Para Inspirar
Conheça a história do escritor que revolucionou a sua vida depois que o seu corpo o obrigou a parar e recalcular.
27 de Outubro de 2024
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
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Geyze Diniz: Após ter um apagão devido a rotina acelerada, Gustavo Ziller procurou se reconectar consigo mesmo e busca uma vida com mais qualidade. Virou atleta profissional e ao escalar várias montanhas, descobriu que não é necessário ir tão longe para ter a sensação de estar no topo do mundo. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
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Gustavo Ziller: Eu desmaiei um dia no meio do trânsito, em 2012. Eu não lembro direito o que aconteceu, mas sei o que me contaram. Eu tava num evento chamado Social Media Week, em São Paulo, falando sobre o futuro das redes sociais. Aí eu saí desse evento, que foi no Morumbi, peguei meu carro, atravessei a ponte Cidade Jardim e em cima da ponte comecei a dirigir meio em ziguezague.
Quando eu fui entrar numa ruazinha à direita para pegar a Avenida Faria Lima, eu apaguei. O João, o taxista que estava dirigindo atrás de mim, disse que eu comecei a diminuir a velocidade até parar no meio da rua. Ele estacionou o meu carro e me levou para o hospital.
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Eu lembro direitinho que eu dormia cansado, sentindo muito desânimo, e acordava exausto. Não tinha nenhum hobby. Não fazia exercício. Não tinha tempo de qualidade com os meus três filhos. Por outro lado, eu fazia muito dinheiro e proporcionava um padrão de vida altíssimo para minha família. Então, de alguma maneira, eu achava que estava valendo o sacrifício. Nessa cilada eu não caio mais.
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Era uma fase em que eu acreditava no sonho da meritocracia. Achava que se eu trabalhasse duro, dormisse pouco e acordasse antes dos outros, ia construir um império. O mercado profissional vende um discurso que, na verdade, funciona para uma minoria. Pouquíssimas pessoas vão conseguir ficar milionárias seguindo essa fórmula. Menos pessoas ainda vão ficar bilionárias. A maioria só vai ficar doente.
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No dia 9 de abril do ano seguinte, eu embarquei pro Nepal. Fiz sozinho um trekking até o campo base de uma montanha chamada Annapurna. Foram 35 dias de muita reflexão sobre a minha saúde, o meu trabalho, o meu relacionamento e a paternidade. Eu tinha pensamentos que flutuavam na minha cabeça como se fossem uma constelação de planetas que precisava de alinhamento, sabe?
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Depois do Annapurna, eu publiquei o livro "Escalando Sonhos", que está esgotado, na verdade, com fotos e reflexões sobre essa história que eu contei aqui. O processo de escrita foi muito legal, porque eu fui tendo outras ideias. E uma dessas ideias foi o roteiro de um programa de TV sobre um cara comum que decide escalar as montanhas mais altas de cada continente. É um roteiro clássico do montanhismo chamado Sete Cumes, que inclui a Antártida.
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Depois disso, eu virei atleta profissional. É claro que eu não sou um atleta olímpico nem de performance. Sou atleta no sentido de alguém que ganha grana pelo esporte. Alguém que executa desafios e é reconhecido por isso. E para ser um atleta eu tive que adotar uma rotina que não caberia na agenda de uma pessoa comum.
O meu programa tem cinco pilares: cardio, força, mente, nutrição e fisiológico. O meu treinamento nutritivo, por exemplo, não se resume a comer direito. Pelo contrário. Ele inclui às vezes comer em horários errados, porque na montanha a gente come quando é possível. Então, de 15 em 15 dias, eu faço jejum intermitente, por exemplo.
A parte física inclui os treinos de cardio e de força, seis vezes por semana, duas vezes por dia. Então, eu pedalo, escalo, corro, faço musculação, pilates e às vezes yoga. No dia de descanso, eu alongo.
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Na primeira vez que a Iara subiu uma montanha acima de 5 mil metros, foi nesse esquema. A gente estava na Bolívia. Um escalador boliviano mais experiente, que conhecia a montanha, foi na frente. A Iara no meio e eu, por último. Quando a gente chegou no topo, Iaia ajoelhou e começou a chorar de emoção.
Com o Mateus, o caçula, eu tive que buscar outro caminho. Quando ele completou 18 anos, a gente viajou junto pro Alasca. Eu fiquei tão empolgado que fiz um roteiro com vários programas na natureza, coisas que eu gosto. Até que a Iara me perguntou: “Pai, você já perguntou pro Mateus se ele quer fazer isso tudo?” E quando a gente chegou no Alasca, o que ele mais me pediu foi pra ir ao museu e à biblioteca. Eu demorei pra perceber que o universo dele é outro, e eu continuo nesse aprendizado. A gente se conecta com os nossos filhos de formas diferentes, e eu tô aprendendo a me conectar com ele na forma dele, não na minha.
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Nesse novo capítulo da minha biografia, os meus trekkings devem se concentrar no Brasil, para eu ficar mais pertinho dela. A essa altura da vida, eu já entendi que a gente não precisa escalar o Everest para sentir o que eu senti lá em cima. Eu tive a mesma sensação de plenitude quando abracei a Iara no topo da montanha na Bolívia. Senti a mesmíssima coisa quando visitei um museu com o Mateus, no Alasca.
Fui inundado pela mesma sensação ao pegar a Amora no colo pela primeira vez. E eu nem acho que os acontecimentos precisam ser tão grandiosos assim pra gente alcançar a plenitude. Eu sinto paz, por exemplo, quando faço uma prova de bicicleta. Ou até mesmo quando tô passando um cafézinho na cozinha lá de casa.
A gente tá desaprendendo a sentir. E parar de sentir é a última etapa antes da barbárie. Mas eu acredito que dá pra recuperar essa capacidade e retomar a sensação de plenitude no nosso dia a dia. É por isso que o meu novo desafio é um programa de TV chamado "Viver pra Valer". A gente entrevista pessoas inspiradoras e explora a sensação de que a vida realmente acontece quando a gente vive o nosso cotidiano intensamente. O topo do Everest está dentro de cada um de nós.
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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
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Para Inspirar
Na edição 17, você conhece novos seis nomes que trazem novas seis oportunidades de reflexões e mergulhos!
6 de Outubro de 2024
Você piscou
e a décima sétima temporada do Podcast Plenae chegou! Está no ar esse nosso
novo mergulho por dentro de histórias que atingem sim, profundidades intensas,
mas que nos levam a perder o medo do que mora lá no fundo e mais importante:
aproveitar a trajetória.
Abrimos mais
essa edição com a Estela e Pedro Zanni representando o pilar Relações. Quem
melhor do que uma mãe para narrar a história de um filho? E se esse filho for
especial, mas protagonista de uma vida sem limitações, cujo oceano foi
literalmente o seu CEP apesar de todas as dificuldades?
Na
sequência, colocamos o pé em Contexto e passeamos pelos cenários de Dalton
Paula, que faz da sua vida e sua bagagem os insumos necessários para hoje a sua
arte - essa que já ganhou o mundo e segue nos representando de forma sensível e
dedicada.
Pode espiar,
mas também pode entrar e olhar com verdadeiro interesse para a história de
Espírito, contada pela renomada chef Morena Leite. Não pense você que ela faz
apenas pratos bonitos e premiados. Morena verdadeiramente se conecta com os
alimentos e, com as lições de sua mãe, entendeu que eles são também ponte para
religiões e outras culturas.
Mente, esse
pilar tão fundamental, foi representado na décima sétima temporada pelo
corajoso e desbravador Gustavo Ziller. E essa coragem se deve não só ao fato de
ter escalado a maior montanha do mundo, mas também de ter se dado a chance de
recomeçar e entender que não é necessário ir tão longe para ter a sensação de
estar no topo do mundo.
Para
entrarmos de cabeça em Propósito, é preciso deixar velhos estigmas para trás e
ouvir, novamente de uma mãe, a história de suas filhas especiais. As gêmeas de
Marcela Barci foram diagnosticadas dentro do espectro autista ainda bem
pequenas e as lições que a família colheu de lá para cá parecem infinitas e tão
necessárias que ela resolveu adotar como missão dividi-las com o mundo.
Encerramos
com Corpo, mais especificamente com o atleta Caio Bonfim que, se você assistiu
as olimpíadas de 2024, sabe de quem estamos falando. O medalhista olímpico
divide com o Plenae - e com você, nosso ouvinte -, toda a trajetória que o
levou até os caminhos da marcha atlética. E acreditem: a história possui tantas
nuances quanto o esporte que ele representa.
Inspire
profundamente e prenda a sua respiração na sequência: você irá expirar bem
devagarinho enquanto mergulha, cada vez mais fundo, nessas narrativas que são
sobre nossos participantes, mas são sobre você e sobre todos nós também.
Estimule-se com o caminho do outro a mudar o seu! Aperte o play e inspire-se!
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