Para Inspirar

Longevidade Olímpica: o que atletas de elite podem nos ensinar

O que separa um atleta de final de semana de um medalhista olímpico?

23 de Abril de 2018


Em uma palestra carregada de emoção e gratidão ao apoio oferecido por Abilio Diniz e pelo Instituto Península na criação e manutenção do NAR (Núcleo de Alto Rendimento Esportivo, um grande legado pós Olimpíadas Rio 2016), Irineu Loturco foi um dos palestrantes nacionais que nos encheram de orgulho.

Com muitos dados ricamente embasados, ele dividiu conosco sua experiência como preparador físico – responsável por muitos dos bons desempenhos de nossas equipes nas Olimpíadas e Paralimpíadas – e mostrou porque é referência em esportes de alto rendimento no país.

O QUE SEPARA UM ATLETA DE FINAL DE SEMANA DE UM MEDALHISTA OLÍMPICO?


A resposta é simples, direta e talvez diferente do que gostaríamos de ouvir: muito mais do que imaginamos. A diferença entre um atleta olímpico e nós, meros corredores eventuais e frequentadores de academia em alguns dias da semana, vai muito além de simples treinamento e disciplina.

Quando falamos de atletas com resultados impressionantes, medalhistas, campeões mundiais, recordistas, estamos falando de pessoas que treinam e conhecem suas técnicas, é claro – mas cuja estrutura corporal inteira é diferente da de uma pessoa média. Assim, eles já saem na frente desde que nasceram, graças a fatores genéticos e biológicos.

Ou seja, já começaram ganhando. A razão pela qual os quenianos se destacam nos esportes de corrida, por exemplo, é em grande parte devido à sua estrutura física natural. O formato de seus corpos e pernas os tornam melhor adaptados para esse esporte desde que nascem. Outro exemplo de estrutura física natural que ajuda nas vitórias olímpicas?

O nadador recordista Michael Phelps, cuja assimetria corporal possibilita uma performance tão boa na piscina. Suas pernas são curtas, seus braços são longos. Muito mais que os de um homem médio de sua idade. Podemos dizer que se a natação não tivesse encontrado Phelps, pode ser que ele continuasse a ser simplesmente o menino desengonçado que sofria bullying no colégio, com uma assimetria física pronunciada.

Porém, graças a essa estrutura corporal peculiar, temos nele o maior medalhista olímpico da história. Assim, a primeira lição que tiramos disso tudo é que cada um de nós é desenhado diferentemente um do outro. Cada um nasce com maior ou menor habilidade para alguma atividade e é esse valor natural que devemos usar a nosso favor ao escolher um treino, um objetivo, um modo de vida.

NÃO ADIANTA SE ESFORÇAR PARA SER O QUE NÃO É


Estudos comprovam que a longevidade de medalhistas olímpicos é maior que a da média da população mundial. Segundo pesquisas, esses atletas vivem, em média, 20% a mais que pessoas que não alcançam esses resultados. Não é apenas uma teoria: é verdade, é estatístico.

No entanto, muito mais que olhar para esses números e tentar (literalmente) correr atrás desses 20%, é preciso ir com calma. Não podemos ignorar o fato de que esses atletas se tornam diferentes não apenas porque treinam mais. Eles são diferentes, acima de tudo, graças aos fatores biomecânicos e genéticos de seus corpos. Isso já nasceu com eles.

Mas e aquela história de que é preciso malhar muito e correr muito para ser saudável? A verdade é que existe muita informação errada por aí, infelizmente motivada por um grande interesse econômico da indústria de esportes de endurance (como Ciclismo, Triatlo, Corrida). 

Ao contrário do que somos levados a acreditar, especialmente se não formos atletas olímpicos naturalmente programados para nos destacar em um determinado esporte, excesso de exercício não é diretamente proporcional a excesso de saúde. Pelo contrário: exagerar em atividades aeróbias pode nos prejudicar – e muito.

Primeiro, porque atletas não profissionais sofrem muitas vezes mais lesões em tendões, ossos e articulações que os profissionais. Parece curioso, mas as taxas de lesão em atletas recreacionais são muito maiores que em atletas olímpicos (uma diferença de quase 30%). Quando falamos de maratonistas iniciantes, por exemplo, nas semanas anteriores e posteriores a uma prova, quase 93% deles reportam algum tipo de lesão.

Ou seja, vivemos um paradoxo muito grave: faz sentido realizar uma atividade física para melhorar a qualidade de vida e a saúde, mas sair dela lesionado? Outro prejuízo à saúde advindo do exagero tem preocupado cada vez mais: a geração dos corredores amadores das décadas de 60 e 70 (quando foi inventado o cooper) tem desenvolvido muitos problemas cardiovasculares gerados por excesso de esforço.

Isso é fisiológico: quando fazemos uma atividade física intensa, o fluxo sanguíneo aumenta e a frequência com que o coração bate aumenta também, liberando uma série de agentes que podem gerar uma inflamação no tecido cardiovascular. Alguns estudos mostram que até mesmo o risco de morte é maior em grupos que se exercitam com exagero.

EXERCITE O EQUILÍBRIO


Porém, antes de pendurar os tênis de corrida, lembre-se que o problema todo não é o exercício em si. O problema é mesmo o excesso e a falta de compreensão dos limites do próprio corpo. Não podemos esquecer que nada mudou: exercícios moderados são sim importantes e, se praticados de maneira saudável e sensata, ajudam a prevenir inúmeras doenças.

Da depressão à hipertensão arterial, da obesidade crônica ao diabetes, existem muitas doenças tratadas e evitadas com rotinas de atividades físicas moderadas. E quando o assunto é longevidade, uma vida de exercícios moderados tem papel até mais importante que o background genético.

O problema está nos opostos: uma vida completamente sedentária pode ser tão perigosa para a saúde quanto uma vida de esforços exagerados. Não se exercitar ou se exercitar mais do que se deve surte basicamente o mesmo efeito. Assim, o caminho a seguir, por uma vida mais longa e com mais qualidade é o da moderação.

MUITO ALÉM DA AERÓBICA


Ao pensar em uma atividade física, muitas vezes queremos partir para os esportes de sempre, normalmente aeróbios ou de endurance: correr, pedalar, nadar, fazer treinamentos de força. Porém, não podemos esquecer que o universo dos esportes é amplo e oferece muitas outras oportunidades.

Um estudo recente apontou que esportes de raquete (como squash, badminton e tênis) e modalidades abertas possuem índices de saúde muito superiores ao de atividades aeróbias. Uma teoria é a de que esse tipo de esporte, menos repetitivo e mais criativo nos ajuda a desenvolver funções cognitivas, com tomadas rápidas de decisões e novos aprendizados a cada dia.

Nosso corpo é uma máquina complexa e maravilhosa. Para um envelhecimento mais pleno e saudável, devemos lembrar sempre do todo, com calma e muito autoconhecimento. Muito mais que apenas buscar novos recordes sem pensar em consequências, um bom campeão olímpico escolhe um objetivo e vai atrás dele.

Qual é seu objetivo? Competir ou viver mais?

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6 curiosidades sobre a maternidade, segundo a ciência

O “maior amor do mundo” envolve processos complexos do corpo humano e transcende qualquer outro tipo de sentimento

7 de Abril de 2023


O dia das mães é só em maio, mas agora, ainda em abril, fomos investigar um pouco mais sobre o “maior amor do mundo”, também conhecido como o amor materno. Inspirados pelo quinto episódio da décima primeira temporada do Podcast Plenae, onde mergulhamos na linda história de Adriana e Giovanna.

“As mães são muito mistificadas, como se a maternidade fosse um momento sagrado, santificado. (...) Expor a nossa história tem também a função de mostrar que a perfeição não existe. A trajetória de todas as mães e filhos, de todos os pais e filhos terá os seus desafios, independentemente de ter ou não uma condição de saúde”, desabafa Adriana, ao final do episódio. 

De fato, a romantização da maternidade é um problema que muitas mulheres vêm se opondo nos últimos tempos. Com o avanço das mídias sociais, mães de todos os cantos do mundo começaram a compartilhar seus relatos reais e, com isso, criaram uma rede onde todas possam se sentir acolhidas em seus medos e angústias. 

Em uma pesquisa rápida na rede social Instagram, a hashtag #maternidadereal conta com mais de 10 milhões de adeptos e, ao clicar nela e começar a navegar pelos posts, é comum se deparar com verdadeiros desabafos de mães cansadas ou sentindo culpa. E, como te contamos por aqui, a culpa materna é nociva não só para a mãe, mas também para o filho. 

Além da culpa, já falamos sobre quando a maternidade solo é uma opção para algumas mulheres - o que é bem diferente daquelas que são abandonadas pelo pai da criança, sobre parto humanizado, sobre a gestação em idades avançadas, a depressão pós-parto, os aprendizados do “ser mãe”, dentre outros assuntos tão importantes dentro do tema.

Já sabemos que o amor materno é benéfico para o cérebro das duas partes, e também que o ato de maternar libera ocitocina. Nada como a ciência, certo? Pensando nela, fomos atrás de ainda mais fatos sobre essa atividade trabalhosa que deve ser sempre reconhecida, mas não romantizada. Acompanhe a seguir!

O poder do toque

O poder do leite materno é amplamente conhecido, até mesmo por órgãos como o Ministério da Saúde, que o define como uma verdadeira vacina, já que ele ajuda o sistema imunológico e pode até proteger contra o HIV. Mas o que poucos sabem é que um simples toque materno já guarda consigo muitos benefícios. 

Pesquisadores da Escola de Enfermagem Dalhousie descobriram que tocar o seu próprio bebê prematuro ou o filho doente pode ajudá-lo a lidar melhor com a dor. De acordo com a pesquisa, essas crianças sentiram 30% menos dor nas injeções, por exemplo, depois de ganharem esse carinho.

Esse abraço de mãe melhora a saúde de um prematuro. A prática apelidada de canguru, que se dá quando a mãe segura o seu filho prematuro perto do seu peito por algumas horas por dia, traz benefícios para a saúde do recém-nascido. Novos estudos, publicados no jornal Pediatrics ou feitos pela Universidade McGill, no Canadá, comprovaram isso. 

Os estudos mostram que esse “simples” abraço já ajuda o neném a ganhar peso mais rápido, ser mais resistente a infecções e hipotermia e sentir menos dor durante procedimentos desconfortáveis. Porém, ainda não se sabe como se dá esse mecanismo do contato versus seus benefícios, só se sabe que eles ocorrem quando o bebê está nu e fica diretamente contra a pele nua da mãe (ou do pai).

Professoras de linguagem

Você sabia que aprendeu a falar ainda durante a gestação? E, para isso, bastou ouvir a voz da sua mãe - que não necessariamente precisa ser formada em letras ou nenhum curso do tipo. De acordo com um estudo da Universidade de Washington, os bebês recém-nascidos já sabem diferenciar os sons de sua língua nativa dos ruídos de uma língua estrangeira. 

Para chegar a tal conclusão, foram analisados 40 bebês com 30 horas de idade. A partir dessa análise, os cientistas perceberam que os recém-nascidos sugavam suas chupetas com mais força quando ouviam palavras de uma língua diferente da que sua mãe falava quando estavam no útero.

Segundo este artigo, é importante lembrar que um feto começa a ouvir entre a 20º e 24ª semana de gestação, quando os neurônios vão formando o córtex auditivo, a região responsável por processar o som. Então, é a partir desse momento que os bebês podem ouvir os órgãos internos da mãe, assim como sua fala.

Uma outra pesquisa, publicada pela PNAS em 2015, mostrou que os primeiros sons fornecidos pela mãe aos recém-nascidos são os responsáveis pela formação da aptidão auditiva necessária. É ela que molda o cérebro para a audição e desenvolvimento da linguagem desenvolvida no bebê posteriormente.

Há ainda pesquisas comprovando que o bebê se move mais dentro do útero quando a mãe conversa com sua barriga ou apenas a acaricia. Isso sem falar em todo o mecanismo da memória, que também começa a ser desenvolvido ali dentro.

Desde sempre e para sempre

E se o assunto é linguagem, segura essa curiosidade! A figura materna é de tamanha importância que até mesmo os homens da caverna já clamavam pela sua. De acordo com essa pesquisa, da Academia Nacional de Ciências, nossos ancestrais possuíam um vocabulário decente, que incluía palavras do dia a dia e também a palavra “mãe”. 

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores usaram um modelo de estatísticas para criar uma árvore genealógica de palavras, disponível neste link para lá de interessante.

You better work!

Na tradução livre, “é melhor você trabalhar”. E é a ciência que está dizendo. Segundo estudos da Universidade de Akron e da Universidade de Penn State, mães que trabalham são mais saudáveis. Os cientistas descobriram que as mulheres que regressam ao trabalho após parirem apresentam mais energia e mobilidade. Além disso, elas também têm menos chance de desenvolverem depressão aos 40 anos. 

De dentro para fora

Não se surpreenda com o fato a seguir: um artigo do jornal Pediatrics recomenda que as mães limpem as chupetas de seus filhos colocando o objeto na própria boca. Pode parecer estranho, mas o fato é que  essa saliva materna pode proteger os filhos de desenvolverem certas doenças com suas próprias bactérias. No estudo, foi comprovado que os filhos que tiveram sua chupeta limpada pela boca de sua mãe tiveram menores chances de desenvolver eczemas, asma e algumas alergias.

Células por toda a parte

Ainda na linha do “dentro para fora”, a mãe pode ter células do filho no seu próprio cérebro. Isso porque, durante a gestação, a placenta que liga a mãe ao feto e permite que os nutrientes sejam transmitidos ao bebê, é um órgão construído “à quatro mãos”. Nessa placenta, é possível encontrar células de ambos, e elas, é claro, podem migrar através dele, acabando por se multiplicar por anos no corpo do outro. 

Por isso, acredita-se que 50% das mães tenham células de seus filhos dentro delas - na maioria das vezes inseridas em sua pele ou em órgãos como pulmões, fígado e rins. O contrário também é verdadeiro: as células de uma mãe também podem acabar em seu filho, mas isso é menos comum. Um estudo publicado no periódico PLOS descobriu ainda que as células de uma criança podem migrar até o cérebro da mãe, e aquelas com mais dessas células têm taxas mais baixas de Alzheimer.

Não é preciso romantizar a maternidade para assumir a sua potência e importância. Nenhum de nós, afinal, chegou aqui nesse plano sem uma mãe como ponte.

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