Para Inspirar

Evento Plenae: Mindfulness e o poder da possibilidade de retardar o envelhecimento

Ellen Langer conta porque mindfulness é um assunto cada vez mais respeitado e pesquisado na Academia

22 de Junho de 2018


A incerteza tem enorme valor. Ajuda a expandir o acervo intelectual de cada um. A presunção do conhecimento, ao contrário, diminuiu o interesse, a atenção e consequentemente o engajamento. Se levarmos em conta a quantidade de informações novas que o mundo globalizado possibilita, há muito o que ver e aprender. O problema é que as pessoas “estão frequentemente desatentas”, segundo a americana Ellen Langer, de 71 anos, professora de psicologia da Universidade Harvard. “O estado da desatenção pode ter um alto custo”, disse durante a palestra “Midfulness, o poder da possibilidade de retardar o envelhecimento”, em maio de 2018, quando foi lançado o Plenae em São Paulo. A desatenção faz com que decisões sejam tomadas com base em experiências passadas e sem levar em conta o contexto atual. “Você age como um autômato, um robô”, diz Ellen. Nem toda decisão é simples. Ter flexibilidade é mais importante do que seguir regras e rotinas, que podem não fazer mais sentido. A transformação do conhecimento é dinâmico. Para acompanhar as mudanças de contextos em situações que parecem similares às ocorridas no passado, as percepções precisam estar afiadas.
A chave não está em possuir certezas, mas em manter sempre a mente aberta. “O valor da dúvida é realmente enorme: quando estamos inseguros, prestamos mais atenção”, diz Ellen. “Os neurônios ficam estimulados. Aumenta a concentração. Muitas vezes, pode mostrar que não conhecíamos as coisas tão bem quanto achávamos.” Focar no presente ajuda na tomada de decisões mais específicas. “Afinal, não existe solução única para tudo”, lembra a psicóloga. Ela faz uma ressalva: “O fato de saber o que acontece no momento não significa engajamento”. Pelo contrário, ter muitas certezas é o primeiro passo para se errar. “Prestar atenção é tão fácil, mas passamos 70% do tempo desatentos, segundo pesquisas”, diz Ellen. A psicóloga acredita que debilitação física é subsequente mais da mentalidade do que de uma função natural do processo de envelhecimento. Por exemplo, aos 20 anos, quando alguém machuca o pulso e sente dor, acaba procurando um médico. A dor é indicativo de que algo está errado. Aos 75 anos, é comum alguém ter dor e achar natural. Como se a dor fizesse parte da idade. Inconscientemente, ao fazer isso a pessoa abre mão da saúde e se prepara para o declínio. Em um estudo, ela percebeu que homens calvos tinham uma incidência maior de câncer de próstata, mas não havia nenhuma conexão fisiológica entre ambos os fatos. No entanto, a perda de cabelo está associada com velhice, o que mudava a disposição das pessoas de cuidar da saúde. Lembrar que você também sentia dores e cometia falhas quando era mais novo pode ser o primeiro passo para não se definir como um idoso. Esse processo todo reduz os níveis de estresse, promove saúde, otimismo e vitalidade – fatores que garantem um envelhecimento melhor. “Possuir regras e rotinas é importante”, resume, “mas não é uma solução única. A estabilidade é uma ilusão, mas inúmeras portas se abrem quando se abraça a incerteza. Assista aqui à palestra completa.

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Quais são os diferentes tipos de apego?

Acredite: entender o tipo de apego do outro pode evitar ruídos importantes na comunicação para as duas partes.

27 de Abril de 2023


A cena é clássica sobre apego: você está esperando uma mensagem de bom dia que não chega e, a partir dessa ausência, entende esse movimento como um claro desinteresse. Que atire a primeira pedra quem nunca criou uma expectativa sobre o outro e não foi correspondido. 

Mas, é justamente sobre isso que falaremos: expectativa. Mais especificamente, sobre as expectativas que ditam o seu estilo de apego, que pode ser bastante diferente do outro. E isso não deve, nem por um segundo, significar falta de amor, apenas estilos diferentes. Te explicamos mais a seguir!

Bem me quer, mal me quer…


Te contamos neste artigo um pouco mais sobre as diferentes linguagens de amor. Segundo Gary Chapman, autor do livro e da teoria, são cinco as possíveis linguagens: palavras de afirmação, qualidade de tempo, presentes, gestos de serviços e toque físico. Vale ressaltar que não possuímos somente uma, mas sim, ao menos duas linguagens do amor nas nossas expressões de afeto, sendo uma primária e a outra secundária. 


Ainda segundo Chapman, cada um de nós nasce com uma linguagem específica para expressar e compreender o nosso amor, os chamados “dialetos”. E é justamente na incompreensão da linguagem do outro onde mora o ruído, que pode trazer problemas para a relação. Funciona como um idioma: você dá amor em francês, mas o seu parceiro só fala em espanhol. O mesmo se aplica a uma outra teoria, que pode ser até bem parecida: os diferentes tipos de apego. Desenvolvida pela primeira vez pelo psicólogo John Bowlby na década de 1950, a teoria do apego originalmente se concentrava na relação bebê-cuidador. “Ele teorizou que as crianças vêm ao mundo biologicamente conectadas para formar laços de apego com outras pessoas”, diz a psicóloga clínica licenciada Angela Caron ao site Vox. “E esses laços de apego são um mecanismo de sobrevivência primordial”. Nos primeiros estudos dessa natureza, encabeçados pela psicóloga Mary Ainsworth, esses bebês eram separados de seus pais. Depois, ao se reunirem novamente, os pesquisadores observavam seus comportamentos. Enquanto alguns bebês ignoravam suas mães, outros não ficaram tão empolgados com o retorno. E houve ainda um terceiro grupo que ficou imediatamente aliviado ao ver a mãe.  

Dessa forma, eles foram classificados como apego evitativo, ansioso e seguro, respectivamente em cada uma das situações. E essas se tornaram as principais classificações de apego, até então destinada apenas às crianças. Mas o que os pesquisadores perceberam com o tempo é que essa dinâmica também era aplicável para descrever os relacionamentos adultos. 

Isso porque os psicólogos sociais Cindy Hazan e Phil Shaver observaram que os adultos reagem aos seus parceiros românticos da mesma forma que os bebês reagem aos seus cuidadores. “Alguns adultos têm laços seguros uns com os outros”, diz R. Chris Fraley , professor de psicologia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, “enquanto outros são mais inseguros e pegajosos ou talvez mais distantes e emocionalmente autônomos”, explica novamente à Vox. 

Os tipos de apego

Foi em 2010 que veio enfim a publicação de Attached: The New Science of Adult Attachment and How It Can Help You Find - and Keep - Love, um livro que ajudou a trazer a teoria do apego para o mainstream do novo milênio. E, nos últimos anos, a popularidade do livro disparou graças às mídias sociais, entrando de vez para a cultura pop. 

Como mencionamos anteriormente, existem três estilos de apego:

  • O apego seguro, onde a pessoa se comunica com eficácia e sente-se confiante quando está sozinha. Mas, ao mesmo tempo, ela se sente à vontade para formar conexões íntimas. 

  • O apego ansioso. Aqui, a pessoa teme ser rejeitada e pode exibir um comportamento pegajoso ou ciumento, ou até se sentir indigno de amor. 

  • O apego evitativo, onde o indivíduo se deleita com sua independência e pode rejeitar oportunidades de formar relacionamentos profundos. Isso é negativo, pois ela pode acabar afastando as pessoas caso se sintam próximas demais.

Mas, de onde vem esse tipo de comportamento? Da nossa primeira relação, com o nosso cuidador. Aquela que te contamos no tópico anterior. Os estilos de apego decorrem principalmente de como você foi tratado pelos cuidadores enquanto estava angustiado quando criança. 

Os pesquisadores medem os estilos de apego como o grau em que alguém responde a perguntas altamente evitativas ou ansiosas, e não em termos de categorias concretas. Mas, embora esses estilos se formem na primeira infância, eles podem mudar com o tempo, caso você seja exposto a um cuidador mais caloroso e receptivo mais tarde, por exemplo, como um professor da escola, um melhor amigo ou até um parceiro amoroso.

Todos esses relacionamentos podem alterar a maneira como você se relaciona com os outros e até como eles reagem a você. Saber como você se relaciona com parceiros românticos pode ser útil, mas também um obstáculo. O seu estilo de apego não é o mesmo para o resto da vida e se moldam conforme as suas experiências. Concentrar-se nele como algo imóvel pode levar a um ciclo de erros repetidos. 

Se você está disposto a essa jornada de autoconhecimento para entender ou até modificar o seu tipo de apego, evite questionários online ou outras saídas sem comprovação. Procurar um especialista é sempre a melhor escolha e, nesse caso, um psicólogo pode te ajudar a entender desde o porquê do seu apego, até encaminhá-lo para a mudança de um padrão de comportamento.

Por fim, é importante reforçar que não há uma única maneira correta de se relacionar e que mais vale o entendimento entre duas pessoas que estejam se relacionando do que uma única regra para todos. Muitas vezes, o que não funciona para você, poderá funcionar para outro. 

O entendimento do seu estilo de apego deve ser apenas mais uma ferramenta disponível para o seu crescimento pessoal. Foque sempre em você!

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