Para Inspirar
Autor do livro “Medicina do amanhã”, Pedro Schestatsky revela como 5 passos simples podem humanizar o processo médico e trazer um futuro otimista
2 de Março de 2021
Recentemente, o Plenae trouxe para você o conceito do movimento slow segundo uma das maiores ativistas aqui no Brasil, Michelle Prazeres. Dentre todas as acelerações maléficas do mundo moderno, uma delas foi citada mais de uma vez: a medicina.
É fato que todos já vivenciaram uma consulta rápida, com ares de descaso e pressa, em um mecanismo que se pauta sobretudo na análise de exames laboratoriais, sem o olhar direto ao paciente. Paciente esse, aliás, que deveria ser o protagonista de sua própria história, mas acaba sendo colocado de lado em uma relação ainda bastante verticalizada.
Mas a boa notícia é que esse incômodo já começa a gerar efeitos na classe médica. Um médico, em específico, possui um olhar bastante otimista quanto ao futuro, e trouxe isso em seu mais novo livro. Pedro Schestatsky, é professor, médico neurologista, empreendedor de novas tecnologias e autor de “Medicina do amanhã: Como a genética, o estilo de vida e a tecnologia juntos podem auxiliar na sua qualidade de vida”.
Em busca desse resgate, Pedro estabelece o que ele chama de “Medicina dos 5 P 's", que são atitudes que já acontecem hoje em dia, mas precisam ser feitas com mais entusiasmo e correlacionadas entre si. São elas:
Para colocá-los em prática, é preciso um esforço coletivo das duas partes envolvidas na relação. Mas é, sobretudo, uma mudança de mentalidade. “O médico muitas vezes cria uma situação de intimidação com o paciente, quando ele na verdade tinha que ser mais horizontal - como fez o Google. E lembrar sempre que é o paciente que irá vê-lo, ele que verá se tem tempo para o médico e não o contrário” diz Pedro.
Isso se dá por conta do chamado “paternalismo da medicina'', que é o domínio completo do médico e dos planos de saúde. Além disso, a aceleração se deve ao fato de que a saúde virou moeda de troca, um produto almejado por tantos, mas nem sempre tido por todos.
“Um grande vilão dessa história é que o médico ganha por quantidade, por paciente que vem ao consultório. Essa mentalidade tem que mudar, o ganho deveria ser por performance, isso é bastante disruptivo. Na Califórnia, por exemplo, os médicos ganham uma bonificação se os seus pacientes não procuram o hospital, e os pacientes ganham desconto no plano se caminharem mais de 6 mil passos por dia” conta o neurologista.
Schestatsky ainda crava os 4 principais atores no cenário da saúde: a indústria farmacêutica, a de alimentos, o médico e o paciente. “Todos querem levar vantagem, pois todos estão sendo prejudicados de alguma forma. É o momento dessas 4 instâncias darem as mãos e almejarem que o paciente dure bastante tempo, sem pensar tanto no lucro. É preciso redefinir as métricas de sucesso”, diz.
Relógios inteligentes, estudo de genoma e testes genéticos são algumas das novas tecnologias que começam a se popularizar e prometem revolucionar a área da saúde, estreitando os laços entre todos os envolvidos. Há ainda dispositivos específicos para o médico, como é o caso do transcribe medical , que grava a consulta e transcreve posteriormente. Assim, o doutor não precisa se preocupar em preencher longos prontuários e pode dedicar sua atenção completa ao paciente.
“Outra tecnologia que utilizo diariamente é um software de inteligência artificial onde o paciente responde algumas perguntas e o programa agrupa essas respostas para mim. É preciso estudar o paciente antes de tê-los na sua frente, isso diminui inclusive o Burnout dos médicos - que hoje já afeta 56% da classe, que sofre com de tempo de consulta, medo do erro e papelada para preencher”, conclui Pedro.
São tempos complexos, mas repletos de promessas de melhoria e com todos os olhos voltados para o aumento do bem-estar geral. Afinal, de que vale chegar longe, mas chegar sem qualidade? A medicina faz parte crucial desse processo, mas você também deve ser protagonista de sua própria história. Você está atento aos chamados do seu corpo?
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Além dos fatores já conhecidos de risco como tabagismo, hipertensão arterial e colesterol, existe uma incerteza sobre outros desencadeantes potenciais.
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