Para Inspirar

Mindfulness e o poder da possibilidade

Segundo Ellen Langer, o que precisamos, antes de mais nada, é fazer toda e qualquer coisa na vida com mindfulness, ou atenção plena.

24 de Abril de 2018


Muito dinâmica e divertida, Ellen nos colocou em contato com exercícios e estudos que desafiaram nosso jeito de pensar as coisas – e mostraram porque mindfulness é um assunto cada vez mais respeitado e pesquisado na Academia.

O QUE ACONTECE QUANDO NÃO ESTAMOS PRESENTES?

Sabemos que precisamos dormir bem, comer bem, nos estressar menos, nos exercitar. Mas, segundo Ellen Langer, o que precisamos, antes de mais nada, é fazer toda e qualquer coisa na vida com mindfulness, ou atenção plena. Muito mais que uma prática, mindfulness é um estado, uma escolha de vida – de estar presente, atento, pleno, a cada minuto. Tudo o que aprendemos na vida foi explicado para nós por alguém. O problema é que a partir do momento em que aprendemos uma coisa, em determinado contexto, fica muito mais difícil para nós desaprendê-la ou enxergá-la de outra maneira.


Essencialmente, sempre que olhamos para um conceito que já aprendemos na vida, trazemos à tona nosso raciocínio já formado sobre ele – nossa mente não precisa mais se ocupar com esse assunto e seguimos em frente. Como? Entrando no modo automático. A enrascada em que nos encontramos é que esse “modo automático” é uma armadilha que colocamos para nós mesmos.

Estamos cercados de conceitos já prontos que nos levam a pensar tudo a partir deles. Porém, quem nos garante que esses conceitos são os certos ou os mesmos em todos os contextos? Quando uma criança na escola diz que 1 + 1 não é igual a dois, por exemplo, será que ela está realmente errada? A verdade é que ela deveria ser questionada: como foi que ela chegou a esse resultado?

Afinal, ela poderia estar partindo de outra base conceitual que não a dos óbvios números no modo ocidental de fazer contas. O estado de mindfulness nos lembra que existe mais de uma resposta certa para quase tudo. E isso inclui tudo o que aprendemos sobre quem somos, do que somos capazes, o que podemos fazer e o que acreditamos.

Falta de atenção plena, ou mindlessness é um estado de mente inativo, no qual confiamos cegamente em distinções e categorias recebidas no passado. Viramos praticamente autômatos, robôs seguindo ordens predeterminadas sem questionamento.

Este estado oposto ao de atenção plena é o estado em que nos encontramos na maior parte do tempo e nos faz enxergar em uma só perspectiva, insensíveis inclusive a perceber qual perspectiva é essa. Nele, somos determinados por regras ou rotinas, quer elas façam ou não sentido. É claro, podemos sim ter regras e rotinas na vida, mas elas devem guiar o que fazemos, não determinar o que fazemos. Com atenção plena, questionamos tudo, porque tudo se torna menos absoluto.

SOBRE A APRECIAÇÃO DA INCERTEZA

E isso pode parecer assustador, mas é real, é parte da natureza do mundo: tudo está sempre mudando. As coisas são diferentes se analisadas de diferentes perspectivas, em tempos diferentes, em situações diferentes. Quando reconhecemos isso, nossa ideia sobre respostas certas muda bastante e percebemos que todos os absolutos que aceitamos sem questionar nos impõem limites desnecessários. Isso vale para toda e qualquer coisa que fizermos na vida.

Tudo o que é preciso para aceitar a incerteza é começar a notar as coisas ativamente. Quando vivemos uma situação diferente é muito mais fácil entrar em contato com esta realidade e por isso é mais fácil viver a atenção plena. Se estamos fazendo uma atividade pela primeira vez – como por exemplo viajando para um novo país – estamos cercados de dúvidas e incertezas, precisamos olhar para as coisas e pensar a respeito antes de agir.

Não estamos vivendo no automático e aproveitamos o máximo de cada momento. O segredo é tornar esta sensação nossa companheira também em momentos da rotina, que não sejam necessariamente novos – mas que sempre podem trazer um elemento de novidade, de incerteza. Quando estamos no estado de atenção plena, notamos novas coisas que se revelam para nós inclusive em situações antigas e familiares. São os nossos neurônios fazendo conexões e se sentindo vivos.

O mindfulness nos liberta do mindset do absoluto – o certo x o errado, de acordo com regras estipuladas sem questionamento – entramos em contato com oportunidades e podemos evoluir, criar coisas novas. Melhor ainda: quando aprendemos a diferença entre indeterminado e incontrolável, nossa visão de mundo se modifica e descobrimos que o impossível não existe. Quando a ciência ou outras pessoas dizem “isso é impossível”, na realidade estão apenas dizendo “ninguém ainda fez isso”.

MINDFULNESS E UM NOVO JEITO DE PENSAR A SAÚDE

Ellen apresentou uma nova visão sobre a saúde, que envolve a unidade de mente e corpo. Para ela, mente e corpo são apenas palavras. Se colocarmos os dois juntos, onde um estará o outro também estará. Se nossa mente estiver em um lugar de saúde, nosso corpo também estará lá. Isso vale, por exemplo, para a maneira como a mente se movimenta depois dos 70, 80 anos.

Pessoas que começam a ser tratadas como idosos incapazes acabam transformando seus corpos e envelhecem rápido, muito em breve chegando no mesmo lugar onde sua mente foi colocada. Idosos que são estimulados a fazer mais coisas são capazes de fazer mais. Parecem mais jovens, são mais dispostos, vivem mais.

Diversas pesquisas apresentadas por Ellen nos mostraram que não devemos nos definir por nossa idade ou a doença que temos. Isso porque a partir do momento em que assumimos um papel, nosso corpo também o assume. A verdade é que somos melhores do que acreditamos ser. No contexto certo, com o mindset certo nós podemos tirar o melhor de quem somos.

Temos poder sobre nós. E sobre nossas próprias doenças. Ter atenção plena é fácil: primeiro, basta perceber que não sabemos nada e assumirmos que ninguém mais sabe e por isso nada tem tanto poder sobre nós quanto nós mesmos e nossas crenças. Seremos do tamanho delas. Depois, é desligarmos nosso modo automático e vivermos por completo. Presentes, somos mais plenos. Somos mais nós mesmos. Nos vemos e somos vistos com mais carisma, mais saúde e mais alegria. Estamos vivos.
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O segredo para ser um bom pai

Pesquisas estão descobrindo que cuidadores paternos desempenham um papel crucial no comportamento das crianças

8 de Agosto de 2019


Hoje, muitos pais são celebrados por serem sensíveis, carinhosos e participativos. Um corpo crescente de pesquisas está transformando nossa compreensão de como eles podem moldar as vidas de seus filhos desde o início, desafiando as ideias convencionais de paternidade e gênero. Isso é surpreendente, uma vez que até a década de 1970 o papel mais importante dos pais era visto como apoio econômico à mãe, que por sua vez seria a âncora emocional da criança.

"Havia muito foco em como as relações com as mães eram muito importantes, e pouca reflexão sobre outras relações sociais", disse à BBC Michael Lamb, psicólogo da Universidade de Cambridge que estuda paternidade. “O mais óbvio deles foi o relacionamento pai-filho - um relacionamento que era visto como mais importante à medida que as crianças crescem, mas sempre foi visto como secundário para o relacionamento mãe-filho.”

Agora, novas pesquisas estão mostrando que o mundo social das crianças é muito mais rico e complexo do que se pensava anteriormente. Não são apenas os pais que se colocaram no centro das atenções. Avós, pais do mesmo sexo, pais adotivos e solteiros também ajudaram os pesquisadores a entender o que realmente faz uma criança prosperar - e que não se trata apenas de um cuidador.

Uma série de estudos recentes mostra como os papéis parentais flexíveis podem ser. A psicóloga Ruth Feldman, da Universidade Bar-Ilan, de Israel, descobriu que, assim como as mães, os pais experimentam um impulso hormonal quando cuidam de seus bebês, o que ajuda no processo de união. Quando eles são os principais cuidadores, seus cérebros se adaptam à tarefa. E o envolvimento emocional é importante.

Bebês com pais emocionalmente engajados mostram melhor desenvolvimento mental como bebês e são menos propensos a ter problemas comportamentais mais tarde, em comparação com bebês cujos pais se comportam de uma forma mais distanciada. As crianças mais velhas também se beneficiam.

Aquelas cujos pais, ou figuras paternas, são mais emocionalmente favoráveis, tendem a ficar mais satisfeitos com a vida e a ter um melhor relacionamento com professores e outras crianças. "Os fatores que levam à formação de relacionamentos são exatamente os mesmos para a mãe e o pai", diz Lamb. "Isso realmente se resume à disponibilidade emocional, reconhecendo as necessidades da criança, respondendo a elas, proporcionando o conforto e o apoio que a criança precisa".

Envolver os pais desde o início pode trazer muitos benefícios, mostrou a pesquisa. E brincar é particularmente benéfico. "Brincar é a linguagem da infância: é a maneira como as crianças exploram o mundo, é como elas constroem relacionamentos com outras crianças", diz Paul Ramchandani, que estuda em educação, desenvolvimento e aprendizado na Universidade de Cambridge.

Ele e sua equipe observaram os pais brincando com seus bebês nos primeiros meses de vida, depois acompanharam o desenvolvimento das crianças. Eles descobriram que as interações precoces pai-bebê são muito mais importantes do que se supunha anteriormente. Bebês cujos pais eram mais ativos e engajados durante a brincadeira tinham menos dificuldades comportamentais na idade de um em comparação com aqueles com pais mais distantes ou separados.

Eles também fizeram melhor em testes cognitivos em dois, por exemplo, em sua capacidade de reconhecer formas. Esses resultados foram independentes do relacionamento da mãe com a criança. Ramchandani adverte que os resultados não devem ser interpretados como um nexo causal claro.

Em vez de afetar diretamente o desenvolvimento de seus filhos, o comportamento dos pais distantes pode, por exemplo, ser um sinal de outros problemas na família. Ainda assim, ele vê o estudo como um incentivo para brincar com seu filho muito antes de poderem engatinhar e falar. Mas Ramchandani diz que pode ser tão simples quanto sentar o bebê no seu colo, fazer contato visual e observar o que eles gostam.

"O envolvimento é a coisa mais importante, porque você vai melhorar se praticar. Não é algo que vem naturalmente para todos”, diz ele. De muitas maneiras, os pais estão mais envolvidos do que nunca. Há grupos de estudo para pais, aulas de massagem para bebês somente para pais e vídeos on-line sobre paternidade.

"Um dos pontos que aprendemos é que não existe um modelo do pai ideal. Não há uma receita para o que o pai precisa fazer ou que tipo de comportamento ele precisa imitar ”, diz Lamb. Em última análise, diz ele, é sobre estar emocionalmente disponível e atender às necessidades da criança. “Pessoas diferentes fazem isso de maneiras diferentes.

Tem havido muita conversa sobre "os pais precisam fazer isso de maneira masculina?". E a resposta é não, eles não precisam. “Eles precisam fazer isso de uma maneira que faça sentido para eles, que seja autêntico, que lhes permita estar plena e coerentemente engajados no relacionamento com seus filhos.”

Fonte: Sophie Hardach, para BBC
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo completo aqui.
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