Para Inspirar

O que é ter autocuidado e qual a sua importância

O que é cuidar de si mesmo? Como essa prática se manifesta no nosso dia a dia? E quais são seus benefícios? Entenda um pouco mais sobre o assunto

21 de Maio de 2020


O que é autocuidado? Como posso cuidar de mim mesma na minha rotina? Para a psicologia e suas literaturas, autocuidado é um ato mais emocional do que físico, e envolve a prevenção mental e emocional, aquisição de modos saudáveis de pensar e agir ao longo dos seus dias. Muitos de nós associamos o termo à práticas estéticas, como cuidar da pele ou fazer massagens. Tudo isso também é importante, mas faz parte de um contexto macro, onde o indivíduo realiza essas tarefas porque acredita em um bem maior, que é se colocar em primeiro lugar, como prioridade de seus dias. “Quando estamos nos cuidando, marcas positivas ficam no nosso cérebro e na nossa psique. Isso libera hormônios que geram prazer e outras emoções positivas, capazes de serem vistas até mesmo em exames cerebrais” explica Vanessa de Mello Torres, psicóloga especialista em neuropsicologia. E é verdade. Diferentes estudos revelam que algumas áreas cerebrais se modificam quando o autocuidado é realizado. “As marcas positivas dos cuidados físicos como sono, alimentação, exercícios físicos, entre outros, na mente são várias, pois a nossa mente e nosso corpo estão interligados” explica Vanessa. “Essas marcas são o bem-estar, liberação de hormônios do prazer, a prevenção de doenças, entre outras.” Estudos revelam que ter cuidados com seu sono, com a sua alimentação, com seu corpo e até com a sua rotina, aprendendo a dizer “não”, por exemplo, podem ser benéficos para a sua capacidade de cognição, o que influencia positivamente nos seus estudos. Até mesmo ler um bom livro , e mais, encarar a leitura como lazer, é uma forma de autocuidado que pode modificar suas sinapses e outros circuitos cerebrais. Até mesmo sua produtividade pode ser otimizada se você estiver preocupado em se cuidar. “Quanto mais saudável estivermos, melhor são as chances de conseguirmos regular nossas emoções. Comer em excesso, por exemplo, ou jejuar, podem aumentar nossa vulnerabilidade, pois certos alimentos impactam em nossa mente” continua a psicóloga. É a velha história de encarar a alimentação como uma válvula de escape, para onde o indivíduo desloca suas angústias e frustrações. Portanto, comer com sabedoria e parcimônia é também cuidar de si mesmo. “Fazer exercícios físicos é um poderoso antidepressivo. O sono de qualidade é de extrema importante, pois é no sono que recuperamos nossa energia. Essas atividade todas são marcas de bem-estar, liberação de hormônios do prazer, a prevenção de doenças, entre outras” diz. O simples fato de estar cuidando de si mesmo já aumenta sua autoconfiança, autoestima e até seu poder de empatia e zelo consigo mesma. Além de atividades cotidianas, como cuidar de sua pele, seu corpo e seus hábitos, dar uma atenção extra aos seus sentimentos é talvez o autocuidado mais poderoso de todos. “Fazer psicoterapia é muito importante pois, através dela, aprendemos a lidar com os nossos sentimentos, dos mais simples e aceitáveis, aos mais complexos e não aceitáveis” explica a terapeuta. “É um ambiente acolhedor onde podemos ser quem somos, colocar o que sentimos e pensamos sem julgamento. O que nos leva a querer nos cuidar e amar cada vez mais” conclui. Termos cada vez mais seres humanos que sabem lidar com suas emoções, pensamentos e sentimentos é termos cada vez mais seres humanos empáticos. Quem se preocupa consigo mesmo é capaz de se preocupar ainda mais com as dores e limitações do outro. Sabemos que nosso cérebro muda de acordo como ele é usado. Conseguimos moldá-lo e treiná-lo para diferentes finalidades. Tornar-se sua prioridade número um é também acreditar que você irá mais além quando está bem cuidado. E isso não deve ser tarefa difícil, uma vez que você reprogramar seu cérebro para enxergar pequenos gestos como cuidar de si mesmo. “Pense em como essa atividade agradável pode se encaixar em sua vida: talvez você possa andar de bicicleta para o trabalho, levar seus filhos a uma caminhada fácil ou fazer com que toda a família arrume o jardim juntos Vamos falar sobre as atividades que se encaixam na sua vida: que tal fazer da sua próxima reunião uma caminhada ou fazer uma caminhada rápida na hora do almoço?” diz Monique Tello, médica do Hospital Geral de Massachusetts, em seu texto para o blog de saúde de Harvard. E quando sei que estou exagerando no autocuidado? “O exagero só acontece quando há uma enorme pressão de perfeição, quando a culpa aparece por conta de não ter feito como os outros dizem que tem que ser feito ou como eu me cobro em relação a esse cuidado, quando eu não escuto meus sentimentos e meus pensamentos” conclui a psicóloga Vanessa. Nota mental: cuide de si mesmo dentro de seus parâmetros e possibilidades, sem cobranças extras e se colocado sempre como sua principal tarefa diária.

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Evento Plenae: A Revolução da Longevidade

Alexandre Kalache, de 72 anos, um dos maiores especialistas em longevidade no Brasil, alertou para a velocidade com que a população de idosos está aumentando

12 de Junho de 2018


Os jovens precisam pensar desde cedo na velhice – ainda mais hoje do que no passado. O carioca Alexandre Kalache, de 72 anos, conhecido como um dos maiores especialistas em longevidade no Brasil, na palestra realizada no lançamento da plataforma Plenae, em maio de 2018, alertou para a velocidade com que a população de idosos está aumentando. Segundo ele, pensar na velhice virou uma obrigação para todos, inclusive para os jovens. Planejar uma vida longa e saudável é a única forma de evitar o que Kalache chama de “limiar da dependência”. Não importa a idade, 85 ou 25 anos, os indivíduos precisam ser sempre independentes em todos os sentidos. Precisam contribuir com a sociedade em que vivem. Envelhecimento acelerado. O número de pessoas acima dos 80 anos cresceu 27 vezes em menos de um século. Hoje, são 14 milhões. Até o fim do século, estima-se que cheguem a 400 milhões. Isso é revolucionário. Até 2015, o Japão era o único país com 30% de sexagenários. A vida está mais para uma maratona do que para uma corrida de 100 metros. “E ninguém vence uma maratona sem estratégia, treino, preparo e propósito”, diz Kalache. Na França, foram necessários 135 anos para dobrar a população de idosos. Em países emergentes, caso do Brasil, esse processo demorou apenas 20 anos. A velocidade com que a expectativa de vida aumenta – e com ela a proporção de idosos – não é a mesma do avanço das políticas públicas, sociais e econômicas para se adequar aos novos tempos. Os mercados terão de se adequar. Por exemplo, os negócios imobiliários, que acenam com novos empreendimentos com playground, terão que pensar em novos atrativos. O envelhecimento não afeta apenas as famílias. A longevidade tem impacto em todos os setores da sociedade. Nos Estados Unidos, a geração dita baby boomers (pessoas nascidas entre as décadas de 1940 e 1960) concentram 70% das riquezas do país. No Brasil, não é muito diferente. “Quem tem dinheiro para comprar um carro de luxo?”, pergunta para a plateia. “Só quem tem mais de 50 anos.” Nem todos chegam com a mesma capacidade à terceira idade. “Ao longo da vida você perde ativos, capital e sofre com uma série de obstáculos, que poderiam ter sido contornados se houvesse melhor planejamento”, diz Kalache. Hipertensão, obesidade e falta de exercícios podem levar a um derrame, por exemplo. O tempo e a qualidade de vida não são iguais para doentes crônicos e indivíduos saudáveis
Estratégia individual. “O problema não é a idade, mas tudo que veio antes de ela chegar. Ter uma perspectiva de vida torna-se indispensável”, afirma. São quatro os fatores mais importantes no planejamento da velhice que mantêm os indivíduos acima do “limiar de dependência”:
  1. cuidar da saúde;
  2. adquirir conhecimento, cada vez mais;
  3. cultivar vínculos sociais de amizade;
  4. ter situação financeira pelo menos razoável.
Essas são as reservas, segundo o especialista, para ter resiliência e lidar com os impactos da vida. “A economia está difícil, mas quanto antes conseguir juntar esses capitais melhor”, diz Kalache. Não fez até os 60 anos? Sem problemas. Nunca é tarde demais para começar. Veja a palestra na íntegra aqui .

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