Para Inspirar

Eduardo Foz em "100 filhos e um único propósito"

A sétima temporada do Podcast Plenae está no ar! Confira a história do empreendedor Eduardo Foz. Aperte o play e inspire-se!

27 de Fevereiro de 2022


Leia a transcrição completa do episódio abaixo:


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Edu Foz: Existe um desenho animado que se chama “O Fantástico Mundo de Bobby”. É sobre um menino com muita imaginação. Eu me identifico com esse personagem e brinco que vivo no “Incrível Mundo de Foz”. Quando eu entro na minha bolha, com meus 100 filhos, a vida lá fora desaparece. No meu universo, não existe diferença entre humanos e outras espécies. Todos os seres são iguais. 


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Geyze Diniz: O empreendedor Eduardo Foz é apaixonado por bichos desde pequeno, e transformou sua paixão por animais no sonho de criar um mundo melhor para as futuras gerações. Edu vive em São Paulo, cercado por todo tipo de espécie, como cotias, veados, araras, coelhos, furões, rãs e jibóias. Hoje, ele se considera pai de mais de 100 filhos, e tem um propósito que abraça milhares de outros. 


Conheça a história de amor e empatia pelos bichos de Edu Foz, criador da ONG Zoo Foz que usa a zooterapia para educar e transformar o mundo em um lugar melhor. Ouça, no final do episódio, as reflexões do especialista em desenvolvimento humano, Marc Kirst, para te ajudar a se conectar com a história e com você mesmo. Eu sou Geyze Diniz e este é o podcast Plenae. Ouça e reconecte-se.


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Edu Foz: A minha memória mais antiga relacionada a animais envolve tartaruguinhas e jabutis. Eles ficam numa espécie de canteiro, na sala do apartamento onde eu morava com meus pais e dois irmãos, em São Paulo. Na mesma sala, tinha um aquário retangular, talvez de uns 50 centímetros de largura por uns 30 de altura. 


Eu ainda era bem pequeno, quando a gente se mudou pra casa da avó Zezé. Como toda boa vó, ela deixava eu ter tudo que eu queria. E tudo que eu queria era bicho. Eu dizia: “Vó, posso ter mais um jabuti?”. Pode. “Mais um peixe?”. Pode. “Periquito? Canarinho?”. Pode, pode, pode. Minha mãe ficava louca e falava: “Se entrar mais um animal, eu saio de casa!” Não adiantava nada, coitada. No dia seguinte, chegava mais um.


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Eu herdei do meu pai e do meu tio essa alucinação por animais. O quarto do meu tio Cacá devia ter uns 20 aquários. Não sei como cabia. O meu programa preferido na infância era ir a uma loja na Rua dos Pinheiros, aos sábados, comprar um peixe. Eu juntava toda a minha mesada só pra isso. 


Da minha mãe, veio a paixão por plantas. Mesmo morando em São Paulo, no meio da cidade, eu buscava cada cantinho da natureza. Na escola, durante o recreio, adorava ficar olhando para o sol, para as árvores, para os pássaros. Eu só gostava de estudar biologia e artes. Aquela tarefa de colocar o feijão em cima do algodão molhado e ver ele brotar, pra mim era o máximo. 


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Aos 15 anos, pedi um pavão de presente, e ganhei. Só depois eu descobri que, na primavera, o macho berra de madrugada para chamar a fêmea. Lá pelas 4 horas da manhã, ele começava a gritar. Parecia uma buzina de caminhão. Meu pai me dava uma bronca e eu subia no telhado, onde o pavão gostava de dormir, para acalmá-lo. Imagina a cena: um adolescente de shorts, em cima de uma casa, abraçado a um pavão estridente às 4h30 da manhã. Os vizinhos deviam me achar maluco. Infelizmente, não deu para ficar com o pavão, e ele foi para a fazenda de um amigo.


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Nunca fui bom de estudar e só prestei vestibular para ganhar um carro. Escolhi psicologia numa faculdade particular que tinha mais vaga do que candidato. Fiz o curso por um ano. Foi bom pra eu entender que não era tão louco, só diferente das outras pessoas. 


Depois, decidi mudar para o curso de economia e comecei a ganhar dinheiro promovendo festas. Fui trabalhar numa startup de internet e entrei numa fase de correr atrás de grana. Abri uma corretora de seguros e fiz um bom pé de meia. Nessa etapa da minha vida, eu trocava mais de carro do que de cueca. Bom, tô exagerando, mas eu era bem materialista. 


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Com o passar dos anos, descobri que a maior riqueza é o tempo, não o dinheiro. Do que adiantava se matar de trabalhar e não poder estar com as pessoas que eu amo? Hoje na minha garagem não tem nenhum carro, graças a Deus. 


Enquanto eu trabalhava, ia aumentando o número e a variedade de animais (filhos). Me casei com uma mulher maravilhosa e moramos num apartamento com tucano, arara, calopsitas. Me separei e, para poder ter mais animais, mudei para uma casa no bairro do Morumbi. Ninguém me segurava mais. 


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Eu passei a ter quati, cachorro (a Bela, minha border collie, que tem 12 anos), cervo, coruja, gavião, cacatua, flamingo, veado, antílope, coelho, ovelha, jacaré, cobra, e outras espécies. Hoje eu tenho mais de 100 filhos. Sim, dentro de uma casa, no meio da cidade. Todos vieram de criadouros homologados pelo Ibama ou foram doados de uma forma legal e não podem ser reintroduzidos na natureza.


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Meus amigos dizem que sou um cara excêntrico. Eu discordo. Da mesma forma que tem gente que gosta de filho humano, eu gosto de filho de qualquer espécie. Meus filhos vivem soltos pela casa. Sem brigas, em perfeita harmonia. Tem até namoro interespécie. A Duda, um cervo, namora um grou coroado da África do Sul, que é uma ave de 1 metro e meio. Eu acho que pra eles não importa como cada um é por fora, mas sim por dentro. Morar com esses animais é como viver dentro de uma escola de amor e tolerância. Muitas pessoas acham estranho a convivência com animais silvestres e exóticos, porque consideram os animais perigosos. Eu acredito que perigoso é sempre o ser humano. Nunca tive problema com bicho, só com gente. 


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A minha casa começou a virar uma atração para os filhos dos meus amigos. Eles pediam para visitar o zoológico do tio Foz. Era a referência que as crianças tinham de um monte de animal num único lugar. Até que uma amiga, a Fabiana Calfat, me deu um toque. Ela disse: “Pô, Fozito, o que você faz para os animais é lindo. Por que não transforma essa sua paixão em algo maior?” Peguei carona na brincadeira das crianças e criei a marca Zoo Foz. 


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A coisa foi crescendo e o estalo mesmo veio quando a mesma amiga me levou à Fundação Fada, uma ONG dedicada a melhorar a qualidade de vida de pessoas com transtorno do espectro autista. A minha conexão com aquela causa foi forte e imediata. Assim como eu, os autistas vivem no mundinho deles. Muitos também têm mais facilidade de se relacionar com os animais do que com gente. Eu comecei a levar os animais para interagir com as crianças e jovens, e o efeito era surreal. Uma tartaruga transforma a vida de um autista.


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Mexido por aqueles encontros, em 2017, eu criei a Fundação Zoo Foz, uma organização sem fins lucrativos que atua nas áreas de educação ambiental e terapia assistida por animais. Por mês, fazemos mais de 400 atendimentos a crianças e adultos com autismo.


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Meu propósito se tornou transformar vidas para criar um mundo melhor. O Zoo Foz tem quatro pilares: amor, cuidado, educação e respeito. Com base neles, nós promovemos quatro ações. A primeira é a zooterapia, em que o animal ajuda no desenvolvimento cognitivo e motor das pessoas com deficiência. A segunda é um trabalho de educação ambiental com as crianças, porque eu acredito que educar é preservar. A nossa terceira ação são intervenções sociais, para ajudar comunidades carentes. E a quarta é o combate ao tráfico de animais. 


Basicamente, eu invisto o meu tempo em animais e crianças. A criança nasce sem a palavra preconceito e, com os animais, ela aprende a ter respeito e limite. Aprende também o conceito de finitude. É um casamento que não tem como dar errado. A socialização com os animais é mais do que uma atividade de lazer. Ela também tem um forte poder educacional, que melhora o desenvolvimento sensorial, social e psicológico da pessoa. O resultado são seres mais sociáveis e amorosos, tudo que a Terra mais precisa.



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Hoje, no Zoo Foz, somos 26 pessoas, entre psicólogos, neuropediatras, advogados, administradores, contadores, biólogos e veterinários. Os estagiários não estão aqui para aprender apenas sobre o comportamento animal, mas, principalmente, sobre os meus pilares. Se os meus filhos conseguem conviver com a diferença, porque os humanos, seres que chamamos de racionais, não conseguem? 


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Sem amor a gente não faz nada na nossa vida que perpetue. Eu gosto de comparar o que fazemos com as formigas. Formigas não falam. Elas fazem, e não desistem. Todos lutam por um objetivo comum. Para eu lembrar disso o tempo todo, eu tenho na minha casa uma escultura feita por esses insetos que representa minha história de vida. Quando comecei a Fundação Zoo Foz, eu era uma formiga pequenininha carregando uma maçã. Muitas vezes o peso nas minhas costas era maior do que eu conseguia carregar. Várias vezes eu pensei em abandonar o meu sonho. Mas cada vez que eu pensava em desistir, aparecia uma outra formiguinha para me ajudar. Hoje eu sei que eu faço parte de um formigueiro. O meu propósito de vida é deixar um legado. Um dia eu não vou estar mais aqui, mas o Zoo Foz vai continuar pelas mãos de outras formigas. 


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Marc Kirst: Quantas pessoas você conhece que, na busca por se sentir parte, pra pertencer ou ser socialmente aceito, acabam se esvaziando de si, censurando sua própria essência, seus traços mais únicos, para se tornar mais um na multidão? E quantas dessas pessoas têm a coragem pra desaprender o molde em que se colocou, desconstruir as próprias máscaras pra voltar à origem, àquele chamado mais profundo que dissolve as ilusões e faz tudo ganhar cor? 


Essa é a reflexão de propósito que o Edu nos dá de presente. Não apenas pelo discurso, mas pela prática de alguém que se permitiu ser quem sempre se foi: um exemplo de desapego da busca imediatista pelo artificial, para canalizar o amor e o serviço pelo o que é natural e, portanto, eterno. No momento da nossa civilização, em que insistimos como humanidade a nos enxergar como espécie soberana, dominante e, consequentemente, exploradora da vida na Terra, acabamos de ouvir uma história de conexão com a vida ao nosso redor, que nos convida a reconexão com o pulso que vive dentro de cada um de nós. Seres humanos, nada mais do que uma das espécies compartilhando e convivendo neste planeta lar, o legado de uma criança que preservou a própria essência, porque desde cedo sentiu na pele o mais profundo pertencimento. Seja mamífero, ave ou réptil, o milagre de olhar nos olhos da vida e reconhecer-se natureza. 


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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.


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Desmistificando conceitos: o que é o vitiligo?

A doença dermatológica é autoimune, ou seja, produzida pelo seu próprio corpo. Mas algumas causas podem estar associadas

19 de Agosto de 2022


No primeiro episódio da nona temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conhecemos a história do dançarino Carlinho de Jesus, portador de uma síndrome rara chamada vogt-koyanagi-harada. Sua porta de entrada é ocular, ou seja, a visão é a primeira afetada pela síndrome, porém com chances de melhoria ao longo da vida.

Porém, essa mesma síndrome pode desencadear outro problema no indivíduo, esse infelizmente sem cura: o vitiligo. Mas do que se trata afinal? Para começar, é importante explicar que trata-se de uma condição autoimune, ou seja, quando há um mau funcionamento do sistema imunológico, levando o corpo a atacar os seus próprios tecidos, segundo essa definição

Para a ciência, as doenças autoimunes são complexas de serem explicadas, quase que um mistério. Ainda não se sabe o que as desencadeiam, por exemplo, mas diversos fatores são apontados, e seus sintomas variam de acordo com a doença e a parte do corpo afetada.

No caso do vitiligo, tema deste artigo, é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele, proveniente de “uma diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetado”, como explica a O desenvolvimento do vitiligo.

O desenvolvimento do vitiligo

Essa hipopigmentação ou seja, a diminuição da cor conhecidas como manchinhas - ou “nuvens”, como apelidou Carlinho de Jesus as suas próprias - pode ter tamanhos variáveis e costuma surgir primeiramente nas extremidades, como mãos, nariz ou boca, mas depois pode se espalhar por todo o corpo.

Ele pode se manifestar de duas formas diferentes: segmentar ou unilateral, que é quando manifesta-se apenas em uma parte do corpo, incluindo perda da coloração em pelos e cabelos; ou não segmental ou bilateral, que é o tipo mais comum e manifesta-se nos dois lados do corpo, por exemplo, duas mãos, dois pés, dois joelhos. 

Não há como definir o tempo de duração porque não há cura para o vitiligo, apenas tratamentos que podem ajudar. Há épocas em que a perda de cor entra em um ciclo mais frequente, mas há períodos de estagnação. Estes ciclos ocorrem durante toda a vida, e a duração dos ciclos e as áreas despigmentadas tendem a se tornar maiores com o tempo.

Causas e diagnóstico

Para cravar se é vitiligo mesmo, o diagnóstico é primeiramente e essencialmente clínico, ou seja, análise atenta do olhar do médico. Mas pode ser solicitada uma biópsia cutânea de algum dos locais afetados e, por fim, um exame com a lâmpada com luz fluorescente chamada Wood, que ajuda muito no caso de peles muito brancas.

Um exame de sangue também serve como um estudo imunológico que poderá revelar a presença de outras doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico ou a doença de Addison. 

Apesar disso, ele não oferece nenhum risco de fato à saúde física, e nem tampouco é contagioso, como acreditava-se muito antigamente. Seus sintomas, aliás, são praticamente inexistentes, somente em alguns poucos casos os pacientes relatam sentir sensibilidade ou dor na região afetada. 

Ele é, de fato, inofensivo, mas pode afetar a autoestima de quem o possui e, por isso, é indicado um acompanhamento psicológico junto, para que a pessoa possa se aceitar como fez Carlinhos de Jesus. 

Suas causas, como mencionamos no começo deste artigo, podem ser difíceis de cravar como qualquer outra doença autoimune. Mas o fator histórico familiar é um dos mais importantes e representa 30%, portanto, nesse caso, a genética conta e muito. 

Estresse ou outros tipos de desgastes emocionais podem ser um gatilho tanto inicial, para o surgimento da primeira manchinha, quanto de todas as outras que vierem na sequência. Exposição a toxinas em excesso ou lesões graves como traumatismos cranianos ainda são apontados por este artigo como possíveis causas, mas costumam ser mais raros.

Prevenção e tratamentos

Dessa forma, não há uma resposta exata de como se prevenir. Mas, sabendo que alguém da sua família possui vitiligo, é preciso redobrar a atenção e estar sempre acompanhando com um profissional especializado. Assim, a pessoa conseguirá diagnosticar de forma precoce e buscar ajuda para evitar novas manchinhas.

O tratamento varia e deve ser discutido com seu dermatologista de forma individual. Há medicamentos que induzem a repigmentação das regiões afetadas e também é possível utilizar tecnologias como o laser, técnicas cirúrgicas ou de transplante de melanócitos. Para essa última opção, é necessário que nenhuma mancha tenha crescido no último ano.

A terapia com banhos de luz ou aplicação de laser também ajuda a barrar a morte dos melanócitos e até chega a reativá-los. Mas é importante lembrar que o resultado irá depender do organismo de cada um. 


Perfis para se inspirar


O perfil no Instagram @minhasegundapele trabalha em desmistificar o vitiligo diariamente, criado pela designer Bruna Sanches, que já foi modelo em campanhas para marcas como a Natura e a Pantys. Assim como a também modelo @gabyviti, que traz um pouco sobre o assunto em suas redes. A conta @vitiligopeople traz imagens de pessoas com as manchinhas para normalizar e até mostrar como pode ser bonito as “nuvens” de cada um.


Assim como Carlinhos de Jesus, há ainda outros famosos que exibem sua condição com orgulho, sem se esconder. A modelo canadense Winnie Harlow talvez seja a mais famosa de todas. John Han, o eterno “Mad Men”, também. Brasileiras como Sophia Alckmin, Luiza Brunet e a participante do Big Brother Brasil 22, Natália Deodato, também. O rapper Rappin’ Hood foi um dos precursores a tratar sobre o assunto sem demagogias.

Nesse vídeo para o canal do médico Drauzio Varella, o dermatologista Caio de Castro esclarece seis dúvidas relativas à doença. Não se esqueça, por fim, de estar com a mente em dia. Um acompanhamento psicológico pode - e deve! - te ajudar bastante.

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