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Os 6 passos para o autoperdão

Perdoar a si mesmo pode ser o início de uma longa e importante jornada de autoconhecimento e libertação

15 de Junho de 2020


Lembra quando falamos sobre os benefícios do perdão ? Pedir desculpas ou desculpar alguém pode ser positivo não só para a sua mente, como também para seu corpo físico e suas relações interpessoais.

E quando esse alguém é você mesmo? Nesse caso, o processo pode ser mais longo e intenso do que se imagina. Isso porque precisamos entender, primeiramente, da onde vem essa culpa. “Tratar de culpa no processo psíquico não é algo simples, onde basta dizer “estou sentindo culpa então preciso parar” e ela cessa. Temos que entender primeiramente o que causou tudo isso e, a partir daí, dar os devidos pesos” explica o psicólogo Giovane Oliveira.

Esse peso que a culpa traz sobre nós afeta nossa autoestima, nossa capacidade de se relacionar e de enxergar as coisas com clareza e equilíbrio. Afeta também todas as nossas emoções, nos fazendo visitar os extremos, como raiva, angústia, apatia e ansiedade.

Essas emoções nos colocam em situação desconfortável, que acaba refletindo para os outros de uma forma ou outra. Muitas vezes, nada de tão grave aconteceu, mas a forma como lidamos com essa culpa intensifica todo esse processo.

“Algumas pessoas podem ter uma tendência de hiper responsabilização. E aí qualquer ato dela vai ter um peso muito maior. Quando eu faço esse movimento, eu acabo inconscientemente tirando da via o espaço da outra pessoa. Especialmente nas relações, a gente não pode esquecer que existe um outro alguém ali” continua Giovane.

E é por isso que esse processo de autoperdão é composto por pequenos passos interdependentes entre si, e necessários como um todo. Confira quais são eles.

Reflita sobre seus porquês

Toda ação demanda uma reflexão, tanto prévia quanto posterior. Muitas vezes, quando cometemos um erro, não paramos para pensar antes de fazê-lo. Você pode pensar “agora que já errei, não há mais nada que possa ser feito”. Mas a chave para a redenção pode morar justamente aí, na compreensão dos seus atos.

Por que eu fiz o que fiz? O que me levou a fazê-lo? Quais foram meus motivos, minhas dúvidas e meus anseios? “Às vezes entramos em um um modo automático de não questionarmos nossas próprias ações e relações e lógicas onde estamos inseridos. Quando ficamos atentos à isso, entendemos melhor o que de fato está sendo necessário para mim que eu nem sabia. Essa falta pode ser a resposta que eu procurava para o porquê de minhas ações” comenta o psicólogo.

Aprenda com seus erros e peça desculpas

Não há mal em errar quando se está disposto a aprender. Parece clichê, mas o grande trunfo que a reflexão sobre seus atos pode te trazer é, justamente, essa expansão de consciência sobre o certo e o errado, o que funciona para você como indivíduo, e quais são seus limites morais.

“Eu posso pecar se eu pedir o perdão, mas esse perdão tem que ser autêntico, você tem que entender o que aconteceu. Você tem que enxergar esse fato que já aconteceu e nada mais pode ser feito, mas como eu posso ser uma pessoa diferente a partir disso? Como isso vai me ajudar a não cometer o mesmo erro?” indaga Giovane.

Pedir desculpas a quem quer que possa ter sido atingido por algum ato seu também irá tirar um peso de suas costas, fazer com que você se sinta mais leve e pronto para então pedir desculpas a si mesmo.

Se livre de culpas e responsabilizações exageradas

Culpas são sinais que dizem mais respeito a si mesmo do que ao mundo que te cerca. Quando você sente culpa, é porque acredita ter errado segundo suas próprias morais, segundo o que você acredita ser o correto. Mas o que é certo ou errado afinal? Existe um consenso universal sobre essa questão?

Antes de se livrar dessa culpa, é preciso entender o que a ocasionou e como ela opera sobre você e seus atos. Uma alta responsabilização também pode ser muito nocivo. “Estou errando demais ou estou me hiper responsabilizando? Acho que essa pergunta é fundamental. Se existe um excesso, então tem algo que parece estar fora do lugar. Acho que vale pensar 'será que estou sendo o causador de tanta coisa errada mesmo?'. E parar pra ver se o chicote não está sendo forte demais” explica Giovane. “Errar aponta que temos que aprender algo, erraremos a vida inteira, quase que todos os dias. O importante é cometer erros de naturezas diferentes.”

Faça acordos consigo mesmo

Esses acordos já fazem parte da série de diálogos internos que você terá nessa jornada. Eu errei e pedi perdão, mas o que posso fazer para mudar a vida de alguém? Ou eu errei e estou profundamente triste, mas não consigo lidar com esse tema hoje.

É importante ressaltar que mesmo as concessões não podem ser exageradas ou visitar os extremos. “Há o escapismo rápido para pequenas satisfações, como gastar ou comer muito. Quando você confunde os agrados com os exageros, faz com que você lide com suas situações pessoais direcionando-as ao mundo externo. No fundo, você não está lidando com a situação frente a frente, você está terceirizando para um objeto externo. Existe uma diferença, e é nela onde mora o escapismo” comenta o psicólogo.

Busque ajuda profissional

Uma escuta capacitada é tudo que você precisa para lidar com seus problemas, sejam esses ou os que virão - pois a vida é feita de momentos de aprendizado, por vezes, um pouco duros. Um psicólogo pode - e vai! - te ajudar muito na sua jornada em busca do autoconhecimento.

O indivíduo que conhece a si mesmo, sabe se perdoar, pois entende o que o levou a cometer determinados atos e como lidar com eles posteriormente. “Conversa constante, reflexão sobre o mundo ao seu redor e como ele te influencia, sobre seu ecossistema mais delimitado, tudo isso são temas debatidos em uma sessão de psicoterapia, que vai levar o seu contexto pessoal em consideração com o distanciamento que a prática pede” conclui Giovane. Porque perdoar-se não é tarefa fácil, mas é necessária.

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Como encontrar felicidade no dia a dia?

O que pode parecer um desafio, para o psicólogo Gustavo Arns é um propósito diário. Confira dicas do especialista!

24 de Outubro de 2022


A rotina exaustiva e preenchida de tarefas parece não abrir espaço para a tão sonhada felicidade. Você já se sentiu assim em algum momento? Saiba que não é o único! E o pior: isso parece estar piorando. O Global Happiness 2022 mostrou que o índice de felicidade dos brasileiros está em 63%, na pesquisa anterior era de 81%.

Para Gustavo Arns, idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, é impossível falar de ser feliz sem praticar previamente o autoconhecimento. Buscar o seu mais profundo interior, aliás, sempre foi o objetivo principal da vida do psicólogo, que relata desde criança ter se envolvido nesse mergulho.

“O tema do autoconhecimento sempre esteve presente na minha vida, na história da minha família. É claro que quando jovem, eu não entendia tanto, eu só era curioso por terapias integrativas, alguns estudos de espiritualidade e religiões. Essa curiosidade foi me levando para diferentes religiões, práticas, estudos de filosofia. E aí, em 2013, eu estava em um evento e tive a oportunidade de conhecer o professor Tal Ben-Shahar, de Harvard, que palestrava sobre a ciência da felicidade que eu nunca tinha ouvido falar. Eu não acredito em coincidências, fui parar dentro de um auditório que nem ingresso eu tinha. Foi um divisor de água”, diz o especialista.

Abaixo, separamos alguns dos ensinamentos que a conversa com Gustavo nos proporcionou. Afinal, o que é ser feliz e como ser em doses pequenas, todos os dias? Confira!

Primeiros passos 

“Eu gosto de dizer que conheci a Psicologia Positiva pela porta da frente mesmo. Saí dessa palestra do professor Tal muito impactado por tudo que eu ouvi, foi como se várias peças de um quebra-cabeça ganhassem uma cola. Isso era 2013, o tema ainda era muito incipiente aqui no Brasil, fiz o que pude mesmo pra buscar conhecimento e comecei a colocar em prática na minha própria vida e percebendo a diferença mesmo. E percebi que trouxe benefícios reais na minha carreira, relacionamentos, meu casamento e minha paternidade.

Mas ao mesmo tempo que isso acontecia comigo, eu via amigos e familiares num ritmo de adoecimento. Em 2015 eu comecei a me perguntar ‘como um tema tão importante como esse pode ganhar mais relevância no Brasil?’. Porque eu via ele crescendo lá fora, mas aqui não. E aí me deu a ideia de fazer o Congresso Internacional de Felicidade unindo linhas diferentes como ciência, arte, filosofia, tudo em um só lugar. A primeira edição aconteceu no final de 2016”

Como definir a felicidade segundo a ciência

“Há o ranking da ONU, que é pouco subjetivo, na verdade. Ele está se tornando mais, mas os critérios são bem objetivos como PIB, índice de corrupção, liberdade econômica. Eu gosto da definição do professor Tal Ben-Shahar, que é o conceito das camadas de bem-estar físico, emocional, intelectual, relacional e espiritual. A combinação dos 5 é o que pra ele forma o conceito de felicidade. É subjetivo? Sim, porque segue sendo uma experiência individual, sou eu que vou ter que dizer como está cada nível desses pontos e a gente corre o risco do auto engano. Agora o bem-estar físico é plenamente mensurável, eles vão utilizar diferentes fontes primárias de dados. Por mais que a resposta possa ser subjetiva, o pesquisador tem como analisar exame de sangue, conversar com médico, familiares, chefe, amigos e colaboradores dessa pessoa entrevistada. Tudo pode ser checado.”

O que fazer para ser mais feliz 

“Fazer uma auto análise destes 5 elementos citados pode apresentar caminhos concretos de bem-estar. Pensar o que eu posso fazer pra ser mais feliz não é algo simples, mas quando eu divido em elementos, eu sei o que eu posso fazer hoje, eu ganho um objetivo. É importante também parar de procurar, porque hoje em dia a gente sabe que essa busca desenfreada gera ansiedade e infelicidade. 

É preciso trocar a palavra busca por construção. Então ao invés de se perguntar o que fazer pra buscar a felicidade, é como eu posso construir mais felicidade na minha rotina, porque isso me tira de um papel de uma pessoa que está procurando algo fora, quando na verdade é o aspecto interno que eu vou ter que olhar. O que posso fazer pela minha saúde física, minha alimentação, meu horário de sono? O que eu posso fazer pra que meus relacionamentos fiquem mais saudáveis, quais são os aspectos da minha espiritualidade que eu preciso dar mais atenção?

Como posso cuidar melhor da minha saúde mental, o que me impacta negativamente? Será que eu posso reduzir o tempo de redes sociais e noticiários, será que posso me dedicar a um hobby ou atividades de descompressão mental? Talvez seja simplesmente um encontro com mais sentido e significado com aquilo que eu faço. Não há dica, é um caminho construído que a pessoa precisa seguir e que vai envolver muito autoconhecimento e ações práticas. As pessoas buscam por uma pílula milagrosa, mas a verdade é que a felicidade dá trabalho mesmo.”

Qual a importância e os caminhos para se promover a felicidade coletiva

“Acho que tem um aspecto importante nos caminhos, porque eles são muitos. O que a gente tem hoje é realmente uma ciência tratando o tema e isso desmistifica muitas coisas e isso é bastante importante, mas a ciência não é o único caminho possível. Eu posso escolher a espiritualidade, a religião, as artes ou a filosofia, tenho visto muita coisa do estoicismo que é uma fonte interessantíssima quando se trata de felicidade.

Agora todas essas linhas têm como pré-requisito adquirir conhecimento e aplicar na prática, transformando em autoconhecimento, mesmo a ciência. Elas te obrigam a olhar para si mesmo. Então como principal chave de caminho é realmente o autoconhecimento. Exercício físico, por exemplo, é fundamental, agora qual exercício, que intensidade, que horas do dia, o que meu corpo permite fazer, isso continua sendo algo subjetivo. 

Os índices de depressão estão muito grandes, os alertas da OMS vem desde 2014 dizendo que em 2020 a depressão seria a principal causa de adoecimento e realmente, a pandemia veio e agravou; e aqui no Brasil existem diversas pesquisas que nos colocam como um dos países mais ansiosos e estressados do mundo. Nosso estilo de vida criou uma nova doença que é o Burnout, entrou no CID-11 e eu acho muito interessante que é uma doença que não existia antes, nosso estilo de vida a criou e ela chega a matar as pessoas de fadiga mental.

A tradição médica antiga já dizia que corpo e mente são, porque esses elementos estão intrinsecamente conectados. A depressão levando a suicídio vem atingindo idades cada dia mais jovens e eu vejo esse ponto da saúde como o principal motivo pelo qual a gente precisa investigar a felicidade, esse é o ponto zero, a gente precisa sair da doença, que nós produzimos algo que nos adoeceu coletivamente. A pandemia viral a gente pega no ar, mas e a depressão, como se tornou tão generalizada e pandêmica - segundo a OMS?” 

Onde a psicologia positiva entra nessa história

“Na história do que hoje a gente chama de ciência da felicidade, o psicólogo tem um papel muito importante. Esse chamado foi feito há anos pros psicólogos, porque se viu que a psicologia não investigava o lado positivo da vida humana, e aí ficou batizado de psicologia positiva, que dedica seus estudos à felicidade mas não só isso, há também gratidão, perdão, enfim.

A psicologia positiva no início foi batizada inclusive de psicologia da felicidade, mas posteriormente a neurociência com o avanço da tecnologia conseguiu mapear muito do que está acontecendo no nosso cérebro e como percebemos tudo que está acontecendo por meio das nossas emoções. A psicologia positiva continua existindo e sendo um ramo dentro da psicologia, mas hoje o que mudou foi a compreensão do que é a ciência da felicidade que inclui esses três pilares principais, que é a psicologia, a neurociência e a ciência das emoções”.

O que se discute no Congresso Internacional de Felicidade

O congresso traz palestrantes do Brasil e do mundo para trazerem seus pontos de vistas do tema a partir de 4 aspectos: ciência, filosofia, arte e espiritualidade. E dentro dessas linhas, aspectos individuais e coletivos, isso vai desde o conceito de negócios sociais, que é algo que a gente debateu na edição passada, até questões muito básicas como nutrição, por exemplo. Filósofos, indígenas, monges, neurocientistas, médicos, psicólogos: são todos bem-vindos”.

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