Na décima quarta temporada do Podcast Plenae, conhecemos como o amor muda destinos e faz renascer em Relações.
4 de Dezembro de 2023
Há um certo milagre nos encontros, como escreveu a
escritora Carla Madeira em seu livro “Tudo é rio”. A história de Bella Santoyo
é a prova disso: o quarto episódio da décima quarta temporada do Podcast Plenae
é, sobretudo, sobre um encontro que mudou todo o curso de uma vida.
Aos 31 anos, no auge de sua carreira, Isabella estava infeliz. Apesar do
reconhecimento financeiro, ela não se sentia realizada em diferentes frentes de
sua vida, principalmente profissionalmente, mas seguia em frente pois não tinha
um plano B. Foi quando conheceu Eduardo e a paixão avassaladora deu conta de
preencher uma das lacunas que ela sentia falta: a amorosa.
Em menos de um mês de namoro, já moravam juntos, e então Bella passou a
conviver de perto com alguém que era seu oposto: apaixonado pelo que fazia. “O
Edu me estimulava a mudar de vida. Ele esfregava as minhas qualidades na minha
cara. O Edu era muito inteligente e tinha um olhar perspicaz sobre as pessoas.
Eu me sinto uma mulher muito mais potente depois que ele entrou na minha vida”,
diz.
O casamento, como era esperado, veio. E um ano depois, o amor ainda pulsava em
ambos como uma paixão avassaladora de apenas um dia, fazendo com que Bella
ignorasse o resto em sua vida que não ia bem. “Foi uma semana de amor. A gente
andou de moto, tomou chuva no parque e comeu nos nossos restaurantes favoritos.
Na semana seguinte, eu me arrastei pro trabalho e ele voltou feliz pro
consultório”, relembra.
Às 11h da manhã, em um dia particularmente estressante no trabalho, Bella recebia uma ligação de Edu a convidando para ir ao cinema mais tarde. No que ela prontamente aceitou e começou a ansiar desde aquele momento por esse encontro ao final do dia, tão simples e tão simbólico ao mesmo tempo. Aproximadamente uma hora depois, mais uma ligação, novamente do consultório de
Edu. Dessa vez, com a secretária ao telefone.
O pior havia acontecido: ele
passou mal subitamente e era necessário que ela voasse para lá imediatamente. “O
Edu foi levado de ambulância pro hospital, mas não resistiu. Ele faleceu
subitamente, de um AVC, aos 43 anos. O nosso primeiro beijo não chegou a
completar três anos. (...) Aos 34 anos, eu fiquei viúva do grande amor que eu
tinha encontrado, no auge dos nossos planos e sonhos”, relembra.
O luto, é claro, a tomou por completo nos dias que se passaram. Mas, o que ela
não poderia prever é que, em meio a esse mar de tristeza, pouco tempo depois
ela descobriria uma notícia: estava grávida desse grande amor que havia acabado
de partir. A gravidez lhe deu forças para continuar e, mais do que somente
continuar, mudar de vida e construir uma na qual ela acreditasse.
O resto da história você confere no episódio completo. Mas antes, prepare os
lencinhos! Aperte o play e inspire-se!
Entrevista com
Chef de cozinha
Entrevistamos a chef Morena Leite para entender como um ritual tão parte de nossos dias pode dizer tanto sobre nós mesmos
17 de Novembro de 2020
Aos 40 anos, Morena Leite acha a autodefinição uma tarefa complexa. Isso porque ela é muitas em uma só: mãe, esposa, filha, amiga e ainda uma empresária de sucesso. Chefe no renomado Capim Santo, Morena também comanda a cozinha do Santinho, assina o cardápio do Hotel Janeiro, faz a curadoria do Festival Fartura e ainda é presidente do Conselho Instituto Capim Santo, que leva escolas de gastronomia gratuitas para jovens desfavorecidos socioeconomicamente.
Para ela, falar sobre comida e sobre cozinhar é mais do que falar somente sobre nutrição ou questões fisiológicas que envolvem o nutrir. É falar também de cultura, de afeto, de vontades, de autonomia. Confira o #PlenaeEntrevista a seguir e ressignifique a sua relação com seu próprio alimentar.
Como sua história com a gastronomia começou?
Sou prova de que a relação entre comida e família é muito forte. Cresci numa cozinha e na minha vida eu entendi que a comida podia ser um veneno ou remédio. Cresci com uma mãe cozinheira muito dedicada ao trabalho, e a cozinha, no começo da vida, era algo que “roubava” ela de mim, eu travava essa disputava. A forma que encontrei de chamar atenção da minha mãe foi me afastando da comida, até que desenvolvi um distúrbio alimentar e entendi que o caminho era oposto: para me aproximar da minha mãe, eu tinha que me aproximar também da comida. Então fui estudar gastronomia. Aí que me conectei e transformei uma questão da minha vida.
Ao longo da sua carreira, o que a cozinha te ensinou de mais valioso sobre relações e pessoas?
Eu acredito que nosso paladar e nossa personalidade caminham juntos. Pessoas mais fechadas para experimentar tendem a ter essa postura também em suas relações, assim como os compulsivos costumam ser ansiosos. Através da alimentação, a gente pode curar muitas coisas do nosso comportamento e da nossa personalidade. Acho que hoje, por falta de tempo - apesar da mudança que a pandemia também propôs - a gente perdeu o hábito de comer junto. As pessoas têm horários muito diferentes, acordam muito cedo, não se encontram. E esse momento de comer à mesa sempre foi um momento de transmissão de valores. Então acho muito importante essa comunhão, o momento de sentar à mesa e comer junto. A comida a gente não se nutre apenas fisiologicamente, mas também emocionalmente, afetivamente, culturalmente.
Quais são os benefícios de uma comida feita à 4 mãos, ou seja, trazer os filhos também para essa responsabilidade?
Cozinhar juntos traz uma questão de segurança e de solidez muito forte. Tenho observado famílias que têm tanto a questão da cultura e do status social, mas também uma questão de saúde: comer é para alguns uma questão de prazer, e para outros de saúde. Eu vejo o quanto os pais se envolvem na alimentação dos filhos nas escolas que trabalho e assino cardápios. Mas isso também tem que ser espontâneo, como tudo na vida. Não se pode forçar alguém a cozinhar se ela não tem afinidade. Até porque, tão importante quanto cozinhar junto, é comer junto, como eu mencionei anteriormente. Tem gente que não tem o hábito de ir lá e cortar e cozinhar, mas adora ir num restaurante, numa feira. Tem gente que não tem essa conexão. A relação com a comida é a primeira que a gente tem desde o primeiro dia de vida até o último. Então ter uma relação saudável, equilibrada e prazerosa e bem importante.
O que muda quando cozinhamos nossa própria comida?
Eu tenho visto uma geração mais nova de 13, 14 anos virando veganos. Isso já demonstra esse olhar mais atento à sua própria nutrição, ouço relatos até mesmo de pessoas que não saem mais para comer, só comem suas próprias comidas. É muito esse cuidado de saber se nutrir, saber se cuidar, ser autossuficiente e não ter um monte de gente te cuidando que a geração mais jovem já apresenta. Quando sabemos produzir aquilo que vai nos fazer bem, é muito benéfico. Porém, eu acredito sempre no equilíbrio, saber não ser tão rígido. Eu acho que é bom cozinhar a própria comida, mas também receber o carinho na comida de alguém, da sua mãe, vó. A comida também tem energia, ela vem com a energia de quem cozinhou e isso também é cuidar de si mesmo. Tudo tem que ter flexibilidade.
E qual é essa relação entre a cozinha e o autocuidado?
Antes de amar o próximo, temos que amar a nós mesmos. É como o avião, você tem que colocar a máscara em você para depois colocar no outro. E se alimentar direito é se cuidar e ter amor próprio. Acredito muito na frase: a gente é o que a gente come. Como disse, nossa personalidade reflete diretamente no nosso paladar. Ele é desenvolvido num primeiro momento no útero materno, com o que a mãe se alimenta na gravidez, depois na amamentação que ainda é a continuação desse laço afetivo com a criança. Num terceiro momento, tem muita relação ao lugar onde ele foi criado, ao seu país, sua cultura e até sua religião. E aí o quarto momento que é de escolhas, que é resquício de tudo isso que o indivíduo conheceu e viveu. A comida de repente não é só prazer, é uma fonte de energia, e aí você começa a se perguntar: isso vai me fazer bem, vai fazer bem para o planeta? Da onde vem essa comida? Você começa a ter toda essa responsabilidade nesse cadeia porque na realidade está também preocupado consigo mesmo.
Como uma pessoa que tem o dia a dia muito corrido pode se aproximar da cozinha de maneira mais afetiva?
Você pode cozinhar em um dia da semana, num domingo à noite, por exemplo. Eu deixo tudo em potinho preparado para minha filha e, no dia a dia, chego em dois minutos e só finalizo, faço os acompanhamentos. Eu penso num cardápio da semana, deixo ele pré-produzido. É uma forma de já até prever a minha semana. Você compra um peixe e já porciona ele, você já cozinha a batata doce e deixa congelada. Tudo em potinhos. E o momento da refeição, não importa se vai demorar 10 minutos ou 1 hora, contato que você esteja presente nele, encaixado no contexto da sua vida. Pode ser até uma refeição mais rápida, mas praticar o ritual de se alimentar e de se nutrir plenamente, sem celular ou afins, é muito importante.
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