Para Inspirar
Separamos algumas frases muito ditas a respeito do tema para pensarmos sobre o que realmente procede e o que é fruto de preconceito ou desinformação
8 de Novembro de 2024
No quinto episódio da décima sétima temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história de Marcela Barci e sua maternidade atípica. Mãe de três meninas, duas filhas mais novas são gêmeas e estão dentro do espectro autista, sendo de um nível de suporte alto, ou seja, com dificuldades na fala e pouca independência.
Desde que recebeu o diagnóstico, depois de meses apenas elucubrando as possibilidades e investigando hipóteses, a influenciadora já colheu diferentes aprendizados e, em um movimento generoso, dividiu essas colheitas com seus tantos seguidores.
Mas, o maior aprendizado de todos talvez tenha sido mais a seu respeito do que da condição neurológica de suas filhas: ela temia o preconceito alheio quando percebeu que, por não falar sobre o assunto, ela mesmo poderia estar propagando esse preconceito. Buscando desmistificar cada vez mais o assunto, como fizemos nessa matéria em outro momento, hoje trouxemos mitos e verdades importantes sobre o tema para refletirmos e aprendermos juntos!
O autismo tem um fundo genético importante
Verdade. O autismo é um transtorno fortemente genético, com uma herdabilidade estimada de mais de 90%, como explica esse artigo científico. E, nessa jornada, um fato curioso pode acontecer: muitos pais descobrem que também são autistas depois do diagnóstico dos seus filhos, e entendem o porquê de terem passado uma vida inteira se sentindo “diferentes”. Mas lembre-se: estamos falando de genética, jamais de criação! Não há nenhuma evidência científica consolidada da influência do ambiente nesse caso.
Pessoas autistas não sentem emoções.
Mito. Essa você já deve ter ouvido falar: o autista é mais frio, distante, são gênios insensíveis. Mas isso é uma inverdade e bastante dolorosa. Pessoas autistas sentem emoções como qualquer outra pessoa, mas podem expressá-las de maneiras diferentes, seja por uma dificuldade na comunicação ou na interpretação das emoções de forma típica.
O autismo não tem cura
Verdade. Apesar de não ser tratado como uma doença, e sim como uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento social, a comunicação e o comportamento. Mas apesar de não haver uma cura de fato para esses traços, há muitos tratamentos que trazem uma evolução constante e oferecem muita qualidade de vida e suporte para essa pessoa.
Toda pessoa autista tem super-habilidades
Mito. Há sim uma pequena parcela de pessoas autistas com habilidades excepcionais em áreas específicas, como memória, cálculo ou música, e o autista possui sim um hiperfoco em determinados temas que podem o levar longe. Mas isso se dá em qualquer público, ou seja, qualquer pessoa pode desempenhar um bom papel em algum eixo da vida se houver dedicação. A maioria das pessoas no espectro, na verdade, não possui super-habilidades como gostam de acreditar. É apenas uma coincidência.
Os diagnósticos de autismo estão aumentando
Verdade. Ele tornou-se mais frequente, mas isso se deve, em grande parte, a uma melhor compreensão e reconhecimento da condição, e não a um aumento real no número de casos. Além disso, hoje há mais testes para se rastrear ainda jovem, o que é ótimo para que essa criança tenha um suporte ainda cedo, e também há mais conhecimento em geral da população para que a procura pela ajuda seja feita antes.
Todo autista é não-verbal ou possui alguma dificuldade na fala
Mito. Apesar de essa imagem ainda figurar no imaginário popular de muitas pessoas, nem todos os autistas são não-verbais - alguns, aliás, se expressam perfeitamente, trabalham e são adultos funcionais ou crianças funcionais em suas escolas. Para diferenciá-los, eles são divididos entre três níveis de suporte, sendo o um o mais leve e o três o mais alto. É importante essa diferenciação pois isso muda o acompanhamento que esse indivíduo precisará para viver bem.
As meninas são mais afetadas
Depende. De acordo com relatório divulgado em 2023 pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, o TEA é quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Mas nelas há um traço que pode dificultar o seu diagnóstico: elas podem praticar mais a camuflagem, ou seja, aprender que seus comportamentos são atípicos e tentam adequá-los para os típicos, que são esperados. Elas aprendem como “deveriam” ser, mas não que isso seja de fato um valor espontâneo seu. Isso é ruim para que elas possam receber mais apoio cedo, e, dessa forma, acabam sendo mais afetadas - mas não em prevalência.
Vacinas causam autismo
Mito. E, infelizmente, muito propagado pelas fake news mundo afora. Diversos estudos científicos têm demonstrado que não há relação entre vacinas e autismo. A desinformação, como conta artigo do Ministério da Saúde, surgiu de um estudo publicado em 1998 na revista científica The Lancet e amplamente desmentido pela comunidade científica. O médico britânico Andrew Wakefield usou dados falsos e publicou que, de 12 crianças que apresentaram sinais de autismo e inflamação intestinal grave, supostamente 11 delas haviam tomado a vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), pois tinham vestígios do vírus do sarampo no organismo. Pagamos o preço até hoje por essa mentira.
Pronto! Agora você já sabe mais sobre esse universo que nunca, jamais, deveria ser permeado por mentiras, já que envolve a vida das pessoas envolvidas - dos autistas e suas famílias. Não se esqueça: a informação de verdade é sempre o melhor caminho!
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