Coloque em prática
Apesar de não ser um método novo, ele vem sendo cada vez mais praticado e difundido não só em empresas, mas também na sociedade
23 de Janeiro de 2021
Estamos nos comunicando e negociando a todo tempo, em uma co-criação infinita de sentidos e significados. A linguagem, mecanismo sistemático que nos permite comunicar ideias ou sentimentos através de signos, é a matriz principal de uma comunicação. E como é colocada em prática diariamente por indivíduos diferentes entre si, pode sofrer ruídos.
É aí que entra a Comunicação Não-Violenta, que prevê mais empatia e menos conflito, tornando o diálogo mais pacífico, objetivo e eficaz. O método de pesquisa foi criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg no final dos anos 50, momento onde os Estados Unidos sofriam com as manifestações raciais.
Para Dominic Barter, especialista em comunicação não-violenta, mediação de conflitos e justiça restaurativa, a pesquisa foi uma tentativa de “deixar pra trás o legado de escravidão aliado às transformações escolares - ambiente que reflete mas também reproduzem a sociedade e tem o potencial de apoiar e sugerir um novo modo de convivência” como diz em sua entrevista ao podcast da Revista Gama.
Ele, que é inglês, viu na prática como é se colocar em posição de ouvinte, de aprendiz eterno, quando veio para o Brasil sem saber falar a língua portuguesa. Hoje, ele promove o uso dessa ferramenta e coloca em prática algum de seus ensinamentos - alguns adquiridos a partir de sua convivência com o próprio Rosenberg - em escolas, áreas da saúde e alguns projetos da ONU.
“Isso deve ser colocado em prática na minha vida diária, na maneira que eu me trato, que eu me relaciono com o outro e me assumo como parte do coletivo. Mas ela sugere que partilhar essas três esferas é ineficaz. Estamos procurando a movimentação que liberta dentro de mim, entre nós e no coletivo” explica.
Para isso, é preciso se conhecer, antes de mais nada. Depois, se propor a conhecer o outro. E por fim, levar em consideração o ambiente e contexto onde se está inserido. “O não de comunicação não-violenta não é ausência de força, mas sim a não generalização, entender que cada reação e interação vai se dar de uma maneira. Sempre na posição de um aprendiz, nunca de um conhecedor. Antes de resolver um desafio, preciso ver se não estou reagindo, não rotular a outra pessoa como sendo problemática” diz.
Quanto a isso, a advogada e mediadora de conflitos Cinthya Soares Okawa, não poderia estar mais de acordo. Para ela, comunicar-se de forma não-violenta não quer dizer que você não tomará partido ou se posicionará, mas prestará atenção na forma como você o fará.
“O grande lance dela é que paramos de apontar o dedo. Toda vez que algo acontece, estamos habituados a dizer ‘errei porque você fez isso’. Tiramos um pouco da nossa responsabilidade, apontamos pro outro, sempre acusando. Na comunicação não-violenta, eu falo a partir de mim, não sei a intenção do outro, o que ele pretendia, só sei o que eu senti e 'tô' experimentando naquela comunicação, buscando conhecer o outro” explica Cynthia.
Para colocar em prática, além de estar atento a si, ao outro e ao contexto, você também deve seguir 4 passos que podem parecer simples, mas na prática vemos que demanda tempo e frequência:
Comunicar-se bem é necessário, e comunicar-se de forma não-violenta irá garantir não só um ambiente melhor para todos os envolvidos, como mais clareza e objetividade ao que se pretende falar. Esteja atento a si mesmo e ao outro, e não perpetue o ciclo da violência social e agressividade. E você, já negociou hoje?
Coloque em prática
É possível atravessar décadas a fio mantendo sua mente ativa e capaz, como um corpo em forma
4 de Outubro de 2022
Um dos maiores medos associados ao envelhecimento se encontra na perda da capacidade mental. Doenças como o Alzheimer e a demência se encontram enraizadas no imaginário popular como se fossem compulsórias assim que se adentra a melhor idade. Mas elas estão longe de ser uma sentença e é muito possível manter uma mente ativa mesmo para quem já tem uma alta quilometragem na estrada da vida.
Para se ter essa conversa, é preciso, primeiro, estabelecer o parâmetro: o que é uma mente ativa? É uma que não se encontra estagnada. Que é plenamente capaz de interpretar a realidade de maneira independente, tendo novas ideias e mantendo o aprendizado até o fim da vida. E que segue absorvendo novas informações sem grandes empecilhos também.
Os caminhos da mente ativa
A mente ativa é o equivalente a ter um corpo em forma. E como diz o ditado romano: mens sana in corpore sano, ou mente sã num corpo são. Ambos estão intrinsecamente relacionados, e, como sempre, os exercícios físicos são grandes aliados de um bem-estar mental também.
Eles devem ser sempre realizados de acordo com a capacidade física da pessoa. Porém, na maturidade, ela pode estar mais limitada. Ainda assim, existem diversas outras formas de manter o cérebro afiado. Ter um hobby ajuda a manter o foco, ou ter um animal de estimação cria responsabilidades importantes para evitar a tal estagnação.
Jogos como o xadrez, as palavras cruzadas e, se vencida a barreira tecnológica, como te contamos aqui neste artigo, até os videogames, são intelectualmente desafiantes. Jogos de tabuleiro, por exemplo, podem servir a três propósitos: a diversão, o estímulo mental e a inclusão.
Esse último é muito importante e também não pode ser negligenciado. O ser humano é um animal social até o fim e, de acordo com o neurocirurgião Sanjay Gupta, autor do livro “Mente Afiada”, a falta de uma conexão com outras pessoas pode agravar até o risco de AVC. Sentir a inclusão, seja na própria família ou em quaisquer outros grupos, é extremamente benéfico a quem a solidão mais aflige.
Hoje em dia é cada vez mais fácil, inclusive, unir essa parte social com um aprendizado mais acadêmico. Por mais que muitas pessoas pensem o contrário, nunca deixamos de aprender. Assim, muitas pessoas já na terceira idade têm optado por fazer uma faculdade, motivadas por essa vontade que elas ainda têm de conhecer novos horizontes. Já existem cursos focados para quem tem mais de 60 anos, e esse ambiente universitário pode ser também de inclusão, novos contatos e amizades.
Ainda que por hobby, uma graduação pode também nortear a vida de uma pessoa que já se sente perdida diante de tantos anos passados. É o que Gupta escreve sobre a importância de se encontrar um propósito: “pensar na última coisa que te fez sentir uma energia intensa e partir daí”, aconselha o neurocirurgião.
Propósito, para que te quero?
Encontrar tal propósito nem sempre é fácil. Se fosse, não estaríamos discutindo isso há séculos na filosofia. Mesmo assim, só a tentativa, a busca por uma visão de mundo que englobe isso, já faz diferença. O propósito, afinal, é a gente que dá. E isso não muda na terceira idade.
Muitas coisas mudam. Outras, nem tanto. Não perdemos nossa humanidade com o envelhecimento. Muitos dos bons hábitos que nos beneficiam ao longo de toda a vida vão continuar o fazendo mesmo quando já se caminhou um percurso distante. Dieta balanceada, exercícios físicos, atividades no geral que ensinam, incluem e divertem: tudo isso é ótimo para pessoas de todas as idades.
Envelhecer ainda é, claro, um processo impactante, mas não é, e nem precisa ser, assustador. É apenas um processo natural, envolto pelas mudanças passadas ao longo de toda uma vida. A mente pode sentir tudo isso e ainda assim continuar ativa, esperta, ligeira. É uma questão de cuidados que você pode tomar e, quanto antes começar, melhor.
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