Para Inspirar

Barbara Gancia em “Depois da saideira“

A sétima temporada do Podcast Plenae está no ar! Confira a história da jornalista Barbara Gancia. Aperte o play e inspire-se!

13 de Março de 2022


Leia a transcrição completa do episódio abaixo:


[trilha sonora]


Barbara Gancia: Os meus pais se mudaram sozinhos da Itália pro Brasil. Eu nunca tive avós, avôs, tios e primos presentes. A nossa família era pequena: só meu pai, minha mãe, meus dois irmãos e eu. A gente sempre foi muito unido, com uma relação de afeto forte. Mesmo não concordando com o meu comportamento, eles estavam do meu lado. O apoio da minha família foi fundamental pra eu conseguir vencer a dependência no álcool.


[trilha sonora]


Geyze Diniz: Profissional consagrada e jornalista reconhecida nacionalmente por suas análises cirúrgicas, Barbara Gancia abriu seu passado no livro “A saideira” onde, além de resgatar memórias dolorosas, também busca ajudar pessoas e famílias inteiras a lidar com o alcoolismo. Bárbara foi alcoólatra por 30 anos e conseguiu vencer a dependência depois de várias tentativas. O apoio da família e de outras pessoas que enfrentam o mesmo problema foi crucial para ela dar a volta por cima. Conheça todo o aprendizado que Barbara Gancia reuniu ao longo dos últimos anos. 


Ao final do episódio, você ainda encontra reflexões do especialista em desenvolvimento humano Marc Kirst, para te ajudar a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o podcast Plenae, ouça e reconecte-se.


[trilha sonora]


Barbara Gancia Eu tinha 3 anos de idade quando provei álcool pela primeira vez. Isso mesmo, 3 anos. Foi numa das tantas festas que meus pais deram na nossa casa da avenida República do Líbano, no Jardim Paulista, em São Paulo. A minha mãe contava que o Alberto, um copeiro que trabalhava com a gente, me pescou no chão da copa, tomando restos de bebida dos copos que ele havia empilhado num carrinho, desses que também servem de bar.


Me disseram que a minha segunda experiência com álcool foi aos 6 anos. A marca de chocolates Kopenhagen fabricava, e ainda fabrica, um bombom recheado com uma cereja banhada num vinho bem doce e licoroso. A minha mãe comprava uma caixa desses bombons e deixava no quarto de vestir dela, em cima de um pufe quadrado. Nunca me esqueço da embalagem: era vermelha e redonda, com chocolates embrulhados num papel prateado. Eu desenvolvi uma técnica de desembrulhar o doce e, ao mesmo, deixar a impressão de que ele estava intacto. Eu abria o papel laminado e fazia um furinho junto ao talo da cereja que saía de dentro do bombom. Depois, virava o doce feito um shot de uísque e bebia o líquido. Daí eu fechava de novo e colocava na caixa. Alguém me viu trançando as pernas no corredor, e foi assim que descobriram o meu delito.


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Teve um terceiro episódio, quando eu tinha 9 anos, e desse eu me lembro muito bem. Aconteceu num domingo e, no dia seguinte, pela primeira, de muitas e muitas vezes, senti a mais terrível das sensações: a ressaca moral. Depois de uma missa na igreja São Gabriel, meu pai me levou a um churrasco numa cidade próxima de São Paulo. Eu fiquei fascinada quando vi um balde enorme de ponche, cheio de maçãs, laranjas, pêssegos, abacaxis e folhinhas de hortelã mergulhados num líquido de cor atraente. Experimentei e nem dei bola pro gosto do álcool. Quando ninguém estava prestando atenção, eu ia lá e me servia de uma concha generosa. Foram me encontrar, já no escuro, deitada no meio de uma estrada de terra secundária, olhando pra Lua cheia e cantando. 


[trilha sonora]


Antes que você pergunte: “Onde estavam os pais dessa criança?”, eu respondo que os tempos eram outros. A minha impressão é de que todas as elites, por terem farta ajuda para cuidar dos filhos, mantêm um certo distanciamento deles. Além disso, eu sou temporã, 6 e 7 anos mais nova que os meus irmãos, e sempre pude fazer mais ou menos o que me deu na telha. 


[trilha sonora]


Lá pelos 17 anos, eu comecei a beber sistematicamente. Eu não sei dizer os motivos que me levaram a adotar esse comportamento. Você pode especular o que bem entender. Que eu bebia porque sofri alguma negligência na infância, que eu usei a bebida pra me libertar da timidez ou por pura porra-louquice. Muita gente bebe pelos mesmos motivos, sem se tornar dependente de álcool por isso. 


Admito que a minha motivação nunca foi sentir o gosto da bebida, as sutilezas do vinho ou o malte do uísque. Eu só me importava mesmo com o efeito do álcool. Quatro cervejas ou três doses de uísque era o que eu tomava antes de sair para a igreja. Imagine, então, pra ir pra balada. Foi nessa época que a minha família começou a viver um calvário comigo.


[trilha sonora]


Pouco tempo depois que eu tirei carta de motorista, meu pai acordava no meio da noite e, quando não me encontrava em casa, mandava o meu irmão pro IML e a minha irmã pro Hospital das Clínicas pra me procurar. Imagina a barra pesada que não era?


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Mesmo sem quase nenhuma lembrança dos meus fins de noite, os barracos que eu causava ao voltar de madrugada continuam cravados na minha memória, três décadas e lá vai pedrada depois. O inferno se instalava assim que eu cambaleava pra dentro de casa. Ameaças, castigos infinitos, tapas, empurrões, objetos atirados contra a parede, móveis chutados e muitos berros. Sobrava pra mim em grande estilo. E eu fazia por merecer.


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Aos 24 anos, perdi uma das minhas vistas num acidente de carro causado por mim. Eu estava bêbada. Cruzei a avenida Paulista no sinal vermelho a toda velocidade, atingi um fusquinha bege e o meu Fiat 147 saiu rodando igual um buscapé. Eu estava sem cinto de segurança, que não era obrigatório em 1981, e mergulhei pelo vidro dianteiro no asfalto. O impacto do meu rosto arrancou o espelho retrovisor. Quando meu pai chegou no hospital e me viu com a cara estraçalhada, ele encostou na parede e desmaiou. Eu passei por uma operação de 6 horas pra reconstruir o meu rosto, e mais 3 numa tentativa frustrada de recuperar o meu olho direito. Esse foi só um dos cinco ou seis carros em que eu dei perda total. 


[trilha sonora]


A minha família não enxergava o alcoolismo como uma doença. Pra eles, o meu exagero era uma questão de força de vontade. Meu pai era um cara muito pé no chão e falava assim: “Cê tá com um problema? Vai trabalhar que resolve”. Ele não achava que a psicologia , a psiquiatria, pudessem ajudar uma pessoa a solucionar suas crises. Pra minha família, eu era louca e por isso eu bebia, mas na verdade era o contrário: eu bebia e ficava louca. Quando eu decidi me internar pela primeira vez pra tratar o alcoolismo, aos 30 anos de idade, eles foram contra.


Depois da minha primeira internação, eu passei dois anos e oito meses sem tomar um gole de álcool. Parei outras vezes também, de supetão, por conta própria, sempre depois de alguma ocorrência dramática. Toda vez que meus pais ficavam extremamente decepcionados com as consequências de um porre meu, tipo criar alguma confusão no Natal, terminar a madrugada com um meganha me apontando uma arma na entrada da favela do Buraco Quente, eu jurava que ia parar de beber. 


[trilha sonora] 


Nunca foi malandragem minha. Eu juro que eu  tentei 1 milhão de vezes, mas não beber quando sentia necessidade demandava uma energia além das minhas possibilidades. A uma certa altura, eu já não bebia mais por diversão, mas pra me entorpecer e fugir das consequências do meu próprio comportamento. Foi preciso que eu magoasse, profundamente, as pessoas ao meu redor pra eu me conscientizar de que não existe a possibilidade de acordo entre mim e o álcool. 


Eu bebi praticamente dos 17 aos 47 anos, com alguns intervalos de sobriedade. Não tenho a menor ideia de como consegui manter uma agenda mínima de compromissos, um emprego, dentes, a conta bancária e essas coisas que vêm no pacote da existência. Chegando aos 50 anos, eu intercalava surtos de medo e remorso. Fazia cálculos mentais, tipo um cacoete, da quantidade enorme de pessoas que morreu pela dependência, entre amigos, ex-colegas e gente que eu conheci no bar. Eu estava num ponto de ressaca moral tão grande, que eu passava o dia inteiro falando pra mim mesma: “Tiro na cabeça, tiro na cabeça, tiro na cabeça”, era um cacoete. 


[trilha sonora]. 


O gatilho pra me internar pela terceira, e última, e efetiva vez em uma clínica foi um telefonema da minha mãe. Ela me viu ao vivo na TV, achou que estava alcoolizada e, assim que o programa terminou, ela me ligou e perguntou: “Você estava bêbada?”. Bateu um frio na minha espinha, senti um impulso de sair gritando e arrancando os cabelos, pânico, vergonha, suadeira, vontade de sumir do mapa. A gente terminou de falar e, sem refletir, eu atravessei a redação da emissora e pedi pro editor-chefe do programa: “Posso tirar uma licença médica? Eu preciso me internar numa clínica de reabilitação, eu não tô mais segurando a barra”. 


[trilha sonora]


A pergunta da minha mãe foi a gota d’água e fez a represa transbordar. Dessa vez, eu não me internei com dúvidas, nem pesar, como se tivesse a caminho de um matadouro. Eu sabia que seria dureza, que teria de me confrontar com a abstinência e suas consequências, sabia da angústia, mas alguma coisa dentro de mim me dizia que aquela seria a minha última internação. 


Encontrei uma clínica que utiliza os 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos como referência na minha orientação de tratamento, e lá fui eu. O primeiro passo é admitir que somos impotentes perante o álcool. Porque é assim: toda vez que eu entro em contato com essa substância, eu saio derrotada. O ciclo vicioso do crime e castigo só foi rompido quando eu assumi a minha parcela de responsabilidade e parei de beber de vez.


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Quando eu deixei a clínica, quem mais me amparou pra manter a sobriedade foram os colegas do grupo de apoio, o Narcóticos Anônimos e o Alcoólicos Anônimos. Essas pessoas são as mais adequadas e as mais preparadas pra ajudar quem tem um problema de dependência como o meu. No Brasil, a gente tem um preconceito ridículo com esses grupos. Quem frequenta o NA ou o AA é um vencedor, porque quem tá lá dentro quer parar de beber e quer parar de usar droga. O nosso olhar de pena deveria ser para quem tá no boteco e não consegue parar de dar mais um gole. 


Com a evolução do meu tratamento, passei a vivenciar uma condição que não tenho mais como refutar: eu não posso beber. Caso contrário, a minha estabilidade vai por água abaixo. Antes de parar completamente de beber, eu achava que a vida seria uma chatice sem álcool. Mas eu descobri que não só eu consegui ser feliz, muito feliz,  como eu tive outra chance de vida, muito melhor que a anterior. Eu quis escrever o livro pra que outras pessoas soubessem que é possível largar a bebida e ser feliz. Existe esperança de vida feliz após a sobriedade. Eu esperei meus pais morrerem antes de fazer isso, porque eu não queria que eles revivessem os traumas do passado. É muito barra pesada pra um pai, pra uma mãe, e eu me sentia responsável pelo sofrimento deles. 


[trilha sonora]


Enquanto eu escrevia, eu pensava assim: “Se uma única pessoa puder tirar proveito desse livro, eu já fiz um bom trabalho”. E eu vejo que a minha história tá conseguindo tocar muita gente. Um cara me contou que tava no carro, a caminho de um motel pra se matar, quando ele me ouviu falando no rádio sobre o meu livro. Ele parou no acostamento, começou a chorar e foi direto pros Narcóticos Anônimos. Eu ouço vários relatos como esse.


O Brasil é o país que mais tem acidente de trabalho, que mais tem violência doméstica, na maioria das vezes causada pelo álcool. A bebida favorece doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, acidentes de trânsito e violência gratuita. O ônus da bebida pro país é mirabolante e a gente não saber disso é uma tragédia. Médicos, agentes sociais, professores, pais, alunos, autoridades, associações de bairro, a indústria precisam ouvir e precisam falar sobre esse assunto, porque a gente não conversa sobre álcool. Por isso, faço questão de compartilhar essa minha história.


[trilha sonora]


Eu, hoje, não sou mais refém de droga nenhuma. Quando eu completei 60 anos, a minha irmã me ligou para dar os parabéns e disse: “Você está entrando nos 60 muito melhor do que entrou nos 40 e nos 50”. Há mais de 15 anos eu não conheço a sensação da ressaca  física,  moral, não sinto medo, culpa ou desespero. Há 1 ano a minha história virou uma peça de teatro estrelada pela Marisa Orth, um monólogo. Foi um sucesso de público, um sucesso de crítica e vai retomar no segundo semestre de 2022. A gente vai rodar o Brasil com essa peça, e está chamando muito a atenção de todo mundo. Ou seja, o trabalho continua. 


Hoje, eu devo dizer que a serenidade caminha comigo e todo esforço feito em nome dela tem valido muito a pena. Só por hoje. 


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Marc Kirst: Como você se sente ao ouvir a história da Barbara? O alcoolismo é uma doença que abala não somente o indivíduo dependente da bebida, mas também as pessoas ao seu redor. Por isso, a união e resiliência dos familiares é fundamental para quem quer romper o ciclo do vício. Barbara nos conta que seus pais e irmãos condenavam seu comportamento e nunca entenderam o seu alcoolismo como uma doença. Mesmo assim, sempre estiveram ao seu lado e não desistiram dela, mesmo após décadas de tentativas e erros. 


As relações humanas têm um dos mais profundos poderes nos nossos processos de cura. Além do amor da família, Barbara recebeu o apoio de grupos, como os Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, para vencer de vez este desafio que parecia não ter fim. Nesses grupos, ela encontrou pessoas determinadas a contribuir com quem está passando pelo que já foi superado. Sem preconceito e julgamento, praticando a compaixão de quem já sentiu na própria pele. Qual é a sua rede de apoiadores da tua cura? 


Pra muitos de nós, o primeiro passo talvez seja admitir que precisamos do outro numa jornada que pode ser muito mais difícil quando estamos sozinhos. 


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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.


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Desmistificando conceitos: o que é a Síndrome de Burnout

Crise que já acomete mais de 33 milhões de brasileiro, se dá sobretudo pela exaustão proveniente do trabalho – e pode gerar ansiedade e depressão

30 de Dezembro de 2020


Apatia. Falta de energia. Tontura. Dor de estômago. Enxaquecas. Rompantes de nervoso. Insônia. Falta de apetite. Sensação de incapacidade. Esquecimentos. Tristeza. Pálpebras que pulsam, pernas inquietas. Apesar de serem sintomas bastante diversos e que apontam para diversas comorbidades, há uma em específico que é capaz de reunir muitas delas de uma vez só: a Síndrome de Burnout.

Embora ela tenha ganhado cada vez mais notoriedade, o termo não é novo, e foi cunhado pelo psicanalista Herbert Freudenberger ainda em 1974. Segundo ele, que foi vítima dessa síndrome, o conceito pode ser definido como “um estado de esgotamento físico e mental com origem intimamente ligada à vida profissional”.

Como foi o caso da jornalista Izabella Camargo, personagem do último episódio da terceira temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir. Em seu relato, ela conta como a condição psíquica foi se instalando sem que ela percebesse, até que ela foi verdadeiramente acometida por uma pane, que resultou em um acompanhamento mais próximo e, enfim, o diagnóstico.

E assim é com a maioria das pessoas que sofrem da Síndrome de Burnout. Isso porque, antes de cravar o diagnóstico, diferentes outras áreas da vida do paciente são afetadas. Há ainda uma resistência não só dos demais indivíduos, mas também da ala médica, em reconhecer o distúrbio.

burnout

Além disso, há uma cultura fomentada pelo capitalismo de que nunca é o suficiente, e que você sempre pode fazer mais. É o mito da resiliência no mercado de trabalho, como explica essa matéria , aliada à meritocracia do quem quer, consegue. Isso pode acontecer até mesmo no ambiente familiar, como é o caso do Burnout materno , amplamente comentado por especialistas na pandemia, onde a mãe se vê na função maternal 24h por dia, 7 dias por semana, e se sente julgada caso reclame.

“Eu ia por água abaixo e não percebia”

Macário Moraes Júnior é o que a sociedade consideraria uma pessoa bem-sucedida. Anos a fio trabalhando sem parar renderam a ele uma possibilidade de se aposentar aos 40, se quisesse. Mas ele não quis. Em partes, porque o trabalho tinha se tornado tudo que ele tinha, uma vez que via sua vida pessoal ruir.

“Naquele momento, meu casamento estava indo por água abaixo, numa crise conjugal muito grande. As palavras que ouvi da nossa terapeuta foi ‘você girou muito na alta ao longo de muito tempo e esgotou o seu cérebro para sempre’. Isso me marcou muito”. Foi em 2014 que ele percebeu a longa jornada que o aguardava até o fim dos seus dias.

Jornada, pois não se trata somente de medicar-se - assim como todas os demais desequilíbrios de ordem emocional. É preciso sim, uma medicação, no caso de Macário, uma que conseguisse compensar a química de seu cérebro que havia sido prejudicada. Essa área cerebral que sofreu baixa era o que lhe causava a extrema impaciência, os estopins de agressividade, e culminou em uma apatia sem fim, que lhe dificultava a realização de tarefas simples, como levantar da cama.

“Eu sentia uma falta de sentido, parecia que nada mais fazia sentido: pra que eu tenho essas empresas, pra que eu estou casado, pra que eu tenho filhos, pensamentos recorrentemente negativos. Passei a ter muito sono: tinha muita dificuldade para dormir, mas também para acordar” conta. Mas além de buscar ajuda para o físico, é preciso olhar para sua vida de forma 360. E esse olhar, claro, não foi imediato.

“Em 2014, para todo mundo eu estava muito bem, porque fiz 40 anos e atingi minha independência financeira, mas veio também a ausência de sentido. Então, de 2014 até 2016, foi muito intenso nas terapias, tanto em casal quanto individual” diz.

Ele também participou de grupos que operam como o Alcoólicos Anônimos, pois não se sentia à vontade falando a respeito entre conhecidos - justamente pelo tabu tão presente quando o assunto é Burnout. As terapias também o levaram a registrar em um diário, todos os dias, suas emoções, para que com isso seja possível fazer um balanço final da semana, do mês, do ano, e perceber suas próprias evoluções.

Já em 2017, quando ele sentiu um avanço na terapia, calhou de participar também de um retiro espiritual cristão. “Foi ali que entendi que a minha fé e minha espiritualidade iriam me ajudar, ela tinha que estar integrada na minha vida”. Importante ressaltar que Macário já era adepto ao Yoga, e passou a meditar ainda mais.

Uma vez cuidando da mente e do espírito, Macário buscou conhecimento não só acerca do seu problema, que hoje já conhecia o nome, mas outras fontes intelectuais que podiam lhe engrandecer de alguma forma. “Fiz curso de liderança, fiz coaching, estudei marketing digital e até inteligência emocional. Posso dizer que tudo contribuiu de alguma forma”.

Foi só então que se sentiu pronto para encarar a parte física, dessa vez, não só por meio das medicações. Ainda refém do tempo, o empresário incluiu práticas que cabiam na sua rotina, no caso, pular corda dentro do escritório mesmo. Depois, passou a correr pelas manhãs. De 2018 - ano onde introduziu o exercício em sua vida - até hoje, sua evolução foi surpreendente. “Hoje eu sou maratonista, treino todos os dias, de segunda a segunda, é como se fosse uma medicação” conta.

O resultado

Por ser um problema crônico, a Síndrome de Burnout infelizmente não conta com um tratamento exato e uma cura imediata. Há especialistas que já trabalham até mesmo com a possibilidade de ela não ter uma cura definitiva, pois pode ser engatilhada novamente na vida da pessoa.

Izabella Camargo, inclusive, menciona isso em seu episódio. Para ela, o gatilho é o trabalho, e é possível ter recaídas, como já teve anteriormente. É um trabalho constante de autoconhecimento e autocontrole, mas com o tempo, a ideia é que se torne inerente à vida da pessoa.

No caso de Macário, funcionou. A técnica dos “4 capitais”, como o mesmo define, foi tão eficiente que hoje ele passa adiante esse conhecimento aos empreendedores que mentora na ONU e em outras frentes. Ela consiste em estar em equilíbrio e atenção ao físico, emocional, espiritual e intelectual - bastante semelhante aos pilar Plenae.

Mas, para ele, não basta somente malhar, rezar, estudar e fazer terapia. É preciso acoplar todos esses aprendizados no seu cotidiano, de forma que não haja mais o “você” do trabalho e o “você” de casa. Macário passou a levar todos os ganhos subjetivos que adquiria em suas práticas para seus dias, seus funcionários e suas finanças.

“Hoje minha principal prioridade é me sentir bem. A minha intensidade de trabalho ainda é muito grande, mas eu entendi que eu posso gerar uma energia dentro de mim, um combustível, que me dá mais controle de tudo isso. Como eu faço um planejamento semanal desses 4 capitais, eu não entro mais em nada que vai me drenar a energia se eu não enxergar que vai acabar em determinado momento”.

Seu propósito de vida passou a ser espalhar essa mensagem de que é possível se entregar com intensidade à sua carreira sem perder-se no personagem e abandonar a si mesmo. “O grande problema do Burnout é a pessoa entregar a vida para o ambiente externo e deixar de ser protagonista da própria vida. A maioria dos trabalhadores acham que é normal trabalhar longas horas para enriquecer sem olhar para si mesmo. Olhe para seu corpo como uma grande ferramenta de teste, esteja atento às suas emoções, use sua crença como mola propulsora e se coloque sempre no estado de aprendizagem”. E você, tem olhado para si?

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