Para Inspirar

A relação entre vida social e longevidade

O segredo para viver mais pode estar no seu círculo de convivência. Quer entender mais sobre o assunto? Confira abaixo

21 de Maio de 2020


Você já deve ter ouvido falar no conceito de Blue Zones. Nessa matéria , contamos um pouco sobre o que são essas chamadas Zonas Azuis, e por onde elas estão. Em um breve resumo, essas regiões estão concentradas em 5 países, considerados os melhores para se envelhecer por uma série de fatores. Um deles é a Itália, conhecida pela sua bela gastronomia e geografia. Recentemente, o país também destacou-se nos noticiários por ter sido um dos mais afetados na crise do coronavírus. Uma das hipóteses para esse alto número de vítimas se dá, justamente, pelo alto número de idosos que residem no país. Mas o que explica essa alta longevidade da população? Vamos tratar especificamente da Ilha da Sardenha, uma região autônoma dentro do território italiano, que concentra mais de 300 municípios dentro de si. Ela concentra, sozinha, uma população que passa dos 100 anos três vezes mais do que qualquer outro lugar do mundo. É por ali também que vive a família mais velha do mundo , formada por 9 irmãos que, juntos, somam mais de 800 anos! E qual será o segredo que essa misteriosa ilha revela para tanto sucesso? São três: hábitos saudáveis, genética e… Felicidade! Quem chegou a essa conclusão foram os pesquisadores da italiana Universidade de Cagliari em parceria com outros da inglesa Universidade de Southampton Solent . Essa pesquisa consistiu em entrevistar moradores não só de Sardenha, mas também de outras regiões da Itália, para fins de comparação. Todos eles possuíam idades entre 60 e 99 anos, e responderam questões acerca de seus hábitos e histórico familiares, rotina, além da realização de testes de memória e cognição. O resultado, publicado no jornal de saúde especializado em qualidade de vida, Applied Research in Quality of Life , trouxe alguns resultados bem surpreendentes. Além de uma qualidade de vida elevada , com baixos níveis de estresse e uma boa alimentação, os sardenhos também contam com um bom fator genético - mas que só corresponde a 25% desse sucesso longevo. O terceiro fator pode estar atrelado, na verdade, ao seu bom humor e índices altos de felicidade e satisfação com a própria vida. Há até uma denotação característica italiana, chamada “humor sardenho”, usada para classificar as pessoas bem humoradas da Itália. Bom humor e felicidade podem ser atingidos por caminhos individuais de cada ser humano e suas respectivas trajetórias. Mas um desses caminhos pode ser, justamente, ter uma vida social ativa - como é o caso da população de Sardenha - até mesmo pelo seu menor espaço geográfico e maior índice de convivência entre os idosos. Segundo o Estudo do Desenvolvimento Adulto , realizado desde 1938 pela Universidade de Harvard e hoje conduzido pelo psiquiatra americano Robert Waldinger, interações com a família, ter um grupo próximo de amigos frequentes e estar inserido em uma comunidade são fatores muito positivos para a longevidade - e não só para viver mais, mas também com mais qualidade. Uma outra pesquisa, realizada pela Universidade Brigham Young , reforça essa teoria dos benefícios que a vida social pode trazer. Isso porque, segundo dados expostos por ela, a solidão pode causar morte prematura. Quem cultiva bons relacionamentos apresenta 50% de chances de não falecer prematuramente em relação aos lobos solitários. Portanto, ria como os sardenhos! E melhor: ria em companhia! Esteja sempre cercado da família, bons amigos e bom humor. Não se esqueça de que cuidar de suas relações pessoais é também cuidar de sua saúde mental. E suas relações podem - e muito! - serem os combustíveis mais potentes para isso.

Compartilhar:


Para Inspirar

Como a masculinidade tóxica pode afetar a paternidade?

A imposição da sociedade e expectativa sobre o homem de que ele não acesse a sua sensibilidade pode ser nociva não só para ele, mas para seus filhos também

11 de Junho de 2021


Na segunda temporada do Podcast Plenae , pudemos conhecer a emocionante história da apresentadora Mariana Kupfer , que decidiu gerar a sua filha de maneira independente e criá-la da mesma forma. Inspirados por esse relato, investigamos um pouco mais sobre o universo da maternidade solo por opção : quais são os caminhos, os dados e a opinião de especialistas.

Mas a grande maioria das mães que criam seus filhos sozinho, não o fazem por opção própria - e sim, advindas de um abandono posterior do pai daquela criança. Afinal, no Brasil, cerca de 6% das crianças são registradas sem um pai em sua certidão, todo ano. Segundo a Central de Informações do Registro Civil, até a metade de 2020, mais de 80 mil crianças de um total de 1.280.514, tiveram apenas o nome de suas mães em seus registros, como revela a Revista Crescer .

É o caso do palestrante Marcos Piangers , que participou da quinta temporada do Podcast Plenae e contou como ter sido criado por uma mulher solteira, sem a presença paterna, moldou quem ele é hoje. O escritor de best-sellers sobre assuntos familiares pôde contar, ao longo da sua vida, com o registro de um padrasto em seus documentos, depois de já ter crescido, mas a presença afetiva e duradoura, somente mesmo de sua mãe.

É por isso que hoje ele se empenha em falar tanto sobre paternidade, masculinidade e afeto . Para ele, a obrigação que a sociedade impõe sobre os homens de que eles sejam mais duros e acessem menos a sua sensibilidade, acaba refletindo de forma muito negativa na paternidade que esses mesmos homens exercem, afastando-os do que poderia ser uma troca intensa de amor, carinho e respeito.


Paternidade afetiva

Em 2015, o documentário “The Mask We Live In” (“A máscara em que vivemos”, em tradução livre) fez sucesso por trazer à tona um tema pouco discutido até então: a masculinidade tóxica. Nele, a ideia do macho dominante é abordada sob a ótica do quanto ela afeta psicologicamente crianças e jovens - que um dia se tornarão adultos.

Apesar de se passar nos Estados Unidos, essa é uma realidade do mundo todo. No Brasil, esse assunto foi discutido e pesquisado - e também virou documentário, “O silêncio do homem” . O grupo que organizou o documentário também realizou uma pesquisa com dados bastante reveladores, condensados pela Folha de São Paulo : 72% dos quase 20 mil homens brasileiros que responderam foram ensinados a não demonstrar nenhuma fragilidade, 60% foram instruídos a não expressar emoções e 40% alegaram se sentirem solitários com frequência.

A Associação Norte Americana de Psicologia estimou que 80% dos homens americanos sofrem de alexitimia, uma “incapacidade de expressar, descrever ou distinguir entre emoções''. Isso pode ocorrer em um cenário de distúrbio emocional, seja ocasionado por uso de substância, exposição repetida a um estressor ou psicossomático.

Isso é, de imediato, ruim para a saúde dos homens, que possuem uma tendência maior a desenvolverem doenças crônicas, vícios, acidentes, distúrbios emocionais e até assassinatos, segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde. Nele, ainda destaca-se que um em cada cinco homens que vivem nas Américas morre antes dos 50, sendo muitas dessas mortes causadas por problemas diretamente ligados à masculinidade tóxica.

“Eu passei e passo a vida tentando entender a figura masculina. Até eu lançar o primeiro livro, aos 35 anos, eu não tinha amigos, nem referenciais de masculinidade saudável. A minha visão é de que homem tinha que ser conquistador, forte, malandro, alheio às questões da família e dos afetos”, diz Piangers, em seu episódio. A pressão social sobre os homens de que eles sejam uma fortaleza, afeta portanto também a sua paternidade.

“Meu livro vendeu cerca de 300 mil cópias. Já viajei para vários países tentando passar a mensagem de que a gente precisa mudar a nossa visão de paternidade e masculinidade. (...) Com meus livros e vídeos, acredito que a mensagem já tenha chegado a talvez 1% da população brasileira. Eu sozinho não vou dar conta de alcançar todo mundo. Por isso eu incentivo que mais homens escrevam e falem sobre isso. E não é sobre mim, é sobre 6 milhões de crianças que não têm o nome do pai da certidão, e outras milhões que não tiveram um pai presente e afetuoso.”, diz.

Essa afetividade positiva e possível de ser sentida e colocada em prática por uma figura masculina virou notícia no caso do menino Angelo, de apenas 8 anos, que pediu para uma juíza mudar o seu sobrenome, tirando o do seu pai biológico ausente e colocando o do seu padrasto. “Pai é aquele que ama, pai é aquele que cuida, pai é aquele que está do lado da gente", disse o garoto.


Paternidade solo

Quando a situação é a de uma paternidade solo, a afetividade se faz ainda mais necessária. É o caso de Erick Correia dos Santos, 28 anos, que cuida de sua filha sozinho há mais de dois anos. Para ele, que é pai de uma menina, substituir o papel de uma mãe é impossível, até mesmo pela cumplicidade que ambas juntas teriam.

Mas, com a ajuda de sua família, que além de oferecer uma rede de apoio atualmente, também o criou em um contexto de afeto e segurança, ele consegue passar seus valores e garantir uma vida confortável e amorosa para a sua filha. “Nem todos os dias são fáceis. Aprendi a ter mais paciência, a dizer não nas horas certas e a ter mais responsabilidades como homem”, diz ele.

Em recado a outros pais, Erick lembra que é importante aproveitar cada segundo ao lado de seus filhos, porque a infância passa muito rápido. Diz também que é preciso que os pais façam que seus filhos o enxerguem como um herói, e deixem as amarras da masculinidade de lado. “Muitos não deixam suas emoções aparecerem por algum tipo de vergonha ou timidez, não se dão toda a liberdade necessária para se ter mais afeto entre as duas partes, e muito se perde por aí”, conclui.

No canal “Papai em dobro”, de Ton Kohler, essa paternidade solo é discutida em suas mais diferentes óticas e problemáticas. Há inclusive uma série de vídeos com a participação de Marcos Piangers, que debateu, em suma, muito do que trouxemos nessa matéria.

Você está atento à sua paternidade? Acredita que ela seja afetiva o suficiente? Busque não perpetuar essa cadeia tão violenta, de forma generalizada, que é a masculinidade tóxica. Pais que foram educados para serem “durões” quando crianças, acabam criando seus filhos assim, afastando-se emocionalmente deles e minando seus sentimentos.

Lembre-se de que o tempo da infância é de suma importância para que o caráter daquela criança seja moldado de maneira positiva - e de que esse tempo não volta mais.

Compartilhar:


Inscreva-se na nossa Newsletter!

Inscreva-se na nossa Newsletter!


Seu encontro marcado todo mês com muito bem-estar e qualidade de vida!

Grau Plenae

Para empresas
Utilizamos cookies com base em nossos interesses legítimos, para melhorar o desempenho do site, analisar como você interage com ele, personalizar o conteúdo que você recebe e medir a eficácia de nossos anúncios. Caso queira saber mais sobre os cookies que utilizamos, por favor acesse nossa Política de Privacidade.
Quero Saber Mais