Para Inspirar
Conversamos com as avós “modernas”, mulheres que testemunharam revoluções em suas juventudes e hoje fogem do estereótipo de “velhinhas que tricotam”
6 de Março de 2024
Baby boomers, millenials, geração Z: você já deve ter ouvido falar em alguns desses termos, que são usados para nomear as gerações em determinados períodos e espaço de anos. Esses marcadores podem parecer sem muita serventia de imediato, mas a verdade é que eles existem para que os estudiosos de diferentes temas consigam identificar padrões de comportamentos e mudanças sociais relevantes.
No caso dos baby boomers, como são chamados os nascidos entre 1946 e 1964, já há um distanciamento histórico suficiente para cravá-los como a geração que testemunhou mais revoluções. O nome, inclusive, se dá pelo aumento de natalidade (um boom de bebês) pós-guerra, o maior do século 20. Havia um clima otimista no ar, de superação e recomeço, além de uma calmaria importante no cenário político, que ansiava por uma calma.
Hoje, essa horda de pessoas que ressignificaram o conceito de juventude e abriram alas para as revoluções e liberdades hippies que viriam em seguida, são avôs e avós. E, mais especificamente sobre as mulheres: o que querem elas que não seguem mais o estereótipo de vovós que fazem crochês e vivem pelos seus netos?
Pílula anticoncepcional, minissaia, direito ao voto e ao divórcio, maior inserção no mercado de trabalho: essas são só algumas das emancipações vivenciadas pelas baby boomers, que testemunharam o movimento feminista se consolidar e as discussões acerca de gênero e liberdade ganharem forma e força.
Tantas décadas depois, essas mulheres se tornaram hoje avós. Hoje, aliás, temos mais avós do que netos segundo o estudo Tsunami 60+. Estima-se que em 2030 teremos mais idosos do que pessoas com até 14 anos, para se ter uma ideia. E, ao tentar definir quem é e o que quer esse público, velhos mitos e preconceitos são derrubados em uma rápida conversa.
“Sim, elas se sentem bem física e mentalmente. Sim, elas se movimentam pela cidade, trabalham, namoram. E não, a relação delas com a tecnologia não é tão ruim quanto se pensa”, escrevem as criadoras do estudo, Layla Valias, Lívia Hollerbach e Mariana Fonseca.
Ainda segundo o mesmo levantamento, 62% dos brasileiros com mais de 55 anos dizem "Minha saúde mental e física está bem". A sensação de estar bem física e mentalmente independe da classe social. Além disso, 59% das pessoas entre 55 e 64 anos afirmam: "Minha rotina na semana é bem intensa, com muitas atividades fora de casa."
Reflexo disso é que 63% das pessoas com mais de 60 anos são provedoras da família, 86% das pessoas acima dos 55 anos vivem com sua própria renda e 93% das pessoas acima dos 75 também. Ou seja, há uma movimentação não só em prol do lazer, mas também criativa e do ofício.
Elas namoram, fazem sexo, jogam videogame e estão muito mais por dentro da tecnologia do que se pode imaginar, como continua a pesquisa. Nas redes sociais, a presença já é consolidada. Mas fora das telas, a longevidade também já é uma realidade que veio para ficar.
Neste artigo, falamos um pouco sobre a diferença na criação dos filhos de ontem e os de hoje. Mas, mais do que como elas criaram seus filhos no passado, queremos saber como essas avós são hoje. Conhecemos alguns dados importantes sobre essa população prateada, mas também fomos conversar com avós consideradas “modernas”.
Neste Plenae Entrevista, conversamos com duas influenciadoras digitais que são o reflexo dessa modernidade. Também já conversamos com Helena Schargel, modelo da maturidade, além de um Plenae Drop com as Avós da Razão. Mas, novamente, fomos conhecer mais exemplos de avós modernas, dessa vez, com foco em seus papéis e qual a diferença entre elas e suas próprias avós. Conheça a seguir o que elas têm a dizer.
“Fui pega de surpresa aos 45 anos quando minha filha adolescente me comunicou que eu seria avó. No início, a única coisa que conseguia fazer era chorar, pois sabia as dificuldades que teríamos que enfrentar. Mas tudo passou quando ouvi pela primeira vez os batimentos do coraçãozinho da minha neta. As diferenças entre eu e minha avó são muitas, começando pelo tratamento, pois eu tinha que chamá-la de senhora e não tinha abertura para dialogar abertamente da maneira que eu e minha neta fazemos hoje. Acredito que a oportunidade de trabalhar fora e ter contato com diversas pessoas, inclusive muitos jovens, me ajudou a ter mais flexibilidade nessa relação. Além disso, o contexto histórico também influencia muito”.
“Não sei bem explicar o motivo, mas eu tinha um pressentimento que minha filha mais velha estaria grávida. Quando veio a notícia oficial, foi um misto de alegria e de apreensão, mas não foi totalmente uma surpresa. Sou muito apaixonada pela maternidade e por bebês e sempre tive muita vontade de ser avó. A minha foi meu anjo da guarda durante toda sua existência, mas por mais próxima fisicamente que ela tentou ser, ela vivia em um mundo só dela, que eu considerava impenetrável. O amor nos unia, mas não falávamos a mesma língua. Hoje, eu procuro ser amiga dos meus netos e me inserir no mundo deles, ser participativa, conhecer os amigos, sair juntos, saber o que está acontecendo na escola. Curto músicas, filmes, jogos, entre outras coisas que fazem parte do universo deles. Também gosto de cozinhar para eles como minha avó fazia, claro, mas nossa relação não se resume a só isso. A questão é que não me sinto uma idosinha, vovozinha que deve ficar em casa em uma vida muito limitada. Sou ativa e quero mais. Ensino eles a nunca ter preconceito, sempre ter empatia e, acima de tudo, curtir muito a vida.”
“Minha neta nasceu em 2006, quando meu filho tinha 18 anos. Foi um susto, porém ela foi muito bem-vinda e hoje é uma linda jovem. Me considero moderna porque vivo de uma forma livre e intensa. Viajo bastante e sou independente. Comparando com minhas avós, sou fisicamente mais saudável e com uma aparência mais jovial. Do que me lembro de aparência, com minha idade (65 anos), minha avó paterna era uma velhinha de trança num coque e a materna, minhas lembranças são de uma velhinha ranzinza fazendo pãezinhos para receber os netos. Acredito que fora o progresso social dos últimos anos, um grau de escolaridade melhor e a experiência em ser mãe foram determinantes para um relacionamento mais leve com minha neta. Ensino sempre ela a viver a vida de uma forma saudável, respeitando a família e o mundo embasada nos valores morais e éticos.”
“Quando eu soube, no primeiro momento, minha filha era jovem e eu fiquei assustada, com medo que ela não concluísse a faculdade. Depois que nasceu, foi uma aproximação encantadora. A diferença gritante entre eu e minha avó se dá principalmente em relação a independência financeira, profissão, carreira. Nossos valores também, é inevitável que a minha avó tivesse percepções da vida muito mais centradas em ser do lar. Mas em contrapartida ela tinha habilidades que eu não tinha, ela pintava, costurava, eu não sei fazer nada disso. Eu me questiono se sou uma avó moderna, o que é ser uma. O que eu acho é que sou uma referência diferente pra minha neta, tanto eu quanto a avó paterna dela. Nós duas temos o mesmo perfil, temos mais ou menos a mesma idade e uma relação intensa com o trabalho. Com isso, minha neta entende se falamos que temos que trabalhar, por exemplo, e que não dá pra brincar agora. Ela também cresce em um ambiente de maior liderança feminina, nós ditamos mais os rumos do nosso lar do que os maridos. Inclusive, eu me separei recentemente e a minha neta me questionou sobre isso, teve dificuldade de entender por ser uma criança na primeira infância, mas esse vai ser um referencial diferente no futuro dela. O contexto social e até a criação dos eletrodomésticos, tudo isso e coisas que a gente não imagina contribuíram para nossa liberdade. Hoje eu ensino para ela o que a minha avó não podia me ensinar, que é o valor do trabalho. E escuto ela falar que quer estudar tudo, quer aprender tudo e fazer muitas faculdades. Ao mesmo tempo, indiretamente nós ensinamos a importância também do cuidado da família, porque somos todos muito unidos e ela vê isso na prática. Isso era algo que a minha avó fazia e eu continuei fazendo”.
Agora, nos resta esperar para descobrir como será a próxima geração de avós, essas que também participaram ativamente da história do mundo, dessa vez com mais direitos adquiridos e muita vontade de fazer. O futuro será otimista e feminista!
Para Inspirar
O primeiro episódio da décima sexta temporada ouve a história das relações possíveis da escritora Ruth Manus.
4 de Agosto de 2024
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Ruth Manus: Eu nunca tive nenhuma rejeição a ideia de ser mãe. Mas, eu tive dúvidas, especialmente na minha vida adulta. Eu me perguntava como ia conseguir conciliar a maternidade e profissão. Agora, uma coisa que eu nunca planejei foi ser madrasta
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Geyze Diniz: A advogada e escritora Ruth Manus tem nove livros publicados e um texto que encanta os seus leitores. Entre os temas das suas crônicas estão a sua relação com a maternidade e com a “madrasternidade”, um termo que ela cunhou. A história familiar de Ruth é como a de muitos entre nós: fora do script tradicional. Eu sou Geyze Diniz e esse é o podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.
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Ruth Manus: Quando a gente é criança, a gente planeja ser sereia, aeromoça, jogadora de futebol, tia, astronauta... Mas ser madrasta nunca esteve nos meus planos. Só que a vida é assim né? Cheia de curvas que vão nos levando a lugares inesperados. E uma dessas curvas me levou até a Francisca.
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Eu tinha 25 anos quando a conheci. Ela tinha 3. E o nosso encontro foi em Lisboa, onde ela mora e para onde eu me mudei quando me casei com o pai dela. Eu me preparei para o primeiro encontro com a Francisca. Eu lembro que fui fazer compras com umas amigas e falei: “Olha, eu quero parecer o avesso da madrasta que os contos de fadas fazem o desfavor de construir”. Então eu me vesti de cor-de-rosa. Na minha bolsa, tinha bala de ursinho e Kinder Ovo, como se fossem meus. Eu criei uma personagem para que ela me visse como alguém que pudesse ser próxima, agradável, confiável.
E a Francisca não me recebeu de braços abertos. Ela era uma criança desconfiada, muito intensa, que são características que hoje eu acho que são algumas das melhores coisas que ela tem. Ela não parece um filhote de labrador, que nem eu, que acha tudo legal, quer ser amigo de todo mundo. Ela tem a seleção dela. Para nós duas, era tudo novo. Eu nunca tinha sido madrasta. Ela nunca tinha sido enteada. Mas, com o tempo, a gente conseguiu construir a nossa relação de amor.
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A “madrasternidade”, como eu gosto de dizer, é um lugar cheio de tabus, mas que eu acho que está mudando, inclusive com a coisa da guarda compartilhada. Porque as madrastas agora tão na linha de frente do cuidado. Elas buscam as crianças na escola, ligam para mãe do amigo, compram o lanche do recreio. Fazem tudo que os pais fazem, às vezes até mais ou menos, dependendo da dinâmica da casa.
Mas, isso sem nenhum reconhecimento, muitas vezes, da família, da escola ou até do comércio. Porque eu inclusive acho que deveria existir o Dia da Madrasta para ter esse reconhecimento. Uma vez eu escrevi que ser madrasta é fazer tudo aquilo que uma mãe e um pai fazem, mas sem a garantia do amor incondicional. Só que depois eu entendi que o amor incondicional é mais uma idealização do que uma realidade na relação de muitos pais e filhos.
Eu descobri também que as crianças muitas vezes amam profundamente a madrasta ou o padrasto e sentem medo real de perdê-los. Porque os enteados não têm nenhuma garantia de que esse vínculo vai continuar se o casamento da mãe acabar ou se o casamento do pai acabar. Então, para mim, mais difícil do que ser madrasta só ser enteada, porque o poder não está na mão da criança. O poder está na mão do adulto.
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Eu e a Francisca somos bem parecidas. Ela é geminiana, que nem eu. A gente faz aniversário com uma semana de diferença. E hoje, eu percebo que ela não tem o meu sangue, não se parece esteticamente comigo. Mas ela tem o meu senso de humor, ela tem meu jeito de falar.
Outro dia eu postei uma foto de um, de um Nescau que eu pedi na padaria bem clarinho, do jeito que eu gosto e ela sempre criticou. E aí ela comentou no post: “Ruth, não foi assim que eu te eduquei”. Enfim, eu vejo que eu plantei algumas sementes que de fato ficaram, o humor é meu.
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O meu relacionamento com o pai dela durou sete anos. A Francisca tinha quase 11 na época do divórcio e a única pergunta dela foi: “Mas, Ru, você vai embora?”. E eu respondi: “Olha, eu provavelmente vou passar mais temporadas longas no Brasil. Mas eu sempre volto”. E há quase quatro anos eu venho cumprindo essa promessa de sempre voltar.
Eu não tive o luxo do divórcio no qual eu podia me importar só comigo mesma. Quando eu me separei, algumas pessoas próximas e que conheciam bem a nossa relação, me disseram coisas do tipo: “Não, a Francisca agora é problema dele. Você tem que se preocupar em cuidar de você!”. E eu só conseguia pensar: “Não, a Francisca não é problema dele. A Francisca é problema meu e eu quero que continue sendo também um problema meu."
Quando eu conto para as pessoas que eu converso com a Fran todos os dias, que a gente troca mensagem, que eu viajo só para está com ela nas férias, só falta as pessoas me estenderem um tapete vermelho. Do tipo: “Nossa, que pessoa incrível!”. Isso é uma coisa que me incomoda demais! Eu sou adulta. Eu fiquei sete anos na vida dela. Seria uma surpresa, aí sim, se eu tivesse abandonado emocionalmente uma criança. Eu não mereço palmas porque eu permaneci. A gente precisa problematizar o abandono, e não aplaudir quem faz o mínimo.
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Quando eu voltei para o Brasil, eu sabia que, em algum momento, eu ia conhecer um novo parceiro. Que era só uma questão de tempo. Mas eu realmente não queria alguém que já tivesse um filho. Eu não queria correr o risco de sentir a dor que eu estava sentindo por aquela ausência de acesso ao dia a dia da Fran. Eu não queria outra vez amar uma criança, fazer parte da rotina dela e, de repente, ter um parceiro que decida ir embora, como meu ex-marido foi, e eu me ver à deriva.
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Mas, o fato foi que o Agustin não se assustou com a minha assertividade. Quando a gente começou a namorar e, depois decidiu ter um filho, eu acabei engravidando rapidamente. Quando o Joaquim nasceu eu não vivenciei aquele amor à primeira vista, que muita gente narra. A minha experiência como mãe não foi maravilhosa logo de cara.
Muita gente fala que o dia do parto foi o dia mais feliz da vida, mas eu, honestamente, fui mais feliz em qualquer visita ao Hopi Hari do que no dia do meu parto. Não que eu tenha tido um parto especialmente ruim. Foi uma cesárea planejada. Só que minha pressão subiu, o Joaquim teve uma instabilidade respiratória. Então, assim que ele saiu da minha barriga, colocaram ele num daqueles bercinhos aquecidos, e não no meu peito, como eu imaginava.
Ele ficou longe de mim por 4 horas que foram as 4 horas mais longas e aflitivas da minha vida. Então lá no hospital, eu estava preocupada se ele estava respirando. Estava preocupada com a minha dor. Estava preocupada em não ser transferida para uma semi-intensiva e ficar ainda mais longe dele. E aí no dia seguinte chegam as visitas, chegam os desafios com a amamentação, e era o Joaquim que não tinha pega, o leite que não era suficiente ... Cara, não tinha espaço pra romantização ali.
E como qualquer recém-nascido, ele só chorava, ele não ria, ele ainda não tinha, né, nenhum tipo de interação. Então eu falo que o primeiro mês foi um grande incêndio que eu ia apagando sem parar. Um dia eu cheguei a dizer para uma amiga: “Eu acho que o Joca merecia uma mãe que o amasse mais do que eu”.
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Eu me sentia uma mãe esquisita, porque eu não cabia muito bem em nenhum lugar. Eu não embarquei naquela loucura consumista do mêsversário, do ensaio gestante, de festa de um ano com bolo de três andares. Na verdade, essas coisas nem fazem parte da minha bolha. Mas, eu também não segui os modismos do meu universo, né, que eu brinco que é meio intelectual meio de esquerda.
Porque eu não tive um parto normal. Porque eu não consegui amamentar tanto quanto eu gostaria, né, amamentei exclusivamente por dois meses, depois mais dois com complemento. Eu não segui o método BLW para introduzir a comida porque dois meses depois do parto eu já estava trabalhando. Eu não tinha tempo de ficar catando brócolis no chão. Eu amassei a batatinha no garfo, ia dando na colher e tudo bem.
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Eu acredito, honestamente, que a maternidade também é feita de alívios. Porque quando a gente está aliviada, a gente está segura é muito mais fácil o amor conseguir emergir. Quando o Joca começou a sorrir, quando a minha cicatriz fechou, quando ele começou a ganhar peso… Aí sim, foram se abrindo outros capítulos. Cada pessoas tem um tempo, e esse foi o meu.
Não que a minha vida hoje seja perfeita. Continua um caos, mas é o caos da maternidade possível, que existe entre o romantismo e o terrorismo. Eu venho encontrando o meu caminho. É desgastante, é cansativo, mas é muito divertido também. Eu me divirto muito sendo mãe. Quando a gente tem criança em casa, a gente aprende a voltar a brincar. E eu lembrei o quanto eu gosto disso.
E de repente eu olhei para aquilo e falei: “Meu Deus, eu consegui fazer isso”. E pode parecer ridículo, né? Sentir que é uma grande conquista ir até o shopping com um neném. Mas quem já fez qualquer banalidade com um neném pela primeira vez, sabe como a gente se sente poderosa.
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Eu espero que não, mas se um dia meu filho tiver uma madrasta, tem decisões que eu quero que sejam minhas. Eu fui e sou madrasta de crianças com guarda compartilhada. Elas estão comigo 50% do tempo. E eu entendi que uma coisa é a gestão doméstica do dia a dia. Mas, outra coisa é a gestão do indivíduo, das decisões de saúde, de educação, do que pode e do que não pode.
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A minha família hoje eu considero que são dois filhos que não são meus, de dois homens diferentes, que têm suas próprias mães, o meu marido e o meu filho biológico. Os meus momentos mais felizes são com eles. Às vezes sou só eu e o Joca. Às vezes eu, Joca e Agustin. Às vezes eu, Joca, Agustin e Caetano. Às vezes eu, Joca, Agustin, Caetano e Francisca. Enfim, são momentos que me enchem os olhos e são níveis de alegria que eu não conhecia.
A gente fez um ritual muito maluco de batizado lá em casa. Minha mãe levou uma imagem de São Francisco, já que os padrinhos são a Francisca e o Francisco, que é um amigo do meu marido. E a gente pegou vinho do Porto, fernet e cachaça, para simbolizar o encontro do Brasil, de Portugal e da Argentina, já que o meu marido é argentino. E o Joca foi batizado assim, com essa mistura de bebidas e culturas.
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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
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