Um vasto número de pesquisas e estudos mostra que relacionamentos satisfatórios estão diretamente ligados a felicidade, saúde e longevidade.
24 de Abril de 2018
Em uma interessante conversa que trouxe várias dicas práticas, o psicólogo compartilhou sua abordagem e conhecimento sobre relacionamentos a dois. Abaixo, resumimos a conversa que explicou como um casamento saudável pode contribuir para uma vida mais feliz e longeva.
QUANDO O ESCUDO NÃO DEFENDE: ATACA
Um vasto número de pesquisas e estudos mostra que relacionamentos satisfatórios estão diretamente ligados a felicidade, saúde e longevidade. Muitos deles inclusive comprovam que a qualidade das nossas relações tem mais impacto na saúde do que fumo, obesidade ou pressão arterial.
Não é surpreendente. Nossa vida é feita de relacionamentos. E um dos relacionamentos mais complexos que existem no universo é mesmo o relacionamento entre os seres humanos, com toda a nossa subjetividade interna.
E embora a evolução tenha nos desenhado para sermos criaturas sociais, nossa história tem passado por alguns paradoxos. Isso porque nos últimos milhares de anos nesta Terra, as grandes ameaças para nós deixaram de ser cobras, parasitas ou geleiras derretendo. Elas passaram a ser os outros seres humanos. Eles é que passaram a ser as criaturas passíveis de nos atacar, rejeitar e humilhar, afastando-nos da tribo e nos matando por isolamento. Dessa maneira, fomos desenhados para enxergar no outro uma ameaça.
Essas ameaças são detectadas desde que nascemos. No primeiro ano de vida, a maneira como a mãe está sintonizada com o bebê determina o quanto essa criança será segura e confortável ou ansiosa e complexada durante o resto de sua vida. Nosso sistema nervoso não gosta de vergonha, medo e frustração. Quanto mais passamos por essas sensações quando crianças (e todos passamos, em maior ou menor medida) aprendemos a detectá-las como ameaça.
E o que fazemos diante de uma ameaça?
Reagimos: atacamos, seja com violência, seja fazendo alianças com outras pessoas que nos protegem ou fortalecem, seja com mecanismos de defesa, como negação (não fui eu!) ou projeção (a culpa é dele/a!).
Essas defesas nascem em nós quando somos bebês e vão se formando em nossa infância, lapidadas pela nossa família e pela cultura que nos cerca.
Elas são armaduras naturais, são quase que uma forma de sobrevivência, já que quando crianças não temos o desenvolvimento neural que começa na adolescência e que nos dá a dimensão real das coisas, junto ao senso de individualidade e personalidade. Porém, depois de adultos essas defesas continuam ativas – e acabam mais nos prejudicando que nos defendendo. Elas são a causa da maioria dos problemas em nossos relacionamentos. Viramos casais divididos por nossos próprios campos de defesa.
COMO BAIXAR NOSSOS ESCUDOS?
Buscar um(a) parceiro(a) com quem dividir a vida e formar família faz parte de nossa história evolutiva desde que descemos das árvores. Somos parte dos 3% de espécies deste planeta que buscam um par monogâmico e fixo com quem dividir a vida. Fomos desenhados assim, naturalmente e socialmente.
Dessa forma, temos em nós a luxúria, uma faísca entre sistemas nervosos, que se trata de uma interação mais química que psicológica – é impessoal, é parte de nossa natureza. E temos também a evolução dessa faísca, que é quando focamos essa motivação em uma só pessoa e ela se torna amor romântico.
Essa etapa também tem bastante de química.
Nosso corpo realmente muda, ficamos cheios de testosterona e dopamina, por exemplo. Ficamos obcecados, queremos fazer sexo, revelar-nos por inteiro a ele ou ela. Mas, com o tempo, a química se normaliza em nosso corpo. A vontade de fazer sexo o tempo todo acaba, as coisas se equilibram, surge a vontade de ter filhos com essa pessoa, vamos entrando no modo automático e é nesse momento que nossas defesas reaparecem e começam a gerar conflitos.
Num casamento normal, existem sim brigas, discussões e questões pendentes. Na realidade, 69% de todas as questões de um casamento são crônicas. Ou seja, nunca serão totalmente resolvidas. O que acontece num casal com um relacionamento saudável é que ao longo do tempo ambos se aprimoram em reparar essas situações – mesmo que elas sejam impossíveis de consertar por inteiro, vão passando por pequenas melhorias, pequenas reformas feitas pelos dois, juntos e se transformam em situações perfeitamente contornáveis.
E Keith lembra que o conserto deve ser rápido, senão o estrago só vai aumentando. Não é para ser feito em horas ou anos: é coisa de minutos!
Esse trabalho conjunto de reparo e manutenção do relacionamento faz parte do que o psicólogo chama de mentalidade de crescimento, que é enxergar cada problema como uma oportunidade para aprimorar.
Quanto mais estivermos dispostos a aprimorar – o casamento, a nós mesmos – idealmente mais o(a) parceiro( a) também estará. E assim o casal passa os anos de casamento influenciando positivamente um ao outro.
COMPROMETIMENTO DE CONSUMIDOR vs COMPROMETIMENTO IDEAL
Para que tudo isso se torne realidade é necessário se comprometer. Existem dois jeitos de fazer isso: começar com a frase “vou continuar nesse relacionamento enquanto...” e completá-la com o que lhe interessar, como ”enquanto eu suprir alguma carência”, “enquanto houver amor”, “enquanto me parecer certo”... ou começar com a frase “vou fazer o que for necessário para...”.
O primeiro tipo de comprometimento é como um casamento de consumidor: o casal usa enquanto vale a pena. Se houver problemas, vai até a loja, troca e resolve logo o assunto. Mas é o segundo tipo de comprometimento que nos interessa. Este, nós levamos para o conserto, cuidamos para que não quebre, remendamos. Isso não é nada fácil no mundo tão veloz e carente de transparência e diálogo em que vivemos.
São necessários muitos skills, entre eles a habilidade de dar e receber – e tudo isso consome muita energia e muito tempo! Mas vale cada esforço e cada minuto. As sociedades de hoje têm dado mais atenção para os filhos que para os relacionamentos amorosos. A má notícia é que isso pode ser desastroso. São inúmeras as pesquisas que comprovam que pais que se preocupam de igual maneira com seus relacionamentos amorosos são melhor sucedidos em sua relação com os filhos.
Um relacionamento fortalecido nos permite mais resiliência para encararmos tudo o que acontecer nas nossas vidas, como por exemplo o envelhecimento e o estresse do cotidiano. Se mantivermos a mentalidade de crescimento e do conserto rápido, ajudaremos uns aos outros a sermos mais felizes, mais saudáveis e com o tempo, a viver mais e mais. Isso é tão grande que pode se espalhar pelas nossas famílias e pelas comunidades ao nosso redor.
Mudanças no estilo de vida diminuem risco de demência
Pesquisa revela que probabilidade de desenvolver a doença pode cair em até um terço
17 de Julho de 2019
Quase todo mundo pode reduzir em até um terço o risco de demência vivendo um estilo de vida saudável, sugere uma nova pesquisa com quase 200.000 pessoas.
Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, disseram que os resultados foram empolgantes, fortalecedores e mostraram que as pessoas não estão condenadas a sofrer de demência.
O que conta como um estilo de vida saudável?
Os pesquisadores deram às pessoas uma pontuação de estilo de vida saudável com base em uma combinação de exercícios, dieta, álcool e tabagismo.
Este é um exemplo de alguém que marcou bem:
Atualmente não fuma
Pedala em ritmo normal por duas horas e meia por semana
Segue uma dieta balanceada que inclui mais de três porções de frutas e vegetais por dia, come peixe duas vezes por semana e raramente consome carne processada
Bebe até 500 ml de cerveja por dia
E um insalubre?
Atualmente fuma regularmente
Não faz exercício regularmente
Segue uma dieta que inclui menos de três porções de frutas e vegetais por semana e duas ou mais porções de carne processada e de carne vermelha por semana.
Bebe pelo menos 1,5 litro de cerveja por dia
Pesquisa.
O estudo acompanhou 196.383 pessoas a partir dos 64 anos de idade por cerca de oito anos. Os cientistas analisaram o DNA dos indivíduos para avaliar seu risco genético de desenvolver a doença.
O estudo mostrou que havia 18 casos de demência por 1.000 pessoas se eles nasceram com genes de alto risco e adotaram um estilo de vida pouco saudável.
No entanto, o índice caiu para 11 por 1.000 pessoas durante o estudo, se esses indivíduos de alto risco tivessem um estilo de vida saudável.
Não parece ser uma grande diferença?
Os números podem parecer pequenos, mas isso é porque as pessoas de 60 anos são relativamente jovens em termos de demência.
Segundo os pesquisadores, a redução em um terço teria um impacto profundo nos grupos etários mais velhos, nos quais a doença é mais comum. "Isso pode equivaler a centenas de milhares de pessoas", disse o Dr. David Llewellyn à
BBC
.
O estudo não prova definitivamente que o estilo de vida causa riscos diferentes de demência. Ele simplesmente identifica padrões nos dados.
Porém os resultados, publicados no
Journal of American Medical Association
, se encaixam em pesquisas anteriores e em recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Posso evitar completamente a demência?
Infelizmente, você pode viver uma vida monástica e, ainda assim, desenvolver a doença. O estilo de vida apenas altera o risco.
No entanto, ainda não existem medicamentos para alterar o curso desta doença. Reduzir suas chances é tudo que qualquer um pode fazer.
Fonte: James Gallagher, para
BBC
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo completo
aqui
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