Coloque em prática

Hora de exercitar sua concentração e memorização

Aproveite esse tempo recluso para fortalecer e manter sua mente ativa. Separamos 5 exercícios e dicas de como fazer isso

7 de Junho de 2020


Listas de supermercado, lembretes ativados na agenda do celular, post-its colados no monitor do computador e bilhetes presos na geladeira. Mas o que é que eu vinha falando mesmo? Me deu branco! Quem nunca passou por uma situação assim?

A memória, ou a falta dela, é um problema que já acomete 40% da população brasileira acima dos 50 anos, segundo esse estudo. E ela pode se dar por vários motivos: processos degenerativos naturais do cérebro, doenças hereditárias, alimentação, excesso de exposição à informações e, porque não, falta de treino.


O mesmo se dá para o processo de concentração, que pode ser afetado e apresentar um mau desempenho pelos mesmos motivos citados acima. A concentração é ainda mais prejudicial, pois é demandada em situações como nosso trabalho, enquanto cozinhamos nossa janta e até quando estamos dirigindo. Mas calma, nem tudo está perdido!


O cérebro, assim como qualquer outro órgão nosso, é composto de músculos e tecidos, que precisam ser fortalecidos por meio de exercícios específicos para cada um. Isso não quer dizer que você consiga fazer um abdominal com a sua cabeça, certo? Mas existem outros caminhos possíveis para serem seguidos. Antes de começarmos as dicas e exercícios, vamos entender um pouco como se dão esses dois processos dentro da nossa mente?


A memória tem um papel importantíssimo na história da evolução humana. Ela é um dos motivos que nos trouxe até o topo da cadeia alimentar pois, graças a esse “poder” de lembrar dos nossos erros, por exemplo, ficamos menos suscetíveis a acidentes e mortes.

É ela também que, aliada a concentração, nos permite aperfeiçoarmos cada vez mais nossas técnicas, seja há milhares de anos atrás em uma nova ferramenta ou domando fogo, ou hoje em dia em um processo do nosso dia a dia e até aprendendo uma nova língua. Há também as memórias de curto e longo prazo. A área responsável pelo desempenho de ambas é, obviamente, o nosso cérebro.

Mas como já sabemos, ele é também nosso órgão mais complexo e completo, portanto, a atuação da memória e da concentração não se dão no mesmo campo cerebral. Até porque, há diferentes tipos de memória, por exemplo: a declarativa, que te torna capaz de evocar palavras e ações, e a de procedimentos (ou não-declarativa), que é também conhecida como a memória dos hábitos, dos pequenos atos do dia a dia ou a que se usa para estudar, por exemplo.

O fato é que a memória e a concentração são mecanismos complexos do nosso cérebro e amplamente estudadas, mas ainda com muitas questões em aberto. Sabe-se que cada parte do cérebro armazena um tipo de memória, e que tudo que você aprende se transforma em uma reação química, como você pode ver nesse vídeo.

O esquecimento é parte importante da memorização, apesar de soar estranho. Isso porque nosso cérebro evita desperdiçar energia com qualquer informação que não lhe pareça importante. Logo, ele só realiza todo o processo de armazenagem de fatos quando entende que aquilo é importante. E é aí que entra a concentração. Um dos sinais que irá categorizar aquela nova informação como importante é o fato de você estar plenamente concentrado naquilo.

O processo de concentração, que também se dá no cérebro, mas em outras regiões, é um dos mais afetados pelo estilo de vida que temos hoje. Ele demanda foco total e o direcionamento de muitas de suas sinapses a uma só atividade. Mas e quando paramos para dar aquela checada nas redes sociais? Sim, todo esse complexo caminho é abalado.

Motivos como desuso daquela informação, interesse genuíno e pessoal pelo objeto de estudo, entre outros, podem interferir nessa memorização. Outros dois grandes inimigos da memorização e da concentração são o estresse e a ansiedade. Ambas as situações liberam no sangue a proteína Quinase C ou PKC, que prejudica o funcionamento da memória a curto prazo, essencial para que a mera informação se torne conhecimento na memória a longo prazo.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre os mecanismos da nossa memória e da nossa concentração, vamos às dicas de como exercitá-las!

Jogos Lúdicos

Quebra-cabeça é a sensação do momento agora na quarentena. O jogo, oferecido em versões de até cinco mil peças (!) para os jogadores mais avançados, pode ser uma boa opção para concentração que encontrar as peças corretas exige.

Ela também exige que o jogar memorize a imagem final que o jogo deve ter. É o pacote completo. Além dessa, há também as opções mais clássicas e altamente difundidas acerca do tema: caça-palavras, sudoku, jogo dos erros, jogo da memória, todos eles são populares porque são, de fato, eficazes. E podem ser feitos em qualquer lugar!

Memorize e conte para alguém

Que tal ler um livro e tentar contar exatamente o que acontece nele, de forma cronológica, para outra pessoa? Você pode fazer isso também com um filme ou uma série. Assista-os e tente narrá-los exatamente para alguém que já tenha visto também. Assim a pessoa saberá se você está certo ou não.

Você pode memorizar citações e passagens que ama, isso ainda fará de você um verdadeiro cult de carteirinha! E o melhor: além de divertido, ler ou assistir algo são atividades que, por si só, já exercitam sua concentração.

Use a cabeça

Se a memória e a concentração são processos internos e cerebrais, logo, as atividades ideais para exercitá-las também são dentro da nossa própria cabeça. Portanto, você pode estar fazendo o tempo todo, até mesmo sem perceber. Por exemplo: que tal fazer uma lista de mercado mas, ao chegar lá, tentar não usá-la?

Você pode ir fazendo pequenos cálculos mentais também, ao longo de suas compras, e no final comparar com o valor que será cobrado. Você vai se surpreender ao perceber que está chegando cada vez mais perto, ou até acertando por completo o valor. Ainda

Localização

Que tal tentar abdicar um pouco de aplicativos de mapas? Eles acabam treinando nosso cérebro de maneira negativa, fazendo-o entender que não é preciso decorar seus caminhos, pois algum dispositivo sempre irá fazer isso por você. Esse senso de localização pode ser muito útil em tarefas diárias.

Uma dica que pode soar engraçada, mas efetiva: olhe para o box do seu banheiro e memorize o local onde os seus produtos ficam. Agora tome banho de olhos fechados ou de luz apagada e tente encontrá-los somente pela sua memorização e concentração. É divertido e eficaz para aumentar ainda mais esse senso de localização.

Estudar

Não tem segredo: estudar, especialmente antes de dormir, quando nosso cérebro absorve mais coisas, segundo esse estudo , é sempre muito bom para manter nossa mente ativa, trabalhando e absorvendo o novo.

Fazer um curso de línguas, por exemplo, te expõe a todo um universo linguístico novo que pode te abrir portas tanto mentais, quanto no mundo real. Cursos rápidos de temas variados podem ser bastante eficazes também. Que tal estudar por uma semana o cinema nacional? Ou fazer um curso rápido de alguma prática manual? Não há limites para o conhecimento!

Há ainda dicas mais abrangentes, como incluir alimentos ricos em ômega 3, vitamina E e magnésio nas suas opções (presentes em alimentos como peixe, nozes, banana, suco de laranja), e praticar o mindfulness no seu dia a dia. Tudo isso irá fortalecer tanto corpo quanto mente, não só para memorização e concentração, como uma série de outras coisas.

Gostou? Conta pra gente lá no instagram do @portalplenae se colocar alguma dessas dicas em prática!

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Coloque em prática

Como funciona a terapia Ayurvédica

Desenvolvida na Índia há mais de 7 mil anos, a Ayurveda é um conjunto de saberes medicinais que buscam trazer qualidade de vida sem o uso de medicamentos

20 de Maio de 2021


O mundo é cíclico. Ao mesmo tempo em que nunca antes na história estivemos tão avançados no quesito ciência, também aumentou-se a procura por medicinas mais intuitivas e milenares. Uma delas é a terapia ayurveda, também chamada de ayurvédica.

“A Ayurveda é a ciência da vida. Ayus , ou ayu , em sânscrito, significa vida e Veda é conhecimento. Ele é o sistema atual de saúde na Índia hoje, todo médico lá é formado em Ayurveda, e dentro da sua formação, somente no final eles conhecem são apresentados a medicina atual” explica Ligia Pires Amorim, professora de yoga e terapeuta de Ayurveda.

Ligia, assim como vários outros, conheceu a metodologia quando começou a se preocupar mais com a sua saúde mental. Mas ela não foi apresentada logo de cara a Ayurveda. Isso porque, aqui no Brasil, a técnica é mais restrita e há somente um médico formado - Matheus Macedo, fundador da Vida Veda - e, todo o resto, são os chamados terapeutas ayurvédicos. Apesar disso, a terapia é oferecida pelo Sistema Público de Saúde brasileiro, o SUS.

Mas, depois de experimentar muitas meditações e se aprofundar ainda mais em sua jornada de autoconhecimento, Ligia decidiu embarcar rumo à Índia, berço de tantas técnicas, e por lá foi apresentada a esse novo mundo.

Desde então, não largou mais. “Ele é um conhecimento muito antigo, de 5 mil anos atrás, e essa é a grande vantagem: ele já foi testado e validado milhares de vezes. A medicina moderna muda muito, tem novos vilões a todo o tempo, ainda é uma medicina muito nova quando comparada”, diz ela.

Os caminhos do método

Segundo a Associação Brasileira de Ayurveda (ABRA) , ela é “o conhecimento, a ciência ou sabedoria que propõe uma vida saudável em harmonia com as leis da natureza com o objetivo de alcançarmos a felicidade. Nesta filosofia indiana a saúde é um estado de completude”.

Por ser esse estado de completude, é preciso olhar para mente e corpo como sendo uma só unidade, sem distinção, operando em conjunto para a manutenção da vida com o auxílio da natureza, que é a grande regente das nossas vidas, segundo a filosofia.

“No Ayurveda, cada indivíduo é tratado dentro da sua individualidade, dentro do seu contexto, não existem respostas generalistas. Ela é muito simples e muito complexa ao mesmo tempo”, reflete Ligia. "Existem sim medicamentos utilizados nos tratamentos, mas a mudança de hábitos na maioria dos casos já é o suficiente para pacificar desequilíbrios identificados. Em linha geral, tudo pode ser considerado alimentos ou remédio, a depender da dosagem e administração do uso."

O tratamento ayurvédico irá se basear, sobretudo, na avaliação de seus doshas. E o que são eles, exatamente? São nossos três “humores”, compostos pelos cinco elementos da natureza (chamados de Panchama-habhutas) : o espaço e o ar formam o Vata ; fogo e água geram Pitta; e água e terra constroem Kapha.

Esses três Doshas mencionados - Vata, Pitta e Kapha - possuem qualidades específicas. Exemplo: o Vata (éter e ar) é seco, leve, áspero. Pitta (fogo e água) é quente, líquido, picante. Já o Kapha (água e terra) é pesado, lento, macio. Para avaliá-los e saber qual é o seu dosha central, o paciente responde um questionário padrão.

O resultado desse questionário indicará qual é o seu dosha mais elevado e alterado, que revela informações importantes sobre sua personalidade, mas que é também o causador de alguns males que você pode estar sentindo. "O paciente ainda passa por uma análise de constituição física, tendência comportamental, condições climáticas de onde viva e análise do atual momento na vida e de seus hábitos", diz Lígia.

Relatos de uma paciente

Angélica Reale, que já praticou a terapia ayurvédica em um momento específico de sua vida, contou um pouco de sua experiência. O gosto pela pimenta e o temperamento mais explosivo, por exemplo, podem parecer, em um primeiro momento, características distintas e sem nenhuma correlação.

Mas, em sua avaliação, eles indicaram que seu dosha mais em desequilíbrio era o Pitta. “Isso me causava até mesmo alterações intestinais, por conta de minhas emoções”. Uma vez em consulta, o terapeuta solicitou uma avaliação de seu muco nasal, saliva e fezes e detectou as alterações.

A partir daí, o especialista indicou alguns passos que ela poderia trazer para a sua rotina. “Quando eu acordo, eu não engulo minha saliva, nem tomo água. A primeira coisa que faço é raspar a minha língua com um limpador de cobre. Isso ajuda a tirar as bactérias mortas e, consequentemente, a não alterar meu dosha Pitta”, conta.

Como um dos mais poderosos “medicamentos” da Ayurveda é a alimentação, Angélica também modificou o seu cardápio. “Quando minha saliva foi analisada, o terapeuta detectou uma forte preferência por alimentos secos da minha parte. Hoje, tento mesclar com alimentos mais cozidos e ensopados também”, diz.

Caminhos da terapia

Ainda segundo a ABRA, há dois objetivos principais na Ayurveda: preservar e promover a saúde das pessoas que já são saudáveis e curar doenças em pacientes não-saudáveis. Sendo assim, os tratamentos podem variar a depender do seu objetivo. Fatores como idade do paciente, rotina e até a estação do ano também são levados em conta.

Nessa trajetória, o paciente pode se deparar com tratamentos de rejuvenescimento (Rasayana) que irão beneficiar sua saúde física, mental, emocional e social, ou tratamentos afrodisíacos (Vajikarana) que promoverão a vitalidade e o aumento em libido. Ambos são feitos em pacientes saudáveis, que buscam somente a boa manutenção de suas vidas.

Para pacientes que possuem alguma doença, há seis ramos diferentes que poderão entrar em ação, não necessariamente todos juntos:

  1. Shalya Tantra (cirurgia ayurvédica);
  2. Shalakya Tantra (doenças da cabeça e pescoço);
  3. Kaya Chikitsa (clínica médica ou medicina interna);
  4. Bhuta Vidhya (psiquiatria e psicologia);
  5. Koumara Bhritya (pediatria);
  6. Agada Tantra (toxicologia).

“A diferença de um terapeuta para um médico é que o terapeuta atua pacificando os sintomas, não especificamente a doença. Apesar de que a maioria das doenças, se fossem pacificadas e prevenidas no início, nem se tornaram doenças” pontua a terapeuta Ligia.

Ela ainda explica que, dentro da metodologia, essa rotina na manutenção da saúde é chamada de Dinacharya . Nela, mais do que seguir o que o seu terapeuta indicou para o equilíbrio dos seus doshas, é importante estar atento aos preceitos básicos da vida, os 4 pilares principais: sono, silêncio, movimento e alimentação.

“A meditação, é claro, ajuda a gente em diversos momentos, como esse da pandemia. Mas a respiração, estar atento ao seu respirar, já é algo tão simples, gratuito e pode te ajudar” conclui ela, nos lembrando que não importa a filosofia ou o tratamento que você optar, é preciso, antes de mais nada, se reconectar com o simples, e estar disposto a encontrar sua verdadeira essência.

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