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Desmistificando conceitos: o que é a Síndrome de Domingo

Sensação familiar a muitos, a Síndrome de Domingo é tão frequente que ganhou nome e sobrenome, e muitos irão se identificar

16 de Janeiro de 2022


Se ao pensar no seu ritual de todos os domingo, já automaticamente sentiu aquele misto de desânimo e ansiedade, saiba que isso é mais comum do que se imagina: é a chamada Síndrome do Domingo. Apesar de não ser reconhecida como um transtorno mental ou algo do tipo, a tristeza que bate no domingo à noite é real e se tornou ainda mais comum em tempos de pandemia. 


Com tantos profissionais trabalhando no modelo home office, ficou ainda mais difícil delimitar as telas e, principalmente, os limites do que é emprego e o que é entretenimento. Sentir um certo desconforto com a iminência do término do período de descanso é natural, porém, se a melancolia é forte demais, pode ser um sinal de que alguma coisa está errada. 


Uma semana cheia de compromissos no trabalho intimida, contudo, se quando o sol se põe no domingo que antecede cinco dias regulares e rotineiros você se pega em uma letargia quase desesperadora, o que isso quer dizer?


Entrando em detalhes


Recentemente classificada de maneira oficial pela OMS como uma doença, a Síndrome do Burnout - que te contamos um pouco mais neste artigo - é caracterizada por um estresse perene, causado pelo excesso de situações desgastantes em ambientes de trabalho. Se a avalanche de preocupação já começa no domingo à noite, é bom ficar alerta. Às vezes, pode ser que você não aguente mais aquilo e talvez seja hora de fazer algumas mudanças.


O descanso é fundamental para a vida como um todo, e isso inclui, também, o trabalho. Aliás, vale lembrar que há sete fases para esse descanso ser realmente efetivo, como explicamos aqui no portal. Por isso mesmo que, por mais que possa parecer contraditório, descansar ajuda - e muito! - na produtividade. 


Não é sobre trabalhar mais, mas sim sobre fazê-lo com maior qualidade. Se o domingo vem com essa carga negativa, essa sensação de impotência perante a segunda-feira iminente, isso também prejudica o descanso e, por consequência, a qualidade do trabalho semanal.


Pode até parecer bobagem, mas em cada vez mais países vem sendo observado esse efeito que afeta muitas pessoas depois do alívio da sexta-feira e da plenitude do sábado. Em artigo publicado na Forbes, a palestrante Ashley Stahl fala um pouco sobre esses “Sunday Scaries” (“Sustos de domingo”, em tradução livre), atentando, justamente, para como o home office pode nos deixar com um vício em trabalho.


Essa amplitude geográfica denuncia uma característica que parece endêmica e sistêmica. O foco excessivo na produtividade, ainda mais exacerbado na sociedade capitalista moderna, pode levar a coisas como essa: domingos cinzentos e recheados de angústia, não importa o quão bom eles sejam. É importante saber o limite e o equilíbrio entre produzir e relaxar, ou podemos acabar não fazendo nenhum dos dois.


O que fazer 


Existe alguma maneira, então, de evitar essa ansiedade? Nem sempre é possível fazer grandes mudanças na vida (como trocar de emprego para um menos estafante) sem que o sustento seja comprometido. Até mesmo as melhorias no ambiente de trabalho muitas vezes estão fora do nosso controle. Entretanto, nem tudo está perdido. É possível fazer transformações alcançáveis a fim de se evitar tais sensações ruins, como demonstra esse artigo.


Um bom exemplo pode ser o de cultivar hábitos saudáveis e praticá-los no domingo. Claro, ficar o dia todo no sofá vendo os programas vespertinos parece uma ótima e preguiçosa ideia de relaxamento, mas isso facilita a divagação e, invariavelmente, o foco nos problemas da semana que se inicia. Um hobby criativo como escrever ou pintar, ou até mesmo a prática de alguma atividade física como sair pra correr ou algum esporte não só é saudável como ajuda a manter longe tais demônios que tentam surgir de maneira sorrateira. 


Desligar-se dos celulares e computadores também é uma boa pedida, ou, pelo menos, usá-los para o entretenimento em vez de cair na tentação de checar e-mails ou mensagens de chefes, clientes e semelhantes. Até mesmo durante a semana, esse é um limite saudável de se traçar.


É possível, também, planejar a semana seguinte já durante a sexta-feira, enquanto ainda se está no ritmo de trabalho. Urgências acontecem e são incontroláveis mas, no geral, a rotina existe e pode ser delineada enquanto o cérebro ainda está com a chave virada para o modo profissional. Se a semana inteira for tempo demais, tente planejar pelo menos a segunda-feira.


Por vezes, a correria do dia a dia nos faz negligenciar a vida social, e o domingo pode ser uma ótima oportunidade de colocá-la em dia. Reaproximar amizades que há algum tempo já estão meio escanteadas é uma boa pedida, ou até uma relação familiar.


Lembrar-se de que as vozes na nossa cabeça nem sempre têm razão e fazer o possível para ignorá-las parece exigir muito autocontrole, mas pode não ser tão complicado assim. Adianta de que sofrer por antecipação ainda durante o final de semana? Os problemas ainda estarão lá na segunda.


O domingo, por mais que possa vir carregado de sentimentos estranhos e conturbados, ainda é parte fundamental do descanso e não deve ser negligenciado. É justamente por causa dele, junto com essa ansiedade causada pelo dia seguinte, que os sábados são o que são. É possível usá-lo para relaxar com plenitude. Vamos tentar?

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A modernidade indígena: as tecnologias que vieram para ficar

De que forma as novas tecnologias chegaram nas aldeias e como elas contribuem para o cotidiano dos indígenas? É isso que te contaremos a seguir!

29 de Setembro de 2023


No segundo episódio da décima terceira temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história de Kanynary, que por meio dos games, inseriu não só a si, mas a tantos outros jovens de aldeias indígenas em um contexto mais abrangente e inclusivo.

Isso porque, antes de provarem que eles poderiam sim dominar a tecnologia e inclusive desempenharem bem nesse papel, o preconceito era sem tamanho - não só a respeito dessa questão, mas de muitas outras. E se você pensa que depois desse episódio, o preconceito acabou, infelizmente está enganado. 

Ainda há quem diga que “índio de verdade não usa celular”, por exemplo, o que além de ser mentira, ainda utiliza um termo antiquado - como te explicamos neste artigo, não se utiliza mais a nomenclatura índio, e sim, indígena, justamente pela conotação negativa que a palavra carregou através dos séculos. 

Pensando nisso, trouxemos alguns exemplos muito bem-sucedidos espalhados por aí de interações entre diferentes etnias e as novas fronteiras digitais. Essa questão importa, pois a visibilidade do povo indígena importa. 

De acordo com o Censo 2010, no Brasil existem, aproximadamente, 897 mil indígenas. Entre essas pessoas, cerca de 517 mil vivem em terras indígenas. Existem hoje 305 etnias e 274 línguas indígenas. É evidente que eles não estariam imunes aos avanços tecnológicos e isso é na verdade um fato positivo. Se você ainda tinha esse tabu, é hora de quebrá-lo imediatamente! Leia mais a seguir. 

Aplicativo de mensagens

Um dos aplicativos de mensagens mais usados no país, o Whatsapp, é uma ferramenta poderosa nas aldeias indígenas. Inclusive, foi de grande valia durante o enfrentamento da pandemia de covid-19 - junto de redes sociais como Instagram e Facebook -, mas já vinha sendo usada pelas lideranças para trazer informações mais rápidas entre as entidades públicas e seu povo, e seguiu sendo usada mesmo após o fim da pandemia, como conta este artigo do Instituto Socioambiental

O Whatsapp ainda vem sendo usado para preservar e espalhar conhecimento linguístico de idiomas que sofriam (ou ainda sofrem) risco de extinção, por serem pouco falados e, portanto, pouco compreendidos, como conta a Agência Brasil. E há ainda grupos que se organizam em grupos para comunicar a outros grupos sobre peixes envenenados, como conta esse artigo.

Mas, como a conexão com o natural e com o momento presente é de grande valia para os indígenas - e deveria ser para todos nós -, há essa preocupação quanto ao excesso de uso das novas tecnologias que podem viciar, como esse aplicativo. Outro risco é que, com o amplo alcance, grupos ofensivos também se aproximam para atacar, como conta notícia na Folha de São Paulo. 

Uso de drones

A capacitação para a pilotagem de drones, artefatos capazes de registrar imagens aéreas com precisão, são cada dia mais comuns em territórios indígenas. Prova disso é a iniciativa da WWF-Brasil, que capacitou indígenas em Roraima para o uso dessa ferramenta com o objetivo de ajudá-los a monitorar invasões territoriais e outros crimes ambientais sem que seja necessário que eles se aproximem da cena.

São vários os infelizes crimes não só contra indígenas, mas contra defensores e ativistas ambientais que tentam ajudar nessa guerra que parece cada dia mais longe de acabar. Portanto, a tecnologia aqui pode ajudar tanto no mapeamento mais seguro dessas terras quanto depois, posteriormente, com o envio dessas imagens para as autoridades competentes. 

Técnicas agrícolas

Poucos saberes naturais são tão ricos quanto os que os indígenas possuem sobre a terra - e talvez seja o maior. Essa verdadeira pérola não só pode como deve ser preservada e perpetuada o máximo possível, afinal, eles vêm sendo os verdadeiros guardiões do planeta anos a fio, enquanto outros só pensaram em desmatar a todo custo. 

Mas, o que os povos originários vêm percebendo é que as novas tecnologias oferecem múltiplas possibilidades de preservação quando aliadas ao seu saber ancestral e, claro, com a sua intenção de preservação. Pesquisas feitas pela Embrapa com foco em diversificação das atividades agrícolas, foram muito importantes para garantir a segurança alimentar dos povos indígenas que vivem na região do Alto Rio Envira, como conta esse artigo.

Os resultados dessa empreitada foram vários: fortalecimento dos sistemas produtivos e a ampliação da oferta de alimentos nas aldeias; mapeamento e zoneamento quanto aos solos e à vegetação local; práticas de controle de insetos e doenças na agricultura com base nos conhecimentos técnico-científico e tradicional; estudo de etnovariedades de mandioca e adoção de boas práticas na produção de farinha; e manejo e cultivo sustentáveis adequados aos princípios agroecológicos e às práticas de cultivo dos Kaxinawá, etnia beneficiada.?

No noroeste de Mato Grosso, a tecnologia também entrou na jogada agrícola. Indígenas do povo Rikbaktsa estão utilizando tecnologia de geolocalização para monitorar seus castanhais e mapear novas áreas de coleta, como conta este artigo. Com apoio do projeto Pacto das Águas, os indígenas das terras Japuíra e Escondido passam a contar com a tecnologia para manejar seus castanhais de forma mais sustentável, acompanhando o aumento de demanda do mercado. 

Para isso, o sistema adotado utiliza tecnologias em software livre, que permite realizar a coleta de dados e acompanhar sua evolução em plataformas de baixo custo, utilizando dispositivos móveis como smartphones e tablets. O projeto oferece a capacitação necessária para poder usufruir desses benefícios, é claro. 

A agrossilvicultura, prática de combinar espécies florestais com culturas agrícolas e/ou pecuária e o objetivo final de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e a produção de alimentos, também bebe da tecnologia e já chegou aos povos indígenas do Acre. O Yorenka Tasorentsi é um instituto inovador que celebra a natureza e a sabedoria indígena, como conta este artigo, e está fazendo uma verdadeira revolução por lá, provando que é possível que o novo e o antigo convivam na mais perfeita harmonia. 

Isso sem falar na presença indígena nas redes sociais, cada dia mais relevante e representativa, como esses tiktokers que estão trazendo conteúdos riquíssimos e que vale a pena acompanhar. Os exemplos são infinitos e poderíamos ainda elencar mais alguns, mas a mensagem já foi passada. 

No Congresso, no rádio, nas universidades, nas competições de e-sports: os povos originários estão por toda a parte e é assim mesmo que deve ser, pois não há nós aqui e eles ali, o mundo todo é lugar deles por direito e nós devemos não só nos acostumar a essa ideia como celebrá-la. Viva a união!

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