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Pessoas religiosas vivem mais

Mais do que ajuda espiritual, a religião pode ser, segundo a ciência, um grande protetor da saúde.

31 de Janeiro de 2019


Mais do que ajuda espiritual, a religião pode ser, segundo a ciência, um grande protetor da saúde. Marino Bruce, da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos,  liderou uma equipe de 11 pesquisadores com o objetivo de analisar a relação entre religiosidade, estresse e morte na meia-idade. Os resultados apontam que a religião não apenas diminuiu o estresse como pode ser um fator isolado de proteção ao envelhecimento. Método da pesquisa. Os cientistas utilizaram uma amostra de 5.449 americanos de 40 e 65 anos da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (National Health and Nutrition Examination Survey/ NHANES). Esse estudo incluiu perguntas sobre a frequência de visitas à igreja e 10 fatores de estresse que podem ser medidos em um ambiente clínico, como pressão arterial e níveis de hormônios relacionados. Juntos, esses fatores são conhecidos como carga alostática (AL). Estudos anteriores descobriram uma maior AL está associada a níveis elevados de doença e morte precoce. Tempo de pesquisa. Durante 14 anos, os autores controlaram fatores socioeconômicos, status do seguro saúde e comportamentos relacionados à saúde, como consumo de álcool e preferências alimentares – todos os dados coletados pelo NHANES. Sete conclusões do estudo. Os frequentadores de igrejas tiveram um risco significativamente menor de morrer no período de acompanhamento.
  1. Após o ajuste para idade, sexo, raça e condições médicas crônicas, frequentadores da igreja de 40 a 65 anos de idade apresentaram 46% menos probabilidade de morrer no período de acompanhamento em comparação com os não praticantes da fé.
  2. Os autores não encontraram diferença significativa na mortalidade ao medir assiduidade de frequência às igrejas.
  3. Os não frequentadores tiveram taxas significativamente mais altas de três fatores de AL: pressão arterial, colesterol HDL (o colesterol “bom”) e a relação entre colesterol total e colesterol HDL.
  4. A religiosidade pode ser um fator isolado de impacto na longevidade. As pessoas que não frequentam igreja tiveram uma taxa de mortalidade mais alta mesmo após o controle da AL. “A relação positiva entre a frequência à igreja e o aumento da longevidade sugere que a religiosidade pode afetar dois parâmetros objetivos de saúde bem descritos.”
  5. 64% dos entrevistados frequentam a igreja pelo menos uma vez por ano e 36% disseram que nunca vão.
  6. Os fiéis são mais saudáveis, educados e economicamente bem-sucedidos do que a população americana em geral. “Especificamente, eles eram mais propensos a ter níveis mais elevados de realização educacional, níveis mais baixos de pobreza, aumento da atividade física, taxas reduzidas de fumar e beber e um índice alimentar mais saudável.”
Leia o artigo original aqui .

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Anedonia: o sintoma pouco conhecido da depressão

O sintoma pouco conhecido da depressão apresenta uma incidência alta - mais de 70% -, sobretudo em jovens e adultos.

6 de Setembro de 2023


Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 350 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem de depressão no mundo. Se o assunto são transtornos psicológicos, o Brasil assume o número um no ranking da ansiedade, com 18,6 milhões de pessoas sofrendo desse mal. 

Mesmo com os altos números, a saúde mental ainda é um tabu. É fato que hoje o assunto já está sobre a mesa, sobretudo após a pandemia - onde novos termos e sentimentos vieram à tona, como o “languishing, que te explicamos nesse artigo. Esse termo se refere a uma sensação de “definhamento”, uma sensação de vazio e estagnação, como se estivesse vendo sua vida “através de uma janela embaçada”. 

É fato que os sentimentos são tema complexo e não agem da mesma forma em cada ser humano. Mas, há alguns sintomas que merecem mais atenção para um problema maior. E a anedonia é um deles. 


Anedonia e a depressão: o desânimo perante ao conhecido 



Eu costumava amar ir à praia, andar de bicicleta, ler um bom livro, mergulhar em uma série. Agora, já não gosto mais de nada disso ou sequer de qualquer coisa. Você já se sentiu assim em algum momento da sua vida? Esse desânimo generalizado, um desinteresse diante de tudo aquilo que se costumava gostar, é uma bandeira vermelha na jornada da saúde mental.

Quando o indivíduo experimenta essa sensação de perder o interesse por coisas que antes eram muito prazerosas, ele pode estar experimentando a anedonia, um sintoma importante da depressão, mas frequentemente negligenciado, sobretudo na etapa do tratamento. 

Segundo estudos, esse sintoma está presente em mais de 75% dos jovens e adultos com depressão. E se ele perdurar por mais de duas semanas, já se configura como um sinal da depressão, ainda que essa pessoa não se sinta triste, por exemplo. 

Isso porque mesmo a pessoa que experimenta a tristeza, pode sentir momentos de alegria em alguns intervalos. Já a anedonia é um desânimo constante e que pode ainda indicar outros tipos de problemas, como a esquizofrenia, a ansiedade, mal de Parkinson, hipotireoidismo, dependência química, estresse pós-traumático, distúrbios alimentares, demência, entre outros. 

Esse desânimo, como explica Ciara McCabe, professora de neurociências, psicofarmacologia e saúde mental da Universidade de Reading, para a BBC, não se trata somente de perda de alegria, mas também perda de motivação. E esse sintoma pode ser até um sinal de reincidência crônica da depressão, como explica esse estudo. 

“Para alguns, esta falta de motivação foi relacionada apenas a ações específicas, como ir para a escola ou encontrar os amigos. Mas, para outros, era algo mais grave. Eles sentiam que não queriam fazer absolutamente nada – nem mesmo viver”, explica ela ao veículo.


Injeção de ânimo


O que fazer diante desse quadro então? O primeiro passo é consultar um bom especialista que não irá negligenciar esse sintoma. Isso porque muitas vezes o primeiro caminho utilizado é o uso de antidepressivos que podem piorar ainda mais essa sensação de desânimo e apatia, porque atuam em outro mecanismo.

Uma possibilidade é que os atuais tratamentos padrão se concentrem principalmente em tratar o humor depressivo e os processos cerebrais subjacentes ao desânimo, mas não a anedonia”, pontua McCabe. 

A psicoterapia, por exemplo, muitas vezes foca em uma positividade que pode ser tóxica, já que seu foco é reduzir os pensamentos negativos dos pacientes. Mas, como a anedonia é a perda da alegria de viver, tratamentos como a ativação comportamental poderiam funcionar melhor nesse caso, já que o seu foco é ajudar os pacientes a tomar medidas simples e práticas para voltar a apreciar sua rotina.

Mesmo esse caminho não é uma unanimidade, já que a pessoa que sofre com a anedonia pode ter dificuldade com a adesão ao tratamento, visto que ela não sente motivação em fazer nada - e isso inclui as medidas psicoterapêuticas. Um outro caminho seria focar em trabalhar os mecanismos de recompensa, já que estudos relacionam esse sintoma à essa dinâmica cerebral.

“Mas os mecanismos de recompensa do cérebro não são nada simples. Na verdade, eles envolvem diversos subprocessos, que incluem a antecipação, motivação, prazer e aprendizado sobre a recompensa. E a existência de dificuldades em qualquer um desses subprocessos pode colaborar com o desenvolvimento de anedonia”, explica. 


Por fim, vale uma atenção especial a escolha da medicação, que também pode ser errada. Os antidepressivos comuns costumam possuir um foco na serotonina, neurotransmissor que te explicamos melhor por aqui. Mas, nesse quadro, há uma diminuição também dos níveis de dopamina, acetilcolina, colecistoquinina e o glutamato, como explica esse artigo. 

Portanto, os antidepressivos dirigidos aos neurotransmissores envolvidos nos mecanismos de recompensa (que incluem a própria dopamina) ou até com drogas que utilizam a cetamina, que demonstram interação com a dopamina, podem ser mais adequados, segundo Ciara.

Tudo isso só será possível a partir de um diagnóstico correto, o que nos leva de volta à primeira dica dada: a busca por um especialista. Se você sentir essa perda de interesse por coisas que antes lhe pareciam interessantes, sobretudo por um tempo longo (acima de duas semanas) e generalizado, busque ajuda - nem que seja relatando para uma pessoa de confiança que irá te ajudar a dar o primeiro passo. 

Para diagnosticá-la, critérios internacionais são adotados por especialistas, mas o relato do paciente e uma longa conversa clínica - a chamada anamnese - será determinante para cravar. A pessoa pode ou não sentir uma tristeza profunda durante esse quadro, mas de qualquer forma, é um sintoma que afeta profundamente a qualidade de vida do paciente e ninguém precisa sofrer dessa maneira, sobretudo sozinho. Busque ajuda!

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