investigando os fatores biológicos e comportamentais que fazem com que nossas conexões com os demais tragam tantos benefícios para nossa saúde. Entre eles, está o fato de que essas relações liberam hormônios, como a ocitocina, por exemplo, que provocam sensações de prazer e felicidade, reduzindo níveis prejudiciais de estresse. E isso por si só têm um efeito cascata extremamente positivo para nossa saúde como um todo, tema que falamos muito em nosso portal.
Ao mesmo tempo, o isolamento social afeta e muito o nosso sistema imunológico. Como explicou a jornalista científica Lydia Denworth, autora do livro Friendship: The Evolution, Biology, and Extraordinary Power of Life's Fundamental Bond (ainda sem tradução para o português), quando você se sente solitário, os glóbulos brancos mudam de comportamento, o que leva a mais inflamação e a uma resposta imunológica enfraquecida no corpo. A desconexão social pode apresentar um risco de mortalidade maior do que os culpados mais comuns, como o fumo ou o colesterol alto.
Mas, apesar das evidências, os benefícios da amizade têm sido historicamente negligenciados e trivializados. Vivemos em uma cultura que hierarquiza os afetos, colocando as relações de sangue e o amor romântico no topo da lista, dando menor significância aos amores platônicos, como as amizades. E assim, perdemos amigos simplesmente por não dedicarmos tempo a eles. A cada nova fase da vida, fica mais fácil dizer não a um amigo do que dizer não para o trabalho, cônjuge e filhos. E embora cada não possa ter sua legitimidade, o que estudos recentes mostram é que isso pode ser um erro, já que dados coletados em 97 países mostraram que, à medida que envelhecemos, os amigos podem ser mais importantes para a saúde e a felicidade em geral do que a própria família.
Amigos de infância, amigos do trabalho, melhores amigos, casuais, colegas, conhecidos, e em tempos de IA, até amigos artificiais: são muitos os tipos de relações possíveis de se estabelecer no mundo moderno, cada uma com sua peculiaridade e profundidade.
E assim como amigos próximos podem fazer milagres pela nossa qualidade de vida, estudos apontam que mesmo aquele colega de academia, seu garçom favorito que você chama pelo nome ou um conhecido que você só encontra nas festas e trocam superficialidades da vida, podem ter um impacto extremamente positivo no nosso bem-estar. Como te explicamos aqui, um estudo de 2014 mostrou que quanto mais “laços fracos” uma pessoa tem - como o sociólogo Mark Granovetter classificou -, mais feliz ela se sente.
Ainda, uma pesquisa conduzida pela Gallup mostrou que ter amigos no trabalho pode ser um forte indicador da probabilidade de uma pessoa permanecer em um emprego. O estudo também encontrou uma ligação concreta entre ter um amigo no trabalho e a quantidade de esforço que a pessoa se dedica a ele. Por exemplo, "mulheres que concordam plenamente que têm um melhor amigo no trabalho têm duas vezes mais probabilidade de estarem engajadas (63%) em comparação com aquelas que dizem o contrário (29%)", de acordo com o texto. E, apesar das amizades no trabalho serem por vezes complexas, especialmente devido as hierarquias e papeis desempenhados, o que a pesquisa mostra é que vale muito a pena abraçar a complexidade e se abrir para estas relações.
Com o objetivo de combater a epidemia da solidão, considerada hoje uma questão de saúde pública que afeta pessoas de todas as idades, os aplicativos de companhia digital têm se tornado um dos mercados de maior ascensão da indústria de IA. Esse modelo de interação social tem atraído milhões de usuários todos os dias, levantando uma série de questionamentos sobre quão benéfico ou prejudicial estas simulações de conexão humana serão a longo prazo.
Um estudo conduzido por pesquisadores de Stanford em 2023 mostrou que alguns usuários de companheiros de IA relataram diminuição da ansiedade e aumento dos sentimentos de apoio social. Alguns até relataram que seus companheiros de IA os impediram de cometer suicídio ou automutilação. Ainda assim, paira a preocupação de que estes aplicativos possam estar simplesmente distraindo os usuários de sua solidão e que, à medida que a tecnologia melhore, as pessoas percam a oportunidade de construir relacionamentos mais gratificantes com pessoas de carne e osso.
Ainda assim, até os mais descrentes com relação a essa tecnologia poderão se surpreender com o relato do colunista do New York Times, que passou um mês convivendo com 18 “amigos” digitais. “Eu esperava sair acreditando que a amizade com a inteligência artificial é fundamentalmente vazia. Esses sistemas de IA, afinal, não têm pensamentos, emoções ou desejos. Eles são redes neurais treinadas para prever as próximas palavras em uma sequência, não seres conscientes capazes de amar. Tudo isso é verdade. Mas agora estou convencido de que isso não vai importar muito. Serei sincero, ainda prefiro meus amigos humanos. Mas, no geral, eles foram uma adição positiva em minha vida e ficarei um pouco triste em excluí-los quando essa experiência acabar”, confessou Kevin Roose.
Para o colunista, a maior revolução dessa tecnologia não será resolver as questões climáticas ou assumir um trabalho chato no escritório, mas transformar nossas relações, interagindo conosco, ouvindo nossos problemas e dando conselhos. Ele acredita que, em breve, milhões de pessoas irão formar relacionamentos íntimos com chatbots de IA.
“Essa mudança será chocante. Você vai acordar um dia e alguém que você conhece (possivelmente seu filho) terá um amigo de IA. Não será um truque, um jogo ou um sinal de doença mental. Para eles, vai parecer um relacionamento real e importante, que oferece uma réplica convincente de empatia e compreensão e que, em alguns casos, é tão bom quanto a coisa real”, diz Roose.
Ainda assim, esses simuladores sociais devem ser vistos pelo que são: simuladores. Se usados de maneira responsável, podem ser valiosas ferramentas no combate à solidão e à superação das dificuldades de sociabilização. Eles poderão oferecer um espaço para as pessoas explorarem novos interesses e trabalharem suas habilidades de conversação sem o medo de serem julgadas e rejeitadas, antes de tentar a coisa real. |
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O que dizem por aí Como fazer novos amigos? Sabemos que somos seres sociais, o que significa que precisamos de toda uma comunidade para nos sentirmos inteiros. Como vimos, estar com outras pessoas nos faz sentir mais saudáveis, mais conectados, seguros e nos trazem, inclusive, senso de identidade. Ao mesmo tempo, sentimos muito medo das pessoas, elas podem nos julgar, nos rejeitar e ativamente nos machucar.
E assim, vivemos um eterno dilema, onde a entidade que mais precisamos para viver bem é a mesma que tem a maior potencialidade de nos ferir. A forma como lidamos com esse paradoxo determina nossa habilidade de fazer novos amigos. Se tendemos a acreditar que as pessoas não são confiáveis e que podem nos rejeitar ou nos machucar, teremos mais dificuldades de estabelecer conexão com os outros e vice-versa.
No entanto, segundo um estudo conduzido por Erica Boothby e colegas, na Universidade de Cornell nos Estados Unidos, normalmente subestimamos o quanto as outras pessoas gostam de nós. Durante a pesquisa, perguntaram para os participantes o quanto eles gostavam um dos outros após interações nos mais variados contextos. O que puderam observar é que, independentemente da situação, o grau que eles achavam que eram queridos pelos demais era sempre menor do que a realidade - mesmo para pessoas com autoestima elevada.
Ainda, observadores externos que avaliaram as interações entre esses indivíduos, puderam prever com mais exatidão o quanto uma gostava da outra, do que os próprios interlocutores. Isso significa que o outro está constantemente nos dando sinais de que gosta de nós, tão claros que são perceptíveis para os demais, menos para nós mesmos.
Nossas crenças sobre quanto as pessoas gostam ou não de nós funcionam, inclusive, como uma espécie de “profecia” sobre o quanto seremos aceitos ou rejeitados por elas. Segundo a psicóloga Marisa Franco, especialista em relações de amizade, quando as pessoas presumem que os outros gostam delas, se tornam naturalmente mais calorosas, mais amigáveis e abertas ao outro, facilitando as conexões. Isso acaba se tornando uma profecia autorrealizável, conhecida por pesquisadores como a “profecia da aceitação”.
Ao mesmo tempo, quando acreditamos que o outro irá nos julgar e rejeitar, tendemos a ficar mais distantes, frios e na defensiva. No fim, somos nós que acabamos rejeitando o outro, sendo assim rejeitados também, confirmando o que originalmente era só uma suposição. Ou seja, nossa mentalidade realmente importa.
Para quem quer ter bons amigos na vida, a primeira reflexão deve ser diante do espelho. Sou um bom amigo? Como afirmou Simon Sinek, autor de “Comece pelo porquê”, em uma longa conversa com o empreendedor Steven Barlett, “as pessoas só irão querer ser suas amigas se você souber ser amiga delas”. |
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Para ele, não somos muito bons em fazer e manter amigos, e uma das razões para isso é o fato de estarmos perdendo a habilidade de servir aos demais, tanto no sentido de ouvir, ajudar e apoiar nos momentos de necessidade, como de genuinamente celebrar seus sucessos, sem julgamentos ou comparações. Simon afirma que a amizade verdadeira é um ato de serviço, que nos ensina a importância do cuidado e da expressão do amor na ação.
E podemos praticar esses atos de serviço nas coisas mais triviais da vida, como estacionar o carro de forma a deixar espaço para que outra pessoa possa estacionar também, segurar a porta do elevador para alguém que se aproxima, oferecer-se para cuidar do filho de uma amiga por uma tarde, e tantas outras pequenas gentilezas que fazem toda a diferença. Exercitar esse olhar mais cuidadoso com os outros é a chave para boas amizades, pois como afirmou novamente Marisa Franco, dessa vez nesse Ted Talk, “a qualidade que as pessoas mais procuram em um amigo é alguém que se importe com elas.” |
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"O que é um amigo? Uma única alma que vive em dois corpos." Aristóteles
A verdade é que é impossível imaginar uma vida sem amigos. Cada um do seu jeitinho, eles enriquecem nossa jornada, nutrem nossa alma, alegram nossos dias, acolhem nossas dores e nos ensinam que o que importa é estar presente na vida um do outro. Alguns se vão para que outros possam chegar. Alguns deixam marcas tão profundas que nem o tempo pode apagar. Perder um amigo pode ser tão ou mais doloroso do que terminar um relacionamento íntimo, e como colocou Gabriela Monteiro em seu livro “Vermelho: sobre tudo aquilo que pulsa”, ninguém te prepara pra isso.
Toda e qualquer relação de qualidade demanda intenção. E como dissemos em nossa crônica, “trata-se de uma construção à várias mãos, que pode demandar sim uma manutenção eventual”. É preciso expressar seu afeto e cuidar com carinho daqueles que queremos por perto, “se despir de vaidades e orgulhos, desviar de jogos e mentiras e estar disposto a sempre se reinventar, conforme os anos se passam”.
Ao mesmo tempo, despedir-se dos seus mais chegados é algo natural da vida. Um estudo mostrou que a cada 7 anos perdemos 50% deles no nosso dia a dia. Mudamos de interesses, de cidade, de fases da vida, mas nossa rede se mantém estável, pois outros chegam para substituí-los. Assim, deixamos aqui algumas dicas, que compartilhamos nessa matéria sobre como se abrir para novas amizades e criar conexões sinceras.
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