Para Inspirar

5 benefícios que o convívio familiar traz à saúde

Pesquisas revelam que o poder do ciclo familiar e sua convivência são mais fortes do que se pensava para nossa saúde mental e física.

23 de Março de 2020


Muito se fala sobre o poder que as relações entre amigos pode nos trazer. E é um fato: ter um ciclo de amizades fortalecidas pode te levar longe, como pontuamos nessa matéria. Mas e nossa família? Bem, o poder é igual ou até maior! Em meio a crises de pandemia, nos vemos passando um tempo valioso com os nossos familiares, raros no nosso cotidiano sempre tão atarefado e escasso de horários livres.

Veja a seguir alguns benefícios que esse convívio traz - e que podem te convencer a valorizar ainda mais esses próximos dias ao lado de seus familiares. Afinal, eles serão para sempre nossa ponte entre passado e futuro. Confira!

Descobrir doenças
Na Suécia, o Instituto Karolinska conduziu um estudo que identificou uma probabilidade 43% maior de homens sozinhos serem diagnosticados com melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele, somente em estágios já muito avançados. Isso porque não havia ninguém além dele próprio que pudesse observar até mesmo suas mínimas variações. A convivência com seus pais, irmãos ou cônjuges traz uma percepção muito importante a respeito do corpo e da aparência do outro.

Qualquer mínima diferença será notada - e mais importante ainda se for uma mudança relacionada a alguma doença.
Perda ou ganho excessivo de peso, um andar diferente, ritmo de sono atípico, sinais neurológicos como olhos caídos ou fala mais devagar, variação de humor e até mesmo manchas na sua pele mencionadas anteriormente podem ser captados por quem te vê todo dia. Faça você também a sua parte: você está enxergando o outro com a clareza que os detalhes pedem?

Melhora na alimentação
A família aliás, por ser o primeiro núcleo social de proteção, influencia a alimentação desde a infância. Na Grécia, um estudo realizado pela Universidade Harokopio , concluiu que as mais de mil crianças avaliadas apresentavam melhor hábito alimentar quando viam isso partindo de seus pais. Além disso, famílias que possuem o hábito de cozinhar suas próprias refeições, também apresentavam um grau de união mais alto e laços mais fortalecidos - sem contar a dieta, mais rica do que as famílias que optam por lanches rápidos.

Sendo assim, nada melhor do que o incentivo deles, que estão ali desde a sua infância, para se manter na dieta. O convívio com a sua família, pessoas que naturalmente são preocupadas com o seu bem-estar, pode ser um grande aliado na luta por uma alimentação mais saudável - sem contar a influência positiva que o prato deles pode exercer sobre o seu.

Que tal bolar um prato bem gostoso com a sua avó hoje? Ou um cardápio reforçado e equilibrado ao lado de sua mãe para enfrentar esses próximos dias da maneira mais saudável possível? Isso vai ser positivo até mesmo para sua imunidade e saúde mental.

Incentivo para se exercitar
Uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem da USP revelou o que muitos já sabiam: treinar em companhia de um amigo, namorado ou parente pode ajudar a aumentar o seu desempenho, estabelecer maiores metas, reduzir o estresse e manter o foco. Uma companhia para malhar é sempre muito bem-vindo, obrigado. Mas, se for de um familiar, melhor ainda.

Por que? Explicamos: além de serem pessoas com as quais você possui afinidade e vê como exemplo, elas também podem ser a peça que faltava para a sua rotina de exercícios: a frequência.
Amigos, por não morarem juntos, estão mais propensos a desmarcar ou serem mais flexíveis com faltas. Seu parceiro, por exemplo, irá acordar junto com você e te incentivar já desde cedo a malhar, no maior esquema um-puxa-o-outro.

Afinal, casal que malha junto, permanece junto!
Um irmão, ou até seus pais, podem ser ainda mais severos quanto a sua presença. Afinal, você não poderá inventar desculpas para faltar justo para quem está lá, no quarto ao lado. Portanto, hora de tirar os sapatos de ginástica do fundo do armário e encontrar uma atividade em conjunto com a sua família que faça bem para todos!

Mas não se esqueça: assim como alimentação, o incentivo deve ser positivo para a musculação também. Se o seu familiar estiver furando constantemente, não se deixe levar pela influência negativa e tome o caminho contrário - incentive ele a não faltar!

Melhora nos hábitos
Uma pesquisa publicada no britânico New England Journal of Medicine revelou por meio de dados que, quando uma pessoa, por exemplo, decide cortar o cigarro, isso acaba influenciando positivamente os amigos e a família a fazer o mesmo. Essa conclusão se deu depois de longos 32 anos de acompanhamento entre cientistas e mais de 12 mil pessoas.

Eles constataram que abandonar vício em grupos é mais comum do que se pensa, e a estratégia obtém bastante sucesso: em 67% dos casos, o companheiro parou de fumar, 43% dos amigos próximos ao ex-fumante cessaram, 34% no caso de colegas de trabalho e 25% quando entre irmãos.
O mesmo serve para a bebida alcoólica.

Segundo a
Associação Brasileira para Estudos de Álcool e Drogas , muitos dependentes químicos começaram a beber no ambiente familiar, por verem seus pais fazendo o mesmo. “Na maioria das vezes, o adolescente bebe porque é influenciado por algumas companhias ou porque tem uma família desestruturada” revela o coordenador da Associação ao site Minha Vida.

Para além de dependências químicas como álcool e cigarro, hábitos mais cotidianos como sono desajustado, desorganização, uso exacerbado de mídias sociais e até mesmo roer unhas: todos eles podem ser observados e alertados por quem mais convive com você - sua família.

Saúde mental
Um estudo realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP apontou que a recuperação e o tratamento de pacientes que vivenciaram algum episódio psicótico pode apresentar resultados significativos quando há um apoio da família.

Segundo a enfermeira Luiza Elena Casaburi, autora da pesquisa, qualquer transtorno mental deve ter como foco do tratamento a cronificação dessa doença, ou seja, evitar que ela se instale no cotidiano do indivíduo. E é nesse principal combate onde entra a importância da família, que ao se engajar com a condição, consegue prever episódios e suprir a necessidade de afetividade que o paciente em tratamento possa porventura demonstrar.

Ter com quem partilhar seus problemas e conversar faz muita diferença para a nossa saúde mental. Poder chegar depois de um longo dia e dividir as angústias é positivo e incentivado por profissionais da área. Mais do que dividir as suas angústias, saber escutar pode ser muito benéfico também, pois essa preocupação traz um senso de cuidado com o próximo que, na medida certa, é extremamente positivo para quem sente.

A intergeracionalidade, ou seja, o convívio entre diferentes gerações, podem ser de grande valia para esse tópico também. Isso porque faz com que os mais velhos se sintam acolhidos e atualizados pelo contato com os jovens que, por sua vez, conhecem e vivenciam a natureza de outros problemas, muitas vezes, mais graves do que os seus.
Por fim, sua família pode ser quem vai te auxiliar a buscar uma ajuda de profissionais que podem realizar uma escuta capacitada de seus problemas.

Mas, para isso acontecer, é necessário que você divida sempre com eles o que te aflige, e escute o que eles têm a dizer. Repare no comportamento dos que estão ao seu redor e faça sua parte também ao ajudá-los a identificar quando um simples mau-humor, por exemplo, pode ser indicativo de algo maior.

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Para Inspirar

Como são as novas e modernas avós?

Conversamos com as avós “modernas”, mulheres que testemunharam revoluções em suas juventudes e hoje fogem do estereótipo de “velhinhas que tricotam”

6 de Março de 2024


Baby boomers, millenials, geração Z: você já deve ter ouvido falar em alguns desses termos, que são usados para nomear as gerações em determinados períodos e espaço de anos. Esses marcadores podem parecer sem muita serventia de imediato, mas a verdade é que eles existem para que os estudiosos de diferentes temas consigam identificar padrões de comportamentos e mudanças sociais relevantes.

No caso dos baby boomers, como são chamados os nascidos entre 1946 e 1964, já há um distanciamento histórico suficiente para cravá-los como a geração que testemunhou mais revoluções. O nome, inclusive, se dá pelo aumento de natalidade (um boom de bebês) pós-guerra, o maior do século 20. Havia um clima otimista no ar, de superação e recomeço, além de uma calmaria importante no cenário político, que ansiava por uma calma. 

Hoje, essa horda de pessoas que ressignificaram o conceito de juventude e abriram alas para as revoluções e liberdades hippies que viriam em seguida, são avôs e avós. E, mais especificamente sobre as mulheres: o que querem elas que não seguem mais o estereótipo de vovós que fazem crochês e vivem pelos seus netos?

Vovós modernas


Pílula anticoncepcional, minissaia, direito ao voto e ao divórcio, maior inserção no mercado de trabalho: essas são só algumas das emancipações vivenciadas pelas baby boomers, que testemunharam o movimento feminista se consolidar e as discussões acerca de gênero e liberdade ganharem forma e força. 

Tantas décadas depois, essas mulheres se tornaram hoje avós. Hoje, aliás, temos mais avós do que netos segundo o estudo Tsunami 60+. Estima-se que em 2030 teremos mais idosos do que pessoas com até 14 anos, para se ter uma ideia. E, ao tentar definir quem é e o que quer esse público, velhos mitos e preconceitos são derrubados em uma rápida conversa. 

“Sim, elas se sentem bem física e mentalmente. Sim, elas se movimentam pela cidade, trabalham, namoram. E não, a relação delas com a tecnologia não é tão ruim quanto se pensa”, escrevem as criadoras do estudo, Layla Valias, Lívia Hollerbach e Mariana Fonseca. 

Ainda segundo o mesmo levantamento, 62% dos brasileiros com mais de 55 anos dizem "Minha saúde mental e física está bem". A sensação de estar bem física e mentalmente independe da classe social. Além disso, 59% das pessoas entre 55 e 64 anos afirmam: "Minha rotina na semana é bem intensa, com muitas atividades fora de casa." 

Reflexo disso é que 63% das pessoas com mais de 60 anos são provedoras da família, 86% das pessoas acima dos 55 anos vivem com sua própria renda e 93% das pessoas acima dos 75 também. Ou seja, há uma movimentação não só em prol do lazer, mas também criativa e do ofício. 

Elas namoram, fazem sexo, jogam videogame e estão muito mais por dentro da tecnologia do que se pode imaginar, como continua a pesquisa. Nas redes sociais, a presença já é consolidada. Mas fora das telas, a longevidade também já é uma realidade que veio para ficar.

A diferença no criar


Neste artigo, falamos um pouco sobre a diferença na criação dos filhos de ontem e os de hoje. Mas, mais do que como elas criaram seus filhos no passado, queremos saber como essas avós são hoje. Conhecemos alguns dados importantes sobre essa população prateada, mas também fomos conversar com avós consideradas “modernas”. 

Neste Plenae Entrevista, conversamos com duas influenciadoras digitais que são o reflexo dessa modernidade. Também já conversamos com Helena Schargel, modelo da maturidade, além de um Plenae Drop com as Avós da Razão. Mas, novamente, fomos conhecer mais exemplos de avós modernas, dessa vez, com foco em seus papéis e qual a diferença entre elas e suas próprias avós. Conheça a seguir o que elas têm a dizer.

“Fui pega de surpresa aos 45 anos quando minha filha adolescente me comunicou que eu seria avó. No início, a única coisa que conseguia fazer era chorar, pois sabia as dificuldades que teríamos que enfrentar. Mas tudo passou quando ouvi pela primeira vez os batimentos do coraçãozinho da minha neta. As diferenças entre eu e minha avó são muitas, começando pelo tratamento, pois eu tinha que chamá-la de senhora e não tinha abertura para dialogar abertamente da maneira que eu e minha neta fazemos hoje. Acredito que a oportunidade de trabalhar fora e ter contato com diversas pessoas, inclusive muitos jovens, me ajudou a ter mais flexibilidade nessa relação. Além disso, o contexto histórico também influencia muito”. 



“Não sei bem explicar o motivo, mas eu tinha um pressentimento que minha filha mais velha estaria grávida. Quando veio a notícia oficial, foi um misto de alegria e de apreensão, mas não foi totalmente uma surpresa. Sou muito apaixonada pela maternidade e por bebês e sempre tive muita vontade de ser avó. A minha foi meu anjo da guarda durante toda sua existência, mas por mais próxima fisicamente que ela tentou ser, ela vivia em um mundo só dela, que eu considerava impenetrável. O amor nos unia, mas não falávamos a mesma língua. Hoje, eu procuro ser amiga dos meus netos e me inserir no mundo deles, ser participativa, conhecer os amigos, sair juntos, saber o que está acontecendo na escola. Curto músicas, filmes, jogos, entre outras coisas que fazem parte do universo deles. Também gosto de cozinhar para eles como minha avó fazia, claro, mas nossa relação não se resume a só isso. A questão é que não me sinto uma idosinha, vovozinha que deve ficar em casa em uma vida muito limitada. Sou ativa e quero mais. Ensino eles a nunca ter preconceito, sempre ter empatia e, acima de tudo, curtir muito a vida.” 



“Minha neta nasceu em 2006, quando meu filho tinha 18 anos. Foi um susto, porém ela foi muito bem-vinda e hoje é uma linda jovem. Me considero moderna porque vivo de uma forma livre e intensa. Viajo bastante e sou independente. Comparando com minhas avós, sou fisicamente mais saudável e com uma aparência mais jovial. Do que me lembro de aparência, com minha idade (65 anos), minha avó paterna era uma velhinha de trança num coque e a materna, minhas lembranças são de uma velhinha ranzinza fazendo pãezinhos para receber os netos. Acredito que fora o progresso social dos últimos anos, um grau de escolaridade melhor e a experiência em ser mãe foram determinantes para um relacionamento mais leve com minha neta. Ensino sempre ela a viver a vida de uma forma saudável, respeitando a família e o mundo embasada nos valores morais e éticos.”


“Quando eu soube, no primeiro momento, minha filha era jovem e eu fiquei assustada, com medo que ela não concluísse a faculdade. Depois que nasceu, foi uma aproximação encantadora. A diferença gritante entre eu e minha avó se dá principalmente em relação a independência financeira, profissão, carreira. Nossos valores também, é inevitável que a minha avó tivesse percepções da vida muito mais centradas em ser do lar. Mas em contrapartida ela tinha habilidades que eu não tinha, ela pintava, costurava, eu não sei fazer nada disso. Eu me questiono se sou uma avó moderna, o que é ser uma. O que eu acho é que sou uma referência diferente pra minha neta, tanto eu quanto a avó paterna dela. Nós duas temos o mesmo perfil, temos mais ou menos a mesma idade e uma relação intensa com o trabalho. Com isso, minha neta entende se falamos que temos que trabalhar, por exemplo, e que não dá pra brincar agora. Ela também cresce em um ambiente de maior liderança feminina, nós ditamos mais os rumos do nosso lar do que os maridos. Inclusive, eu me separei recentemente e a minha neta me questionou sobre isso, teve dificuldade de entender por ser uma criança na primeira infância, mas esse vai ser um referencial diferente no futuro dela. O contexto social e até a criação dos eletrodomésticos, tudo isso e coisas que a gente não imagina contribuíram para nossa liberdade. Hoje eu ensino para ela o que a minha avó não podia me ensinar, que é o valor do trabalho. E escuto ela falar que quer estudar tudo, quer aprender tudo e fazer muitas faculdades. Ao mesmo tempo, indiretamente nós ensinamos a importância também do cuidado da família, porque somos todos muito unidos e ela vê isso na prática. Isso era algo que a minha avó fazia e eu continuei fazendo”. 



Agora, nos resta esperar para descobrir como será a próxima geração de avós, essas que também participaram ativamente da história do mundo, dessa vez com mais direitos adquiridos e muita vontade de fazer. O futuro será otimista e feminista!

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