Coloque em prática

Seis descobertas que vão mudar como envelhecemos

Pesquisas sobre o envelhecimento avançaram muito nos últimos trinta anos. Imagine onde estaremos nos próximos trinta, dez ou mesmo cinco anos.

17 de Julho de 2018


MEXER EM UM ÚNICO GENE PODE RETARDAR O ENVELHECIMENTO

Quem adivinharia que alterar a atividade de um único gene, o do envelhecimento (MCIR), poderia afetar dramaticamente o envelhecimento? Várias dezenas desse tipo de gene que são agora conhecidos. No caso mais espetacular, desativar apenas um gene aumentou a longevidade de cobaias em mais de 50%.

REMOVER CÉLULAS DANIFICADAS PELO ENVELHECIMENTO MELHORA A SAÚDE

À medida que envelhecemos, algumas de nossas células – que podiam se replicar para reparar danos nos tecidos – param de se dividir. Recentemente, foi descoberto que as células que não se multiplicam mais causam danos ao secretar moléculas nocivas, uma espécie de lixo celular. Há muito tempo havia uma controvérsia se as células senescentes realmente causavam algum impacto prejudicial no organismo. Agora sabemos que sim – e porquê. A remoção dessas células não só preserva a saúde do coração e dos rins como também previne o câncer em camundongos. O próximo passo será testar se esses benefícios podem ser estendidos aos humanos.

SANGUE JOVEM TEM PODER REJUVENESCEDOR

Talvez Conde Drácula – personagem do escritor Bram Stoker – tivesse razão em um ponto. Terapias com sangue podem fazer bem. Vários grupos de pesquisa mostraram que a transfusão do sangue de camundongos jovens para ratos mais velhos rejuvenesce os músculos, coração e cérebro dos idosos. Embora a identidade das moléculas que provoca esse rejuvenescimento ainda seja incerta, os pesquisadores têm curiosidade de saber se os humanos jovens possuem moléculas de rejuvenescimento similares. A boa notícia é que testes preliminares em humanos sobre os efeitos rejuvenescedores do sangue jovem já estão em andamento.

EXERCÍCIOS MELHORAM TAMBÉM A SAÚDE MENTAL

Não é nenhuma novidade que os exercícios melhoram a saúde cardiovascular, reduzem a gordura corporal e diminuem o açúcar no sangue. Porém, pesquisas recentes mostraram que os exercícios também preservam a saúde do cérebro. Se fosse um medicamento, o exercício físico seria considerado um medicamento milagroso para a preservação da saúde.

RESTRINGIR CALORIAS PRESERVA A SAÚDE

Há muitos anos, os pesquisadores já sabem que reduzir drasticamente a ingestão de calorias preserva muito a saúde, pelo menos em animais de laboratório. Mas uma dieta extrema nunca foi considerada uma receita viável para pessoas. Nós gostamos muito de comer. Nova pesquisa, no entanto, sugere que comer menos certos componentes alimentares, como proteínas ou determinado aminoácido, a metionina, pode preservar a saúde sem restrição calórica.

VÁRIAS DROGAS QUE PRESERVAM A VIDA E A SAÚDE EM CAMUNDONGOS JÁ FORAM DESCOBERTAS

Seis das primeiras dezenove drogas testadas em camundongos tiveram sucesso na extensão da vida. Esta é uma taxa de sucesso impressionante, que afirma a profundidade com que os pesquisadores agora entendem a biologia relativa ao envelhecimento.

O mais bem estudado desses fármacos, a rapamicina (agente antifungo), mostrou atrasar a versão da doença de Alzheimer em camundongos e até mesmo melhorar a memória. Em vários estudos, a droga também preservou a função cardíaca, impediu vários tipos de câncer e melhorou a resposta de vacinas em adultos mais velhos. Outras drogas identificadas a partir da pesquisa básica sobre o envelhecimento estão em andamento.

Pesquisas sobre o envelhecimento avançaram muito nos últimos trinta anos. Imagine onde estaremos nos próximos trinta, dez ou mesmo cinco anos. Felizmente, a maioria de nós terá o tempo suficiente para descobrir.

Leia o artigo completo aqui.
Fonte: Steven N. Austad

Síntese: Equipe Plenae

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Coloque em prática

Como tomar melhores decisões?

Conversamos com um neurologista especialista em tomada de decisões para entender como esse processo se dá dentro de nosso cérebro e como aprimorá-lo

9 de Fevereiro de 2021


Segundo estimativas publicadas em uma pesquisa no jornal americano Wall Street Journal, um ser humano toma cerca de 35 mil decisões por dia. Parece um número absurdo, afinal, nossa concepção do que é uma decisão acaba sendo, muitas vezes, relacionada às grandes decisões.

Mas pense que, nesse exato momento, você decidiu abrir esse link, e decidiu rolar para baixo, e enquanto lia, decidiu tomar um gole de água. Tudo isso inclui processos decisórios os quais você nem sempre se dá conta de que está diante de opções, simplesmente faz.

Segundo o neurocientista e professor livre docente da UNIFESP, Álvaro Machado Dias, há três tipos de tomada de decisão:

  • Decisões da ordem fisiológicas: são automáticas e operam na manutenção da vida, como o reflexo.
  • Decisões médias: ligadas à nossa vontade e emoções, elas não exigem tanto investimento cognitivo. Como escolher uma comida no cardápio.
  • Decisões grandes: escolhas que impactarão nossa vida a longo prazo e merecedoras de um investimento intencional e cognitivo maior.

Ainda dentro das grandes decisões, ela pode ser dividida em dois caminhos: racional e intuitivo. Quando optamos por uma escolha racional, é porque projetamos futuros hipotéticos e nos imaginamos neles, vivenciamos como seriam nossas emoções nessa situação específica. A partir daí, pesamos e medimos entre a opção a ou b.

Porém, perceba que até mesmo no caminho racional, é desprendida uma energia emocional grande. “Nós atribuímos valor para cada uma das experiências e projeções que fazemos. Até pra viajar, pra decidir o destino, você se imagina em cada um deles e escolhe a que apresenta ser mais valiosa segundo suas emoções” como explica Álvaro.

A escolha intuitiva, por sua vez, se dá quando o indivíduo se vê diante de uma grande questão e não opta por comparar suas opções, ou simplesmente cansa de fazê-lo. “Ela é pós-analítica, é saber que você não consegue ter certeza do que vai ser melhor, e não decidir por algo é também se posicionar. Então as pessoas, nesse momento, já pensaram demais e não chegaram a nenhuma decisão e elas tem uma nova forma de escolher, que é justamente a intuição”, diz.

Portanto, trata-se de um processo de olhar para dentro de si e avaliar os resíduos que ficaram nas emoções dessa experiência de se projetar nos diferentes cenários hipotéticos. “Pensar é inibir as emoções, e a gente sente uma inclinação, um feeling sobre as situações hipotéticas” comenta Álvaro.

A intuição também está muito envolvida nas decisões automáticas, aquelas que mencionamos no começo. São milhares de decisões por dia, portanto, intuição não é tanto sobre gostar, é sobre se sentir inclinado a algo, aquilo que nos foge, que não sabemos explicar o porquê de termos escolhido.

Caminhos decisórios

Como mencionamos, diariamente somos expostos a diferentes caminhos possíveis de serem seguidos, e cabe a nós escolhermos cada um. Mas há coisas que podem atrapalhar esse processo. “A principal coisa que atrapalha a tomada de decisão seguramente são as emoções intromissivas. Decisões precisam ter a mente pacificada para você poder se conectar com essas experiências de futuros hipotéticos. Se você for dominado por emoções fora de contexto, você terá dificuldade de se conectar com esses cenários, pois eles vão ser inundados por esse presente” explica o neurologista.

Por isso, há de se evitar as decisões tomadas no calor do momento. Mas e quando não temos escolhas? Voltamos à intuição, quando você sente essa necessidade de ir pela sua inclinação, e não pela sua racionalidade. Mas o que fazer então para tomar melhores decisões?

Para Álvaro, é preciso ter em mente 4 etapas principais:

  • Tomar boas decisões é também avaliar a importância do que está sendo decidido. Portanto, não invista muita energia para tomar decisões de baixo impacto . “É melhor qualquer decisão do que nenhuma decisão. Reserve o melhor da sua energia mental para as decisões importantes, pois é essa capacidade de direcionar energia em coisas que vão dar resultado que vai te diferenciar. Maximize a distribuição energética. Isso não é só uma questão das tomadas de decisões, isso serve pra tudo na vida”
  • Não assumir que o desfecho da nossa decisão está dado na opção que está colocada . Quando pensamos “vou tomar uma decisão”, logo pensamos em 4 opções, e por fim, escolho a opção b. “Isso acaba parecendo escola, vou escolher uma e checar no gabarito depois se acertei. Mas esquecemos que ainda pode existir a opção f, g e h” diz. O processo decisório não acaba no momento da escolha, ali você somente reduz a entropia - mas está apenas começando, porque o que vai determinar se a sua decisão foi boa não é o acerto, mas se você teve a energia necessária para torná-la realidade. Decidir é mais fácil do que fazer acontecer.
  • Não tomar decisão quando sua mente está em outro lugar , sobretudo quando suas emoções estão contaminadas, em um estado emocionalmente reativo. Porque, nesse caso, você irá contaminar esses processos de projeção emocional com emoções incidentais.
  • Entender que nem toda decisão será necessariamente a que renderá mais frutos, mas a que lhe pareceu moralmente certa no momento. O modelo tradicional de tomada de decisão que pensamos se encaminha para ter um resultado que é bom ou ruim do ponto de vista utilitário: se trouxe mais prazer, mais sucesso, etc. Porém, muitas vezes decidimos o que achamos ser mais certo. “Existe no mundo uma dicotomia entre prazer e felicidade, o retorno utilitário e o retorno moral da decisão. Escolher só de forma utilitarista vai terminar mal”.

Há ainda de se considerar a relação entre decisão X felicidade. “Quando as nossas decisões geram um retorno que imediatamente dão prazer e satisfação, elas nos dão a ilusão que estão nos trazendo felicidade. Essa ilusão pode ser verdadeira, mas muitas vezes ela é falsa” explica Álvaro.

As decisões que verdadeiramente aumentam nossa felicidade são as decisões que se conectam umas com as outras, funcionando quase como um salto. Quando você toma uma decisão na qual você acredita que é certo, você não se deixa iludir pelo retorno imediato da mesma, você está esperando qualquer coisa - inclusive que dê errado.

Mas, por acreditar integralmente naquilo sob a ótica moral, é o que traz a verdadeira felicidade a longo prazo, pois vão te encaminhando para o que você acredita que seja certo. “A felicidade é um caminho que pode ser obliterado por uma ilusão baseada em tomadas de decisão, essa ilusão que o retorno imediato é o que importa numa decisão. Porém, nós mudamos o tempo todo. É preciso se levar menos a sério” conclui o especialista. E você, já encarou seus possíveis caminhos com mais leveza hoje?

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