Coloque em prática
Existe uma hora melhor hora para se exercitar, segundo os especialistas? Investigamos essa que é uma das grandes dúvidas quando o assunto é exercício físico.
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Coloque em prática
Se você for do time dos pessimistas, talvez as dicas dessa psiquiatra podem te ajudar a olhar a vida de outra forma e colher os frutos dessa mudança
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Você é do tipo que espera sempre pelo pior? Que só vê o copo meio vazio e acredita que assim está se protegendo de algo? Bom, temos uma notícia ruim: essa forma de pensar pode estar te trazendo mais malefícios do que benefícios. Apesar da ilusão de que sendo assim, você estará pronto para lidar com as coisas ruins e surpreendido com as coisas boas, não se trata de uma verdade universal.
Isso pode se tornar contagioso e afetar outras pessoas ao seu redor, como te contamos neste artigo, e isso pode acarretar um tanto de estresse mental e ansiedade de coisas que não aconteceram de fato, trazendo os malefícios comuns desse estado mental que você já deve saber. Se não sabe, também te contamos por aqui alguns deles e ainda te explicamos o que são as doenças psicossomáticas.
Ao estudar um grupo de gêmeos idênticos, o professor Tim Spector, do Hospital St Thomas, em Londres, tentou responder questões fundamentais sobre a formação de nossa personalidade, como conta o artigo da BBC. Por que algumas pessoas são mais positivas do que outras a respeito da vida, por exemplo? É hereditário?
Uma de suas conclusões foi de que cerca de metade das diferenças entre as pessoas são decorrentes de fatores genéticos. Mas, ao longo de nossas vidas, respondemos aos fatores ambientais que somos expostos e ajustamos constantemente os nossos genes, em um processo chamado de epigenética.
Em um caso específico estudado pela equipe de Tim, das gêmeas Debbie e Trudi, os cientistas encontraram diferenças em cinco genes no hipocampo e acreditam que isso seja responsável por ter desencadeado a depressão em uma delas - a Debbie. "Costumávamos dizer que não podíamos mudar nossos genes", diz ele ao jornal. "Agora sabemos que existem esses pequenos mecanismos para 'ligá-los' ou 'desligá-los'”, pontua. Então é possível reprogramar o nosso cérebro nesse aspecto?
Segundo Sue Varma, psiquiatra certificada, colaboradora médica e professora assistente clínica de psiquiatria na Langone Health da Universidade de Nova York (NYU), sim. Em um artigo para a revista digital Fast Company, ela explicou um pouco mais sobre o processo e traçou cinco passos importantes para essa mudança de atitude.
Varma, como conta o artigo, foi a primeira diretora médica a tratar socorristas e civis com TEPT (o Transtorno de Estresse Pós-Traumático), depressão e ansiedade no Programa de Saúde Mental do World Trade Center (WTC MHP) na NYU Langone/Bellevue. Agora, ela escreveu um livro “Otimismo prático: a arte, a ciência e a prática do bem-estar excepcional” para ajudar nessa jornada. Quais são suas dicas principais?
“O otimismo é o segredo mais bem guardado da natureza. Os otimistas são mais saudáveis, mais ricos, vivem mais e têm mais sucesso na vida, no trabalho e nos relacionamentos. Mas a melhor parte disso – e provavelmente o maior segredo de todos – é que qualquer pessoa pode aprender a pensar e agir como um otimista”, diz Varma.
Segundo pesquisas, os otimistas apresentam um sistema imunológico mais saudável, uma melhor saúde cardíaca e resultados positivos em várias áreas, desde o câncer até a cirurgia e a gravidez. Sem contar o fato de que seus sintomas físicos são mais brandos e sentem menos dor em geral.
Em sua experiência com os afetados pelo 11 de setembro, a psiquiatra - que afirma serem só 25% os genes responsáveis pelo otimismo -, percebeu que na maior parte das pessoas que se mantinham positivas faziam isso com intenção e com uma verdadeira crença de que coisas melhores estavam por vir e demonstravam ter maiores habilidades de inteligência e regulação emocional.
“O que há de tão legal nas habilidades é que elas podem ser aprendidas, praticadas e aprimoradas mesmo que você não tenha nascido com elas”, pontua ela. “Os otimistas nascem, mas os otimistas práticos são feitos. Tudo começa sendo muito intencional sobre quem você é e o que deseja – começa com um propósito.”
“Num estudo da revista The Lancet , aqueles com um sentido de significado e propósito tinham 30% menos probabilidade de morrer num período de oito anos e meio – isto inclui morrer por qualquer causa, bem como uma diminuição do risco de doença cardíaca, ataque, derrame, etc”, conta ela.
Já te contamos por aqui o poder do Propósito e acreditamos tanto nisso que é um dos pilares que norteiam a existência do Plenae. Sue tem um pensamento um tanto quanto parecido: para ela, a felicidade é quase irreal e está ligada a muitas coisas que o sujeito não pode controlar. Ter um propósito pode te trazer um norte e mais: pode te fazer resgatar as rédeas de sua própria vida. E isso irá te proporcionar alegrias de diferentes formas, além de te provocar a pensar no que realmente importa para você.
“O propósito é a sua impressão digital única no mundo. É a maneira da sua alma se envolver consciente e deliberadamente com o mundo de uma maneira que só você sabe, alinhada com sua paixão, habilidades, talentos e interesses únicos”, diz. Mas esqueça a ideia de atrelar algo tão importante a fatores mundanos como o valor do seu salário, títulos ou aprovação alheia. Ele é algo que vem de dentro, muito mais profundo e que só você pode conhecê-lo e buscá-lo - e aceitar que ele pode mudar com o tempo.
“Se você não consegue encontrar seu propósito, você pode criá-lo. Coloque a carroça na frente dos bois. Quando não nos sentimos motivados, não se preocupe. Mergulhe na ação e a motivação o seguirá. Chamamos isso de ativação comportamental – deixar que uma ação proposital o guie”, ensina a psiquiatra.
Esse pilar criado pela especialista é chamado de “processamento” e diz respeito a cuidar do seu bem-estar antes que ele se torne um sintoma e, logo, uma doença. Novamente, de forma intencional, concentre seus esforços em entender o que você está sentindo e, mais importante, falar sobre isso e buscar soluções antes que esse sentimento cresça e se torne nocivo.
“Lembre-se de que muito do otimismo e do otimismo prático tem a ver com conjuntos de habilidades e mecanismos de enfrentamento. É preciso muito mais energia para suprimir emoções do que para liberá-las, e liberá-las é tão simples quanto manter um diário 15 minutos por dia”, diz ela. Mas então é só eu fazer um diário? Há outras dicas que ela aponta também.
Dê um nome: diga o que está incomodando você
Reivindique: onde você sentiu isso no corpo?
Domine-o: converse com alguém, faça um diário sobre isso ou respire fundo algumas vezes.
Reformule, nem que seja necessário voltar ao assunto várias vezes
“Infelizmente, o orgulho tem uma má reputação, já que as pessoas vistas como orgulhosas são muitas vezes consideradas pomposas ou egocêntricas”, diz ela. “Mas o verdadeiro culpado em minha mente é, na verdade, a autoestima”. Para ela, a autoestima é um conceito falho porque geralmente está vinculada a conquistas externas: “você se sai bem, sua autoestima está alta, você se sai mal, ela está mais baixa”, diz.
Substituir essa lógica pela autocompaixão, onde há espaço para que você reconheça também as suas fraquezas e valorize aquilo que você é bom, é algo muito mais acolhedor e eficaz na construção de um otimismo prático. “A autoestima cairia depois de ser reprovado em um teste, mas a autocompaixão permite que você se saia melhor porque não fica paralisado pela vergonha e pela culpa”, exemplifica. Esse, aliás, é um dos ensinamentos da educação positiva que te contamos aqui.
Como nosso fundador, Abilio Diniz, sempre acreditou: os hábitos que você constrói hoje são o que te levarão longe. E o otimismo é um deles. Para se criar um hábito, é preciso constância, persistência e resiliência. Só assim você colherá os frutos que no caso do otimismo, é a longevidade saudável um deles, ou seja, chegar longe com qualidade.
“Este é o conceito de duração da saúde, porque de que adianta viver uma vida longa se esses anos adicionais forem passados com uma saúde debilitada? Queremos manter a nossa independência, que depende da saúde cognitiva e da saúde muscular. Tudo isso depende de hábitos importantes, desde a saúde bucal até a saúde mental”, diz Sue.
Os otimistas se cuidam mais, são mais proativos, acreditam genuinamente no resultado de suas ações e não desistem facilmente. Isso tudo reflete positivamente na sua vida, saúde, escolhas e até mesmo contagia quem está ao seu redor. Não automatize sua própria jornada e nem espere que algo de bom aconteça sem que haja um esforço por trás.
“O escritor William Durant afirmou acertadamente: “Somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é uma escolha; é um hábito.” Então, se você quer garantir que fará algo todos os dias, não deixe isso ao acaso”, conclui a psiquiatra.
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