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Número de idas à igreja é proporcional à menor mortalidade

Nos últimos 20 anos, diversas pesquisas sugeriram os benefícios da prática religiosa à saúde.

13 de Fevereiro de 2019


Nos últimos 20 anos, diversas pesquisas sugeriram os benefícios da prática religiosa à saúde. A frequência regular a templos ou igrejas aparece associada à redução de 30% na depressão, cinco vezes menos probabilidade de suicídio e queda de 30% na mortalidade. Esses são os resultados obtidos em 16 anos de acompanhamento realizado pelos pesquisadores. Como nem todos os estudos têm a mesma seriedade, surgiu espaço para dúvidas. Levantou-se a hipótese de que apenas as pessoas saudáveis participassem das pesquisas – o que levaria a um falso resultado. A Universidade Harvard resolveu investigar. Usou mensurações repetidas de frequência à igreja e saúde ao longo do tempo para controlar se as mudanças na saúde sucediam o hábito da prática religiosa. Os resultados indicaram que, em comparação com as mulheres que nunca compareceram a serviços religiosos, as que frequentavam um lugar de prática religiosa – independentemente do tipo de religião:
Frequência Redução do risco de morte
Mais de uma vez por semana 33%
Uma vez por semana 26%
Menos de uma vez por semana 13%
Os dados vêm de mulheres que trabalharam como enfermeiras nos EUA, a maioria das quais identificadas como católicas ou protestantes, de modo que a maioria dos serviços religiosos estaria nas igrejas. Apesar de os pesquisadores afirmarem que o benefício não está ligado ao tipo de religião, mas à prática em si. Por que a religião faz bem à saúde? Uma explicação seria o apoio social e, de fato, os resultados indicam que o apoio do grupo é importante. Ao frequentar os serviços religiosos, recebem-se uma atenção e cuidado que afetam a saúde, mas parece representar apenas 20% a 30% do efeito. A pesquisa sugere que é provável que haja vários outros mecanismos que também funcionem. As normas sociais e comportamentais pregadas nas igrejas, pelo menos nos Estados Unidos, parecem reduzir a probabilidade de fumar, o que afeta a saúde. Outro mecanismo pode ter a ver com uma perspectiva da vida. As mensagens de esperança e fé nos serviços religiosos elevam os níveis de otimismo entre os participantes, consequentemente, as taxas de depressão reduzem. Todos esses fatores afetam a saúde e a longevidade. A prática religiosa ainda desenvolveria autodisciplina, percepção de significado e propósito na vida, fatores potenciais, segundo os cientistas, para a melhora da saúde. Leia o artigo completo aqui .

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Solidão: como ela pode afetar o nosso cérebro?

Parece pouco, mas a verdade é que os efeitos de estar sozinho contra a nossa vontade são muitos e afetam o nosso principal órgão, que é o cérebro.

27 de Maio de 2022


Solidão. Quem já se sentiu completamente sem ninguém, ainda que por um breve momento, sabe como a sensação pode ser aterradora. Esse problema, já há algum tempo, é tão sério que deixou de ser algo individualizado e se tornou pauta de saúde pública. Em países como Inglaterra e Japão, existe um ministério para tratar da solidão de seus cidadãos, principalmente os mais velhos. Os ingleses se tornaram os pioneiros nesse combate ao verem 15% de sua população acometida pelo chamado isolamento social involuntário.


Mas o fato de estar sozinho é tão grave assim? Estudos apontam que sim. Ficar sozinho por muito tempo aumenta a liberação do cortisol pelo cérebro, o chamado “hormônio do estresse”. E os efeitos são semelhantes ao de estar estressado: maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, diminuição da imunidade e surgimento de sintomas de depressão e ansiedade.


A solidão atinge o córtex pré-frontal, região responsável pela tomada de decisões. E, portanto, ela também pode prejudicar o sono, a alimentação e gerar maior propensão ao abuso de substâncias. Nessa reportagem da emissora alemã DW, podemos ver que a solidão impacta mais a qualidade e a expectativa de vida do que vilões tradicionais como o alcoolismo e a obesidade.


Ela mostra também um experimento em que pessoas foram submetidas a uma dinâmica semelhante a uma entrevista de emprego. Aquelas que tinham mais suporte de algum grupo, seja de amigos ou familiares, apresentaram menores níveis de cortisol. Quanto menor essa integração, maiores os níveis do hormônio. E eles não decaem ao longo do dia, mantendo uma sensação de estresse.


A história da solidão


O ser humano provavelmente teve sua sobrevivência atrelada à formação de comunidades. Viver em grupo facilitava a caça e a defesa, além da reprodução. Como resquício dessa época, sentir-se sozinho hoje dá uma sensação de desamparo, da ausência de ter alguém com quem contar. Como te contamos neste artigo, ter amigos é essencial, mas é preciso antes de mais nada, valorizar os bons, e não somente a quantidade.


Em seu TED Talk, Ana Paula Carvalho, mestre em psiquiatria pela Unifesp, conta a história da cidade de Roseto, na Pensilvânia, EUA. As pessoas de lá viviam como se fosse uma verdadeira comunidade: diversas gerações de uma família moravam na mesma casa, as portas estavam sempre abertas para a vizinhança, etc. E, surpreendentemente, não havia nenhuma morte por ataque cardíaco na faixa etária de 55 a 65 anos, por mais que o consumo de álcool e tabaco fosse elevado.


Ana Paula pontua também que o advento das redes sociais e aparelhos celulares não diminuiu a solidão. Por mais que tais ferramentas pareçam aproximar as pessoas, estamos ficando muito focados nelas em vez de olhar para as pessoas e coisas reais que acontecem ao nosso redor. Para ela, o que devemos fazer é razoavelmente simples: dar mais atenção aqueles que estão ao nosso redor.


“Uma a cada quatro pessoas não têm com quem contar. Coincidentemente ou não, uma a cada quatro pessoas desenvolve algum transtorno psiquiátrico. Então a mensagem é: se conheçam, olhem nos olhos das pessoas que estão perto de você. Não precisa ser um amigo próximo, pode ser até mesmo o porteiro do prédio”, diz.


Mas qualquer momento solitário pode acarretar em todos esses malefícios? A resposta é não. Existe, cada vez mais, uma divisão maior entre solidão e solitude, como te explicamos aqui, sendo, o segundo, o ato de estar sozinho e bem consigo mesmo. Estar separado do mundo às vezes é bom.

Por mais sociais que sejamos, ainda é possível cansar de tanto interagir com outras pessoas. Ter um momento para si é importante, ajuda a focar no próprio bem-estar e “tirar uma folga” do resto do mundo, até porque, já sabemos que mesmo o silêncio também traz inúmeros benefícios.


O problema em si começa quando há essa sensação de desamparo ou de abandono, tão características da solidão, com efeitos, inclusive, na psique e no cérebro. E isso pode acontecer, inclusive, mesmo ao redor de outras pessoas. O importante é sempre ter alguém com quem contar!

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