Coloque em prática

Exercícios que cabem na sua rotina

Existe uma hora melhor hora para se exercitar, segundo os especialistas? Investigamos essa que é uma das grandes dúvidas quando o assunto é exercício físico.

26 de Maio de 2020


Esqueça a pressão de se colocar o alarme ainda mais cedo do que o normal para malhar, ou a necessidade de chegar depois de um longo dia de trabalho e ainda encontrar vigor para se exercitar. Isso porque, segundo a educadora física e treinadora esportiva, Camila Hirsch, não existe uma hora ideal, que funcione para todos os indivíduos.

“Existem benefícios e malefícios em cada um dos horários, e existem as individualidades biológicas de cada ser humano, que devem ser levados em consideração” explica a professora. No caso de uma pessoa que é noturna, por exemplo, se propor a ir para a academia de manhã pode ser uma grande cilada, pois as chances dela boicotar esse treino e desligar o alarme todos os dias são grandes.

O mesmo vale para pessoas que não se sentem dispostas, ao final do dia, a encarar uma série de exercícios pesados. Isso pode, inclusive, prejudicar seu sono, já que atividades por si só produzem adrenalina. Mas, novamente, é uma questão individual. “Há quem treine bem às 19h da noite e consiga dormir às 23h tranquilamente, porque já conseguiu relaxar.

Mas outras pessoas podem preferir dormir às 22h, e podem apresentar mais dificuldades por conta do treino” explica Camila.
Para escolher o horário que melhor funciona para você, se atente aos indicadores de sucesso, ou seja, dicas de que os exercícios estão cabendo na sua rotina, naquele horário.

“O primeiro grande indicador é a frequência. Você está conseguindo mantê-la naquele horário em que se propôs a malhar, ou anda faltando muito por interferências externas?”. O segundo indicador é avaliar a sensação do pós-treino
versus seus afazeres. Decidiu se tornar um grande atleta noturno, mas isso está prejudicando seu sono? Ou esta chegando atrasado ao trabalho todo dia? Hora de rever as suas escolhas e se readaptar!

Por fim, o horário ideal também deve estar intrinsecamente ligado aos seus hábitos alimentares. “Depois de treinar, você deve se alimentar, e isso é extremamente pessoal de cada um. Há quem treine de manhã e, ao realizar a alimentação pós-exercícios, acaba prejudicando o seu almoço, por não sentir fome com tanta frequência” explica Camila.

O mesmo vale para pessoas que não costumam jantar tarde mas, por conta do treino, se vêm refeições reforçadas e, com isso, prejudicando seu sono.
Você também pode buscar exercícios específicos, que se encaixem individualmente em sua rotina. Aqui, é importante ressaltar que não existem hierarquias, ou seja, qual treino é melhor em cada horário.

Assim como todas as outras questões desse texto, essa também é de cunho individual, afinal, quem conhece seus gostos e rotinas é você.
“Se você for uma pessoa que gosta de dar uma relaxada no final do dia, atividades mais tranquilas e lúdicas como dança, pilates, yoga, podem ser ideais.

Elas, aliás, são atividades que podem acontecer todo dia, envolvendo a família, em algum período da sua rotina” continua Camila. Outras pessoas conseguem relaxar mesmo se o exercício for de alta intensidade, como crossfit ou luta. O importante é se manter em movimento.
Já se sabe, por exemplo, que o sedentarismo mata tanto quanto o tabagismo.

Mas nem sempre é assim.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Harvard revelou que, as mulheres que se mantiveram ativas por 300 minutos durante a semana, reduziram em até 70% a taxa de mortalidade precoce. Quando pensamos em uma pessoa sedentária, imaginamos alguém que não faça nenhum tipo de exercício. Mas nem sempre é assim.

“Você pode se exercitar com alta intensidade, cinco vezes por semana, todas as manhãs. Mas se o resto do dia você ficar 8h na frente de um computador sem se mover, chegar em casa e se jogar no sofá, todo aquele exercício matinal perde até 40% do efeito” revela Camila.

A pessoa sedentária é a pessoa que não se mantém em movimento. Por isso, é necessário incluir pequenas movimentações no seu dia, que vão complementar o seu treino.

  • A cada 30 minutos, fique em pé por 5. Não conseguiu levantar em 30 minutos? Sem problemas: a cada 1h, fique em pé por 10 minutos. E assim sucessivamente.
  • Que tal descer 2 pontos antes do seu? É uma forma de incluir pequenas caminhadas na sua rotina.
  • Compre uma garrafinha de água menor! Assim, para ingerir os 2 litros recomendados diariamente, você terá que necessariamente levantar do seu posto de trabalho para enchê-la. Isso já fará com que você se movimente.
  • A velha e boa regra: opte pelas escadas fixas às rolantes, ou aos elevadores, sempre que puder.
  • Inclua a meditação em suas práticas diárias. Apesar de não exercitar fisicamente o seu corpo, ela exercita sua mente, sua capacidade de cognição e concentração, e pode ser feita até mesmo em seu horário de almoço.
E não se esqueça: nosso corpo tem a capacidade de se adaptar a qualquer estímulo que você der. Nós só dormimos a noite, por exemplo, porque ensinamos nosso corpo a isso, treinamos ele. Existem pessoas que, por conta de suas profissões, dormem durante o dia e trabalham pela noite.

“Então o importante é a hora de sono acontecer, mas a sua rotina você tem que descobrir. Não é porque ficou escuro que você tem que dormir, a rotina regrada é muito boa e importante, mas precisa ser a sua regra, adaptada à sua realidade” conclui Camila. Isso vale não só para o sono, mas para tudo. Descubra sua rotina, conheça-a e adapte-a.

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Coloque em prática

Desmistificando conceitos: o que é o calm-tainment?

Cada vez mais procurado, o "entretenimento calmo" se intensificou em tempos de pandemia, onde as pessoas buscam relaxar ao máximo em qualquer oportunidade

16 de Julho de 2021


Nunca estivemos tão atentos às questões de saúde mental. Isso não é um mero achismo: em reportagem feita pela agência Estado e publicada pelo UOL , a pergunta “como lidar com a ansiedade” aumentou 33% de 2019 para 2020. Aliás, basta digitar “como lidar” no buscador que “ansiedade” e “depressão” virão na sequência, tamanha a busca.

Isso se deve, com certeza, ao fato desse mal-estar da pandemia , cujo nome ainda varia, mas já afeta a todos em algum grau. A solitude, o silêncio e o isolamento forçados por questões sanitárias nos fizeram mergulhar de forma profunda em nosso interior, e apesar de ser uma jornada rica, é bastante árdua também.

Prova disso são os recentes dados divulgados pela Associaç ã o Brasileira de Psiquiatria : a demanda aumentou 82% em consultórios particulares de todo o país e o número de atendimentos nos 95 endereços dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de SP passou de 24 mil em setembro de 2019 para 52 mil em outubro de 2020.

Isso representa um aumento de 116% na procura por escutas capacitadas para com questões diversas em uma relação clara com o momento em que estamos vivendo. Mas, uma das principais ferramentas utilizadas por quem busca se distrair é o entretenimento. E será que ele sofreu alguma alteração em seu perfil também influenciado pela pandemia?


O entretenimento calmo

Estamos mais em casa e, consequentemente, estamos consumindo mais cultura por toda a parte. Se o momento pede que busquemos um relaxamento, isso evidentemente se daria de forma generalizada. Do inglês “calm-tainment ”, ou “entretenimento calmo” em tradução livre, é tendência que já vinha incipiente mesmo antes da chegada intensa do vírus, mas que demonstrou uma verdadeira guinada no último ano.

Seu principal objetivo é incentivar o bem-estar, como o próprio nome já sugere, e também desacelerar quem o consome, como movimento slow que contamos aqui . Segundo a empresa de previsão de tendências WGSN Brasil , esse movimento vem sendo impulsionado e liderado pelas gerações Y e Z, que como explicamos neste post , são pessoas nascidas de 1981 até 2010.

Esse padrão não é em vão. Essas duas gerações diferentes, apesar de terem tantos anos separando ambas, fazem parte de um conjunto de pessoas que vêm falando cada vez mais sobre saúde mental sem o muro do tabu. Se para os baby boomers , falar sobre si e suas sentimentalidades não era comum, hoje trata-se de um assunto mais discutido até mesmo em ambientes escolares.

Há alguns canais explorados pela onda do calm-tainment , uns mais convencionais do que outros. A “primeira academia de saúde mental”, Join Coa , também presente nas mídias sociais , oferece cursos, storytellings, lives , entre outros produtos, todos com o objetivo de fazer com que a mente seja trabalhada todos os dias, de forma leve e interativa.

Gigantes como o aplicativo Calm , muito ativo nas mídias sociais, hoje disponibilizam mensagens motivacionais diárias para quem busca inspiração e desaceleração ainda no início do dia, além das “histórias para dormir”, que misturam ficção com meditação.

O sucesso da Calm é tanto que hoje ela já conta com a parceria de empresas como a Samsung. A empresa de tecnologia já oferece em seus dispositivos e aplicativos o ícone “mindfulness”, onde o usuário encontra de forma mais rápida as pílulas de sabedoria proporcionadas pela Calm, bem como outros conteúdos.


Outros horizontes

Outra parceria da marca foi a série feita em conjunto com a HBO, “A world of calm” , no final de 2020. São diversos episódios de meia hora, narrados por figuras como Nicole Kidman, Kate Winslet, Idris Elba e Keanu Reeves, que pretende estimular o relaxamento total com ajuda de contos.

A Netflix, outra gigante do entretenimento, não poderia ficar de fora dessa onda, e iniciou o ano de 2021 com uma parceria para lá de inusitada: uma série produzida em conjunto com a Headspace , outro famoso aplicativo, esse de meditação guiada e presente em mais de 190 países. A série é dividida em 8 episódios e trata de mindfulness e meditação de forma ilustrada e divertida, ensinando os benefícios das práticas e ainda oferecendo uns minutos de imersão ao final de cada episódio.

A inspiração foi tanta que chegou na Disney, mais especificamente no Disney Plus, a plataforma de streaming da marca. O “Zenimation” transforma clássicas animações, como Frozen e Peter Pan, em verdadeiros redutos de paz, com áudios calmantes sobrepostos em imagens icônicas das obras.

Por fim, você ainda encontra playlists no Spotify , Deezer e outros streamings musicais que aguçam a calma e a concentração. Há também os já famosos vídeos de “ASMR” (Autonomous Sensory Meridian Response) no Youtube, sigla que descreve a sensação de relaxamento e “formigamento cerebral” estimulados de forma visual ou sensorial.

Dentre os temas mais buscados dessa categoria, estão sussurros, atenção pessoal, sons nítidos (bater as unhas em objetos, arranhar, etc.) e repetitivos. Por fim, mas não menos importante, há os livros, pioneiros em um entretenimento imersivo e desacelerado, que resistem mesmo com a urgência que o mundo nos impõe.


Quais são seus caminhos para entrar em conexão consigo mesmo e esquecer o mundo lá fora? Para Fernanda Lima, representante do episódio de Mente, da quinta temporada do Podcast Plenae, é no Yoga que ela se encontra. Mas, para você, pode ser nas vias do entretenimento. Busque colocar em prática uma das dicas dadas nessa matéria e aproveite esse tempo consigo mesmo!

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