Quando pensamos em gratidão, costumamos pensar grande
8 de Janeiro de 2024
Quando pensamos em gratidão, costumamos pensar grande. Ser grato por ter saúde, por ter uma casa onde morar, comida no prato e roupas no corpo. Por ter carro, convênio, por ter os pais vivos. Todos esses motivos são mais do que legítimos para fazer do sujeito alguém que agradece todos os dias.
Mas, focados na grandeza, perdemos seu oposto: as miudezas. O milagre da gratidão mora justamente em apurar o nosso olhar para as vitórias diárias, as conquistas ordinárias que trazem sentido à vida de forma invisível, como um maestro que rege essa orquestra de maneira impecável e sutil.
Agradecer pelo elevador que estava lá quando você chegou com pressa. Pelo sorriso da criança que esperou pacientemente o adulto concluir uma tarefa que ela teria feito mais rápido. Agradecer pelo céu azul e pelo céu cinza, pois cada um oferece uma poesia à sua maneira.
Vamos agradecer por ter acordado a tempo, por ter ouvido aquela música antiga na rádio sem querer. Por ter seu prato favorito disponível no quilo, por ter conseguido entregar tudo e saído a tempo de ver o sol se preparando para ir embora. Agradecer pelo lado do fone que voltou a funcionar, pela moedinha que encontramos no bolso, pelo barulho do passarinho que, de tanto insistir no belo, atravessou o duro barulho do concreto até chegar em seus ouvidos.
Nesse dia da gratidão, é preciso pensar nessa palavra de forma robusta, intensa, encorpada e não mais esvaziada como foi pelas redes sociais. Ser grato é uma atitude perante a vida que deve ser trabalhada diariamente de forma individual e coletiva. Não se distraia do que verdadeiramente importa, afinal, como canta Gilberto Gil, o melhor lugar do mundo é aqui e agora. Você já agradeceu por estar exatamente onde deveria estar?
Colocar os fones, fechar os olhos e começar a flutuar
9 de Novembro de 2023
Colocar os fones, fechar os olhos e começar a flutuar dentre as combinações de notas, sons, surdos, acordes, vozes que se estendem ou se encurtam, a depender do objetivo. A música nos toca em um lugar quase impossível de se traduzir, pois talvez seja esse o seu objetivo: tornar palavra aquilo que é difícil de dizer.
Estar diante de uma pintura que, em um primeiro momento, pode não representar nada, mas quando se olha novamente, há detalhes que haviam passado despercebidos. E são esses detalhes que nos tocam no que há de mais profundo: um quadro nunca é só um quadro, pois tem nele a impressão do artista e do contexto.
Página após página, ficar lentamente refém de uma história, a ponto de ler enquanto se anda, ansiar pelo encontro entre os olhos e as frases. Um livro é um amuleto e guarda em si algo muito precioso: a possibilidade de viajar sem sair do lugar, das realidades possíveis e das impossíveis também.
Sentar-se diante do espetáculo, seja ao vivo ou diante de uma tela, e ficar ausente por longos minutos, imersos em um show de câmeras e atuações, imaginando seus desfechos prováveis e aguardando com muita expectativa pela continuação daquele filme, daquela série. Ou estar ali, diante do ator que, em cima do palco, fica despido de si e vestido de um outro, incorporando personagens que são, sim, fictícios, mas carregam tudo que já experienciaram junto.
Tudo isso é a arte, essa invenção que o ser humano criou porque a vida sozinha não basta. A cultura, tema dessa crônica, traz mais do que a identificação e a união de um povo. A arte traz um respiro, é companhia em tempos difíceis, em longas madrugadas ou em dias corriqueiros. E, antes que você perceba, já está entretido novamente, como num passe de mágica.
Conteúdos
Vale o mergulho Crônicas Plenae Começe Hoje Plenae Indica Entrevistas Parcerias Drops Aprova EventosGrau Plenae
Para empresas