Para Inspirar

Desmistificando conceitos: o que é HIV e o que é AIDS?

A confusão infelizmente ainda acontece nos dias de hoje e é fruto de desinformação e um preconceito antigo, do surto de HIV que aconteceu nos anos 90.

6 de Outubro de 2023


O terceiro episódio da décima terceira temporada do Podcast Plenae ficou por conta de Thais Renovatto. Representando o pilar Corpo, Thais fala sobre a descoberta de que o seu então namorado estava morrendo de AIDS e, logo após, a confirmação do seu diagnóstico positivo e toda a vida que se deu depois do laudo. 

Inspirados em seu relato, hoje vamos desmistificar mais esse conceito. Afinal, há ainda muita confusão entre a diferença do que é HIV e o que é AIDS, as formas de transmissão e essa vida pós-diagnóstico tão justamente celebrada por Thais. O objetivo não é banalizar a doença, que deve sim ser levada a sério. Mas sim, quebrar velhos preconceitos que ainda violentam os portadores do vírus. Leia mais a seguir!

Começando pelo começo: o que é o HIV?

HIV é a sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana, como explica o portal do Ministério da Saúde brasileiro. “Causador da aids (da sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças”, explica o artigo. 

E o que é a AIDS então?

Aids é a Síndrome da Imunodeficiência Humana, transmitida pelo vírus HIV e caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento de doenças oportunistas, como continua explicando o artigo. 

Todo mundo que tem HIV tem Aids?

Não! É como se a AIDS fosse uma “piora”, é o agravamento do vírus que pode ou não causá-la. O teste - disponível gratuitamente em qualquer unidade básica de saúde por todo o país - irá acusar positivo para o vírus HIV em caso de transmissão. Mas, a partir desse laudo, é preciso começar a se cuidar justamente para não desenvolver a Aids.

Como se dá a transmissão do vírus HIV?

Diferente de um vírus respiratório, por exemplo, que se dá por meio da respiração - como a covid-19 -, o vírus HIV demanda um contato mais profundo. Suas formas de transmissão são sempre por meio de relações sexuais (vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha), onde um dos envolvidos é soropositivo (ou seja, portador do vírus HIV). 

Outra forma de contaminação é o compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, como agulhas e alicates, mais comuns em ambientes hospitalares ou com o uso de drogas injetáveis em agulhas compartilhadas - prática bem comum nos anos 90 dentro dos presídios, como conta Drauzio Varella em seu livro “Carandiru”.

Mães soropositivas sem o tratamento adequado também podem passar o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. Mas então, qual seria esse tratamento adequado?

O tratamento adequado para HIV

Apesar dos diversos e importantes avanços científicos que já tivemos nessa área, infelizmente ainda não há cura para o HIV. Mas, é plenamente possível que uma pessoa soropositiva leve uma vida normal e com qualidade. O tratamento mais indicado - e disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde - inclui, primeiramente, o acompanhamento periódico com profissionais de saúde e a realização de exames. 

Os medicamentos antirretrovirais serão a etapa seguinte e só serão tomados quando os exames indicarem essa necessidade. O que são esses medicamentos? São remédios que buscam manter o HIV sob controle o maior tempo possível, como explica o Ministério da Saúde. Sua atuação consiste em diminuir a multiplicação do vírus no corpo, o principal problema desse microrganismo. 

Ele ainda recupera as defesas do organismo e, consequentemente, aumenta a qualidade de vida. Mas, para que o tratamento seja efetivo, o paciente deve tomar os antirretrovirais todos os dias e não pode jamais abandonar esse tratamento sem um acompanhamento médico.

Isso é de extrema importância, pois é a partir dessa negligência que o vírus pode criar resistência e, com isso, as opções de medicamentos diminuem. A adesão ao tratamento é fundamental para que a doença não se desenvolva e se torne, então, a Aids. E mesmo a pessoa com Aids, se estiver em tratamento, pode e deve levar uma vida normal, sem abandonar a sua vida afetiva e social. 

Em casos de descontrole do vírus e agravamento dos sintomas, é preciso buscar atendimento médico imediato para controlar. A doença pode levar a óbito, mas graças ao tratamento que mencionamos, muitos pacientes ficam com a carga viral tão baixa (que é a contagem do vírus no corpo) que já são capazes de não transmitirem mais, como foi o caso da Thais Renovatto. Mas, é preciso cuidado sempre e muita atenção!

Sintomas da doença

A primeira fase, chamada de infecção aguda, é quando ocorre a incubação do HIV – tempo da exposição ao vírus até o surgimento dos primeiros sinais da doença. Esse período pode variar de 3 a 6 semanas e os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Isso pode ser um problema, já que é nessa fase que o verdadeiro cenário do que está acontecendo pode passar despercebido.

Além disso, pode ocorrer o aparecimento de gânglios, crescimento do baço e do fígado, alterações elétricas do coração e/ou inflamação das meninges nos casos graves. O organismo leva de 8 a 12 semanas após a infecção para produzir anticorpos anti-HIV.

Na fase crônica, os sintomas estão relacionados a distúrbios no coração e/ou no esôfago e no intestino. Mas, segundo dados da Fiocruz, cerca de 70% dos portadores permanece de duas a três décadas na chamada forma assintomática ou indeterminada da doença.

Com o frequente ataque em caso de um HIV que está sintomático, as células de defesa começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. Isso deixa o organismo cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns e os sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

Essa baixa imunidade permite o aparecimento das chamadas “doenças oportunistas”, como explica novo artigo do Ministério da Saúde. Elas recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo e, com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença: a Aids. 

“Quem chega a essa fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer”, explica o artigo. Por isso, é tão importante o tratamento adequado e, caso haja suspeita de infecção pelo HIV, procure uma unidade de saúde e realize o teste e o PEP. Não esqueça de usar a camisinha ou realizar o PrEP.

O que é PEP?

A PEP é a sigla dada a .Profilaxia Pós-Exposição de Risco. Trata-se de uma medida de urgência utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, mas também existe para o vírus da hepatite B e para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). São medicamentos ou imunobiológicos que reduzem o risco de adquirir essas infecções e devem ser iniciados o mais rápido possível - preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas. 

O uso desses medicamentos se estende por 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse período realizando os exames necessários. Situações como violência sexual, relação sexual desprotegida e aceidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico pedem por esse tipo de intervenção.

E o que é a PrEP? 

Também disponível gratuitamente nos postos de saúde por todo o Brasil, a PrEP é o nome dado à Profilaxia Pré-Exposição, uma das formas de se proteger do HIV. Ou seja, ela é feita antes, diferente da PEP. São comprimidos tomados antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. 

Esses comprimidos combinam dois medicamentos que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo e podem oferecer duas modalidades:  

  • PrEP diária: consiste na tomada diária dos comprimidos, de forma contínua, indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV

  • PrEP sob demanda: consiste na tomada da PrEP somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Deve ser utilizada com a tomada de 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual,  + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose. 

O PrEP só tem efeito se for tomado conforme a orientação de um profissional de saúde. Caso contrário, pode não haver concentração suficiente das substâncias ativas em sua corrente sanguínea para bloquear o vírus e você não estará protegido. A pessoa que decide por esse caminho realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras ISTs.

Pronto! Agora você já sabe qual é a diferença entre HIV e Aids, quais são as formas de contágio, os sintomas, tratamentos e prevenções. O principal caminho é sempre a proteção - e isso envolve uma conversa franca e sem tabus com o seu parceiro em caso de relacionamento fixo. Não tenha vergonha de perguntar e pedir exames antes de tomar a decisão de abdicar da camisinha. E, se você possui mais de um parceiro, use sempre o preservativo. Existe, sim, vida após o diagnóstico. Mas se puder evitar o laudo positivo, será sempre o melhor caminho! 

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Boas amizades proporcionam mais saúde

A qualidade das amizades – e não quantidade – traz benefícios físicos e psicológicos à saúde

28 de Outubro de 2019


A longevidade é uma questão que intriga o mundo. Ao mesmo tempo em que os pesquisadores soviéticos estudavam os centenários abecasianos na década de 1930, os americanos da Universidade Harvard lançavam um dos mais longos estudos contínuos sobre longevidade.

Em 1938, o Estudo de Desenvolvimento de Adultos de Harvard começou a rastrear o bem-estar de 268 estudantes do sexo masculino da universidade. Na época, a escola da Ivy League era toda masculina. Ao longo dos anos, o estudo foi expandido com a inclusão das esposas e dos filhos dos estudantes iniciais.

Oito décadas

Os participantes responderam a entrevistas e questionários sobre a vida e a saúde, atualizados ao longo do tempo. “Após 80 anos de acompanhamento, o estudo descobriu que riqueza, classe social, genética e QI não são tão importantes para a longevidade quanto a felicidade proporcionada no relacionamento dos amigos, da família e da comunidade”, afirma Robert Waldinger, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard e quarto diretor do estudo.

"A descoberta é surpreendente. As pessoas que estavam mais satisfeitas em seus relacionamentos aos 50 anos eram as mais saudáveis aos 80 anos.” As relações pessoais são o melhor indicador de saúde do que níveis de colesterol, por exemplo. Segundo Waldinger, “relações próximas de qualidade parecem proteger dos problemas do envelhecimento. Relacionamentos são superimportantes.

Eles estão lá em cima, para além de não fumar, não abusar de drogas, fazer exercícios e dieta.” George Vaillant, o diretor anterior do estudo, reforça a opinião de Waldinger: “A chave para o envelhecimento saudável é relacionamentos, relacionamentos, relacionamentos.”

Outro estudo longitudinal examinou o papel das redes sociais nas pessoas com 20 e 30 anos durante três décadas. Descobriram que aos 20 anos, a quantidade das interações sociais é mais importante que a qualidade, mas que ao chegar nos 30 anos, a relação se inverte. Todos são, no entanto, importantes na esfera psicossocial da meia-idade.

Impacto físico

Os estudos apontam para o efeito positivo psicológico como para o fisiológico. “Começamos a perceber que isso é uma coisa real, que, de alguma maneira, o número de relacionamentos e a qualidade deles, na verdade, meio que entra no seu corpo e faz a diferença”, diz Waldinger.

Relacionamentos de qualidade ajudam a diminuir inflamações no corpo, que é um precursor de muitos tipos de doenças. Há também evidências ligando a qualidade dos relacionamentos com o comprimento dos telômeros (capa proteica do material genético). Quanto mais longos essas estruturas são, maiores os períodos de saúde. “De fato, casais casados ​​tendem a ter os mesmos comprimentos de telômero.”

Solidão mata

A palestra de Waldinger em 2015 sobre o tema “O que faz uma vida boa?” foi vista mais de 21 milhões de vezes. “A mensagem mais clara que recebemos deste estudo é a seguinte: bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e mais saudáveis ​​– ponto final”, diz ele, que destaca as três grandes lições sobre relacionamentos que aprenderam no estudo:

1. “As conexões sociais são realmente boas para nós e a solidão mata”. 2. “É a qualidade dos relacionamentos íntimos que importa”. 3. “Boas relações não protegem apenas o corpo, elas protegem os cérebros” (por exemplo, deixa a memória mais nítida e mais longa). 

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