Coloque em prática
O que você deve saber a respeito do seu próprio corpo para identificar que algo está errado e procurar ajuda
10 de Dezembro de 2024
No segundo episódio da décima oitava temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história de Marília Costa e a volta por cima que ela deu depois de viver na própria pele o diagnóstico precoce do câncer de mama. Foram dez meses de tratamento e sete anos até que todo o processo se encerrasse para que ela começasse a enxergar a maternidade como uma possibilidade.
Mesmo após sofrer dois abortos espontâneos, ela deu à luz um menino saudável e, mais do que isso, conseguiu amamentar. Seu peito, que um dia representou doença, passou a representar vida para ela, seu filho e até para outras crianças, pois ela se tornou doadora de leite.
Já te contamos por aqui o que é o câncer de mama, além de trazer alguns de seus números mais importantes. Mas hoje, vamos entender mais profundamente quais são os sinais de alerta para que você ligue o seu radar e procure um especialista. Afinal, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença! Leia mais a seguir.
Em linhas gerais, o câncer de mama se dá da mesma maneira que outros cânceres: é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células que, em suas milhares de replicações, pode enfrentar uma espécie de “erro” - nesse caso, na mama. Essas células anormais que surgiram continuam a se multiplicar e formam então o tumor, que compromete a função do próprio órgão acometido no momento e ainda pode caminhar para outros, um processo chamado “metástase”.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil - ele só perde para o câncer de pele não melanoma. Para se ter uma ideia, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 74 mil novos casos de câncer de mama devem ocorrer no país por ano. Mas a sua detecção precoce pode aumentar em até 95% as chances de cura, como explica o artigo do Ministério da Saúde.
Como fazer então essa detecção? O primeiro passo é manter os seus exames sempre em dia, portanto, visitas anuais ao ginecologista são fundamentais para que exames como ultrassom de mamas e mamografia - esse, após os 40 anos ou antes se houver casos de câncer de mama na família - ajudem a mostrar como está a situação mamária da paciente.
O segundo passo, mas igualmente importante, é o autoexame. Isso vai exigir que você conheça o seu corpo com profundidade para identificar qualquer mínima mudança ainda no começo. E é preciso ainda deixar os tabus do lado de fora da casa, pois apesar de aqui estarmos falando somente das mamas, o autoexame vale para todo seu corpo: sinais em locais diferentes, protuberâncias que não existiam, mudanças na anatomia e formatos das suas partes… Tudo importa.
Na hora de tocar as suas mamas, há alguns movimentos que precisam ser feitos e sinais que precisam ser observados. Os sinais (alterações físicas) e os sintomas (o que pode ser sentido, como desconforto por exemplo, mas nem sempre é visualizado) do câncer de mama podem variar de mulher para mulher, como explica o artigo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Na maioria das vezes, o câncer de mama se manifesta como um nódulo, que pode ser percebido ao palpar a mama, como foi o caso de Marília. “Estava no auge da carreira. Percebi que tinha alguma coisa estranha no meu seio direito durante um ensaio. Em uma das coreografias, eu fazia um mergulho no chão, tipo um peixinho. E foi nesse movimento que eu senti um desconforto. Eu achei aquilo estranho e depois comentei com uma amiga. Ela apalpou o meu peito e falou: ‘Olha, esse aí eu acho que não é nada. Mas na sua mama esquerda tem um nódulo muito rígido. Acho que você tem que procurar um médico’”, conta ela em seu episódio.
Mas calma: nem todo nódulo será maligno. Para fazer essa avaliação, a equipe médica define o estadiamento da doença, como explica o Ministério da Saúde, que é o nome dado à classificação do grau de evolução tumoral, considerando o seu tamanho, a localização e a extensão da doença no organismo - se já se espalhou.
A especialista Paula Saab, que é médica mastologista membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia e preceptora do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS), ainda explica à pasta federal que, quando o câncer de mama já se encontra com manifestações clínicas, em 90% das vezes ele se apresenta como esse nódulo palpável na mama.
Mas existem outros sintomas, geralmente inflamatórios, que não respondem a tratamentos tópicos (cremes dermatológicos) e que também podem indicar a presença da doença. São eles:
Retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja;
Saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando até a sujar o sutiã;
Vermelhidão da pele da mama;
Pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço.
Outros sinais possíveis são a inversão do mamilo, inchaço da mama e dor local.
Muitos dos casos de câncer de mama são identificados pelos próprios pacientes que, após a percepção da alteração, devem procurar um especialista imediatamente para realizar exames mais específicos. Mas não economize nas movimentações: apalpe mesmo, aperte, pressione em cima e embaixo, faça círculos com os dedos e mãos, estenda até a axila e pescoço, olhe-se no espelho para comparar os formatos e anatomias das duas mamas.
Todo adulto, seja mulher ou homem - que não se engane, também pode ser acometido por um câncer de mama - deve ser encorajado a conhecer seu próprio corpo. Se toque! Você é a porta de entrada e é quem trilhará esse caminho.
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