Coloque em prática

Como obter o melhor do seu sistema imunológico

Saiba de que maneira você pode evitar danos a essa estrutura delicada e complexa do organismo

15 de Maio de 2019


Você já deve ter lido dicas para fortalecer o seu sistema imunológico. Para se sentir saudável e viver bem, no entanto, é mais importante equilibrar o sistema imune do que turbiná-lo. Saiba de que maneira você pode evitar danos a essa estrutura delicada.

O que é o sistema imunológico?

Vivemos imersos em um mar de organismos. Bactérias, vírus, parasitas e outras formas de vida grandes e pequenas pavimentam o nosso entorno, cobrem nossa pele, compartilham nosso intestino. A maioria deles não faz nenhum mal. O trabalho do sistema imunológico é nos manter saudáveis ​​em meio a esse ambiente desafiador e complexo.

É um equívoco comum que o sistema imunológico entra em guerra com todo organismo estranho. Em vez disso, ele monitora, avalia e julga possíveis ameaças. Se um invasor é considerado perigoso, o sistema imunológico tem um trabalho restrito: destruir a ameaça enquanto causa o menor dano colateral possível.

Essa resposta chama-se "inflamação", e ela pode se manifestar como nariz entupido, dor de garganta, dor de barriga, febre, fadiga ou dor de cabeça. Muitas moléculas do sistema imune são projetadas para enviar um sinal de que ele deve se retirar e pausar um ataque. Sem elas, o estado de inflamação que ajuda a destruir as ameaças detonaria o seu corpo.

Como você pode apoiar seu sistema imunológico?

Dormir bem
A falta de sono leva à morte prematura por males como câncer e doenças cardíacas, e as razões têm tudo a ver com o sistema imunológico, avisa a Clínica Mayo. Um amplo estudo, publicado em 2009, que resumiu descobertas de mais de uma dezena de projetos de pesquisa, incluiu evidências de que as pessoas precisam, em média, de sete horas de sono por noite. Dormir abaixo disso representa um risco para uma série de condições associadas à morte prematura.

Praticar exercícios
O exercício alivia o estresse, desenvolve mais células T (cruciais para o sistema imunológico) e evita a obesidade, ajudando a manter o sistema imune em equilíbrio. Quando você fica doente, no entanto, a mesma atividade física pode fazer a balança inclinar-se em favor da inflamação.

Meditar
A meditação da atenção plena, também chamada de mindfulness, tem um efeito calmante que, por sua vez, pode diminuir a ilusão de que você está sendo perseguido por um leão ou urso. Logo, essa prática pode inibir inflamações e equilibrar a sua imunidade.

Comer alimentos naturais
Outra maneira de ajudar seu corpo a manter a homeostase é comer alimentos naturais em vez de alimentos processados. Comida de verdade fornece ao organismo nutrientes familiares a ele. Logo, o sistema imunológico tem menos probabilidade de reagir, ou reagir de forma exagerada, a esses alimentos.

Limpe com moderação
O sistema imunológico evoluiu no período em que vivíamos na miséria, com doenças abundantes e sem mecanismos para higienizar nossa comida, água e casas. Hoje, temos todos os tipos de ferramentas para limpar nossos ambientes, de sabonetes a desinfetantes antibacterianos.

Com toda essa higiene, não apenas purificamos patógenos, mas também muitos micróbios não ameaçadores que ajudam a treinar o sistema imunológico sem causar nenhum dano a nós. O resultado? Um aumento acentuado de alergias alimentares e de pele nos países industrializados.

Alergias são basicamente o sistema imunológico criando inflamação em resposta a algo que não causa uma grande ameaça. Isso acontece, sugere a ciência, porque as pessoas crescem em ambientes tão higienizados que os sistemas imunológicos não se ajustam adequadamente ao mundo natural. Alguns encontros com vírus e bactérias hoje podem prevenir uma alergia amanhã.

Fonte: Matt Richtel, para The New York Times
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo completo aqui.

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Coloque em prática

Homofobia: como combater o preconceito

O termo, que deveria ter ficado no século passado, ainda é bastante presente na nossa sociedade - mas ainda é possível mudar esse cenário

17 de Maio de 2023


Hoje, dia 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional de Combate à Homofobia. Parece fake news, mas não é: a homossexualidade só foi retirada da lista de doenças mentais dos Estados Unidos em 1973. A Organização Mundial de Saúde foi ainda mais recente: em 1990, a OMS adotou o procedimento de não encarar mais uma opção sexual como uma questão de doença mental.

Pouco mais de trinta anos se passaram e hoje, nos parece impensável que isso já tenha sido tratado sob esse viés, certo? Bom, para muitos de nós, mas infelizmente, não todos. Há quem sinta aversão ou uma rejeição muito forte por aqueles que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. E é sobre isso que falaremos hoje.

Os números da homofobia

Originalmente, como explica artigo no Fundo Brasil, o termo homofobia refere-se apenas à violência e hostilidade contra homossexuais, que são as lésbicas e os gays. Mas hoje em dia, ele é considerado por muitos uma forma de definir o ato de ódio a outros grupos como bissexuais, travestis e transexuais também. 

Apesar da pouca fiscalização, a homofobia é criminalizada no Brasil desde 2019, graças à Lei de Racismo (7716/89), que também prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional” e contempla atos de “discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”. 

Cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Isso representa 10% de toda a população do país. Desses, 92,5% relataram o aumento da violência contra a população LGBTQIA+ de 2018 para cá, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número.

51% desses entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero, sendo 94% vítimas de violência verbal e 13% vítimas da violência física. Se tratando de pessoas trans, como Miguel, que participou do Podcast Plenae, os números são ainda mais assustadores. Até porque, há ainda muitos mitos em torno do assunto, como te contamos aqui.

Em uma comparação com os Estados Unidos, por exemplo, as trans brasileiras correm um risco 12 vezes maior de sofrer morte violenta do que as estadunidenses. O Relatório Mundial da Transgender Europe mostrou que, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, um total de 52% – ou 171 casos – ocorreram no Brasil. Isso nos colocou no triste ranking de país que mais mata pessoas transsexuais no mundo. 

Aqui, vale uma breve explicação: LGBTQIA+ é a sigla que abraça diferentes identificações. São elas: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Interssexuais, Assexuais e o + abarca quem ainda possa se identificar com alguma outra nomenclatura não contemplada na sigla. 

Uma iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos chamada Disque 100, compilou em 2017 mais alguns dados que comprovam que a violência se dá de várias maneiras e parece estar longe de acabar. Segundo o órgão, a maior parte das denúncias das pessoas LGBTQIA+ diz respeito à violência psicológica como atos de ameaça, humilhação e bullying. E isso é só o que é denunciado, pois sabemos que há muita subnotificação. 

Uma outra pesquisa, essa feita sobre o Ambiente Educacional no Brasil de 2016, apontou que 73% das e dos estudantes LGBTQIA+ já relataram terem sido agredidos verbalmente e outros 36% fisicamente. A intolerância sobre a sexualidade levou 58,9% das/os alunas/os que sofrem agressão verbal constantemente a faltar às aulas pelo menos uma vez ao mês.

Por fim, estima-se que jovens LGBTQIA+ que são rejeitados por sua família apresentam 8,4 vezes mais chances de tentarem suicídio. Essa estatística se traduz em outra: dentre adolescentes, lésbicas, gays e bissexuais têm até cinco vezes mais chances de tirarem a própria vida do que as/os heterossexuais.

Os mecanismos mentais de um homofóbico

Quando falamos de preconceito, falamos sempre sobre quem o reproduz e nunca sobre as vítimas. Afinal, sabemos que as pessoas só colocam para fora aquilo que elas têm dentro. A psicanálise, aliás, usa um termo específico para falar sobre esse assunto: o recalque. 

Apesar de ter caído no uso da cultura pop como algo que vem da “inveja”, o recalque é muito mais do que isso. “Nós sabemos que aquilo que nos constitui é aquilo que temos consciência que fazemos, mas também aquilo que ocultamos de nós mesmos e dos outros. Isso que ocultamos acabou sendo chamado de recalque”, segundo o escritor e filósofo Franklin Leopoldo e Silva em vídeo para a Casa do Saber.

“É preciso que muita coisa permaneça escondida, oculta, recalcada, para que o ser humano seja possível. (...) Toda a civilização foi constituída com base na repressão e no recalque, que é muito importante. Porque ele nos mostra que há uma natureza em nós que não é totalmente positiva, que não é da ordem do divino, que é muito ambígua: contém o mal e o bem, o que há de positivo e contém a violência”, continua. 

Segundo ele, para que a civilização seja possível, é preciso que cada um reprima em si esse mal, essa violência. e é preciso também que haja um aparelho repressor, dispositivos muito bem elaborados, que atue sobre nós, no sentido que esse recalque seja permanente. No caso, são as leis e a consciência social. 

Há ainda a homofobia internalizada, como explica a psiquiatra Aline Rangel em seu blog. “Na homofobia internalizada, o indivíduo tem dificuldade para se aceitar e gostar de si mesmo pelo simples fato de ter uma orientação sexual homoafetiva. Isso acontece, muitas vezes, por causa da carga negativa que ela assimilou durante a vida inteira sobre a homossexualidade”, como explica ela.

O psicólogo americano George Weinberg, que cunhou o termo na década de 1960, definiu a homofobia como "o medo de estar perto de homossexuais", como conta artigo na BBC. "Eu nunca consideraria um paciente saudável a menos que ele superasse seu preconceito contra a homossexualidade", disse ele em seu livro de 1972, “Society and the Healthy Homosexual("Sociedade e o Homossexual Saudável", em tradução livre).

Para Emmanuele A. Jannini, professor de Endocrinologia e Sexologia Médica na Universidade de Roma Tor Vergata, a homofobia está relacionada a certos traços da personalidade. Quando ela está associada à violência, pode perfeitamente ser diagnosticada como uma doença psiquiátrica. 

Começamos esse artigo dizendo que a homossexualidade um dia foi considerada doença, mas a verdade é que a homofobia sim, é um desvio de personalidade. Para o pesquisador mencionado, como continua a contar o artigo na BBC, a homofobia está relacionada ao psicoticismo (potencialmente marcado pela raiva e hostilidade), mecanismos de defesa imaturos (propensos a projetar emoções) e um vínculo parental instável (levando à insegurança subconsciente).

Em sua pesquisa, publicada no Journal of Sexual Medicine em 2015, Janini analisou 551 estudantes italianos. Segundo ele, aqueles com atitudes homofóbicas mais fortes também apresentaram pontuações mais altas em psicoticismo e mecanismos de defesa imaturos, enquanto um vínculo parental estável foi indicador de baixos níveis de homofobia. Tudo isso, conclui ele, pode - e deve! - ser tratado em terapia.

Estudos também mergulham no fato de que as culturas e o ambiente familiar podem contribuir para essa versão deturpada e nociva, sobretudo se o indivíduo foi exposto a ele ainda na infância. Porém, estímulos positivos durante a vida universitária, por exemplo, também podem reverter esse cenário. 

Como deixar de ser homofóbico

Entender que esse é um problema seríssimo, que vem somente de dentro de você e de suas questões pessoais, que afeta as pessoas ao seu redor e que não é socialmente aceitável, é o primeiro passo. O segundo passo é procurar ajuda especializada, como a psicoterapia que mencionamos anteriormente. 

Neste artigo, também te ensinamos alguns passos para aumentar o seu poder de empatia. O primeiro deles é algo que mencionamos agora pouco: reconheça as suas próprias limitações. Em seguida, escolha os pontos em você que devem ser trabalhados e foque neles. Esteja aberto a novas narrativas e novos olhares. E, por fim, seja mais genuíno, já que a empatia demanda verdade e comprometimento. 

Fazer o exercício de se colocar no lugar do outro é também sempre positivo. Se isso for difícil, talvez seja falta de contato com esse outro. Portanto, se aproximar de pessoas LGBTQIA+ pode ser importante aqui nessa etapa. Você pode começar contratando elas para sua empresa, por exemplo. São nessas conexões reais que você passará a ver o outro para além de qualquer viés inconsciente, termo que te explicamos neste artigo.

Ultrapassando a esfera do individual, há como somar na luta contra a homofobia apoiando projetos que estejam envolvidos com a causa. Este artigo da Revista Galileu separou alguns nomes para te ajudar! Lembrando que, em ano de votação como o próximo, é importante eleger candidatos que representem essa causa, seja apoiando ou fazendo parte dela. São eles que nos representarão nas esferas estatais pensando em políticas públicas realmente eficazes e abrangentes. 

Se você conhece alguém - ou é essa pessoa - que pode ainda estar reproduzindo comentários homofóbicos, lembre-se: os comentários não são inofensivos. O que pode parecer uma piada é o início de uma violência que escala para os números trágicos que te trouxemos neste artigo. Não seja parte do problema, precisamos construir juntos um mundo que seja melhor para todos!

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