#PlenaeApresenta: Tamara Klink e a solidão em alto mar

Na oitava temporada do Podcast Plenae, navegaremos junto com Tamara Klink, representando o pilar Mente

23 de Maio de 2022



Atravessar o Oceano Atlântico em um pequeno veleiro aos 24 anos e completamente sozinha. Parece loucura, mas não para Tamara Klink, que não só encarou o desafio como inspirou incontáveis pessoas com a sua própria bravura. É impossível não relacioná-la ao seu pai, Amyr Klink, que também tem feitos impressionantes no mar em sua conta. 

Mas a história de Tamara é única porque é só sua. Partiu de um desejo próprio e custou muita, muita coragem - e isso, vale dizer, é pessoal, e não genético. O primeiro passo foi buscar patrocínio, mas a ideia ainda era só uma ideia, sem planos realmente concretos.

O segundo foi então traçar esse planejamento mais concreto, que contou com a ajuda de pessoas inusitadas e a compra de um veleiro que demandaria muita reforma, mas seria o seu parceiro dali adiante. E então, novamente, buscar quem acreditasse nela. O patrocínio veio de ninguém menos que Luiza Trajano, que a ajudou não só financeiramente, mas com empoderamento. 

“A Luiza disse que gostou da ideia justamente porque eu mostrava que é possível fazer uma travessia com pouco e que a viagem podia inspirar as mulheres jovens. Aí eu fiquei: ‘Meu Deus do céu, será que eu tenho legitimidade para inspirar alguém? Me parece um objetivo tão abstrato que não é nem legítimo. Mas, se ela falou, eu vou acreditar’”, relembra.

E então, ela e Sardinha - nome de seu barco - se lançaram ao mar e a todos os desafios que ele reserva. Mais do que as dificuldades marítimas comuns ou as inesperadas, o grande desafio de Tamara foi lidar com a solidão, a carência e suas próprias questões.

E é por isso que hoje, na oitava temporada, ela representa o pilar Mente nessa linda e inspiradora história. Afinal, é preciso uma dose de autoconhecimento gigantesca e muito equilíbrio emocional para lidar com a imensidão azul e a imensidão interna, desafiadoras na mesma medida, cada uma à sua maneira. 

“Sonhei grande, mas me permiti começar pequeno. Todos nós temos alguma coisa que nos orienta e que às vezes parece tão louca que a gente nem dá atenção pra ela. Eu acho que sonho não é o que a gente quer ter. Ele tá lá, a gente só precisa desvendar qual ele é e começar de algum jeito pra ele se tornar realidade”, conclui.

Emocione-se com esse relato, disponível em plenae.com ou no seu streaming de preferência. Aperte o play e inspire-se!


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#PlenaeApresenta: Rene Silva e o poder da comunicação

O Plenae Apresenta a história de Rene Silva, que fez da comunicação o seu ofício, o seu propósito e uma plataforma para tantos outros.

26 de Agosto de 2024



Você deve ter crescido acostumado a ver noticiários na TV, jornais, revistas e, na última década, redes sociais – tudo isso sem grandes problemas ou dificuldades para acessá-los ou se ver ali representado, certo? Mas essa não é a realidade de todas as pessoas do mundo, sequer do Brasil.

No quarto episódio do Podcast Plenae, conhecemos a história de Rene Silva, representante do pilar Propósito, mas também representante de toda uma comunidade. Isso porque, graças à sua iniciativa “Voz das comunidades”, moradores de diferentes complexos cariocas hoje podem contar com uma plataforma que amplie suas reclamações, seu cotidiano e, por que não, suas conquistas.

Mas, para entender essa história, é preciso conhecer um pouco mais do passado de Rene que, assim como muitas crianças carentes, viram na escola um refúgio. “A minha família morava bem no alto do morro, e dava para ver os rastros dos tiros atravessando de um lado pro outro. A gente tinha que chegar em casa cedo e fechar tudo para diminuir o risco de morrer. Mesmo assim, de vez em quando, alguma bala perdida entrava em casa. (...) O melhor refúgio pros meus sonhos era a escola pública que eu frequentava. A diretora e os professores conseguiram criar um ambiente acolhedor pros alunos, apesar do entorno violento”, relembra.

Nessa mesma escola, os alunos do Ensino Médio eram encarregados de cuidar da rádio e do jornal, ambos comunitários. Rene, de tanto insistir e por demonstrar um interesse tão espontâneo, se tornou o colaborador mais jovem, aos 11 anos de idade. Foi ali que a primeira sementinha da comunicação começava a ser plantada.

“Aquela atividade me fez começar a enxergar várias coisas que eu não notava antes. Eu passei a perceber os problemas sociais no caminho de casa pra escola e da escola pra casa. Tinha esgoto a céu aberto, rua sem asfalto, poste sem iluminação, campo de futebol que precisava de reforma, pracinha em mau estado… não faltava assunto. Era o tipo de coisa que, se acontecesse no Leblon, ia aparecer na TV e nos jornais. Mas, numa favela, a grande mídia não dava a menor bola, e o poder público, menos ainda”, pontua. 

Depois de apenas três meses contribuindo pro jornal da escola, veio o jornal comunitário. A primeira versão do que seria todo o seu futuro foi uma folha de papel A4 dobrada. Cada edição tinha quatro páginas e foi feita graças a ajuda da diretora, que conseguiu um computador usado, uma impressora e uma máquina fotográfica.
 
“Eu escrevia os textos, tirava as fotos, diagramava as páginas, imprimia o jornal e distribuía os exemplares pelo bairro”, diz. E assim nasceu o Voz da Comunidade, ainda tímido e no singular, mas com um longo caminho pela frente e que já apresentava retorno, acelerando melhorias que antes levavam 3 meses e passaram a levar 3 semanas.

A virada de chave partiu, infelizmente, de um acontecimento intenso: em 28 de novembro de 2010, 3.500 homens da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Marinha e da Polícia Federal ocuparam o Complexo do Alemão em cenas que marcaram o noticiário nacional e rodaram o mundo todo. Mas, novamente, ninguém olhava para o entorno daquele acontecimento, ou seja, a população que assistia de perto o acontecimento e temia pela sua própria vida.

“As pessoas no Brasil inteiro queriam saber como estava a vida dentro da comunidade, e eu comecei a postar as notícias no Twitter, na conta do Voz. Eu escrevia coisas do tipo: ‘Nesse momento, as escolas e as creches da comunidade pararam de funcionar; o ônibus parou de circular; o comércio fechou’. A cobertura da mídia estava muito focada nas apreensões de drogas, nas mortes, essas informações que as autoridades passam. Mas eu estava reportando o impacto daquela operação no cotidiano de milhares de pessoas que moravam ali e não conseguiam sair para trabalhar ou voltar pra casa. A situação estava cada vez mais tensa dentro da comunidade. E eu tinha acesso a informações exclusivas, que a grande mídia não tinha”, diz.

De uma hora para outra, Rene ganhou milhares de seguidores por ter virado narrador em tempo real daquela megaoperação. Quando os jornalistas descobriram que ele tinha apenas 16 anos e tinha um jornal, eles começaram a chamar Rene a todo o tempo, e ele virou uma espécie de correspondente de guerra. 

Depois disso, as barreiras da comunidade foram rompidas e a grande mídia se tornou parceira do jornal Voz das Comunidades, agora já no plural. As redações dos jornais, das rádios e das TVs começaram a abrir espaço para assuntos que aconteciam dentro das favelas, não focando só nos problemas, mas para as notícias boas também.

“O Voz cresceu e construiu uma credibilidade nesses anos. Se a gente der uma notícia sobre o Complexo do Alemão, os portais vão publicar imediatamente, porque confiam no que a gente fala. As pessoas sabem que a gente apura as notícias e faz um trabalho muito sério. Com o tempo, a gente construiu uma equipe de jornalismo que apura o que tá acontecendo e descobre se uma informação é verdadeira ou não”, explica.

O resto da história você conhece não só no nosso episódio completo, mas também acompanhando o trabalho que ele e outros tantos fazem e contribuem para dar visibilidade aos que menos tiveram e que mais merecem nos tempos atuais. Aperte o play e inspire-se!

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