#PlenaeApresenta Dalton Paula e a arte como voz de um passado

O segundo episódio da décima sétima temporada é sobre arte, mas é principalmente sobre o artista e o contexto de sua própria vida.

14 de Outubro de 2024



Para o artista, tudo que o cerca é insumo para sua arte - e não há limites possíveis para essa expressão que parece ser uma força ingovernável dentro de seu corpo. O artista Dalton Paula é a prova viva de tudo isso: de uma criança frágil e introspectiva a um bombeiro combativo, há uma coisa que nunca o abandonou, que foi a sua força artística. 


Representando o pilar Contexto, ele relembra que sua infância foi grande parte na companhia dos desenhos animados, em especial, Os Cavaleiros do Zodíaco. “Eu gosto de contar esse episódio, porque a gente nunca pode desprezar nenhuma forma de arte. Um desenho despretensioso pode ser o começo de uma história maior. E comigo foi assim. Por causa dos Cavaleiros do Zodíaco, eu passei a colecionar revistas de heróis. A minha brincadeira era copiar esses desenhos com papel carbono e colorir com lápis de cor”, conta. 


Tudo começou a mudar aos 14 anos, quando a mãe de um amigo plantou a primeira sementinha da arte em sua vida e o convidou para fazer um curso de pintura na Escola de Artes Visuais de Goiânia e, sem querer, apresentou a ele aquilo que seria sua grande paixão e missão de vida. 


Durante seis anos, Dalton teve contato com os mais diferentes nomes e movimentos artísticos até encontrar o seu estilo próprio, mas, mesmo com o incentivo familiar, ele acabou sendo mais uma mente criativa minada pela urgência das contas a pagar.


“Desde cedo, eu percebi que viver de arte no Brasil seria um desafio. Embora a minha mãe me incentivasse a seguir por esse caminho, eu queria uma segurança financeira. Então, eu optei por ter uma profissão paralela e fiz faculdade de química por dois anos. Só que eu entendi que não dava pra ser artista e, ao mesmo, me submeter a questões de mercado. E aí eu decidi prestar um concurso pro Corpo de Bombeiros”, conta. 


Foram 12 anos na corporação que Dalton classifica como uma “escola”. Por lá, mais do que salvar vidas, ele aprendeu a cuidar delas também, seja em corredores de hospitais ou nas casas de pessoas em situação de vulnerabilidade. Tudo isso ajudou-o a formar sua própria identidade, ao ponto de fazê-lo buscar suas origens de forma mais profunda, processo delicado e intenso sobretudo aos povos negros, que tiveram a história de seus antepassados apagada ao longo de tanta violência. 


“Eu tenho poucas informações sobre a minha árvore genealógica, assim como outros corpos pretos. A pesquisa pela ancestralidade toca em raízes profundas, que direcionam a gente no presente e apontam o caminho do futuro. Eu me senti pertencente em lugares como os quilombos, os terreiros dos subúrbios da cidade e as festas populares de Goiânia. Fui me sentindo mais conectado com as minhas raízes, com a terra e, assim, com a minha essência”, diz.


A arte nunca foi esquecida, na realidade, ela caminhou lado a lado com todas essas experiências de vida que ele coletava e, então, transformava em manifestação. Dalton influenciou até mesmo o ambiente tão machista que estava inserido no Corpo de Bombeiros a se abrirem para o novo e o diferente, como vê-lo vestido de noiva em uma de suas exposições. 


Tudo se tornava artístico aos olhos sensíveis do artista, como deve ser. De um tijolo quebrado a uma água escorrendo em um cano exposto, ele via a possibilidade de uma foto, uma instalação, um objeto. Até que ele tomou coragem para pedir um empréstimo e realizar um grande sonho: sua primeira exposição individual. 


“Na minha primeira exposição individual, eu fiz um empréstimo consignado na folha de pagamento pra bancar não só a minha arte, mas o coquetel e o DJ que ia tocar no evento. Era uma loucura, mas hoje, colhendo os frutos dessa loucura, eu vejo que foi bom ter me arriscado. Eu tive muita sorte de contar com o apoio das pessoas ao meu redor, da minha mãe e dos meus colegas da corporação. A gente não faz nada sozinho”, relembra. 


Depois dela, veio a primeira em São Paulo, e em outros estados - e, porque não, países. Aos poucos, a arte foi se tornando o seu ofício e ocupava todo o seu tempo livre, além de pagar suas contas, o que tornou o Corpo de Bombeiros uma história do passado, mas que mora em muitas coisas do seu presente. Para saber mais sobre essa trajetória emocionante, escute a história no Podcast Plenae. Aperte o play e inspire-se!


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#PlenaeApresenta Derek Rabelo e os sonhos sem limitações

Mergulhe na história de superação e intenção do surfista Derek Rabelo, representando o pilar Corpo.

8 de Abril de 2024



O que te impede de realizar o seu principal sonho? Para Derek Rabelo, nenhuma limitação física foi capaz de desacelerar aquilo que ele mais queria: ser surfista de ondas gigantes. Mas, esse propósito foi se criando ao longo de sua vida, não apareceu de uma hora para a outra. 

Sua história começa como a de todos nós: na infância. A diferença, contudo, é que essa infância foi marcada pela descoberta de glaucoma congênito, doença que, sem um motivo específico, causa uma pressão ocular muito grande. No caso de Derek, o levou a perda total da visão. “Os meus pais foram pegos de surpresa. Nenhum ultrassom na gravidez mostrou que eu tinha um problema. Quando eles receberam a notícia de que eu era cego, ficaram desesperados. O que seria do meu futuro? Quem cuidaria de mim quando eles não estivessem mais aqui?”, relembra.

Foi quando eles começaram a buscar todo tipo de alternativa que pudesse contornar essa situação, mas nenhuma cirurgia foi capaz de reverter o quadro. Ter uma criança que não enxerga em casa muda toda a dinâmica da família. No caso de Derek, a diferença entre o pai que o encorajava nas aventuras e a mãe superprotetora era visível. De qualquer forma, nenhuma atividade para esse menino hiperativo superava as visitas à praia. 

“O meu amor pelo mar surgiu desde muito pequeno. Eu nasci e cresci em Guarapari, uma cidade litorânea do Espírito Santo. Eu tenho até hoje uma prancha de bodyboard infantil que eu ganhei de presente. O meu pai me puxava pelo leash na água e eu lembro como eu ficava feliz quando as ondas batiam em mim”, conta. 

Na etapa da alfabetização, como para muitas crianças com deficiências, foi um desafio e não tanto pelo desenvolvimento de suas competências, mas pela falta de preparo e empenho das instituições escolares. Há ainda o fator do bullying envolvido, o que torna esse estágio da vida ainda mais desafiador do que ele naturalmente já é. 

“Mesmo com os perrengues, eu sou grato aos meus pais por ter frequentado uma escola comum. Os desafios contribuíram para minha jornada. Se eu tivesse estudado num colégio para deficientes, eu acho que eu teria ficado preso nesse mundo. Os meus pais sempre quiseram que eu me adaptasse a qualquer circunstância. Talvez por isso eu nunca tenha tido pensamentos do tipo: ‘Caramba, eu sou um cego fracassado, o que eu vou fazer da minha vida?’”, pondera.

Tudo isso ficou para trás quando Derek - que recebe esse nome em homenagem a um outro surfista, o Derek Ho - , resolve literalmente mergulhar no mundo do surfe na adolescência. Mesmo que ninguém quisesse te ensinar, ele persistiu e convenceu seu pai a te ensinar depois de ter se machucado. 

“O meu pai me deu uma bronca, mas ele viu como eu fiquei frustrado. Um tempo se passou e, quando eu tinha 17 anos, o meu pai me levou pra surfar. Era um fim de tarde e o meu pai falou: “O mar tá perfeito para você aprender”. Ele pegou a prancha dele e, ainda na areia, passou algumas instruções sobre como ficar em pé. Depois, a gente caiu na água e ele tentou me colocar em algumas ondas. O meu pai esperava que eu ficasse de pé logo no primeiro dia, como ele fez quando tinha 14 anos. Mas eu não consegui. Ainda assim, eu amei a experiência e fiquei com vontade de repetir”, diz.

Depois disso, ele tentou ainda outras vezes com pai, tio, amigos, mas só uma escola de surfe foi capaz de realmente ensiná-lo. “A galera me recebeu super bem. Foi um processo de adaptação para todo mundo. Pra mim, lógico, porque eu nunca vi alguém pegando uma onda. Mas pra eles também, porque eles nunca tinham ensinado uma pessoa que não enxerga”.

O seu processo de aprendizado foi mais demorado do que o dos outros alunos, mas Derek lembra com carinho do professor que, segundo ele, era um cara muito paciente.
 “Eu aprendi a surfar usando toda a minha sensibilidade da audição e do tato. Eu escuto os sons do mar e sinto o movimento da água para saber quando a onda está se aproximando. Foi assim também que eu aprendi a hora certa de remar e de ficar em pé na prancha. Eu encosto a mão na parede da onda, para entender como ela vai quebrar. Na hora, é tudo muito rápido, questão de fração de segundo. Com o tempo, eu fui pegando prática e esse processo ficou mais automático”, explica.

Um ano depois, Derek já era um explorador dos sete mares e queria cada vez mais. Se lançou a oceanos distantes e ondas estrangeiras, conheceu atletas de toda a parte e fez seu nome em um esporte que não pensava que não era preciso ver para sentir toda a sua imensidão. Conheça a história toda no episódio completo. Aperte o play e inspire-se!

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