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Vida em família traz felicidade

Pastora americana revela que idosos associam os dias de maior felicidade à época de intensa convivência com a família

30 de Abril de 2019


Uma das características mais estranhas e maravilhosas do meu trabalho como pastora é que posso ser confidente e conselheira de pessoas em todas as fases da vida. Eu trabalhei com pessoas que têm o dobro e até mesmo o triplo da minha idade. Experiência como essa é rara.

As estruturas econômicas e força de trabalho são estratificadas. Como sou pastora, em uma comunidade com um grande grupo de idosos, interajo em geral com sexagenários, ou pessoas ainda mais velhas. Com elas, descobri a importância das famílias para a felicidade.

Entrei no meu trabalho supondo que eu, uma mulher coreana-americana, com pouco mais de 30 anos, não seria capaz de se conectar tão bem. Trata-se de um público de um contexto racial e cultural completamente diferente do meu. Não demorou muito para eu descobrir como estava errada. Todos nós temos alegrias, esperanças, medos e desejos que nunca vão embora, não importa quantos anos tenhamos.

Até recentemente, associei por engano profundos anseios e ambições à energia e ao idealismo da juventude. Minha suposição subconsciente e não examinada foi que os idosos transcendem esses desejos porque se tornam mais estoicos e sábios com o tempo. Ou o oposto: eles se desiludem com a vida e gradualmente perdem vitalidade.
Quando percebi inicialmente que minhas suposições poderiam estar erradas, comecei a pesquisar as vidas dos idosos.

Quem realmente eram e o que aprenderam na vida? Usando a minha congregação como recurso, entrevistei vários membros de 90 anos, com uma caneta, caderno, ouvidos atentos e uma promessa de manter todos anônimos. Eu não recuei, fazendo-lhes perguntas sobre medos, esperança, vida sexual ou falta dela. Felizmente, eu tive participantes dispostos. Muitos ficaram lisonjeados com meu interesse, uma vez que os Estados Unidos tendem a esquecer as pessoas à medida que envelhecem.

Comecei cada conversa perguntando se eles tinham algum arrependimento. A essa altura, eles viveram o suficiente para olhar a vida sob vários ângulos. Sabia que as respostas seriam significativas. A maioria de seus arrependimentos girava em torno da família. Eles desejavam relacionamentos – seja com os filhos ou entre os filhos – de forma diferente.

Essas fraturas emocionais, eu podia ver no rosto deles, ainda lhes causavam muita dor e tristeza. Uma das minhas entrevistadas tem dois filhos que não se viram ou se falaram por mais de duas décadas. Ela lamentou que isso, entre todos os erros e arrependimentos, fosse a única coisa que a mantinha acordada durante a noite.
Então mudei para os momentos mais felizes da vida.

Todas as viúvas relembraram uma época em que os cônjuges ainda estavam vivos e os filhos eram mais jovens e moravam em casa. Como uma jovem mãe ocupada e trabalhadora que frequentemente fantasia sobre os prazeres distantes e imaginários da aposentadoria, eu rapidamente respondi: “Mas aqueles não foram os momentos mais estressantes da vida de vocês?” Todos concordaram que sim, mas apesar disso, não tinham dúvida de que foram também os mais felizes.

Fonte: Lydia Sohn / Medium
Síntese: Equipe Plenӕ
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Angélica em “A simplicidade do propósito”

Na terceira temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conheça a jornada de força, superação e busca pelo propósito de Angélica

6 de Dezembro de 2020


Leia a transcrição completa do episódio abaixo:

[trilha sonora] Angélica: O acidente de avião que sofri com a minha família em 2015 não foi único trauma da minha vida. Na verdade, a minha carreira artística começou por causa de uma experiência emocional que me abalou profundamente. Quando eu tinha 4 anos de idade, a minha casa, em Santo André, no ABC paulista, foi assaltada. Eu vi meu pai levar três tiros e me fechei. Não conseguia mais ver gente, nem sair de casa. Aí, minha mãe me levou no Programa do Chacrinha pra ver se eu perdia aquele medo. O resto vocês já sabem. Tudo na vida tem um motivo. Se por causa daquele primeiro trauma eu me descobri artista, por causa do segundo, eu descobri o meu propósito de vida.  [trilha sonora] Geyze Diniz: O Brasil viu ela crescer, amadurecer, casar e ter filhos diante das câmeras. Em 2015, depois de sofrer um acidente de avião com toda sua família, ela iniciou uma viagem pra dentro de si mesma e longe dos holofotes. E nessa jornada interna, a apresentadora Angélica descobriu um motivo mais forte para sua existência, um propósito de vida onde a simplicidade e o amor é o que importa. Ouça no final do episódio as reflexões da professora Lúcia Helena Galvão para ajudar você a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se. [trilha sonora] Angélica: Eu, meu marido, nossos três filhos e duas babás estávamos voando de uma fazenda no Pantanal pro aeroporto de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Era dia 24 de maio de 2015. Quando eu percebi que tinha algo errado no motor, eu me desesperei. O Luciano, meu marido, conversava com o piloto, tentando entender o que estava acontecendo e eu gritei: "Pousa esse avião!". O Luciano virou para mim e disse: "A gente não vai pousar, a gente vai cair". Até o avião bater no chão, passaram-se uns 4 minutos com a certeza que todo mundo ia morrer. Eu chorava, as babás rezavam, as crianças gritavam. Só que enquanto a gente caía, no meio daquela barulheira, teve uns 3, 4 segundos, ou mais, eu não sei mensurar, de um silêncio coletivo, simultâneo e muito, muito confortante. Todo mundo entrou numa mesma frequência de paz coletiva. Foi uma experiência espiritual, energética. Eu acredito que, naquele momento, cada um se conectou com o seu interior e perdeu o medo, como se algo nos dissesse: “Olha, tá tudo bem”. A sensação que eu tenho é que antes da morte vem esse silêncio, essa paz, essa entrega. [trilha sonora] A gente se entregou. O avião quicou duas vezes no chão e ninguém se machucou seriamente. O dia 24 de maio ficou marcado na minha casa como uma data de renascimento coletivo. Meus filhos foram ao psicólogo pra superar o trauma e o Luciano fez três meses de fisioterapia pra tratar uma lesão na coluna. Mas a minha ferida foi na alma e ficou latente por meses, até se manifestar no ano seguinte. [trilha sonora] Em uma viagem com a família pra Nova York, eu estava andando na rua sozinha quando cheguei perto do Central Park e simplesmente travei. Não sabia se eu ia pra frente, nem pra trás. Comecei a sentir falta de ar, achei que ia morrer e comecei a entrar numa paranoia de que ninguém ia me achar. Liguei pro Luciano e ele foi me buscar. Eu conhecia aqueles sintomas. Aos 20 e poucos anos, fui diagnosticada com Síndrome do Pânico. Na época, o médico disse que eu precisava de remédio pra dormir, porque eu estava muito agitada e tinha que descansar. Eu trabalhava demais, não tinha tempo pra descansar, aceitei o remédio. Naquele dia em Nova York, eu pensei comigo mesma: “Opa, tá voltando aí uma história que eu conheço. Só que dessa vez eu não vou tomar nada”.


Comecei a buscar uma terapia que não fosse alopática e caiu no meu colo um documentário chamado The Connexion. O filme falava sobre a conexão do corpo e da mente. Tinha depoimento de pessoas que se curaram de doenças e entrevistas com pesquisadores e professores de Harvard e Stanford que tiravam o chapéu pra meditação. Pesquisei mais o assunto e descobri que realmente a cabeça da gente pode controlar muita coisa. Conheci a meditação transcendental e comecei a praticar todos os dias. Eu me dediquei muito à meditação e a exercícios de respiração, que na ioga se chamam pranayamas. Pra mim funcionou super. Por causa do pânico, eu tinha medo de sair sozinha, medo de ter medo. Mas, logo que eu identificava qualquer sintoma, como taquicardia ou suor na mão, eu começava a prestar atenção na minha respiração. Conforme eu fui me fortalecendo, eu fui ganhando força pra lidar com o meu medo. Até que eu consegui me curar da Síndrome do Pânico sem remédio. [trilha sonora] Durante essa jornada de autoconhecimento, eu tive mais uma surpresa. Ou melhor, um susto.  [trilha sonora]


Aos 43 anos, iniciou o meu processo de menopausa. Eu costumo dizer que eu queimei a largada na vida. Sabe quando você acelera antes da bandeirada? Tudo pra mim foi antecipado, até os hormônios. Eu acredito que a menopausa precoce é resultado da carga de estresse que eu aguentei desde muito cedo.  O tal machismo estrutural também passa por esse discurso de que a mulher não presta mais quando para de menstruar. Até alguns médicos agem como se você tivesse chegado no fim da linha e não houvesse mais nada pra ser feito. Não é verdade, existem tratamentos pra combater os sintomas.  Foi gostoso no começo? Claro que não! A menopausa tira o corpo um pouco do eixo, porque causa de uma mudança química. Mas como a meditação faz o contrário ou seja, coloca a mente no eixo , ela me ajudou a atravessar esse período de uma forma mais tranquila. Melhorou a insônia e me deixou mais equilibrada emocionalmente, pra não ficar tão nervosa ou triste, por causa da oscilação de humor. Algumas vezes, quando eu começava a sentir os tais calores, eu fechava o olho e começava a respirar. Pronto, aquele calor ia embora. Eu fui entendendo que a menopausa é um processo natural. E que o fim de um ciclo representa o início de outro. No meu caso, foi o início de uma fase melhor. Hoje, eu tenho experiência, maturidade, segurança com o meu corpo e um controle mental que eu não tinha antes da meditação. Eu posso não ter os hormônios bombando, mas com bons pensamentos eu sou capaz de influenciar muita coisa do meu corpo. [trilha sonora] Nesse processo de amadurecimento e reflexões, entre acidente, Síndrome do Pânico, meditação e menopausa, teve mais um elemento que contribuiu pra minha viagem interna. Entre 2018 e 2020, eu ganhei um presente inédito: um sabático de um ano e meio. Como eu trabalhava desde os 4 anos, o meu corpo físico e mental estava cansado. Ele precisava de ferramentas pra se restabelecer. Com a pausa, eu pude me conectar com coisas que eu nunca tinha reparado antes, como no meu silêncio. Foi nele que eu aprendi a me sentir confortável na minha pele, a ficar bem sozinha, a me conectar com a natureza. E apesar de ter sido uma loucura de bom, parar de trabalhar me deixou mais vulnerável, mais insegura, porque eu sou uma pessoa que sempre funcionou trabalhando. Essa vulnerabilidade de não saber muito bem onde me agarrar foi boa, porque eu descobri uma força em mim que nem eu conhecia. Descobri que a minha força está no sutil, no suave. Não tá na agitação, na loucura, no trabalhar, trabalhar. Essa serenidade que eu descobri dentro de mim me lembra aqueles segundos de paz na queda do avião. Na meditação, é exatamente aquela transcendência que a gente busca, com entrega total e ausência de medo. É o tal do Nirvana, uma sensação gostosa entre vigília e sono, como se você tivesse voltando de uma anestesia. Com o conhecimento que eu tenho hoje, eu arrisco a dizer que dentro do avião nós alcançamos essa sensação de transcendência coletivamente. [trilha sonora] Quando eu me sinto inteira, eu acabo refletindo isso pra minha família também. A gente vira um pontinho de luz quando tá pleno. E todo mundo ao redor fica melhor, mais tranquilo, equilibrado. Quanto mais eu me conheço, mais eu fico forte pra enfrentar o que vier. A graça da vida é essa também, né? Acontece alguma coisa fora do planejado e a gente tem que tá atento pra dar a volta por cima. Eu nunca gostei do papel de coitada. Meu lema é: “Vambora. Não deu certo? Levanta e vai”. [trilha sonora] O silêncio, a introspecção e a vulnerabilidade me fizeram refletir sobre algo que eu nunca tinha parado pra pensar: o que que eu quero a partir de agora? Eu sei que o meu trabalho foi importante pra divertir muita gente e que eu fiz parte da infância de um monte de pessoas. Isso é realmente bonito e eu sou grata pela minha história. Mas, além disso, no que mais eu posso contribuir? Qual é o meu papel aqui? Que legado eu vou deixar no mundo? Esses questionamentos resultaram no programa que eu faço hoje. O Simples Assim é a forma que eu encontrei de mexer com a vida alheia e provocar reflexões. Nesses anos de autoconhecimento, eu percebi que a necessidade que eu tinha de ouvir pessoas, debater determinados assuntos e me aprofundar em temas existenciais não era uma busca só minha. Eu pensei: “Com o programa, eu posso ajudar o outro a encontrar ferramentas pra ser mais feliz”. A gente tá vivendo um momento de tomada de consciência, uma nova era. As pessoas estão vendo que a felicidade está nas pequenas coisas e que a humanidade é o que une a gente. A proposta do programa é ter empatia, enxergar o outro, não julgar, se conectar com o próximo e ter uma sensação de pertencimento. Porque, embora cada um tenha o seu problema, no fundo todos temos questionamentos semelhantes. Eu sei que quando eu proponho reflexões sobre a vida vem um julgamento: “Ah, é muito fácil ela falar, porque ela tá no lugar do privilégio”. Sim, eu tô, mas esse privilégio não pode me cegar a ponto de eu não enxergar o outro e o meu entorno. Então, porque eu tô nesse lugar eu não vou fazer nada? Vou ficar presa sem poder dar a minha voz e a minha contribuição pra sociedade? Se a gente não olhar pro outro e não se identificar com ele, fica muito difícil viver.  Por isso, o programa não é sobre mim. Eu entro como ouvinte, aprendendo e dividindo com o público os meus anseios e as minhas curiosidades. Eu quero deixar algo que eu considero positivo pra uma, duas, três, vinte, mil, milhões de pessoas. Esse é o meu propósito. E se eu descobri qual é a missão, foi por causa dos percalços que eu tive até aqui. Por isso, para aquela Angélica amedrontada do dia 24 de maio de 2015, eu diria assim: “Você não sabe o quanto tudo isso que você tá vivendo agora e esse sofrimento que você tá sentindo vão te trazer coisas boas e alegrias na vida. Acredite: essa dor vai te conectar com o que realmente importa na sua vida. Chore menos, sofra menos e aproveite as experiências que vêm daqui pra frente, porque elas vão te levar pra um lugar lindo. A-pro-vei-ta e não deixa passar na-da!” [trilha sonora] Lúcia Helena Galvão: Ninguém discute que a Angélica ganhou do berço a beleza física, mas tudo mais ela teve que lutar para conquistar e construir por si mesma o mérito. O assalto presenciado na infância a levou para fora de casa, para encontrar a carreira de sucesso, a fama. Mas ainda havia outras coisas pelo caminho que tinham que levá-la para dentro de si mesma. A Síndrome do Pânico aos 20 e poucos anos de idade deu este recado pela primeira vez, mas ainda havia caminho pela frente antes de chegar a hora de acertar definitivamente o rumo. E esse segundo recado foi um professor bem violento, gritando a lição em seus ouvidos: a iminência da morte dela e de toda sua família no acidente de avião. E a resposta dada por ela foi de alto nível e digna de ser anotada, como uma receita, um modus operandi, com tudo para dar certo. Parar, encarar as angústias, confrontá-las e dizer: "até diante da morte dá para encontrar a paz, porque não agora?". Fazer as angústias se calarem, o medo se calar, criar silêncio e se encher de silêncio, saboreá-lo, depois dar a pausa necessária e reconstruir a vida por definição usando só os materiais consistentes testados pela maturidade conquistada. E aí, chega o ponto bom, onde tudo se compensa. Sou o que sou graças a todos os fatos da vida. Então ele não foram só negativos, não só levaram coisas, mas me deram muito. Grata e em paz com a sua história, ela está apta a começar a distribuir, a compartilhar. Hoje, Angélica é uma mulher madura. Agora, a beleza do corpo contagiou a alma e transborda pelos olhos doando-se generosamente. Agora, ela conquistou o carinho daquela criança que faltava cativar, dentro de si mesma.  [trilha sonora]

Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.

[trilha sonora]

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