Para Inspirar

Diversão é essencial para o envelhecimento saudável

É possível restringir as experiências e abandonar as indulgências em troca de uma vida usufruída com mais cuidado para ganhar mais tempo?

26 de Fevereiro de 2019


Globalmente, o homem tem um tempo médio de vida de 71,4 anos. Alguns sortudos excedem os 100 anos. Não há registro de ninguém que tenha ultrapassado os 122 anos e 164 dias vividos pela francesa Jeanne Calment . A maioria das pessoas gostaria de receber um pouco da magia dessa francesa e, nesse sentido, já fizemos algum progresso. A expectativa de vida norte-americana excede a média global, registrando um pouco menos de 79 anos. Em 1900, era pouco mais de 47 anos. As décadas extras foram cortesia das vacinas, dos antibióticos, do saneamento e da melhor detecção e tratamento de uma série de doenças. Avanços na genética e na compreensão sobre demência estão ajudando a ampliar ainda mais as garantias de vida mais longa. Nada disso, no entanto, muda a forma como contemplamos o fim da vida – muitas vezes com ansiedade ou resignação, praticando uma espécie de barganha existencial: é possível restringir as experiências e abandonar as indulgências em troca de uma vida usufruída com mais cuidado para ganhar mais tempo. Otimismo e bom humor. E se pudéssemos viver mais sem tantos cuidados e privações? Que tal ter uma vida longa realmente divertida? Um estudo da Universidade Yale, EUA, descobriu que em um grupo de 4.765 pessoas com idade média de 72 anos, aqueles que carregavam uma variante genética ligada à demência – mas também tinham atitudes positivas em relação ao envelhecimento – tinham 50% menos chances de desenvolver o distúrbio do que pessoas que enfrentavam o envelhecimento com mais pessimismo ou medo. Desta forma, pode haver algo ainda a ser descoberto que ajude no envelhecimento com menos restrições. Talvez, você queira deixar o silêncio do campo para a agitação de uma cidade. Talvez, você queira beber um pouco, comer uma refeição farta e fazer sexo e ainda assim viver uma vida longa e plena. “Jogue fora as listas!", diz Howard Friedman, professor de psicologia da Universidade da Califórnia, EUA, e coautor do livro O Projeto Longevidade , lançado no Brasil pela editora Prumo. “Vivemos em uma sociedade de autoajuda cheia de listas: emagrecer, suar na academia... Então, por que não somos todos saudáveis? As pessoas que vivem muito tempo podem trabalhar duro e se divertir muito também”. Será que vale a pena correr o risco? Leia o artigo completo aqui . Fontes: Jeffrey Kluger e Alexandra Sifferlin Síntese: Equipe Plenae

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Claude e Batista em "Parceria de longa data"

O quinto episódio da décima terceira temporada do Podcast Plenae é com Claude e Batista, representando o pilar Relações!

15 de Outubro de 2023



Leia a transcrição completa do episódio abaixo:


[trilha sonora]


Batista: Quando a gente começou, lá nos anos 80, era só nós dois na cozinha.

Claude: O Batista foi o meu primeiro funcionário no restaurante. Ele chegou lavando prato, virou chef e, principalmente, virou meu amigo. A nossa relação é, tipo assim, um casamento. A gente se conhece só pelo olhar.


[trilha sonora]

Geyze Diniz: Ambos tiveram seus primeiros contatos com a culinária através da vivência com suas avós, um em Roanne na França e outro em Gurinhém na Paraíba. E por coincidência do destino, se encontraram no Rio de Janeiro. Há mais de 40 anos Claude e Batista constroem uma relação de amizade e parceria. Eu sou Geyze Diniz e esse é o podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.


[trilha sonora]


Claude: Eu cresci numa casa com doze pessoas em Roanne, uma cidade a 90 quilômetros de Lyon, o coração da gastronomia francesa. A gente morava praticamente dentro do restaurante da família, que ficava na parte de baixo da casa.

O Troisgros, que foi inaugurado pelos meus avós paternos, existe até hoje e é um lugar super famoso. Os meus pais, Pierre e Olympe, trabalhavam o dia inteiro no restaurante. Então, eu passava o dia com a minha avó materna, a italiana Anna Forte, que eu chamava carinhosamente de Mémé. Como boa “nonna” italiana, a comida dela era maravilhosa.

Eu me lembro de ficar em cima de uma cadeira, encostada na mesa da cozinha, enrolando basicamente todos os domingos aquelas tirinhas do nhoque. A casa da minha avó tinha perfume de molho de tomate em qualquer lugar.

Batista: A minha infância foi em Gurinhém, uma cidade de 14 mil habitantes no interior da Paraíba. Eu passava muito tempo com a minha avó, Corina, enquanto minha mãe trabalhava como professora.

A minha avó tinha um restaurante de beira de estrada que servia comida para caminhoneiros. Ela servia comida brasileira, tipo arroz, rabada e macaxeira na manteiga. Eu comecei a ajudar ela na cozinha com 8 anos.

Eu descascava cebola, pimentão e picava coentro. Em troca, ela me dava um dinheirinho pra mim comprar um sorvete, um geladinho. E também para ir no parque de diversão.

 

[trilha sonora]

 

Batista: Quando eu tinha 6 anos, eu assinei um “contrato”, obviamente de brincadeira, que dizia que eu ia trabalhar com um amigo da família quando eu crescesse. Esse amigo era o Paul Bocuse, um dos chefs mais famosos do mundo naquela época.

A brincadeira se tornou realidade aos 17 anos de idade. Eu comecei descascando batatas, como muitos iniciantes, e fiquei na cozinha do Paul Bocuse por dois anos. Depois, eu estagiei em vários lugares da Europa e voltei para o  restaurante da família em Roanne.

Um belo dia meu pai entrou na cozinha e disse que o Gaston Lenôtre, um amigo e chef muito famoso naquele momento, tava procurando alguém pra trabalhar no restaurante que ele ia abrir no Rio de Janeiro. O meu pai perguntou: “Alguém quer ir?” Eu respondi, olha, na hora: “Eu!”

 

Batista: Quando eu tinha uns 9 anos, meu avô começou a me chamar pra ajudar ele na roça. Ele me pegava em casa umas 4h30 da madrugada e eu trabalhava até meio-dia. Depois eu ia pra escola.


Na adolescência, eu passei a estudar à noite e eu ficava o dia inteiro com meu avô. Eu ajudava ele a cuidar de cavalo e de boi. Ajudava ele na plantação de algodão, milho e cana. Os meus tios tinham ido embora, então era só nós dois na roça.

 

[trilha sonora]

 

Claude: Eu cheguei no Rio em 1979, com 23 anos de idade.

[trilha sonora]

Eu não falava nada de português, mas o Brasil era como um sonho tropical, sinônimo para mim de sol, Pelé, futebol, mulher bonita, caipirinha e praia. A primeira coisa que eu me lembro ao sair do avião foi o cheiro. Era um aroma de calor úmido, maresia, uma coisa muito diferente para um francês do interior.


O restaurante do Gaston Lenôtre chamava Le Pré Catelan e fez um sucesso imenso. Quando o meu contrato de dois anos acabou, eu tinha planos de voltar para França. Só que a vida tinha outros planos pra mim. Decidi ficar no Brasil, pensando em novos desafios.

 

Peguei o telefone e liguei para meu pai, falei: "Pai, eu decidi ficar no Brasil. Ele respondeu: "Ah é, meu filho, então se vira". Ele não apoiou minha decisão então eu tive que me virar e decidi abrir o meu primeiro restaurante. Eu vendi os bens que tinha naquele momento, que eram poucos. Aluguei um espaço de 30 metros quadrados no Leblon, coloquei seis mesas e 18 banquinhos. O restaurante recebeu o nome da minha cidade: Roanne.

 

Batista:  Quando eu tinha 17 anos, eu viajei proo Rio de Janeiro com a minha vó, pra passar duas semanas. A gente ficou hospedado na casa do meu tio, na favela da Rocinha.

Ele trabalhava como porteiro num prédio no Leblon e soube que um restaurante novo tava precisando de alguém pra lavar pratos. Este restaurante era o Roanne, que era do Claude.

Fui contratado pelo Claude. Um ano depois, a gente se mudou pra um restaurante maior, lá no Jardim Botânico, que se chamava Claude Troisgros e depois passou a chamar Olympe.

 

Claude: Duas vezes por semana, o Batista ia comigo comprar peixe no mercado de Niterói. Depois do serviço, todo mundo ia pra casa bem de madrugada. Mas eu e o Batista ficava lá no restaurante, porque tinha de estar lá em Niterói pelas 5 da manhã. A gente compara o peixe, tomava um café, comia um sorvete, voltava e sempre na subida da ponte ponte Rio-Niterói a minha "fiorina" velha, que o Batista chamava de carro dos Flintstones, quebrava. Eu falava: "Batista, sai do carro! Empurra aí!". E o Batista empurrava suando, e eu tentando ligar aquele carro. A gente chegava no restaurante lá 8, 8 e meia da manhã. Deixava o peixe e naquele momento a gente tinha um tempinho para ir para casa e dormir um pouco, porque às 4 e meia da tarde a gente tava lá de novo no restaurante, pra começar o turno da noite. Nossa amizade começou assim, no trabalho duro.

 

Batista: Aos poucos, virei aprendiz do Claude. Comecei preparando as entradas. Depois, passei pros legumes, pros peixes e as carnes, pra confeitaria e pros molhos.

Conviver dentro da cozinha de um restaurante não é fácil. É muito prato pra servir e muita gente pra agradar. Não pode atrasar e nem errar.

Só que, quando o serviço acaba, todo mundo relaxa e se ajuda. Depois que a gente fechava o restaurante, lá pelas 2 da manhã, eu levava o Claude e o resto do pessoal pra dançar forró. Fui que ensinei ele a dar os primeiros passos. Hoje até que ele dança bem.

 

[trilha sonora]

 

Claude: O Batista virou meu intérprete. O restaurante tinha muita rotatividade e a maioria dos funcionários era de origem nordestina. Eles diziam que não entendiam absolutamente nada do que eu falava, porque naquela época eu tinha muito sotaque, não é?. Hoje eu quase não tenho, não é?

Eles perguntavam o que eu tinha falado e o Batista, malandro, às vezes inventava.

O Batista sempre me acompanhou nos eventos que faço por todo o Brasil. Um dos primeiros foi um casamento em Vitória, no Espírito Santo. Quando a gente chegou na cidade, de manhã, foi direto pra casa do cliente. A gente só foi pro hotel lá pelas 2 da madrugada, depois do evento. Quando abri a porta do quarto... surpresa! Só tinha uma cama de solteiro e nenhuma outra vaga no hotel. Tava um frio de cão e não tinha como um de nós dormir no chão, impossível. O jeito foi dividir a cama com Batista: um, obviamente, com os pés para um lado e o outro, claro, na posição contrária. Foi a nossa primeira noite juntos.

Batista: Eu me casei, tive três filhos e me separei. E fui morar num apartamento em Botafogo. Mas aquele bairro não é pra mim. Eu gosto mesmo é da Rocinha, aonde eu moro até hoje com a minha atual mulher e meu filho Bernardo de 5 anos.

A Rocinha parece uma cidade à parte do Rio de Janeiro. Tem tudo e todo mundo me conhece. Eu gosto de chegar do trabalho, bater um papo e tomar uma cervejinha com os meus amigos.

 

[trilha sonora]

 

Claude: Eu tinha total confiança no Batista e por isso deixei o Olympe nas mãos dele quando tive uma proposta de abri um restaurante em Nova York chamado CT, a minhas iniciais: CT.

Nos Estados Unidos, eu conheci o canal de TV Food Network, que só passava gastronomia. Quando eu voltei ao Brasil, fiquei pensando por que não tinha mais programas de culinária por aqui. O que existia na época era o programa da Ofélia, da Palmirinha, Ana Maria Braga e o Olivier Anquier tava começando.

Um dia, a Marluce Dias da Silva, que era superintendente executiva da Globo, foi comemorar o aniversário de casamento no Olympe. Eu, na maior cara de pau, eu perguntei pra ela por que não tinha gastronomia na televisão brasileira. Ela olhou para mim sem rodeios e disse: “Porque? Você quer tentar?” Eu respondi assim na hora: “Quero, sim!” e ganhei um quadro num programa que já existia na GNT. Foi um sucesso, tá? Não sei se pelo meu sotaque ou por outras razões.

Um tempo depois, eu ganhei um novo programa com Renato Machado, o Menu Confiança. Foi aí que o Brasil conheceu o Batista.

 

Batista: Eu que preparava os ingredientes pras receitas e arrumava as bancadas nos dias de gravação. Mas eu sempre esquecia de alguma coisa. O Claude tava gravando e, na hora de pegar a cebola, aí não tava lá. Aí ele gritava: “BATIIIIIIISTAAAAAA!!! Cadê a cebola?!” Aí a gravação parava ou a edição cortava depois.

Claude: Só que, numa temporada do Menu Confiança, o diretor decidiu deixar a cena. E o resultado foi que a audiência subiu. A cena em que o Batista entrava meio atrapalhado virou uma marca registrada do programa. Ele começou a aparecer mais e mais. Acabou que ele virou apresentador junto comigo. Mais tarde vieram os reality shows The Taste Brasil e Mestre do Sabor.

Batista: Por causa da televisão, eu viajei pra fora do Brasil pela primeira vez. A gente passou 10 dias em Nova York pra gravar e eu fiquei impressionado com a beleza da cidade. Na Times Square, tinha uns telões lindos, passando várias coisas. Uma hora, mostraram eu e o Claude. Era uma ação de publicidade. Quando eu vi, eu chorei muito. Veio toda a lembrança das minhas origens.

Outra temporada especial pra mim foi quando nós gravamos um especial de Natal com a minha família, na Paraíba. Eu levei o Claude pro forró e almoçamos na casa dos meus parentes. Foi uma festa.

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Claude: Já são 41 anos de convívio. Hoje, somos irmãos, temos muitas histórias para contar, porque a gente passou por muita coisa junto. É isso que constrói uma história, é isso que constrói a confiança e uma amizade, assim, sólida como a nossa. O Batista é, acima de tudo, o meu grande amigo, meu grande parceiro. Como ele diz, “nosso sangue bateu, hein chef?” desde o início. E isso não tem preço, mas tem um valor incalculável.

 

Batista: Quando eu cheguei no Rio, aos 17 anos, eu não imaginava que eu seria chef de cozinha, muito menos apresentador de TV. Hoje em dia, as pessoas me reconhecem na rua, pedem selfie e autógrafos.

O Claude mudou a minha vida em muitos sentidos. Eu ganhei uma profissão, um trabalho na TV e um sócio pro meu primeiro restaurante, que se chama Do Batista. Acima de tudo, eu ganhei um amigo.

 

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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.

 

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