Coloque em prática

Como a tecnologia pode ser aliada da sua família?

Aplicativos que facilitam a rotina familiar podem trazer organização para o lar e, consequentemente, mais harmonia

15 de Maio de 2024


Já te contamos por aqui como aplicativos podem te trazer benefícios na palma da mão, seja ajudando a organizar a sua rotina, seja para te ajudar a equilibrar a sua mente ou até para malhar em qualquer lugar. O próprio Plenae possui o seu aplicativo, voltado para as empresas que buscam oferecer caminhos e métodos mais específicos para trazer mais qualidade de vida para seus colaboradores. 


No âmbito familiar, a tecnologia também pode ser sua aliada. Por meio de apps simples, você consegue organizar melhor a rotina do lar e, com isso, trazer mais harmonia. Trouxemos alguns exemplos e ainda conversamos com a fundadora do aplicativo de mediação familiar, Os Nossos. Confira mais abaixo!


Na palma da mão


Os desafios de uma rotina familiar podem ser os mais variados possíveis: financeiros, de horário, privacidade, localização, entre outros. A seguir, trouxemos algumas dicas de aplicativos que podem, quem sabe, facilitar um pouco em algum aspecto. 


Localização


Segurança é assunto sério! O Family360 — GPS Live Locator é um app disponível para android e iOS e oferece funcionalidades gratuitas e também pagas. Ele permite que a família saiba onde está cada membro e por quanto tempo. Esse monitoramento pode ser individual ou múltiplo e ainda permite compartilhamento da localização e atualizações de tráfego em tempo real, histórico detalhado de localização e recurso "Enviar SOS". 

Alimentação


Para manter a família dentro de uma dieta saudável, pode ser importante o planejamento do mercado. Dispositivos como a própria Alexa, da Amazon, podem te ajudar nessa jornada. Mas há um aplicativo ainda mais específico para isso: o SoftList. Disponível para android e iOS, você consegue adicionar produtos à sua lista de compras, seus preços e a quantidade necessária para a compra do mês. 


Ao final, ele mesmo gera o total da compra e um relatório de comparação com compras passadas. Você ainda consegue sincronizar seus dados entre vários dispositivos, compartilhar as listas com outras pessoas e manter todos os seus dados salvos. Ah, vale dizer que ele é gratuito!


Diversão


O lazer é um pilar importante para uma boa rotina familiar. Criar uma lista de filmes e séries que todos querem ver dentro da sua plataforma de streaming favorita pode ser uma saída. Mas, e quanto a peças de teatro, museus, parques e outras opções lá fora? Há alguns apps regionais, de cada estado ou cidade, que são mais focados em opções naquela região. 


Há outros, porém, que são mais gerais. Plataformas de venda de ingresso, como o Sympla ou Ingresso.com, podem te ajudar a ter uma ideia geral de apresentações maiores. Você pode ainda contar com Foursquare, uma plataforma de check-in onde as pessoas colocam comentários do que acharam de determinado lugar, te ajudado assim a tomar a sua decisão. 


Financeiro


Apesar de estarmos falando de um contexto familiar mais abrangente, a parte financeira pode ser mais da alçada dos adultos por motivos óbvios. Ainda assim, um aplicativo bom para a divisão dos custos é o Splitwise. Ele é uma ferramenta gratuita para amigos e companheiros separarem e rastrearem contas e despesas, como explica sua própria descrição. 


Você pode acrescentar despesas gerais, para o dia a dia, ou dentro de tópicos específicos como “viagem em família”. Basta convidar todos os membros que terão de pagar e a própria plataforma calcula quanto cada um deve. Ele está disponível para android e iOS. 


Tarefas


Um dos principais vilões de uma família é a organização da casa! O Home Tasker é um aplicativo gratuito - mas com funções pagas -, e que ajuda você e todos os envolvidos a agendar e organizar suas tarefas domésticas em tempo real. Você pode usar modelos mais simples ou outros customizáveis mais elaborados, não importa! 


O fato é que ele torna a rotina de limpeza da sua casa uma obrigação mais legal e permite que você divida suas tarefas com outras pessoas e ainda traz o seu progresso em cada uma. Na hora de separar o que é de cada um, você ainda pode colocar o nível de urgência, otimizando o seu processo. Está disponível para iOS e Android.


Aplicativos que selam a paz


Agora que você já tem alguns caminhos possíveis, você pode ter ficado com a sensação “e se houvesse um aplicativo que reunisse tudo isso?”. Bom, há um que reúne quase tudo. Os Nossos é um app que surgiu com um propósito bem específico: auxiliar casais que estão se divorciando a se comunicarem melhor. Eles oferecem ferramentas que “organizam a rotina familiar e melhoram a comunicação entre os pais, garantindo segurança e tranquilidade para os filhos”, como explica o site, pois seu lema é “pais conectados, filhos bem cuidados”.


Dora Awad é uma advogada familiar e mediadora, especialista em temas relacionados ao direito de família e coparentalidade. Ao longo de sua experiência, ela percebeu que a comunicação era sempre o principal gargalo nessa etapa da vida que já é bastante delicada por si só. Então, por que não ajudar? 


“Eu sempre procurei um caminho que ajudasse as famílias a resolver os conflitos sem ser pelo judiciário. Eu tenho essa bandeira muito forte que é deixar para o judiciário o que é grave, urgente e tem que ser judicializado, e tentar resolver entre os adultos o que não precisa escalar tanto”, conta. 


Por ser uma apaixonada em assuntos tecnológicos, ela viu uma oportunidade de tornar o seu trabalho de mediação mais abrangente e prático. “Faltava uma ferramenta, um caminho para as pessoas se comunicarem, que ajudasse,  trouxesse autonomia e, mais importante, que tirasse esse peso dos ombros dos advogados que acaba fazendo esse trabalho pelo cliente”, relembra. 


Ao lado de seu marido, Gustavo Roxo, que é da área de finanças e tecnologia, e das sócias Luciana Grimberg e Renata Ferrara, ambas advogadas da família, Dora fundou Os Nossos, que é um aplicativo freemium, ou seja, oferece funcionalidades pagas e outras gratuitas. 


O app está disponível para todo tipo de sistema, possui um podcast que trata dos mesmos assuntos e já está se desmembrando em outras frentes: Os Nossos Pets, para tutores que compartilham a guarda e, futuramente, Os Nossos Pais, para irmãos que precisam de ajuda nos cuidados com os pais idosos.


“Hoje temos diversas funcionalidades dentro do app. Uma que chama conversas, que é como se fosse um WhatsApp, só que você não apaga a mensagem e nem pode bloquear; Uma que chama decisões, onde as pessoas tomam as decisões conjuntamente, até porque na guarda compartilhada tem que decidir com outro;  Despesas, onde você divide pagamentos e pode propor negociações”, conta ela. 


O aplicativo ainda conta com agenda compartilhada e o calendário de convivência, onde você registra se precisar trocar algum dia que seria seu mediante a autorização do outro. Você ainda conta com a “ficha dos filhos”, que é onde ficam registrados os dados de saúde, educação e outros documentos importantes, e acesso a um mediador. 


“Você pode usar todas as funcionalidades sozinho ou compartilhando com outro. Alguns juízes indicam para aquele casal, por exemplo, que não consegue conversar de jeito nenhum. Eles colocam na sentença para que seja o meio oficial de comunicação entre eles”, conta Dora. 


Essa pode ser uma saída para melhorar as relações de pessoas que mudaram a sua configuração e hoje não são mais um casal, mas ainda dividem o que há de mais importante: a vida e as responsabilidades de uma criança. A harmonia é sim um caminho possível e, se preciso for, a tecnologia pode intervir. Não hesite em pedir ajuda - o avanço e a modernidade podem ser seus aliados. 


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Coloque em prática

Porque e como devemos falar de nós mesmos

Por que falar de si mesmo exige certa prática? Como fazê-lo e qual sua importância? Veja o que pensam especialistas sobre o assunto

10 de Setembro de 2020


Segundo o famoso psicanalista francês, Jacques Lacan, nós só existimos a partir do olhar do outro. Portanto, o que sabemos sobre nós mesmos é baseado em evidências que “nos contaram”. Exemplo: você sabe que tem uma personalidade forte pois cresceu ouvindo que tinha. Se considera uma pessoa engraçada pois sempre fez o outro rir. E assim por diante.

Partindo desse princípio, a existência do outro é imprescindível para a nossa própria validação. E falar sobre nós mesmos a partir do que sabemos torna-se tarefa difícil, para alguns, quase impossível. E muito importante, na mesma medida.

Para o professor adjunto de comportamento organizacional na Georgia Tech’s Scheller College of Business , David M. Sluss, é preciso saber contar a sua própria história de maneira linear para adquirir respeito dos seus empregados. Em seu texto para a revista de negócios de Harvard, David acredita que falar sobre si de forma organizada e honesta é o segredo do sucesso para alguém cuja carreira acabou de alçar novos vôos.

Para ele, é preciso compartilhar sobre você de forma pessoal, evitando excessos, mas gerando um vínculo de aproximação que humanize a figura do líder. Além disso, falar somente de suas conquistas no mercado de trabalho pode acabar anulando a sua história pessoal, igualmente interessante. Falar sobre o futuro é também bastante positivo, pois suas projeções e sonhos dizem mais sobre você do que imagina.

Mas, e quando estamos fora do mercado de trabalho? E quando é preciso falar sobre si em outros ambientes?

Por que falar?

Falar sobre si é reconhecer-se enquanto sujeito, ainda segundo literatura psicanalítica. Assim como o estágio do espelho - período definido por Lacan de quando o bebê olha sua imagem refletida pela primeira vez e “descobre” ser um ser completo e desassociado de sua mãe -, uma consulta em um psicólogo pode ser igualmente esclarecedor.

É ao ouvir determinados pensamentos seus em voz alta, que estavam ali vagando a nível inconsciente, que você consegue significá-los. E esses pensamentos funcionam como pista de quem você é. “Falar sobre nós é muito importante, pois é assim que vamos pensando sobre nós e nossa vida, e ressignificando aquilo que é necessário, aprendendo a nos ouvir e, com isso, entender como estamos pensando e elaborando as situações” explica a psicóloga Vanessa Torres.

É importante também ressaltar que somos seres em constante mudança e evolução, portanto, é impossível dizer com certeza absoluta quem se é. Afinal, como o sambista Cartola já dizia, “em pouco tempo não serás mais o que és”. Isso quer dizer então que é inútil o processo de autoconhecimento? Negativo.

Ele é, na verdade, importantíssimo. É de suma importância que a gente conheça quem somos, o que queremos e para onde vamos, ainda que todos esses fatores sejam mutáveis ao longo do tempo. Só assim conseguiremos achar propósito para nossos dias e para nossa existência.

Justamente por isso é tão importante a criação de uma narrativa pessoal, que conte um pouco sobre você a partir de si mesmo, e que não fale somente de trabalho, mas de outros fatores que o constituem e formam esse complexo universo que é cada ser humano.

Ao Jornal Nexo , a coach Juliana Bertolucci também nos lembra que falar de si é construir uma identidade perante a sociedade. “A identidade é quem se é num contexto social. Para cada papel que uma pessoa exerce nas diferentes áreas de sua vida, ela constitui uma identidade, que é um aspecto de toda a sua identidade. É importante lembrar que, para além do ato de falar em si, os comportamentos e ações também constróem essas identidades.”

Essa construção de identidade é tão importante que passa até mesmo por lugares sociais burocráticos. Como, por exemplo, a necessidade de se ter documentos que comprovem sua “existência”, perante a lei. Esse é o trabalho até mesmo de ONGs, que buscam promover esse direito básico à crianças socialmente vulneráveis, para que elas tenham por onde começar.

Percebe como falar de si é somente parte de um contexto imenso e complexo? Porém, é parte importante, e é por isso que é preciso saber como fazê-lo.

Como começar

“Se, segundo o filósofo Pascal, em suas muitas buscas ainda no século 17, eu não consigo captar o que é o eu com clareza e distinção, aquilo que é o eu enquanto essência e elemento imutável, o que eu faço? Eu vinculo o eu às minhas qualidades” explica o professor de filosofia Andrei Martins, em vídeo para a Casa do Saber.

“O homem inventa um eu de três maneiras: para si, para os outros e depois ele acredita que ele é aquele eu que ele inventou” continua. Para a psicanalista Fani Hisgail, o eu não nasce do nada, ele é fruto de uma instância psíquica conhecida por inconsciente.

“Imagine a sua figura diante do espelho. A toda hora que você olhar, verá uma imagem diferente. Isso porque aquilo que está lá não é exatamente aquilo que se é, portanto é sempre uma projeção e somente isso. E nesse sentido, por ser uma projeção, esse eu é um eu idealizado” explica Fani.

É preciso dialogar consigo mesmo, entretanto, esse diálogo não costuma ser sempre amigável. “Esse momento acaba sempre por envolver a censura, a cobrança, o dever, aquilo que deve ser feito, aquilo que se deve ter - sempre a partir de outros ideais, ideais que compõem o nosso eu” diz a psicanalista.

E como desvirtuar-se desse ciclo vicioso, que nos condiciona a ignorância sobre nós mesmos? Você pode contar com a ajuda de profissionais no começo, como é o caso de psicólogos e coaches. Além da visão sistematizada do processo, eles terão o distanciamento interpessoal, ou seja, não te conhecem como um familiar ou amigo, que podem ter a opinião enviesada e já pré-formada sobre você.

“Para começar a construir a narrativa e conhecimento sobre si mesmo, podemos utilizar a técnica da escrita, fazendo um diário dos sentimentos, por exemplo. Você também pode fazer uma linha do tempo colocando os momentos mais importantes da sua vida até hoje” diz a psicóloga Vanessa.

Além de um olhar mais aprofundado sob a ótica da ciência, você também pode beber de fontes mais práticas, como técnicas de storytelling . Já existem diversos cursos acerca do tema, muitos voltados à prática de contar histórias em cenários mais profissionais.

Mas nada impede de que você aplique os aprendizados em sua própria trajetória, certo? Afinal, uma história bem contada é ensinamento antigo, usado pelos nossos antepassados que passaram de geração em geração, como bem nos lembra o professor de inovação e marketing, Augusto Uchôa, em vídeo para a Casa do Saber.

É importante que essa narrativa não se detenha em limites básicos, é preciso que nela entre tudo que faça parte do que você é e da sua vivência: suas crenças, seus sonhos, seus desafios, suas vitórias seus hobbies e seus potenciais. Não tenha medo de expor seus limites, pois eles também contam sobre sua história.

Por fim, aproprie-se dessa narrativa. Não é necessário decorá-la se ela fizer sentido para você. Ela tem que ter começo, meio e fim, e tem que funcionar como um espelho, onde você se vê refletido e contemplado. A partir disso, você conseguirá flexioná-la para usá-la em diferentes situações, mas sendo sempre igualmente verdadeira.

Contar sobre você é ser, e não estar. É assumir suas personalidades, suas mudanças e seus percalços. É importante para o mercado de trabalho, para as relações interpessoais e para sua jornada rumo ao autoconhecimento. É o pilar constituinte do sujeito e por onde ele passou. E você, sabe contar sua história?

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