Entrevista com

Nathalie Trutmann

Escritora, palestrante e líder de opinião

Como se reinventar e levantar voo depois de grandes fracassos

Entrevistamos a escritora, palestrante e líder de opinião, Nathalie Trutmann, cujo currículo extenso faz com que suas dicas sejam ainda mais valiosas

24 de Julho de 2023



Resiliência é a palavra da moda - e já falamos dela por aqui também, tanto a nível de conceito, quanto também dicas para conquistá-la. Mas, para Nathalie Trutmann, a palavra da moda deveria ser autocompaixão. É difícil cravar uma só função dessa profissional tão multifacetada: Ela se define como: exploradora, sonhadora, escritora, palestrante, pintora, administradora, facilitadora de jornadas de aprendizagem para executivos e ainda é líder de opinião no Linkedin.

E é justamente pelo seu extenso currículo que podemos concluir duas coisas diferentes: a primeira delas é que, para chegar onde chegou, os percalços foram inevitáveis, assim como as alterações na sua rota. A segunda delas é que uma profissional que já visitou tantos ambientes diferentes só pode ter dicas valiosas para falar sobre o assunto. 

Pensando nisso, conversamos com ela para saber um pouco mais sobre seus caminhos, quais dicas de ouro ela dá para os profissionais e, porque não, como se reinventar e levantar voo depois de grandes fracassos. Confira a conversa a seguir!


Conte um pouco da sua trajetória e de que forma ela te trouxe até onde você está hoje

A minha trajetória pode ser dividida em 3 grandes blocos. O primeiro é dos 20 aos 30, quando segui o caminho tradicional de trabalhar para multinacionais internacionais. Como uma coisa liga à outra, foi graças a esse emprego que surgiu a oportunidade de integrar o time global da empresa para qual eu trabalhava. Também foi nessa época, na Nova Zelândia, que eu conheci meu ex-marido brasileiro e essa é a razão pela qual eu vim para o Brasil.

A partir daí, começaria o segundo bloco, que é dos 30 aos 45-48. Esse foi o momento onde entendi que minha jornada tinha sido completada e que eu não queria mais uma posição em marketing numa empresa multinacional. Já tinha trabalhado em várias e sabia que não era pra mim. Então eu vim para o Brasil com essa mente aberta e com essa vontade de começar do zero. Isso envolveu um sacrifício, mas me colocou num caminho que depois foi muito bem-sucedido.

Foi quando eu entrei na área de educação e tecnologia, quando começaram os cargos de diretores de inovação e quando minha responsabilidade era transformar a experiência educacional dos alunos. Esse estágio da vida foi muito especial, porque eu entrei de vez na área de educação e me encontrei, mesmo estando longe do meu país. Alcei voos altos nessa área e, nesse meio tempo, eu também alcancei uma grande conquista pessoal: publicar o meu primeiro livro, o Manual para Sonhadores. 


E qual foi a terceira fase?

Essa terceira fase é a que eu estou agora. Lancei mais dois livros e descobri a pintura como ferramenta de evolução e desaceleração nesse contexto tão acelerado e complexo que estamos vivendo. Ainda há uma terceira conquista, que está sendo lançar minha própria empresa, a OMTARE, junto com duas grandes profissionais, uma que está em Nova York e outra que está em Paris. Nós temos sede em São Paulo, Nova York e também teremos em Paris.

Queremos nos posicionar como a primeira grande consultoria liderada por mulheres, porque todas as consultorias ainda continuam sendo lideradas por homens. Queremos oferecer produtos e serviços para a criação de um mundo melhor, focada em melhorar os ambientes laborais e melhorar o impacto das empresas sem negligenciar os resultados financeiros. A tal da “inovação positiva”, que está começando a surgir agora, e da liderança regenerativa também. 


E falando em mulheres, quais são os três conselhos de ouro que você destinaria somente a elas no mercado de trabalho?

Confie e desenvolva a sua intuição, mesmo que você não receba reconhecimento imediato e mesmo que às vezes você não saiba qual é o próximo passo. Mas, se você já sabe o passo que não dá mais, já sente que um ciclo fechou, isso já é uma pista. Siga sua intuição, não tenha medo.

O segundo conselho é: cultive relações de longo prazo. Relações são tudo, não as descarte porque a pessoa foi mandada embora de uma empresa ou porque a pessoa mudou de cargo. Ou seja, se conecte com pessoas que têm os mesmos valores, que te fazem vibrar, sorrir, mas que também demonstram apoio mesmo quando você não está na sua melhor fase.

A terceira dica, que eu tenho vivenciado mais recentemente e talvez tenha aprendido tarde na minha jornada é: não tenha medo de aparecer. Apareça, ocupe espaço, levante sua voz e mostre sua grandiosidade. 

E os conselhos que se aplicam a todos, agora incluindo homens? 

Acho que a terceira dica que dei anteriormente é menos necessária para os homens, porque eles são mais acostumados a ocupar espaços. Na minha geração, independente de que país você venha, as mulheres não estão acostumadas ou confortáveis em aparecer.

Mas, um conselho para todos e que é algo que tem ajudado muito na minha jornada é que nem tudo que importa pode ser mensurado. Nós estamos cada vez mais obcecados por métricas de impacto, mas tem coisas que são muito importantes e que não podem ser mensuradas. Elas merecem nossa atenção. 


Sabemos que a palavra resiliência está na moda, mas é difícil praticá-la e ela não se aplica a todos os problemas. Para você, o que é imprescindível ter para reinventar e levantar voo depois de grandes fracassos?

A gente vem de uma geração onde se usa muito a palavra resiliência e se vende que, com a força da mente ou com a força do corpo, você pode vencer qualquer obstáculo. Mas, nessas dicas falta a palavra autocuidado e autocompaixão. Estamos exigindo muito de nós mesmos, então para você se reinventar e se levantar, você precisa aceitar que, quando você cai, isso dói, machuca.

Nessa cultura de muito sucesso, êxito, logros, se doer um pouco pode ser entendido como vitimismo, falta de caráter ou falta de força. Mas, a gente tem que entender que se tratam de perdas e que não somos máquinas. Ter esse espaço para a dor, ter cuidado com o outro, porque as pessoas estão precisando nesse momento, ter carinho, empatia - a começar com nós mesmos - tudo isso importa.

O fracasso é parte da jornada, a gente fala muito isso, mas quando temos que viver isso, não é nada fácil. Então, em vez de resiliência, a palavra deve ser autocompaixão. E fé também, mesmo quando as coisas não vão do jeito que a gente quer, porque não quer dizer que exista algo maior.

Qual é a importância dos hobbies, na sua opinião? 

Acho que é super importante, porque é um espaço para você resgatar o lúdico, a magia. O hobby nutre a alma, e ela precisa estar nutrida para termos o melhor de nós em todas as situações. A gente vai mudando também, se transformando como pessoa, e nosso lazer muda junto.

Antes de pintar, o meu primeiro grande hobby foi o mergulho. Então eu mergulhei o mundo inteiro, como eu viajava muito a trabalho, eu aproveitava para descobrir um novo lugar para mergulhar. E esse mundo embaixo da água, as pessoas que eu conhecia e a sensação física foi assim, uma fonte de energia e alegria que eu trazia de volta para qualquer trabalho que eu estivesse.

Depois desse, quando eu vivia uma transição de uma empresa que estava sendo comprada em um processo que demorou um ano, eu fui atrás de comprar um veleiro com as minhas amigas e sonhar que daríamos a volta ao mundo. Sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho, e não importa se você não chega.

A gente nunca foi viajar ao redor do mundo, mas o que a gente se divertiu naquele ano e a energia que trouxe para o meu emprego na época provavelmente foi o que me abriu as portas para um cargo maior depois, porque eu passei essa transição muito feliz, cheia de energia, impulsionando as pessoas. 


Então, a paixão é fator importante para o desempenho, ainda que indiretamente?

Sim. Uma vez, faz muito tempo, a tia da minha melhor amiga falou que quando temos uma paixão, temos que aproveitar ela, porque elas não duram pra sempre. A pintura, que é o meu terceiro hobby, eu achei nessa procura pelo que me brilha os olhos, o que faz minha alma cantar, o que que me dá ilusão. E não importa o que é, por mais ridículo que pareça, é a sensação que importa.

Me inspirei nas artistas contemporâneas e pensei “por que não?” E passei um ano assim, pintando todo dia, acordando a noite para pintar. Essa energia é impagável né, você achar algo que te faça pular da cama. Claro que a vida real sempre volta e não dura tanto quanto a gente gostaria, mas acho que é importante achar esses canais de expressões que vão mudando conforme a gente for passando por aquilo que temos que viver.

Para você, quais são os principais problemas a serem solucionados atualmente nas empresas?
Há uma coisa muito importante acontecendo no mundo, que são os altíssimos níveis de doenças mentais. O Brasil é a nação com o maior índice de ansiedade, por exemplo. Por isso também é tão importante resgatar esse lado mais cuidadoso, menos realizador, menos competitivo, dentro das próprias empresas. Fomos criados para conquistarmos independência, para sermos fortes e bem-sucedidos e isso não está nos fazendo bem.

A maioria das doenças crônicas são causadas por estresse e, a maioria do estresse que acumulamos são causados pelas empresas ou pelo tipo de liderança. Depois de tantos anos levantando a bandeira de inovação, eu agora estou refletindo muito como a inovação está também nos fazendo mal.

Ter sempre que pensar em ideias grandes, como você vai impactar milhões de pessoas, isso nos faz esquecer o quão valioso são os pequenos cuidados, tanto com nós mesmos quanto com nosso círculo imediato, que é a nossa família e amigos mais próximos. Se não estamos fazendo algo grandioso, é como se isso não valesse a pena. Se não pode ser compartilhado, não vale a pena, e a gente compartilha até coisas que não deveriam ser compartilhadas nas redes sociais.

A inovação está nos fazendo mal, trazendo muito barulho, estamos perdendo o centro e essa sabedoria interna que todo mundo tem. E esse cuidado da alma e esse tempo que a gente passava que não tinha que ser mostrado.

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#PlenaeApresenta Gustavo Ziller e os horizontes ampliados

O quarto episódio da décima sétima temporada é sobre enxergar o topo do mundo, mas não só sobre o Monte Everest.

28 de Outubro de 2024



Até onde o seu olhar alcança? O empresário Gustavo Ziller teve que subir no pico do monte mais alto do mundo, o Monte Everest, para entender que não é preciso uma atitude tão drástica para ampliar os seus horizontes. Representando o pilar Mente, ele nos conta que, assim como muitos em sua área, ele assistiu o seu corpo padecer por conta da exaustão da mente. 

Em uma das passagens mais marcantes de seu relato, Ziller lembra de quando desmaiou ainda no trânsito e acordou no hospital, sem entender o que tinha acontecido. Mas é claro que ninguém atinge esse ponto de um dia para o outro, e é essa história mais profunda que iremos conhecer ao longo do episódio. 

“Fazia três anos e pouco que eu tinha mudado de Belo Horizonte pra São Paulo. Eu era sócio de uma empresa de produção de conteúdo com clientes gigantes. Eu tinha uma rotina repetitiva, e a minha função era basicamente resolver pepino. Eu tenho muita facilidade pra desenrolar coisas encalacradas. E quando você vira um polo de solução de problemas pras pessoas, elas te demandam pra tudo.  

Eu lembro direitinho que eu dormia cansado, sentindo muito desânimo, e acordava exausto. Não tinha nenhum hobbie. Não fazia exercício. Não tinha tempo de qualidade com os meus três filhos. Por outro lado, eu ganhava muito dinheiro e proporcionava um padrão de vida alto pra minha família. Então, de alguma maneira, eu achava que tava valendo o sacrifício. Nessa cilada eu não caio mais”, relembra.

Seduzido pela falácia da meritocracia, Ziller acreditava que se desse duro, a recompensa viria, mas não era capaz de enxergar tudo que colocava em jogo a cada vez que ele saía para longas e intensas jornadas de trabalho - e tudo que ele perderia no futuro. A Síndrome de Burnout era questão de tempo e não tardou a vir.

“Eu desmaiei um dia no meio do trânsito, em 2012. Eu não lembro direito o que aconteceu, mas sei o que me contaram. Eu tava num evento chamado Social Media Week, falando sobre o futuro das redes sociais, em São Paulo. Aí eu saí desse evento, que foi no Morumbi, peguei meu carro, atravessei a ponte Cidade Jardim e em cima da ponte comecei a dirigir meio em ziguezague. Quando eu fui entrar numa ruazinha à direita pra pegar a Avenida Faria Lima, eu apaguei”, relembra. 

Foi o taxista que dirigia atrás dele que o levou para o hospital, onde ele acordou em um quarto com sua mulher, vários médicos ao redor e muitas dúvidas pairando pelo ar. Foi nesse momento que ficou evidente o tamanho descontrole físico que o seu mental havia lhe causado e agora ele colhia inúmeros diagnósticos. 

“Descobri que meus exames estavam alterados. Aos 36 anos, eu tinha colesterol alto, triglicérides alto, pressão alta e pré-diabetes. Tava pesando 112 quilos. Não foi exatamente uma surpresa, porque eu sabia que o meu estilo de vida não era legal. Mas, de qualquer maneira, aquele apagão foi um choque, porque você nunca acha que vai acontecer com você. Até que acontece”, conta. 

Em um primeiro momento, a recomendação foi a clássica nesses casos: era preciso que ele se afastasse por muitos dias do seu trabalho. Mas a mudança precisa ser mais profunda do que essa, nós sabemos. E Gustavo, que ainda não sabia, estava prestes a descobrir. Foi tendo tempo de qualidade com a sua família e conversando com amigos que ele entendeu que os desafios precisavam ir além do escritório, e foi quando a natureza surgiu em seu horizonte. 

A primeira parada foi o Nepal, indicação de um amigo. Apesar de ter feito escalada em sua temporada no exército, havia anos que ele estava sem condicionamento físico para essa façanha. “Eu treinei firme por alguns meses, e essa disciplina foi me ajudando a restabelecer o bem-estar e a organizar as ideias. No dia 9 de abril do ano seguinte, eu embarquei pro Nepal. Fiz sozinho um trekking até o campo base de uma montanha chamada Annapurna. Foram 35 dias de muita reflexão sobre a minha saúde, o meu trabalho, o meu relacionamento e a paternidade. Eu tinha pensamentos que flutuavam na minha cabeça como se fossem uma constelação de planetas que precisava ser realinhada”, conta.

E foi. Os astros se alinharam internamente quando Ziller entendeu que dinheiro era importante, mas não podia mais ser o protagonista de sua vida, porque foi essa ideia que o desconectou de forma tão brusca de sua essência. Gustavo e sua família voltaram a morar em Belo Horizonte e diminuíram drasticamente o padrão de vida, mas lentamente ele foi entendendo um pouco mais sobre si. 

Escreveu um livro, sucesso absoluto de vendas, sobre escalada. Do processo de escrita, veio a ideia de um programa de TV, que também se tornou um sucesso. Até que a escalada deixou de ser apenas um tema secundário e tomou conta de sua vida, bem como o esporte em geral se tornou fundamental. O destino final não poderia ser diferente: o gigantesco Monte Everest iria surgir em seu horizonte e a sua vida nunca mais seria a mesma. 

Para conferir o resto dessa história, ouça o episódio completo, disponível no Spotify ou aqui em nosso site. Tome um fôlego, areje as ideias e quebre paradigmas. Deixe o novo entrar e reconecte-se. Aperte o play e inspire-se!

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