Para Inspirar
Além de relaxante, mexer e estar em contato com a terra pode trazer benefícios para todo o corpo e seu funcionamento.
4 de Junho de 2020
Amanhã, dia 5 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, definido pela Assembleia Geral das Nações Unidas durante a importante Conferência de Estocolmo, em 1972.
De lá para cá, o debate acerca da preservação da natureza ganhou proporções legais e até mesmo corporativas.
Não há empresa que não tenha que prestar contas a respeito de sua responsabilidade social e ambiental nos dias de hoje.
É importantíssimo olhar para o meio ambiente sob a ótica macro, pensando em planeta e seus caminhos futuros. Mas, mais do que isso, é interessante começar dentro do seu próprio ecossistema, ainda que ele seja o seu quintal.
Como já publicamos uma vez,
a jardinagem pode trazer uma série de benefícios
para cada um de seus pilares Plenae - até mesmo para o seu bolso. Iniciar sua própria horta pode ser, inclusive, esse primeiro passo rumo à uma maior consciência ambiental.
Mas, pode ser que você não seja o tipo de pessoa que tenha disciplina ou prazer em cultivar plantas e acompanhar seu crescimento e suas necessidades, certo? Não tem problema.
Você pode somente estar em contato com a terra e seus similares, sem compromisso e em uma frequência positiva para o seu corpo.
Quando o ser ser humano se conecta de forma profunda e energética com a natureza, a terra, a grama e todos os demais atores ainda que brevemente, há uma grande diferença no contexto geral do seu corpo e saúde. Conheça a seguir alguns benefícios que o ato pode te trazer.
Melhora na saúde cardíaca
Antes de focarmos somente no coração, é importante dizer que o contato com a natureza é benéfico para o corpo num geral.
Um estudo
realizado por pesquisadores da
Universidade de Harvard
e o
Hospital da Mulher de Brigham
concluíram, após entrevistarem 108 mil mulheres, que a taxa de mortalidade das que viviam cercada pelo verde era 12% mais baixa que as demais.
Além disso, os riscos de mortes relacionados a doenças renais eram 41% menores, 34%, em casos de doenças respiratórias e 13%, em casos de câncer.
Tratando-se somente do coração, um outro
estudo menor
, conduzido por cientistas americanos e publicado no
Jornal da Medicina Alternativa e Complementar
, experimentou colar “adesivos de terra” na pele de alguns voluntários.
O resultado foi um aumento positivo e ideal da produção de glóbulos vermelhos, responsáveis por transportar o oxigênio para todos os tecidos.
Como se sabe, alguns órgãos necessitam mais de sangue do que outros, e é importante que esse sangue esteja bem oxigenado. O músculo cardíaco é um desses órgãos que, para bombear sem ter que fazer mais força do que o recomendado, precisa de bastante sangue em seus tecidos, com concentração específica de oxigênio.
Por fim,
esse estudo
conduzido na
Universidade de Chiba
, no Japão, comprovou que o simples fato de passar um tempo cercado por uma paisagem verde e em contato com a terra, pode reduzir a pulsação e a pressão arterial. É daí que veio a ideia do
shinrin-yoku
, no português, “banho de floresta”, prática adotada pelas empresas japonesas que expõe, sobretudo os trabalhadores, a alguns momentos dentro da mata para relaxarem e aumentarem sua produtividade.
Melhora em dores e fadigas crônicas
Esse estudo
, publicado no americano
Jornal da Medicina Esportiva
, analisou a reação do corpo de voluntários que fizeram seus exercícios sobre um tapete de grama sintética e terra. O resultado foi aumento de creatina quinase (proteína presente nas fibras musculares e diversos tecidos) e a contagem de glóbulos brancos, responsáveis por combater agentes estranhos no corpo e inflamações.
As dores podem ser um processo inflamatório do músculo. O estudo percebeu que os voluntários apresentaram menos danos musculares e menos dores pós-exercício.
À longo prazo, também conclui-se que optar por se exercitar sobre a terra pode trazer benefícios para suas dores crônicas, pois o processo citado acima influencia também a capacidade do corpo de curar.
A exposição à natureza também melhora a oxigenação do corpo e isso reflete diretamente nos nossos músculos, reduzindo a tão conhecida fadiga. Também afeta positivamente a oxigenação do cérebro, que irá responder melhor ao processo do sentir a dor.
Redução de estresse e de doenças emocionais
Ir para uma fazenda e fugir do caos que o cenário urbano nos traz é, por si só, revigorante. Para além dos
benefícios comprovados que o silêncio
, muito abundante em um cenário bucólico, traz para o nosso corpo, há também comprovações científicas.
O termo biofilia, criado por Edward Osborne Wilson em sua obra de mesmo nome, sugere, dentre outras coisas, que o ser humano é naturalmente programado para amar as coisas vivas, e não objetos.
Portanto, o simples contato com a natureza já seria, por si só, benéfico para nosso emocional. E é pautado nesse conceito que diversos pesquisadores buscam, constantemente, respostas para esse fenômeno.
É o caso novamente dos pesquisadores da Universidade de Chiba, no Japão.
Ao expor os mesmos voluntários a caminhadas pela cidade e caminhadas pela natureza, eles puderam observar que, dentre outras melhorias - como as da pressão arterial e até de glóbulos brancos - houve também uma redução de 16% no hormônio do cortisol, que é um dos grandes indicadores de estresse no nosso corpo.
Em
uma pesquisa
da
Universidade de Exeter
, no Reino Unido, que durou 17 anos e acompanhou 10 mil voluntários, apontou que moradores próximos a áreas verdes têm menos problemas psicológicos. Uma das hipóteses para esse resultado não se atém somente aos fatores genéticos, mas também a questão cultural. O ambiente de cidade grande nos mantém desconectados com o que realmente importa: nós mesmos.
As várias atribuições do nosso dia sufocam nossa mente e nos expõe a uma quantidade exacerbada de informações.
Quando seguimos o caminho contrário, ou seja, uma vivência mais natural e longe do caos, nosso nível de ansiedade e depressão também são positivamente afetados. Não só por você ser mais capaz de ouvir a si mesmo e aos seus pensamentos, anseios e desejos, mas também por estar mais protegida de receber tantos estímulos muitas vezes negativos.
Redução de inflamações e aceleração no processo de curas
Quem nunca ouviu dizer que crianças criadas em ambientes abertos e naturais ficam menos doente? Essa crença popular tem fundamento:
estudos indicam
que há uma série de bactérias presentes na terra, por exemplo, que, ao entrar em contato com o nosso corpo, fortalecem nosso sistema imunológico. Isso porque ele se vê obrigado a combatê-las e criar anticorpos, exigindo rapidez nesse aumento das células de defesa.
Um organismo fortalecido é um organismo que se adoece com menos facilidade e, consequentemente, apresenta menos inflamações. Mesmo quando porventura esse indivíduo possa vir a adoecer, seu processo de cura é mais rápido e potente, pois seu corpo está adaptado a combater todo tipo de bactéria que se apresentar.
Indo para uma linha mais “mística”, há pesquisas como essa
, que acreditam ser o Planeta Terra uma matrix viva, unindo em si todas as células e suas conexões.
Para que ela seja mantida, há uma condutividade elétrica que, quando entra em contato com nosso corpo - ao pisarmos na grama, por exemplo - desempenha o mesmo papel que os antioxidantes. O corpo restaura suas defesas naturais através dessa conexão, fortalecendo nosso sistema imunológico, que irá responder mais rapidamente a processos inflamatórios, por exemplo.
É a magia da Mãe Natureza agindo dentro do seu próprio quintal.
Por fim, ainda sobre a cura,
um estudo
conduzido em um hospital da Coréia do Sul expôs pacientes pós-cirúrgicos a salas de recuperação repletas de plantas ornamentais, e acompanharam seus medidores físicos e emocionais.
O resultado, também publicado no Jornal de Medicina Alternativa e Complementar, apresentou que as plantas superaram até mesmo o nascer do Sol no que diz respeito a sensações positivas: 96% contra 80%. Isso é uma ajuda e tanto para um sujeito que precisa de todas as suas capacidades cognitivas voltadas para o processo da cura.
Melhora na memória e concentração
A
Universidade de Michigan
realizou
um experimento
bastante curioso: e se aplicássemos testes de memória em dois grupos de estudantes e depois encaminhássemos somente um desses grupos a uma caminhada pela natureza? Ao retornarem, ambas as equipes seriam novamente testadas e o resultado, como você já pode imaginar, foi vitória do time “verde”, que apresentou uma melhora em até 20% nos resultados posteriores.
A concentração também entrou na roda de ganhos.
Esse estudo
publicado em 1991 no
Jornal Sages
, também realizou testes com grupos, dessa vez, 3 diferentes. Um foi enviado para passar alguns dias exclusivamente em ambiente natural, outro em ambiente urbano e o terceiro em uma mescla. Ao final, todos foram submetidos a testes de concentração.
Adivinhem o vencedor?
E agora, já está convencido de que preservar a natureza para tê-la viva e intacta é importante? Sem ela, não haveria possibilidade desse contato entre homem e meio ambiente, e todos esses benefícios - além de muitos outros não citados aqui nessa matéria - não existiriam.
Tire um tempo do dia para caminhar e respirar ar puro, ainda que seja no seu quintal ou no seu quarteirão. Acrescente verde na sua decoração, para que essa exposição seja diária, ainda que pequena. Valorize a Mãe Natureza e seus mistérios.
Para Inspirar
Conheça a história de uma mãe que não viu fronteiras nem físicas e nem simbólicas para que seu filho com Síndrome de Down conhecesse o mundo!
6 de Outubro de 2024
Leia a transcrição completa do episódio abaixo:
[trilha sonora]
Geyze Diniz: A convivência intensa, a limitação de espaço e a logística do acompanhamento médico da filha mais velha, Ana, que tem Síndrome de Down, não foram impeditivos para a família Zanni velejar pelo mundo. Os pais Estela e Pedro driblaram todos os desafios, instabilidades e surpresas da vida para realizarem o sonho de viver essa grande aventura. Eu sou Geyze Diniz e esse é o podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
Estela: Eu brinco que foi o teste do namoro. O Pedro me perguntou: “Você gosta de acampar? Então, tem um barquinho, que é como se fosse um camping, só que na água”. O barco era bem roots mesmo. A luz era à vela. O banheiro era um balde. Eu sempre gostei de aventura, e naquela viagem ficou claro que a gente tinha muitas afinidades.
Aos poucos, o Pedro foi me seduzindo com a ideia de uma viagem longa. Em algum momento, eu comecei a me interessar e a perguntar mais. “E se o barco afundar? E se tiver uma tempestade? E se tiver uma calmaria?”. Então ele me apresentou um casal de amigos que tinha viajado pelo mundo com as filhas por 12 anos e eu fui me sentindo mais segura com a ideia.
Até que um dia eu falei assim: “Beleza, só que até agora a gente só velejou em Paraty, Ilhabela e Ilha Grande. A gente não tem nenhuma experiência fora, vamos fazer isso?”. E aí a gente passou um mês na Grécia, alugou um barco e teve uma experiência super intensa. Foi nessa viagem que eu falei para ele: “Você quer, então, sair pelo mundo? Eu também quero”.
[trilha sonora]
Pedro: O meu sonho não era fazer uma viagem sozinho ou só eu e a Estela. Eu queria uma viagem com filhos, com todos os desafios e alegrias que essa experiência traz. Só que tinha um detalhe: a gente não tinha filhos ainda. O nosso combinado foi fazer uma viagem de 3 anos, quando a gente tivesse duas crianças em idade pré-escolar. Porque um dos propósitos da viagem era justamente aumentar a nossa conexão com esses filhos que ainda nem existiam.
E eles precisavam ser pequenos, numa fase em que as crianças ainda querem estar com os pais, em que elas ainda não precisam necessariamente estar na escola. Era uma janela em que a gente ia poder viver plenamente. A gente podia parar de trabalhar e ficar três anos só dedicados a essa experiência em família.
[trilha sonora]
Estela: Quando a gente tomou essa decisão, eu já estava fazendo tratamento para engravidar. A Aninha veio depois de cinco anos de tentativas. A notícia da gravidez foi maravilhosa, até que a gente descobriu, num ultrassom de rotina, que ela tinha algumas questões de má formação.
[trilha sonora]
As válvulas e as paredes do coração dela não estavam formadas. O tamanho do feto era menor do que a idade gestacional. O osso nasal era pequeno, e o intestino estava obstruído com várias pregas. Segundo a médica, eram indícios de uma síndrome.
Mas qual síndrome? Podia ser tanto uma Síndrome de Down, que é bastante conhecida e tem uma boa expectativa de vida, quanto podia ser uma síndrome incompatível com a vida. Depois de tanto tempo tentando engravidar, aquela notícia foi um baque bem desestruturante.
[trilha sonora]
Pedro: E era Síndrome de Down. Depois do parto, os primeiros oito meses foram os mais difíceis. A saúde da Aninha era muito frágil e, em alguns momentos, ela ficou entre a vida e a morte. De todos os problemas, o mais grave era a cardiopatia. Com quatro meses, a Ana foi internada às pressas, com um derrame pericárdio, que é um vazamento de líquido em volta do coração.
Ela precisou ser operada às pressas, ficou na UTI, e os médicos chegaram até a preparar a gente para o pior. É claro que, no primeiro ano da Ana, a gente não tinha cabeça para falar sobre a viagem. Mas um ano e pouco depois, a saúde dela estabilizou e a Estela engravidou do Gabriel. E antes do nosso filho nascer, a gente definiu a data exata para zarpar. A Ana teria 4 anos, e o Gabriel 2.
[trilha sonora]
Pedro: No final, a parte das terapias da Ana foram a mais fácil de adaptar, porque as profissionais já tinham desenvolvido durante a pandemia a expertise de atendimento virtual. O mais complicado era combinar as nossas paradas com os exames de coração que a Ana precisava fazer. Em muitos casos, a logística envolvia ancorar numa ilha, pegar um avião para um outro lugar, fazer o exame e voltar. E a cada quatro ou seis meses, a gente tinha esse grande evento no nosso roteiro.
[trilha sonora]
Algumas pessoas nos perguntam: “Ah, mas as crianças vão lembrar da viagem?”. Eu acho que elas não vão lembrar de todas as situações, mas vão ficar sim com a memória afetiva de terem um contato grande com a gente, um contato grande com a natureza. E acho que vão ficar com uma estrutura interna emocional muito bem formada para a vida.
[trilha sonora]
Estela: Uma das melhores partes da viagem foi acompanhar a evolução da Aninha. Ela tem um atraso motor importante em relação a outras crianças com trissomia do 21. As crianças com Síndrome de Down, em geral, começam a andar mais ou menos com 2 anos. A Ana com 3 anos e meio ainda se arrastava de bumbum. Ela não engatinhava. Ela jogava o bumbum para frente e ia trazendo o corpo com a perninha.
Nos consultórios, os fisioterapeutas montam balanços e simulam vários movimentos, que é para a criança desenvolver equilíbrio e a força motora. E aí, a gente se deu conta que, no barco, a Ana tinha esse balanço 24 horas por dia, enquanto nos consultórios as crianças só têm uma hora por semana. Antes da viagem, por muito tempo, ela ficou no mesmo platô de desenvolvimento. E aí, em seis meses no barco, ela era outra criança, completamente transformada.
Pedro: A Ana tem os pezinhos bem virados para dentro, então ela precisava usar uma palmilha para alinhar os pés. Mas a médica falou pra gente que o melhor tratamento mesmo era ela caminhar na areia. Resultado: a gente não precisou de palmilha a viagem toda.
[trilha sonora]
Estela: O Pedro e eu somos super planejados, mas a gente aprendeu na viagem a querer controlar menos a vida e a aceitar mais as coisas como elas são. Quando você faz uma travessia do Atlântico, você mais ou menos planeja a data da saída e da chegada.
Mas aí, perto do dia de zarpar, aparece uma previsão meteorológica ruim. E não dá pra cruzar o oceano em 17 dias se você tem quatro dias de combustível. Você precisa de vento. Então, se não tiver uma boa condição de tempo, não pode sair. E é a mesma coisa se você está numa ancoragem e o vento muda. Você tem que mudar de lugar, mesmo que você goste dali e queira ficar por lá mais tempo.
Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
[trilha sonora]
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