Qual é o seu estado civil?

Essa pergunta, presente em qualquer formulário que você precise preencher na vida adulta, pode ser um gatilho para um turbilhão de emoções.

15 de Junho de 2022


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Para Inspirar

Nizan Guanaes em "Redescobrindo a religião"

Na décima primeira temporada do Podcast Plenae, ouça o relato de fé e gratidão do publicitário Nizan Guanaes.

10 de Abril de 2023



Leia a transcrição completa do episódio abaixo:

[trilha sonora]

Nizan Guanaes: Eu tenho trabalhado bastante o conceito de gratidão. Uma pessoa competitiva e ambiciosa como eu tem a tendência de ficar só vendo o copo vazio, o que falta. Ao acordar, eu canto uma musiquinha que eu mesmo compus. Os primeiros pensamentos da manhã te dão uma sintonia do dia. A música é assim: “Eu agradeço, meu Deus, por mais este dia de vida, por tanta graça recebida, ó, Deus da minha vida. Eu agradeço, meu Deus, por tudo que me destes ou tirastes. E prometo fazer a minha parte neste dia de vida”.

[trilha sonora]

Geyze Diniz: Após sofrer as consequências de ter se dedicado muito ao trabalho e ao seu sucesso, Nizan Guanaes retomou o rumo da sua vida e voltou a cuidar do seu corpo e da sua alma. Após se reorganizar, Nizan redescobriu sua religiosidade e hoje busca resgatar cada vez mais a sua espiritualidade. Eu sou Geyze Diniz e esse é o Podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.

[trilha sonora]

Nizan Guanaes: A minha história é um giro de 360 graus. Ou seja, como alguém dá uma volta completa para retornar a si mesmo. Eu nasci em Salvador, dentro da Bahia barroca, na frente de duas igrejas: a Ordem Terceira e a Nossa Senhora do Carmo. A religião me atraiu desde cedo. Eu sou descendente de libaneses católicos, por parte da minha mãe. A minha avó era muito religiosa. Mas não foi a família que me levou pra igreja. O meu avô, que me influenciava muito mais do que minha avó, era completamente ateu. A minha mãe sempre foi comunista, então ela também nem acreditava em Deus. A espiritualidade é algo da minha natureza. 

[trilha sonora]

Durante a juventude, eu me envolvi ativamente com a igreja católica. Compus mais de 50, 60 músicas religiosas, cantei no coral. Mas depois eu fui mergulhando cada vez mais no trabalho e saí do eixo. Eu perdi minha identidade pra valer depois que eu mudei pra São Paulo, em 1985. Quando a gente muda de cidade, ganha um monte de coisas boas, mas perde outras também, se não cultivar o vínculo com o lugar da origem. E eu não cultivei. Eu me afastei da Bahia, me afastei dos amigos, me afastei de mim. Isso não acontece só com o Nizan. Boa parte das pessoas na vida moderna cai de cabeça no trabalho e larga o resto. Eu alcancei o sucesso profissional muito cedo. Sucesso é um troço maravilhoso e perigoso. O meu me trouxe mais problema dos que eu já tinha. Eu ganhei tudo no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Só que em vez de celebrar a vitória, sofria por antecipação, pensando se ia ganhar de novo na próxima edição. Fui um dos caras mais vencedores nas premiações de publicidade no mundo. A minha agência foi eleita a melhor do planeta em 1997 e de novo em 1998. Só que eu nunca fui feliz em Cannes. Ficava alegrinho, mas não feliz. Odiava Cannes porque eu não tinha inteligência emocional pra aguentar a pressão.

[trilha sonora]

Eu comecei a descarregar a ansiedade na comida, no álcool, no cigarro, no café. 

[trilha sonora]

Precisava tomar remédio pra dormir e obviamente não fazia um pingo de exercício físico. Enquanto eu perseguia o sucesso, eu fui esquecendo do meu corpo, das minhas relações e do meu espírito. Quando você se perde, a casa cai. [trilha sonora] Eu engordei imensamente, de maneira mórbida. O Nizan de 150 quilos era um vendaval de emoções. Uma pessoa mercurial, explosiva. Com pouco autocontrole no garfo e na vida. [trilha sonora] O meu pai morreu de infarto aos 45 anos e eu não podia continuar com aquele peso. Eu fiz uma bariátrica de uma maneira muito atabalhoada, como tudo que eu estava fazendo naquele momento. Tomei a medida certa, da maneira errada, sem o menor planejamento antes, sem os cuidados que eu deveria ter depois, como apoio psicológico, um programa de esporte e acompanhamento de um nutricionista. E aí eu tive um problema muito comum entre as pessoas que fazem essa cirurgia. Eu só não virei alcoólatra, porque eu não gosto de beber. [trilha sonora] Com a bariátrica, o efeito do álcool era elevado à décima potência. No início, é um porrezinho numa festa. Aí depois começa a ser um porre num jantar de negócios na quarta-feira. Um ano depois da operação, aquilo começa a afetar o casamento, a família, a empresa.  Às vezes a gente tem que tomar um chacoalhão pra corrigir a rota. O meu cardiologista, Roberto Kalil, me falou: “Nizan, você tá fumando demais, bebendo demais, comendo demais, trabalhando demais. Com o seu histórico familiar, isso não vai dar certo. Você vai morrer”. Foi ele que me apresentou pro Arthur Guerra, psiquiatra que me ajudou a mudar o estilo de vida. [trilha sonora]

Quando conheci o Arthur, ele me disse na lata uma frase demolidora: “Nizan, você é tão bem sucedido e tem uma vida tão pobre”. Durante muitos anos, eu vesti o personagem do sucesso e o que é pior: acreditei demais nele. Era um sujeito arrogante, de coração bom, mas desagradável. O Arthur me ajudou a desconstruir essa criatura que eu inventei. Me ajudou a perceber que eu tinha deixado de ser uma pessoa física pra me tornar uma pessoa jurídica.  O Arthur tem uma abordagem holística, muito parecida com os pilares do Plenae. Ele transformou a minha rotina me entupindo de esportes e tirando os remédios que eu tomava. Com ele, eu converso sobre o corpo. E com uma analista da clínica dele, sobre a alma. O esporte cuida muito bem do corpo. O corpo cuida muito bem da alma. É um ciclo. O Arthur me botou pra fazer triatlo e maratona. Ele me fez descobrir um mundo que acorda às 5h da manhã e dorme, exausto e feliz, às 10h da noite. Como diz o maravilhoso escritor japonês Haruki Murakami, que é também maratonista, toda alma doente precisa de um corpo são. Com a psicanálise e a psiquiatria, eu fui me organizando, juntando meus pedaços e abrindo espaço para resgatar a minha religiosidade. Aos poucos, fui voltando a ser uma pessoa mais próxima do Nizan que nasceu em Salvador. [trilha sonora] Por ser baiano, eu tenho uma ligação com o candomblé, que não é uma religião, é um culto à natureza.  [trilha sonora] Se você perguntasse à Mãe Menininha do Gantois qual era a religião dela, ela ia dizer católica. Essa mistura faz parte da Bahia. Não é muito racional, mas eu gosto dela. Eu sou filho de Xangô, um orixá gordo, festeiro, que gosta de dançar, que é mais estourado e compra brigas. Hoje eu sou um Xangô domado. [trilha sonora] As pessoas têm muito preconceito com o candomblé, por ser o culto de uma raça, entre aspas, vencida. Mas ele é belo, ele é ecológico, ele é diverso. Ele aceita todo mundo. Nesse sentido, o candomblé sempre foi muito mais avançado que a própria igreja católica. Não a igreja que Jesus construiu. A igreja de Jesus aceitava cobrador de imposto, Maria Madalena, e era aberta a qualquer um. Eu faço vários questionamentos à igreja. Não ao cerne dela, a Jesus, ao evangelho e à Bíblia, mas à maneira como a instituição se comunica. Eu tenho muito orgulho da minha ligação com o terreiro do Gantois, embora hoje o que me guia seja a religião católica. Nós vivemos num mundo negativamente fluido. Uma sociedade onde todo mundo é tudo. Quem diz que segue todas as religiões, na realidade, não segue nenhuma.  [trilha sonora] Eu cuido cada vez mais do meu lado espiritual, mas ainda menos do que preciso. Voltei a frequentar a missa, voltei a rezar, voltei a ler a Bíblia. Sou um católico que estuda como um evangélico. Porque tem católico que não vai à missa, não lê nada. É como um corintiano que não sabe o hino do Corinthians, nem acompanha os jogos do time. Esse ano, eu me fiz uma promessa de frequentar a missa duas vezes por semana. A cerimônia me organiza internamente. Assim como o exercício, a alimentação, o trabalho e o sono, a espiritualidade entrou na minha rotina. Eu sou de uma geração que desprezava a rotina, só que a rotina liberta. Nessa minha redescoberta da religião, eu aprendi que a Bíblia não é só um texto. Ela é uma palavra viva. Você lê uma passagem num dia e ela não te diz nada. De repente, você lê o mesmo trecho em outro dia e… abracadabra! Parece que a cabeça se expande. A Bíblia é quase um metaverso.  Nessas leituras, eu me identifico muito com o apóstolo Pedro, porque tem horas que eu nego três vezes. Eu tenho crises de acreditar se Jesus é de fato Deus. Embora, quanto mais eu leio a Bíblia, mais eu acredito nela e Nele. Se o texto é mentiroso, a mentira foi orquestrada no detalhe.  Às vezes, eu abro a minha Bíblia aleatoriamente. Recentemente, em três dias consecutivos apareceu uma passagem de quando Jesus entrou em Jerusalém. Ele fala assim pros discípulos: “Vocês vão encontrar um jumentinho na entrada de Jerusalém. Soltem o jumentinho e tragam aqui pra mim. Se alguém perguntar por que vocês estão fazendo isso, respondam que o Senhor precisa dele e em breve devolverá”. Os discípulos vão e acontece exatamente o que Jesus falou. Aí eu fico pensando o seguinte: “É muito, muito, muito detalhe pra ser mentira”. São quatro evangelistas contando as mesmas histórias por ângulos diferentes. Toda equipe de cinema tem um profissional chamado continuísta, a pessoa responsável pela coerência da narrativa. Os caras que escreveram a Bíblia deviam trabalhar com o Spielberg, porque tem muita continuidade. Tudo tem nexo. [trilha sonora] Com essa minha busca por Deus, eu não pretendo ser o que eu não sou. Não vou me transformar em Dalai Lama. Eu não quero virar nuvem. Eu continuo gostando de dinheiro, continuo gostando de trabalhar e me desafiar. Eu só quero ser uma pessoa melhor. [trilha sonora] O Dalai Lama, a propósito, diz em um livro que 20% das pessoas já nascem felizes, com o sol na cabeça. A Donata, minha mulher, é uma delas. Ela é equilibrada, moderada de fábrica. Nós, que fazemos parte dos outros 80%, só seremos felizes por mérito, correndo atrás. Eu fui um gordinho feliz na infância, já prenunciando um neurótico na adolescência e, depois, completamente desfocado e descuidado na vida adulta.

Com a ajuda do Arthur Guerra e de sua equipe, e com obstinação, disciplina e mérito meu, hoje eu desfruto mais da vida. Foram as minhas pernas que me levaram ao consultório do Arthur e foi o meu arbítrio de seguir suas recomendações pra valer, meu arbítrio.

É preciso ter disciplina pra vencer todo dia a si mesmo. A felicidade é uma conquista diária. Ela é feita de estabelecer prioridades, tem método e inclui dizer não. Portanto, bom dia, boa tarde, boa noite e boa vida. Todo santo dia. E aí, deixo aqui uma pergunta: na sua agenda sobra tempo pra ser feliz? [trilha sonora] Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae. [trilha sonora]

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