Para Inspirar
Segundo grandes estudiosos da área, nós só nos reconhecemos através do que o outro nos diz. Leia mais!
26 de Janeiro de 2021
Muito se fala sobre a autoestima nos dias atuais - aqui mesmo no Plenae, abordamos o assunto diversas vezes. Porém, há um erro crasso que quase todos nós cometemos ao tratar do tema: atrelar essa estima por si mesmo ao seu físico, sua aparência.
Se autoestimar é reconhecer em si qualidades que, dentro de sua concepção de mundo, lhe são valiosas. É mais do que se achar atraente ou inteligente, mas também saber a importância dos seus papéis sociais em suas relações, sejam pessoais ou de trabalho, e também reconhecer os seus talentos mais sutis.
Mas construir uma autoimagem coerente de si mesmo não é tarefa simples para a grande maioria das pessoas. Isso porque você não é o único agente dessa construção. Muito provavelmente, nem mesmo participará desse processo. Está confuso? Vamos explicar.
“Imagine uma criança com 8 ou 9 meses de idade. É uma época que fica mais claro, em experimentos simples de psicologia, que a criança está começando a construir uma imagem de maneira nítida uma noção do eu e do outro, concomitantemente” explica Luiz Hanns, doutor em psicologia clínica, autor de diversos livros, para o canal de vídeos da escola Casa do Saber.
Há diversos estudos sobre isso. Luiz cita o estudo de Piaget, que propõe que você pegue um batom vermelho e trace uma linha diagonal na testa dessa criança. “Em algum momento, nessa faixa etária, a criança se reconhece no espelho e tenta tirar, ou estranha e passa a mão em cima desse risco. Isso é uma prova concreta de que ela já está no ponto de se reconhecer naquela imagem, saber que há alguém e que é ela”, diz.
Essa não é a única pesquisa acerca do tema. O psicanalista Lacan, em sua tese intitulada como “O Estádio do Espelho” (1966), defende que, dos seis aos dezoito meses de idade, é a fase em que o indivíduo irá começar a se reconhecer como uma unidade constituída, e não somente pedaços soltos.
Aquele pé, que ele traz à boca, não é “solto”, mas sim, parte de unidade. Aquela mãe, que está sempre disposta e por perto, não é a continuação de seu corpo, mas sim, um outro sujeito separado. Por fim, ao se olhar no espelho, ele irá tentar se tocar ou até dará gargalhadas, em uma sensação “oceânica” (como descrevia seu antecessor, Sigmund Freud) de reconhecimento.
“Para a criança conseguir fazer isso, ela teve que passar por um percurso onde teve que juntar coisas que estavam difusas, como perceber que aquilo que tocavam nela dizendo “que nariz bonitinho” era um nariz, o seu próprio. Ou sua própria motricidade como reconhecer seu próprio riso” explica Luiz.
Portanto, pode-se afirmar que a construção dessa noção de si só funciona através desse outro, que vai me espelhar. Prova disso é que até mesmo uma criança cega ou um indígena que nunca teve contato com um espelho, também passaria por esse processo de constituição de si por meio do que é nomeado pelo outro.
“Como consequência disso, esse eu nasce alienado de si mesmo. Funciona como uma espécie de câmara externa em que a criança ou o adulto colocam e faz com que ele se enxergue de fora para dentro, seja pela opinião do outro, pela visão do outro, pela foto que você vê” explica o doutor.
Essa aparência vista no espelho, por sua vez, por mais real que seja, começa a ser associada a qualidades obtidas por meio da opinião do outro, como entender que seu nariz é “feio”, pois assim o disseram, ou por estar longe de se parecer com o que dizem ser um nariz bonito.
“A mesma coisa com relação ao seu modo de ser. A criança vai sendo enunciada pela família, que diz se ela é teimosa, e tem o mesmo olhar do outro (...). A criança vai virando uma colcha de retalhos. Essa colcha de retalhos que me constitui, que é externa a mim, é o único modo que as pessoas têm de me descrever e de eu me construir, não há um eu de dentro pra fora que é inerente a mim, são sempre pedaços que os outros construíram para mim” explica.
A boa notícia é que, segundo o especialista, somente uma pessoa muito perturbada mentalmente conseguiria não levar em conta o que o outro diz e ignorar a opinião pública. Há ainda uma pequena parcela de seres humanos que nascem geneticamente diferentes, possuindo uma autoestima elevada natural de si. Mas, mesmo elas, irão usar o parecer alheio até mesmo para se adequar em determinadas regras sociais.
É praticamente impossível estar desatrelado desse processo tão existencial. “Nós somos porosos a opinião dos nossos parceiros, dos nossos filhos, isso é estrutural do ser humano e necessário. É um elo que nos liga e nos mantém saudáveis. A questão é não se perder na opinião do outro, mas levar a opinião do outro em conta é fundamental para que a sociedade funcione”, diz Luiz.
Como contamos nesta matéria , falar sobre si é de suma importância até mesmo como parte de um processo terapêutico. É importante saber que só existimos a partir do que o outro nos contou, somos resultado de diversas projeções, inclusive de nós mesmos.
Essas projeções são as responsáveis por movimentos como a
Dismorfia Corporal
, quando a pessoa só consegue se enxergar de forma negativa, também conhecida como “síndrome da feiura imaginada”. As redes sociais, quando usadas de formas tóxicas, amplia ainda mais esse tipo de transtorno,
como bem pontuou Camilla Viana em seu Plenae Entrevista.
Comece a se amar hoje, com urgência! Sabendo que sua opinião sobre si mesmo é baseada em opiniões terceiras, e que isso não o invalida enquanto indivíduo, mas que é preciso construir a sua própria autoimagem. Qual é a sua opinião sobre si? Você se trata com gentileza? Não se esqueça: você é a sua maior companhia.
Para Inspirar
Conheça a história de Zica, personagem do pilar Contexto e símbolo de perseverança, sucesso e resiliência
5 de Julho de 2020
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
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Introdução: Bem-vindo ao Podcast Plenae, um lugar onde você encontra histórias reais para refletir. Ouça e reconecte-se.
No episódio de hoje, a empresária Heloísa Assis, a Zica, como prefere ser chamada, compartilha sua trajetória de aprendizagem, superação e muita garra. A filha do meio da dona Dulce e do seu João já entrou para a lista da Forbes das 10 mulheres mais poderosas do Brasil, ao lado da Gisele Bündchen e da Luiza Trajano. Sua jornada ilustra o pilar Contexto. No final do relato você ouvirá reflexões do monge Satyanatha, nosso convidado especial dessa temporada, para ajudar você a se conectar com o seu momento presente. Aproveite este momento, observe seus sentidos e abra-se para uma nova visão sobre o mundo e sobre você mesmo.
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Zica Assis: Eu sou a filha do meio entre 13 irmãos, seis pra cima, seis pra baixo.
A gente cresceu na comunidade do Catrambi, perto do morro do Borel, na Tijuca, zona norte do Rio. Minha mãe lavava roupa para fora e meu pai vivia de fazer bicos.
A gente morava em um barraco de 20 metros quadrados, dois cômodos, chão de terra batida e telhado de zinco.
Nem tinha cama. Dormia tudo apertado, no chão mesmo. Apesar de todos os problemas, a energia da nossa casa era boa. Meus pais ensinavam que a gente tinha que se unir, se ajudar para superar as dificuldades. E era isso que a gente fazia.
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A minha maior alegria eram os bailes que aconteciam no sábado e domingo à tarde, perto de casa, num grande barracão de madeira azul. Como era matinê, com 7 anos eu já frequentava o baile e a comunidade toda ia. Naquela época, final dos anos 60, começo dos anos 70, a influência do soul americano era muito forte e as festas faziam concurso de melhor cabelo black power. Eu tinha um black enorme, o maior da comunidade e ganhei vários desses concursos. Eu morria de orgulho do meu belo pêlo. Ah, pêlo, é como a gente chamava o cabelo black na época.
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Apesar de fazer sucesso no baile, eu sofria preconceito na escola. Eu nunca pude sentar na frente da sala, porque o black incomodava ela. Quando ela me chamava a atenção por alguma coisa, ela não falava o meu nome, mas dizia assim: “Ô, menina, você aí do cabelo armado”. Ou ainda pior: “você aí do cabelo de arame farpado!” Não tinha a Heloísa, não tinha a Zica. Embora eu ficasse muito triste na escola, o maior problema não foi esse.
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Em casa, existia uma regra: quando a gente fazia 9 anos, tinha que começar a trabalhar. Minha mãe ficou sabendo que uma família do Alto da Boa Vista, onde só tinha mansões, precisava de uma babá pra uma criança de 5 anos, e ela me levou lá pra conhecer a patroa. Era uma casa enorme. O muro era de pedra e com um belo jardim. E logo no portão, a mulher olhou pra mim e falou: “com esse cabelo, você não entra. Tem que dar um jeito”.
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Eu fiquei paralisada por alguns segundos, sem entender o que estava acontecendo.
O que o meu black tinha a ver com tudo aquilo? Por que eu não podia apenas fazer o meu trabalho? Só acordei quando minha mãe segurou firme no meu braço, olhou pra mim e falou: “Seus irmãos precisam de comida! Vai ter que cortar o cabelo!" Cortar o cabelo, pra mim, era deixar de ir ao baile. Porque como eu ganhava os concursos eu não precisava pagar pra entrar. Sem meu pêlo eu ia deixar de me divertir. Mais do que isso, eu ia deixar de me achar bonita. Ele era a fonte da minha alegria. Eu fiquei arrasada!
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Fui pra casa e minha mãe cortou meu cabelo. Eu chorava muito. Não cortei curtinho, porque eu ainda queria me sentir menina. Aí ficou um blackzinho. Mas não…. não foi suficiente pra patroa. Eu ia ter que alisar. A maioria das mulheres da comunidade também alisava o cabelo pra trabalhar e minha mãe pagou uma vizinha fazer o meu. No quintal da casa dela, ela espalhou henê na minha cabeça. Henê é uma pasta química que alisa e colore o fio de preto. Depois, ela ainda passou um pente de ferro quente. Meu cabelo ficou totalmente liso. E eu me senti horrorosa. Ganhei um emprego, mas perdi a identidade.
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Nessa época eu chorava muito sozinha, mas nunca na frente da minha mãe e dos meus irmãos. Eu guardei essa tristeza dentro de mim e joguei a energia toda pro trabalho.
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Aí eu virei a melhor lavadeira da região. A melhor babá. A melhor faxineira. Eu prestava atenção nos detalhes: pegava as flores no jardim e colocava num vasinho, arrumava a cama bem bonita, fechava as cortinas da sala pra não esquentar a casa. Fui fazendo isso tão bem que as patroas me amavam. Para mim, ter um trabalho era fundamental para o sustento da minha família, mas por causa dele eu deixei de me divertir durante a infância e adolescência. Nem namorado eu tive, de tanto que eu me dediquei ao trabalho. Enquanto isso, eu continuava alisando o cabelo. Todo mês! Várias vezes eu não tinha dinheiro pro henê e passava ferro de carvão mesmo no cabelo. Parece até coisa de novela, né? Mas não é, não! Era assim mesmo.
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Na minha comunidade tinha sempre alguém que aprendia uma profissão e aí ensinava o outro. Quando eu tinha 21 anos, fiz um curso de cabeleireiro na Igreja de São Camilo de Lellis, ali mesmo no meu bairro. Não era um curso especializado que nem hoje. Eu nem pensava em ser cabeleireira, eu só queria aprender a cuidar do meu cabelo.
Por que meu cabelo crescia pra cima? Por que ele era grosso? Por que ele não tinha brilho? Mas principalmente, eu queria entender porque as pessoas associavam o crespo à sujeira e a desleixo. Infelizmente, o curso não deu as respostas para as minhas perguntas. Porque, na verdade, o que ele ensinava era o alisamento que todas as minhas vizinhas faziam. Mas ali nasceu uma paixão.
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Eu acabei fazendo amizade com os fornecedores de henê e de pasta para alisar o cabelo e pedi para que eles me trouxessem não os produtos prontos, mas as matérias-primas. E aí, eles chegaram com um monte de pozinho. E eu nem sabia o que era o quê. Mesmo assim fui pro tanque, separei uma bacia com água, uma colher de pau e comecei a misturar os pozinhos de qualquer jeito, sem seguir nenhuma receita.
Na maior inocência, apliquei aquele negócio em metade do meu cabelo, da raiz até a ponta. E… surpresa… Meu cabelo caiu todo. Foi horrível ver o meu cabelo se desfazendo na minha mão. Mesmo assim coloquei um lenço na cabeça e não desisti.
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Os anos passaram, eu casei, tive três filhos e continuei fazendo faxina para colocar dinheiro em casa. Mas, nos fins de semana, quando tinha um tempinho, eu ia pro tanque e fazia minha alquimia. Quer dizer, eu não entendia absolutamente nada de química. Eu misturava tudo o que você pode imaginar. Pegava os pozinhos e misturava com azeite, óleo de cozinha, sabão e o que tivesse à mão.
Aí, teve uma época que o meu marido se chateou. Meu cabelo tava destruído, cheio de buraco no couro cabeludo. Eu vivia de lenço. Ele implicou muito e eu falei: “Quer saber? Vou pegar meus irmãos de cobaia”. Porque em casa era lei: os irmão mais novos tinham que obedecer os mais velhos.
E aí eu escolhi o Rogério, que já era meu parceiro, entregando as roupas que eu lavava. O cabelo dele também caiu várias vezes com as minhas misturas, coitado. Mas ele esperava crescer e deixava eu passar de novo.
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Depois de oito anos e muito cabelo estragado, eu recebi o primeiro elogio. Eu estava voltando pra casa depois de um dia de trabalho e uma prima minha me parou na rua. Ela falou que meu cabelo estava lindo! Mais do que isso, ela pegou no meu cabelo e perguntou o que eu estava passando, pra passar no dela também.
Foi incrível, porque naquela época ninguém nunca elogiava o meu cabelo, só o meu trabalho, a minha alegria… Mas não o meu cabelo. Nesse dia, quando eu cheguei em casa, corri pro banheiro e me olhei no espelho. Meu cabelo estava hidratado, com balanço e cachos definidos. Minha vida começou a mudar aí!
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Eu já tinha 33 anos, ainda era empregada doméstica, ajudava a sustentar a minha casa quando consegui a patente do "Super-Relaxante". Tinha chegado a hora de arriscar. Meu marido, que é 20 anos mais velho que eu, já era aposentado. Com o dinheiro da rescisão na empresa, ele tinha comprado um Fusca 78 e trabalhava como taxista na comunidade. Era o único bem de grana da família. Convenci ele a vender o carro e investir em um salão de beleza. Acontece que o dinheiro ainda não era suficiente. Meu irmão Rogério, que já tinha sido meu parceiro de baile e cobaia de cabelo, virou meu sócio, e ele trouxe junto a Leila. Nós juntamos o que hoje seriam uns 4.200 reais.
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A última faxina que eu fiz na vida foi numa segunda-feira. Eu sei, porque abrimos o Beleza Natural no dia seguinte, 27 de julho de 1993, lá na Tijuca. Esse dia marcou a minha vida. O salão ficava em uma casa de fundos, com uns 30 metros quadrados e mais de 100 anos. Tinha piso de cimento, pé direito alto e as paredes descascadas. Tinha café passando na hora e, principalmente, era feito para as mulheres de cabelos crespos e cacheados, coisa que o mercado não enxergava na época. Era pobrezinho e pequenininho, mas acolhedor e inovador.
No primeiro dia eu, meu marido, meu irmão e a Leila fomos de ônibus até lá. Quando eu coloquei a chave no portão minhas mãos tremiam a suavam. Abrimos às 9h em ponto. E no dia inteiro... Não apareceu ninguém. Nem as vizinhas que me incentivaram a abrir o salão. Pra não dizer que não entrou ninguém, a minha família chegou de noite, pra festa de inauguração. Eu fiz salgadinhos, comprei refrigerante e brindamos com espumante nacional. Eu chorei de emoção várias vezes naquele dia, porque eu me vi como profissional, como empresária, como patroa.
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Dois dias depois que a gente abriu o salão, o Itamar Franco, presidente na época, anunciou o Plano Real. Acabou a inflação e começou a ascensão da classe C. As primeiras clientes começaram a chegar. Em três meses, já tinha fila na porta. Quando o salão abria, às 9h, já tinha umas 100 pessoas esperando. A gente teve que começar a distribuir senhas e saía do salão meia-noite, uma da manhã, porque não dava conta!
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Hoje, nós somos uma rede com 38 endereços em 5 estados. Quando acontece alguma coisa que me deixa triste, eu olho para trás e penso de onde eu vim, da comunidade de onde eu saí e que agora eu consigo ajudar. Eu lembro dos concursos que eu ganhei, do meu cabelo sendo cortado, das faxinas, dos pozinhos misturados, do meu irmão deixando o cabelo dele crescer só pra eu testar tudo de novo.
Lembro da minha prima elogiando meu cabelo lindo, da patroa que me incentivou e da química que acreditou em mim. Lembro do meu marido vendendo o fusquinha dele e do meu irmão e da Leila juntando o dinheirinho suado deles pra me ajudar. E aí eu levanto a cabeça, dou um sorriso e tá tudo bem.
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Satyanatha: Chegamos ao fim da história da Zica. Não tem nada mais bonito do que aprender a ser você mesmo. A Zica insiste em ser ela. Tem uma música do Cartola que diz: “Deixe-me ir, preciso andar, ir por aí a procurar, rir pra não chorar. E se alguém por mim perguntar, diga que só vou voltar depois de me encontrar”. Conhecer a si mesmo é encontrar uma vibração que é só sua, algo especial que só você tem. O “eu” não é um ponto, mas é uma frase, uma prosa fluida.
Quando a gente descobre e aceita quem se é, alcança o ápice produtivo. Se eu, que sou monge, tentasse ser matemático, a minha contribuição pra humanidade seria menor. A Zica era uma excelente faxineira, mas ajudou a mudar a vida de muito mais gente porque persistiu na busca pela sua identidade, até encontrar a fórmula para embelezar os seus cachos. A identidade deu a ela a sensação de pertencimento.
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Finalização: Nossas histórias não acabam por aqui. Acompanhe semanalmente novos episódios e confira nosso conteúdo em plenae.com e no perfil @portalplenae no Instagram .
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