Entrevista com

Helena Schargel

Estilista

A vida não acaba quando envelhecemos

24 de Junho de 2019



A estilista Helena Schargel decidiu parar de trabalhar aos 78 anos, depois de dar expediente na mesma empresa por 45 anos. Ficar sem fazer nada, no entanto, não é com ela. Schargel reinventou-se como estilista e modelo de uma linha de lingerie para mulheres com mais de 60 anos. Para ela, trata-se muito mais do que uma coleção de moda. "Meu propósito é tirar mulheres da invisibilidade", afirma. 

Por que a senhora decidiu voltar a trabalhar aos 79 anos? Eu parei de trabalhar aos 78 anos, depois de me dedicar por 45 anos à mesma empresa. O dono da companhia sugeriu que eu continuasse, nem que fosse por meio período. Eu não quis. Precisava de outra coisa, não sabia o quê. Eu nunca tinha descansado por 30 dias seguidos, então decidi tirar um ano sabático. Participei de cursos e um monte de coisas, mas nada me dava tesão. Eu sou movida a tesão. O ano sabático foi um ano morno. 

De onde veio a ideia da coleção de lingerie? Participei de uma reunião para pessoas com mais de 50 anos e, lá, alguém falou a palavra mágica “projeto”. Aquilo despertou algo em mim. Quando me perguntaram se eu tinha um projeto, respondi que sim, embora não tivesse. Me questionaram qual era, e respondi: lingerie 60+. Foi algo que saiu espontaneamente. No fim do evento, a mulherada me perguntou onde comprar as peças. Aí tive certeza de que aquele era o meu projeto. Passei a noite em claro, desenhando a coleção na cabeça. Na manhã seguinte liguei para minha amiga Myrian Recco, uma das maiores fabricantes de lingerie do Brasil, e ofereci a ideia. Ela topou. 

O que a senhora considerou ao criar essas peças? As lingeries tinham de ser confortáveis, práticas e modernas. Apesar de eu amar preto e branco, deviam ter cor, para mostrar que mulher com mais de 60 anos não precisa usar só bege. Qual o problema de vestir um sutiã vermelho ou verde? 

Por que a senhora fez questão de ser a garota propaganda da lingerie? Essa coleção é muito mais do que uma coleção. Ela carrega um grande propósito de tirar mulheres da invisibilidade. Eu sabia que, pela minha força e idade, eu passaria essa mensagem como modelo do catálogo. 

O que a senhora chama de invisibilidade? Na geração da minha mãe, as mulheres se tornavam invisíveis a partir dos 50, 60 anos. Depois de criar os filhos, minha mãe achava que não precisava fazer mais nada. Foi assim também com as minhas dez tias. A minha geração está vivendo mais. Mas, só porque envelheci, a vida acabou? Vou puxar a cadeira, ver televisão, fazer crochê, ir ao cinema e mais nada? Eu não vejo assim. Posso investir nos meus sonhos e começar novos projetos em qualquer idade.

 Por que escolheu lingerie como sua empreitada? Tecidos de lingerie já eram um caminho conhecido para mim. Além disso, lá no fundinho eu sabia que a lingerie chocaria as pessoas. Eu queria passar essa mensagem de inspiração para outras mulheres: se aquela filha da mãe com quase 80 anos pode, eu também posso. Eu faço muitas palestras agora, para 80, 100, 150 pessoas. Se quatro ou cinco delas saírem da invisibilidade, para mim já é uma vitória. 

No TEDx, a senhora disse que se sente com 50 e poucos anos. O que isso quer dizer? Há muito tempo, descobri que não tenho mais 33 anos. Quando as pessoas me perguntavam a minha idade, eu me perdia. E não porque eu queria esconder nada. Eu tenho prazer de falar a minha idade. Mas na cabeça estacionei por muito tempo nos 33 anos. 

A senhora parece muito satisfeita com o seu corpo. Sempre foi assim? Sempre. Quando meus filhos eram crianças, eu usava um biquíni de crochê que eu mesma fiz, bem pequeno, no clube. As pessoas falavam: está maluca? Mas eu nunca me importei com a opinião alheia. Eu até chocava os outros, mas não intencionalmente. Para mim era natural. https://youtu.be/nmyKSyRc1gw

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#PlenaeApresenta: Daniel Alves e a persistência como combustível

Aos 38 anos, o atleta já conquistou os principais campos do mundo e não pretende parar aí.

4 de Outubro de 2021



Qual é o tamanho da força que você projeta em seus objetivos? O atleta Daniel Alves, representante do pilar Corpo na sexta temporada do Podcast Plenae, saiu de Juazeiro, na Bahia, para ganhar o mundo e incontáveis troféus, graças a força de seus sonhos e muito, mais muito trabalho.


Só que esse sonho não era sonhado sozinho. Seu pai foi a grande mola propulsora que fez o ainda menino Daniel entrar para o time local - sem abandonar os estudos e o trabalho na roça para ajudar a família, é claro. A diferença entre o atleta e os demais sempre foi muito clara: ele gostava de ser desafiado.


“Pra minha sorte, eu sou muito competitivo. As pessoas têm a capacidade de dar 100% de si. Mas nem todo mundo quer dar 110, 120, 150%. Eu quero. A dedicação é o meu diferencial”, revela ele, que diz ainda ser assim, cada dia mais. E de tantos desafios que a própria vida lhe propunha, ele foi notado por um olheiro que o levou para o Bahia, time estadual de grande porte. 


“Eu nunca tinha saído de Juazeiro. Achava que o mundo começava e terminava ali. Aos 16 anos, me mudei sozinho para Salvador e fui morar na antiga sede de praia do Bahia, que fica no bairro Boca do Rio. Ali começou a minha história como atleta profissional”, relembra. 


“Eu sabia que eu não era o melhor jogador no Bahia. Dos 100, talvez eu fosse o número 51 em termos de habilidade. Mas eu sabia que na força de vontade eu poderia ser o número 1 ou 2. Então eu fiz para mim mesmo uma promessa: ‘Você não vai voltar pra roça até deixar seu pai orgulhoso’”, cravou.


Pelo Bahia, ele competiu seus primeiros jogos e campeonatos mais oficiais. Até que novamente foi notado, dessa vez, durante um Campeonato Brasileiro e por um olheiro internacional. O convite? Viajar para Sevilla, na Espanha. Prontamente, Daniel fingiu conhecer o local, a língua e seus costumes, deixou o medo em casa e se lançou para o mundo. 


A tarefa, é claro, não foi simples. Os primeiros seis meses em território espanhol foram tão difíceis que, pela primeira vez, Daniel conta que pensou em desistir. Não fosse pela amizade com outro jogador brasileiro, o Denilson, que integrava a equipe rival mas morava na mesma cidade, ele não teria conseguido.


Depois de superado o primeiro semestre traumático, Daniel fez o que faz de melhor: se concentrou e se superou. “Nem no Brasil o meu pai tinha me visto ao vivo, como jogador. Quando eu entrei no campo, na Espanha, a minha mãe falou que ele chorava igual criança. Ele viu que o sonho dele tinha se tornado realidade. Eu era um jogador profissional e de sucesso.”


Quando já estava no Barcelona e ganhou a aclamada Champions League, dedicou pessoalmente o troféu ao seu pai, aquele que lá no começo da história projetou os seu próprio sonho em ser atleta em seu filho, e lhe ofereceu as condições que ele mesmo nunca tivera. Esse, como diz Daniel, foi o ponto mais emocionante de sua história. 


De lá para cá, o jogador já coleciona títulos, troféus, e agora a sua primeira medalha olímpica. Apesar de todas as mudanças que sua vida enfrentou, uma coisa se manteve: essa busca incessante por ser sempre a sua melhor versão e o mais temido adversário, mantendo a mente tão firme quanto o corpo, e sentindo prazer no ato de competir.  


“Eu sempre fui muito forte mentalmente. Tracei uma carreira e consegui trabalhar para concretizar todos os meus desejos. Para vencer no esporte, não basta ter talento e vontade. É preciso sentir prazer no ato de competir. (...) Se eu ainda performo bem aos 38 anos, é porque a minha busca pela longevidade e pela vitória é insaciável. Quero que as pessoas entendam que idade não é prazo de validade. Ninguém tem o direito de nos rotular. Cada um de nós deve ser diretor da própria orquestra”, conclui. 


Você confere esse relato na íntegra ouvindo o episódio de Daniel na sexta temporada do Podcast Plenae, disponível em seu streaming de música favorito. Aperte o play e inspire-se!

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