PlenaeApresenta: Angélica e o despertar para o propósito

A apresentadora conta como episódios traumáticos moldaram sua forma de encarar a vida para sempre

7 de Dezembro de 2020



Representando o pilar Propósito, conheça a história da apresentadora Angélica na terceira temporada do Podcast Plenae - Histórias Para Refletir.

Traumas e superações fazem parte de sua trajetória desde muito cedo. A apresentadora deu seus primeiros passos no meio artístico ainda criança, em uma tentativa de sua mãe para que ela se distraísse de um episódio doloroso: ter visto seu pai ser alvejado por 3 tiros.

Angélica não só superou como fez disso sua força e iniciou ali sua carreira. Décadas de trabalho muito intenso se passaram, um casamento, três filhos, até que ela vivenciasse novamente uma situação tensa e inesquecível.

Em um voo curto, o avião onde estava com toda sua família e duas babás enfrentou problemas no motor e começou a cair. O desespero, é claro, tomou conta de todos que ali estavam, mas um período breve de silêncio, paz e uma espécie de aceitação inconsciente e simultâneo da parte de todos, também.

“Enquanto a gente caía, no meio daquela barulheira, teve uns 3, 4 segundos, ou mais, eu não sei mensurar, de um silêncio coletivo, simultâneo e muito, muito confortante. Todo mundo entrou numa mesma frequência de paz coletiva. Foi uma experiência espiritual, energética. Eu acredito que, naquele momento, cada um se conectou com o seu interior e perdeu medo, como se algo nos dissesse: “Olha, tá tudo bem”. A sensação que eu tenho é que antes da morte vem esse silêncio, essa paz, essa entrega” diz ela.

Felizmente, ninguém ficou gravemente ferido, mas o dia 24 de maio ficou marcado para todos em sua casa como uma data de renascimento coletivo. Mas a marca deixada em sua alma ficou latente por meses, até se manifestar no ano seguinte, em um novo episódio de pânico, depois de anos sem sofrer.

“Comecei a buscar uma terapia que não fosse alopática e caiu no meu colo um documentário chamado The Connection . O filme falava sobre a conexão do corpo e da mente. Tinha depoimento de pessoas que se curaram de doenças e entrevistas com pesquisadores e professores de Harvard e Stanford que tiravam o chapéu para meditação” conta.

Pesquisando sobre o yoga e meditação e se entregando cada vez mais ao tema, ela descobriu a força da mente sobre o corpo, e passou a praticar junto com respirações, todos os dias, e encontrou a cura para seus males assim.

“Por causa do pânico, eu tinha medo de sair sozinha, medo de ter medo. Mas logo que eu identificava qualquer sintoma, como taquicardia ou suor na mão, eu começava a prestar atenção na minha respiração. Conforme eu fui me fortalecendo, fui ganhando força para lidar com o meu medo. Até que eu consegui me curar da síndrome do pânico, sem remédio”.

De lá para cá, Angélica já enfrentou crises existenciais profundas, ano sabático, um acidente de seu filho e uma menopausa precoce - tudo enfrentado e superado com muito equilíbrio graças à força de sua mente.

Os episódios, por fim, fizeram com que ela buscasse ainda mais o seu propósito em vida - e assim o faz, todos os dias. Confira mais desse lindo relato no Podcast Plenae - Histórias Para Refletir.

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Entrevista com

Marília Berzins

Assistente Social

Todo mundo quer viver muito, mas ninguém quer ficar velho

6 de Maio de 2019



Ter consciência de que envelhecemos desde o nascimento é um dos passos para vencer o preconceito etário, segundo a assistente social, especialista em gerontologia e doutora em saúde pública Marília Berzins, presidente do OLHE observatório da longevidade humana e envelhecimento. A visão negativa da velhice é um dos motivos pelos quais os idosos brasileiros são mal cuidados, tanto pelo Estado quanto pela sociedade. 

Em que momento devemos parar para pensar na nossa própria velhice? Nós começamos a envelhecer quando nascemos. Precisamos ter consciência disso desde a pré-escola, não quando estamos com 59 anos e 11 meses. Todo mundo quer viver muito, mas ninguém quer ficar velho. Quando éramos crianças, todo mundo nos perguntava: o que vai ser quando crescer? A pergunta que faço é: o que você vai ser quando ficar velho? A velhice é uma grande conquista humana. Nessa fase da vida, podemos continuar trabalhando e servindo a sociedade. 

Os velhos brasileiros estão sendo bem cuidados?Os velhos brasileiros não estão sendo bem cuidados, sobretudo pelo Estado, que não reconhece que o país já envelheceu e terá cada vez mais idosos e portanto, oferecer políticas públicas que atendam as necessidades deste segmento. O sistema de seguridade social, composto por saúde, assistência e previdência, deveria promover políticas adequadas para atender esse segmento etário. A sociedade também não trata bem os idosos, pois ainda associa velhice com incapacidade, pobreza e dependência. O cuidado sobra para as famílias, que fazem o que podem. 

Quem deve cuidar dos idosos: o Estado ou a família? Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que nem todo idoso precisa de cuidado. As pessoas têm medo de envelhecer, porque não querem ficar dependentes. No entanto, pesquisas mostram que 25 a 30% dos velhos necessitam de ajuda de terceiros. Nesses casos, a responsabilidade cabe a um conjunto de atores, a começar pelo Estado, porque envelhecer com dignidade é um direito humano fundamental. Mas a família, a sociedade e o próprio idoso também têm sua responsabilidade no processo do envelhecimento. 

De que maneira o idoso é responsável pelo seu próprio cuidado? A velhice é uma poupança na qual investimos a vida inteira. Bons hábitos são determinantes para envelhecer bem. Se eu sei que a saúde é um fator importante, posso fazer atividade física, ter uma boa alimentação e administrar o estresse. Não preciso esperar a ação do Estado para não comer tudo que tenho vontade no restaurante por quilo. Entretanto, a velhice é uma questão social também. O lugar que definimos que a pessoa idosa terá na sociedade também interferirá na sua velhice. Além disso, gênero, raça, etnia e renda são outros fatores que determinam a velhice. 

Em geral, esposas e filhas assumem a responsabilidade pelo cuidado das pessoas mais velhas da família. Como romper esse padrão e ter uma divisão igualitária entre os gêneros? Na sociedade, quem tem que cuidar do idoso é a família que se personaliza na pessoa da mulher. Pesquisas mostram que as idosas cuidam de seus maridos e mães, mesmo sem ter condição para isso. O cuidado é um princípio de valor humano, tanto de homens quanto de mulheres. A família, a sociedade e o Estado têm de assumir o seu papel e parar de delegá-lo para o sexo feminino. O que está faltando a responsabilização do Estado na oferta de políticas de cuidados. O Estado não está fazendo a sua parte na co-responsabilização dos cuidados, o que tem sobrecarregado muito as famílias que mudaram na sua estrutura. 

Em um contexto social de famílias menores, quem cuida dos velhos? A taxa de fecundidade atual é de 1.7 filho por mulher. As famílias vão ficar velhas e não terão filhos para cuidar delas. Por isso, nossa população precisa desconstruir a ideia da família cuidadora e considerar outras formas de moradia e cuidado. Há uma rejeição às instituições de longa permanência, mas elas podem ser um espaço que proporciona bons cuidados e convivência entre as pessoas. Outras possibilidades são repúblicas para idosos e cohousing. Podemos juntar amigos da mesma faixa etária em um lugar, onde alguém gerencia a limpeza e as compras. O mercado imobiliário já está começando a ficar atento para isso. 

Temos cuidadores suficientes e treinados para os idosos? Nós nem sequer sabemos quantos cuidadores existem no país. Embora a ocupação seja reconhecida pelo Ministério do Trabalho, ela ainda não foi criada como profissão pelo Congresso Nacional. Muitos cuidadores são registrados como empregados domésticos, embora não façam parte dessa categoria. Portanto, não sabemos quantos são. Entretanto, os cuidadores e cuidadoras já são uma realidade no cenário do envelhecimento. Cada vez mais as famílias e instituições precisarão destes profissionais do cuidado. 

Quem são os idosos mais vulneráveis da sociedade? A pessoa que foi excluída socialmente a vida inteira e não teve acesso a renda, moradia e saúde terá uma velhice mais vulnerável e pobre. Trata-se daqueles indivíduos que nasceram e cresceram na linha de pobreza e não puderam contribuir com a previdência. Mas pessoas que tiveram renda ao longo da vida também podem ter uma velhice fragilizada, se não contarem com uma rede de suporte social. Ou seja, a renda é muito importante na velhice, entretanto, relacionamentos sociais e participação social também são fatores que determinam sentido à existência.

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